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Universidade Estadual do Norte Fluminense Disciplina de Genética Básica CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ GENÉTICA QUANTITATIVA Pedro Diniz Mestre em Genética e Melhoramento de Plantas - UENF Doutorando em Genética e Melhoramento de Plantas - UENF INTRODUÇÃO O que a genética quantitativa estuda? Estuda as diferenças quantitativas entre os indivíduos. INTRODUÇÃO CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS São aquelas características influenciadas por um ou por poucos genes, seguem uma distribuição mendeliana. Ex.: INTRODUÇÃO CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS São aquelas características influenciadas por um grande número de genes, seguem uma distribuição normal de probabilidade. Ex.: DISTRIBUIÇÃO NORMAL DISTRIBUIÇÃO NORMAL Uma distribuição normal é uma distribuição de probabilidade contínua de uma certa variável, ou seja, assume qualquer valor dentro de um determinado intervalo. QUALITATIVA x QUANTITATIVA QUALITATIVA x QUANTITATIVA Qualitativa Quantitativa Variação Descontínua Contínua Número de genes Poucos Muitos Efeito do ambiente Fraco Forte Pares de Base-Gene-Cromossomo-Genoma-Genótipo-Fenótipo PROBABILIDADES PROBABILIDADE É a chance de ocorrência de um determinado evento em um espaço amostral, sendo expresso pela razão, entre o número de casos favoráveis ao evento A e o número de casos possíveis. P(A) = m/n PROBABILIDADES Exemplo: Em uma amostra de 10.000 ovos de tartarugas marinhas, conservados em cativeiro, 9.914, após o período de incubação, originaram novas tartarugas. Qual a probabilidade de tartarugas vivas após o período. P (tartarugas vivas após o período) = 9 914/10 000 = 0,9914 P( tartarugas vivas após o período) = 99,14% PROBABILIDADES TEOREMA DA SOMA Se os eventos A e B, não podem ocorrer ao mesmo tempo, a probabilidade de ocorrer A ou B é dada pela probabilidade de A, mais a probabilidade de B. Da seguinte forma: P (A ou B) = P(A) + P(B) PROBABILIDADES Fenótipo Proporção ♂ - olhos castanhos 3/8 ♂ - olhos azuis 1/8 ♀ - olhos castanhos 3/8 ♀ - olhos azuis 1/8 Em um único nascimento, qual a probabilidade de nascer um menino de olhos castanhos ou uma menina de olhos azuis? P(A) = 3/8 P(B) = 1/8 P (A ou B) = P(A) + P(B) = 3/8 + 1/8 = 1/2 PROBABILIDADES Fenótipo Proporção ♂ - olhos castanhos 3/8 ♂ - olhos azuis 1/8 ♀ - olhos castanhos 3/8 ♀ - olhos azuis 1/8 Em um único nascimento, qual a probabilidade de nascer um menino de olhos castanhos ou uma menina de olhos azuis? PROBABILIDADES TEOREMA DO PRODUTO Se A e B são eventos independentes (quando a probabilidade de ocorrer um deles não é modificada pela ocorrência de outro), a probabilidade de ocorrer A e B é dada pela probabilidade de ocorrer A, multiplicada pela probabilidade de ocorrer B. Da seguinte forma: P (A e B) = P(A) x P(B) PROBABILIDADES Fenótipo Proporção ♂ - olhos castanhos 3/8 ♂ - olhos azuis 1/8 ♀ - olhos castanhos 3/8 ♀ - olhos azuis 1/8 Em um único nascimento, qual a probabilidade de ser menino e de olhos azuis? P(A) = 1/2 P(B) = 1/4 P (A e B) = P(A) x P(B) = 1/2 + 1/4 = 1/8 DISTRIBUIÇÃO BINOMIAL Há muitos experimentos de probabilidade para os quais os resultados de cada tentativa podem ser reduzidos a dois resultados: sucesso ou fracasso. Assim, uma distribuição binomial, é uma distribuição discreta que resulta da soma de variáveis aleatórias binárias. Ex.: Vamos considerar a variável que representa o sexo de um recém nascido. Essa variável é considerada binária, pois o recém nascido só poderá ser menino ou menina. Supondo que se for menino, a variável assume o valor 1 e se for menina assume o valor 0. Número de nascimentos Número de meninos Probabilidade 1 0 p 1 q p+q=1 DISTRIBUIÇÃO BINOMIAL Em um experimento binomial, a probabilidade pode ser obtida pela seguinte expressão: P (x) = [n!/(n-x)! x!] px qn-x Onde: [n!/(n-x)! x!] = é a combinação de n elementos tomados x a x. p = probabilidade de sucesso q = probabilidade de fracasso n = número de tentativas x = número de sucessos nas tentativas DISTRIBUIÇÃO BINOMIAL Ex.: Qual a probabilidade de ocorrerem 2 meninos em 4 nascimentos? Como n é igual a 4. A probabilidade de ser menino é p = 1/2. A probabilidade de ser menina é q = 1/2. Número de sucessos é = 2. P (x) = [n!/(n-x)! x!] px qn-x P (2) = [4!/(4-2)!2!] (1/2)2 (1/2)4 - 2 P (2) = (4!/2! 2!) (1/2)2 (1/2)2 P (2) = 6 . 1/4 . 1/4 P (2) = 3/8 = 0,375 = 37,50% DISTRIBUIÇÃO MULTINOMIAL Quando temos uma quantidade de classes muito grande e consequentemente uma probabilidade associada a vários eventos, há a necessidade de expandir o binômio: P (X1 =n1, ... Xn=nn) = {N!/(n1 x n2 ... nn)} x p1 (x1) x p2 (x2) ... x pn (xn) DISTRIBUIÇÃO MULTINOMIAL Ex.: Na inspeção da qualidade de rações de determinadas cobaias, são utilizadas quatro categorias para classificação: ideal, aproveitável, reciclável e refugo. As probabilidades de pertencerem a cada um das classes é, respectivamente, p1=0,70, p2=0,15, p3=0,10 e p4=0,05. Em um lote de 10 unidades, qual a probabilidade de se encontrar, 6 unidades ideais, 2 aproveitáveis, 1 reciclável e 1 refugo. P (X1 =n1, ... Xn=nn) = {N!/(n1 x n2 ... nn)} x p1 (n1) x p2 (n2) ... x pn (nn) DISTRIBUIÇÃO MULTINOMIAL P (X1 =n1, ... Xn=nn) = {N!/(n1 x n2 ... nn)} x p1 (n1) x p2 (n2) ... x pn (nn) P (X1=6, X2=2, X3=1, X4=1) = {10!/6! x 2! x 1! x 1!} x (0,7)6 x (0,15)2 x (0,10)1 x (0,05)1 P (X1=6, X2=2, X3=1, X4=1) = {10 x 8 x 7 x 6/ 6! 2! 1! 1!} x 0,000013 P (X1=6, X2=2, X3=1, X4=1) = 280 x 0,000013 = 0,00364 ou 0,364% CONSTITUIÇÃO GENÉTICA DA POPULAÇÃO As propriedades genéticas das populações são determinadas a partir de suas frequências alélicas e genotípicas. FREQUÊNCIA ALÉLICA: corresponde a proporção dos diferentes alelos de um determinado gene na população. FREQUÊNCIA GENOTÍPICA: são as proporções dos diferentes genótipos para o gene considerado. CONSTITUIÇÃO GENÉTICA DA POPULAÇÃO CONSTITUIÇÃO GENÉTICA DA POPULAÇÃO CONSTITUIÇÃO GENÉTICA DA POPULAÇÃO Ex.: Coloração do fruto de berinjela, supondo que: 100 plantas com frutos púrpura – número de genótipos BB (n1) 1000 plantas com frutos violeta – número de genótipos Bb (n2) 900 plantas com fruto branco – número de genótipos bb (n3) De modo que: n1 + n2 + n3 = N CONSTITUIÇÃO GENÉTICA DA POPULAÇÃO Obtendo a frequência genotípica: Frequência do genótipo BB – D: n1/N – 100/2000 = 0,05 Frequência do genótipo Bb – H: n2/N – 1000/2000 = 0,50 Frequência do genótipo bb – R: n3/N – 900/2000 = 0,45 CONSTITUIÇÃO GENÉTICA DA POPULAÇÃO Com base na frequência genotípica é possível obter a frequência do alelo B, que será representado por p, e a frequência do alelo b, representado por q. Frequência do alelo B = p = 2n1 + n2/ 2N = n1 + ½ n2/N = D + ½ H Frequência do alelo b = q = 2n3 + n2/ 2N = n3 + ½ n2/N = R + ½ H Assim, a frequência de um certo alelo é estimada pela frequência dos indivíduos homozigotos mais a metade dos indivíduos heterozigotos para o alelo em questão. CONSTITUIÇÃO GENÉTICA DA POPULAÇÃO Dessa forma, obtemos a frequência alélica do seguinte modo: Frequência do alelo B = p = D + ½ H = 0,05 + 0,25 = 0,30Frequência do alelo b = q = R + ½ H = 0,45 + 0,25 = 0,70 Assim, as propriedades genéticas de uma população são definidas pelas suas frequências alélicas e genotípicas. EQUILÍBRIO GENOTÍPICO DAS POPULAÇÕES O que ocorre com as frequências alélicas e genotípicas com as sucessivas gerações de cruzamentos ao acaso? O resultado do cruzamento ao acaso, será? Alelos Genótipos B b BB Bb bb Frequências p q D H R EQUILÍBRIO GENOTÍPICO DAS POPULAÇÕES Gametas (frequência) Femininos Masculinos B (p) b (q) B (p) BB (p2) Bb (pq) b (q) Bb (pq) bb (q2) EQUILÍBRIO GENOTÍPICO DAS POPULAÇÕES O resultado do acasalamento ao acaso irá formar: Genótipos: BB Bb bb Frequências: p2 2pq q2 Estimando as novas frequências: B = p1 p1 = D + 1/2H = p 2 + ½ (2pq) = p2 + pq = p(p+q) = p Sendo assim, nas sucessivas gerações de acasalamento ao acaso, a frequência deverá ser a mesma. EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG “Em uma população grande, que se reproduz por acasalamentos ao acaso e onde não há migração, seleção ou mutação, pois todos os indivíduos são igualmente férteis e viáveis, tanto as frequências alélicas quanto genotípicas se mantém constantes ao longo das gerações.” FATORES QUE AFETAM A FREQUÊNCIA ALÉLICA DE UMA POPULAÇÃO PROCESSOS SISTEMÁTICOS Tendem a modificar a frequência de uma maneira previsível tanto em quantidade quanto em direção; por exemplo, seleção, migração e a mutação. PROCESSOS DISPERSIVOS Ocorrem em pequenas populações pelo efeito da amostragem, sendo previsível em quantidade, mas não em direção. ANÁLISE DE CARACTERÍSTICAS CONTÍNUAS Os indivíduos podem ser divididos em classes fenotípicas distintas, como por exemplo, cor da flor, tipo de sangue, esse tipo de variação é denominada de variação fenotípica discreta. Entretanto, podemos identificar que para muitos caracteres, a variação fenotípica observada entre os indivíduos é contínua, ou seja, os fenótipos não podem ser divididos em classes distintas. ANÁLISE DE CARACTERÍSTICAS CONTÍNUAS ANÁLISE DE CARACTERÍSTICAS CONTÍNUAS A análise da distribuição fenotípica de uma população pode nos fornecer informações importantes sobre o caráter quantitativo. Para isso devemos obter estimativas da média e da variação fenotípica de uma determinada população em estudo. ESTIMATIVAS DA MÉDIA E DA VARIAÇÃO FENOTÍPICA ESTIMATIVAS DA MÉDIA E DA VARIAÇÃO FENOTÍPICA ESTIMATIVAS DA MÉDIA E DA VARIAÇÃO FENOTÍPICA 1º passo para a análise da distribuição fenotípica: Estimativa da média aritmética: x = ∑ xi/n média = (153,8 + ... + 167,7)/60 média = 10051, 4/60 média = 167,5 ESTIMATIVAS DA MÉDIA E DA VARIAÇÃO FENOTÍPICA 2º passo para a análise da distribuição fenotípica: Estimativa da variância: s2 = ∑ (x – x)2/ (n-1) s2 = ∑(153,5 – 167,5)2 + ... + (167,2 – 167,5)2 / (60-1) s2 = 33,5 ESTIMATIVAS DA MÉDIA E DA VARIAÇÃO FENOTÍPICA ESTIMATIVAS DA MÉDIA E DA VARIAÇÃO FENOTÍPICA Mas qual é o objetivo da comparação entre médias e variâncias de duas ou mais amostras nas análises genéticas de caracteres contínuos? Comparar as médias do tamanho dos indivíduos em diferentes populações naturais de uma mesma espécie, para determinar se existe algum tipo de seleção natural, para um tamanho maior ou menor, em populações que vivem em ambientes distintos. Comparar a produção de leite em dois rebanhos diferentes, para saber em qual dos dois vale a pena investir. COMPONENTES QUE INFLUENCIAM A VARIAÇÃO FENOTÍPICA VF = VG + VE VG = é a proporção da variação determinada pelas diferenças genéticas dos indivíduos. VE = é a proporção da variação determinada pelos efeitos ambientais. COMPONENTES DA VARIAÇÃO GENOTÍPICA A variação genotípica (VG) de uma população também pode ser subdividida em componentes, devido à ocorrência de diferentes relações entre os alelos de um mesmo gene e entre os alelos de genes diferentes. VGA = variação que deve-se aos efeitos aditivos dos alelos, como por exemplo, aqueles que acrescentam em uma unidade de pigmento na coloração (cor da pele, cor do cabelo, ...). VGD = variação que deve-se aos efeitos de dominância dos alelos. VGI = variação que deve-se aos efeitos de interação dos alelos. COMPONENTES DA VARIAÇÃO GENOTÍPICA Podemos dizer, então, que a variação genética de uma característica em uma população é composta pela soma das variações genéticas devido aos efeitos aditivos, de dominância e de interação dos alelos: VG = VGA + VGD + VGI Contudo, apenas os efeitos aditivos dos alelos são transmitidos à próxima geração, já que são próprios de cada alelo e, portanto, não dependem da sua relação com o outro alelo do mesmo gene ou com alelos de genes diferentes. HERDABILIDADE Existe um grande interesse em determinar se um caráter quantitativo é herdável, isto é, se pode ser transmitido para a próxima geração. No caso de caracteres que possuem interesse econômico, a base genética e a influência de fatores ambientais são estudados para que o melhoramento da determinada característica possa ser realizado. As estimativas de herdabilidade revelam que proporção da variação fenotípica de um caráter é determinada por sua variação genética, que pode, então, ser transmitida à próxima geração. HERDABILIDADE Existem duas medidas de herdabilidade utilizadas: a herdabilidade sentido amplo (H2) e a herdabilidade sentido restrito (h2). Os valores de h2 e H2 estimados para uma população criada em um determinado ambiente, não podem ser extrapolados para outras gerações da mesma população nem para outras populações da mesma espécie, pelas seguintes razões: 1) a variação genética de uma população é exclusiva, já que cada população possui um conjunto próprio de genótipos; 2) a variação ambiental a que uma população é submetida é exclusiva, já que cada ambiente tem suas particularidades. HERDABILIDADE NO SENTIDO AMPLO A herdabilidade sentido amplo (H2), também chamada grau de determinação genética, estima a contribuição da variação genética total para a determinação da variação fenotípica de uma população. Sendo expressa por: H2 = VG/VF OBSERVAÇÃO Seus valores podem variar de 0 a 1, inclusive. HERDABILIDADE NO SENTIDO RESTRITO A herdabilidade sentido restrito (h2), estima o quanto da variação fenotípica é determinada pela variação genética aditiva. Sendo expressa por: h2 = VGA/VF OBSERVAÇÃO Seus valores podem variar de 0 a 1, inclusive. HERDABILIDADE
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