Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LOGÍSTICA EMPRESARIAL AULA 04 Prof. Renato da Costa dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Alguma vez você deve ter se perguntado o motivo pelo qual existem os chamados operadores logísticos. Responder a esta questão não é muito difícil, tendo em vista que as empresas precisam concentrar seus esforços na sua atividade fim. Dessa forma, muitas vezes é necessário abrir mão de determinadas atividades, que fogem do foco de atuação ou consomem muitos esforços, para a sua realização. Ao longo da cadeia, muitas atividades são realizadas e as empresas devem manter o foco naquela que melhor sabem operar. A origem dos operadores logísticos vem atender a uma necessidade de aumento da eficiência e eficácia de alguns processos na logística, que são fundamentais para a garantia de bons resultados ao longo da cadeia. Os chamados operadores logísticos devem ter, no mínimo, competência para operar nas três atividades básicas de controle de estoques, armazenagem e distribuição e, também, na gestão de transportes. A partir disso, fica mais claro, para os gestores das empresas, as decisões pontuais que devem ser tomadas, sobre quais áreas investirem (mais ou menos) e quais serviços precisam de mais ou menos esforços, para atingir melhores performances. Vamos, então, a nossa primeira aula! CONTEXTUALIZANDO As mudanças de comportamento dos consumidores, aliada a oferta de diferentes produtos e serviços, trouxe uma nova concepção sobre o que é atendimento em demanda para as empresas em nível global. Não basta mais ter qualidade, é preciso ser ágil, flexível, correto, sustentável, socialmente responsável e atender, prontamente, as demandas do setor. A logística foi, por muito tempo, vista como transportes de mercadorias de um lugar para outro, sendo considerada uma atividade integrante da administração de empresas. Em tempos de estreitamento de fronteiras e com as distâncias cada vez menores entre os países, por conta da internet, surgem concorrentes, nos mais diferentes setores, com ofertas ainda mais sedutoras. Os consumidores, agora, têm acesso direto aos fabricantes e distribuidores, e 3 seu grau de tolerância está ficando menor em relação a problemas com qualidade e tempo de espera. Como muitos produtos apresentam ciclos de vida mais curtos como, por exemplo, móveis e brinquedos, ou modismos passageiros que atraem uma grande parcela da população, aumenta a necessidade por diminuir os tempos de ciclo de produção e distribuição, bem como dos níveis de estoque. Dedicar- se apenas naquilo que melhor sabe fazer é a nova receita para as empresas que pretendem prolongar sua sobrevivência no segmento em que atuam. Assim, parcerias devem ser feitas com prestadores de serviços logísticos para dar conta do gerenciamento das mudanças do ambiente. Atualmente, as empresas estão priorizando mais o atendimento das necessidades dos clientes, produzindo e distribuindo seus produtos, deixando questões como armazenagem, gestão de estoques e transportes para empresas especializadas e com know how no setor. Contando com equipes especializadas, tecnologias de informação e equipamentos modernos, estes operadores logísticos atingem resultados satisfatórios e garantem a eficiência da cadeia como um todo. Para a empresa que usufrui de um serviço de operador logístico, em suas operações, o principal objetivo é a divisão de custos e riscos, além de poder se concentrar em penetrar em novos mercados com mais facilidade. Os riscos de custos de manutenção de estoques, transportes, despesas administrativas, também, são de interesse da empresa, que opta por terceirizar alguns de seus serviços. TEMA 1 – ORIGEM DOS OPERADORES LOGÍSTICOS As mudanças no ambiente empresarial estão exigindo das empresas o conhecimento de diferentes áreas e processos para que possam oferecer todas as soluções necessárias. Por este motivo, surgem empresas que são especializadas em oferecer serviços específicos, criando um setor em franco crescimento e ascensão. Atender a demanda exige eficiência, flexibilidade, agilidade, qualidade e recursos, o que muitas empresas não conseguem dispor ao mesmo tempo. Com a quebra de barreiras entre os continentes, o acesso a tecnologias de informação e comunicação, ou mesmo comprar um produto, tornou-se uma operação muito simples, bastando apenas que o produto esteja disponível nos 4 postos de venda. A exigência por eficiência também aumentou e os clientes não se sujeitam a esperar por alguns dias, ou até mesmo horas, para ter em suas mãos o produto desejado. Esta situação desencadeou o surgimento de empresas especializadas em transporte, os quais são considerados como custos altos na operação logística. Cada um fazendo o máximo de esforço, em sua competência principal, vai contribuir de forma direta para a melhoria da performance de toda a cadeia logística. Logo, estreitar as relações com todos os parceiros é fundamental para atingir os resultados, mesmo não sendo garantia de sucesso. Há um tempo atrás, as empresas terceirizavam tudo que lhes dava problema, ou era de difícil gestão. Atualmente, o pensamento é outro, busca-se o apoio de um operador logístico para garantir a eficiência dos processos e o alcance de melhores resultados. Por outro lado, é preciso uma gestão bastante integrada entre o contratante e o operador logístico, em relação aos objetivos estratégicos da parceria. Caso isso não seja claro, é possível que os interesses acabem sendo distintos, comprometendo as ações desenvolvidas e os resultados a serem atingidos. TEMA 2 – ESTRUTURA, DEFINIÇÕES E TIPOS DE OPERAÇÕES De acordo com Ballou (2012, p. 24) “a logística é constituída por atividades básicas e atividades de apoio. As básicas são conhecidas como transportes, manutenção de estoques e processamento de pedidos”. O autor considera como sendo básicas porque são fundamentais para a coordenação e o cumprimento das atividades logísticas. Desde a etapa de processamento de pedidos até a entrega do produto ao consumidor final, o nível de serviço deve ser o mesmo, priorizando sempre a qualidade e agilidade nos processos. Os estudos de Ballou (2012), "apontam como atividades de apoio a logística a armazenagem; o manuseio de materiais; a embalagem de proteção; obtenção (seleção das fontes de suprimento); programação de produtos e manutenção de informação. A integração das atividades primárias com as atividades de apoio deve permitir a empresa melhorar o seu nível de serviço e dar conta da demanda de seus clientes". (BALLOU, 2012) 5 De acordo Lieb (1996) apud Jardim e Guimarães (2004) existem 13 tipos de serviços diferentes que podem ser prestados por um operador logístico: "gerenciamento de armazém; consolidação de carga; sistemas de informação; operação ou gerenciamento de frota; negociação de frete; seleção de transportadora; emissão de pedido; importação e exportação; retorno de produtos; processamento de pedido; montagem ou instalação de produtos; desconsolidação de produtos para clientes; gestão de estoque e distribuição". (JARDIM e GUIMARÃES, 2004, p. 5). TEMA 3 – SEGMENTAÇÃO DOS OPERADORES DE ACORDO COM AS SUAS ATIVIDADES Os operadores logísticos estão em evidencia, nos últimos tempos. Contudo, neste mercado, o nível de competitividade é alto, tendo em vista que algumas empresas estão se especializando cada vez mais em determinados áreas. Algumas barreiras ainda são evidentes como, por exemplo, a falta de mão de obra qualificada que possa fornecer melhores soluções paraos problemas. Neste contexto, oferecer um serviço de alta qualidade pode ser o divisor de águas entre ser ou não ser um provedor de serviços logísticos (PSL) capaz de atender os clientes. Existem oportunidades pouco exploradas, como a possibilidade de gestão da logística reversa e o gerenciamento da cadeia de suprimento do cliente. Quanto mais a empresa se diferenciar das demais, neste setor, maiores serão as chances de sucesso no mercado logístico. A empresa precisa saber identificar em qual segmento/foco deseja atuar como operador logístico, seja no transporte ou na armazenagem, não importa. O que se espera é que as empresas PSL saibam assumir os riscos, dividir os custos e fazer o fluxo de informações fluir por toda a cadeia logística. O PSL precisa ser u integrador, ou especialista em uma determinada área, consultor, em muitos casos, e viabilizar a troca de tecnologias. O objetivo deve ser o mesmo, redução de custos e melhoria no atendimento ao cliente. Em alguns casos, as empresas podem optar por ter apenas um PSL ao em vez de vários outros menos subcontratados, fazendo com que ele seja responsável por todo o fluxo e garantindo maior flexibilidade às mudanças ambientais. Assim, 6 colaborando com a otimização de toda a cadeia logística ao em vez de ganhar apenas em alguns setores. O primeiro passo para se aderir, ou não, a parcerias com PSL, é fazer algumas perguntas básicas: quais os pontos fortes e fracos da cadeia? Qual o custo total logístico da empresa que deseja fazer parceria com um PSL? Qual o nível de satisfação dos clientes em relação ao seu serviço? Enfim, a partir das respostas, para estas e outras perguntas, é possível que a empresa interessada em fazer uma parceria com um PSL, possa tomar a decisão certa. TEMA 4 – CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DOS OPERADORES Para a escolha dos operadores logísticos, alguns critérios devem ser discutidos pela administração da empresa. Aspectos como instalações e equipamentos, locais de armazenagem, equipamentos, layout, portfolio, experiências anteriores, capital humano treinado e capacitado, entre outras características. Outro passo importante é a própria empresa conhecer quais são as suas competências centrais e, se possível, terceirizar as demais atividades. Devem ter capacidade para operação e expertise no assunto. Um bom operador logístico diminui o tempo, aumenta a velocidade e possibilita precisão operacional logística. Outras questões devem ser levadas em conta como a capacidade de agregar valor ao serviço, discutindo sempre possibilidades de melhoria. Manter de forma constante e precisa o fluxo informacional, buscando sempre a eficiência do serviço a ser prestado. Para tal, a estrutura deve ser adequada e condizente com o tipo de serviço a ser prestado e a condição técnica operacional para o exercício da atividade. O primeiro passo a ser dado pelas empresas que desejam fazer uso de PSL, é pesquisar o mercado e identificar os potenciais operadores que tem condições de atender as suas necessidades. A principal diferença entre um operador logístico e uma empresa que presta um serviço, é que o primeiro é uma pessoa jurídica capacitada que, por meio de contratos, meios próprios ou de terceiros, presta serviços de transporte, gestão de estoques e armazenagem. O operador também deve oferecer soluções para a empresa 7 que presta serviços, garantindo a qualidade em todas as etapas da cadeia de abastecimento. TEMA 5 – INDICADORES DE DESEMPENHO DOS OPERADORES De acordo com a literatura, aquilo que não se mede, não se pode avaliar; ou seja, se não podemos mensurar o grau de eficiência de um determinado produto, como poderemos dizer se ele é ou não adequado? A qualidade na prestação de serviços é um objetivo a ser alcançado diariamente. As equipes de trabalho têm seu foco na qualidade e por meio de suas atividades buscam chegar a excelência do negócio. A qualidade nos serviços logísticos deve estar atrelada a minimização dos erros, agilidade (velocidade), no atendimento às necessidades, continuidade (a operação não pode parar abruptamente), qualidade e eficiência na troca de informações, integração dos processos e flexibilidade diante das mudanças ambientais. Poderíamos apontar outras questões, como tecnologia adequada e eficiente para uso em operações, ou ainda, pessoal treinado e especializado no serviço logístico. O mais importante é como a empresa pretende medir estas variáveis. Isso significa, escolher as melhores métricas para medição e posterior análise. Um exemplo simples poderia ser a medição do faturamento dos canais de distribuição, identificando quais trazem mais receita para a empresa. Indicadores de produtividade, qualidade, lucratividade, de valor e efetividade, são outros exemplos de possíveis indicadores que a empresa pode utilizar. Os indicadores de desempenho ajudam na tomada de decisão estratégica, independentemente do setor de atuação ou porte. Novas metas poderão ser traçadas, novos objetivos a serem atingidos e assim, dar suporte a empresa para fazer possíveis melhorias. TROCANDO IDEIAS Agora que você já está mais acostumado com os conceitos sobre a importância dos operadores logísticos, vamos praticar um pouco mais. Imagine que você trabalha para um operador logístico de transportes e com a demanda por produtos alimentícios em alta, sua empresa precisa prestar atenção no 8 nível de satisfação dos seus clientes. A partir daí você precisa estabelecer alguns indicadores de desempenho que possam servir de análise e discussão sobre possíveis melhorias ou correções de erros. Aponte 3 indicadores de desempenho que você entende ser essencial no transporte de mercadorias e discuta com os seus colegas. Boa sorte! NA PRÁTICA Estudo de caso: A Cefri/Cefrinor, empresa fundada em 1973, é uma operadora logística voltada para o segmento de produtos frigoconservados. A empresa foi a primeira no mercado brasileiro a operar no conceito de armazenagem vertical frigorificada com estruturas autoportantes e de porta- pallets. Além disso, por meio de um contínuo programa de modernizações de suas instalações e sistemas, tem se mantido tecnologicamente atualizada ao longo dos anos. A empresa mantém duas unidades, localizadas em Mairinque, São Paulo, e Simões Filho, Bahia. O desafio Sempre atenta a soluções capazes de aumentar a produtividade e a precisão dos funcionários, o grupo Cefri/Cefrinor adotou há três anos em sua unidade nordestina - a Cefrinor, um dos maiores centros de distribuição e armazenamento de produtos congelados e refrigerados da América Latina. O sistema de distribuição é dirigido por voz da Vocollect. Assim, diante do aumento de 25% na produtividade da empresa, apenas quatro meses após a instalação da tecnologia no Nordeste, o grupo decidiu ampliar o seu uso para todas as unidades, extinguindo as listas em papel, que deixavam uma larga margem de erros no processo de separação de produtos. A solução Para atender a esta demanda, o grupo iniciou um projeto para expansão e modernização do centro de distribuição. Os investimentos previstos para esta 9 ampliação são do montante de R$ 20 mil na planta localizada na Bahia e mais R$ 2,5 mil na base paulista. a) Identifique e descreva dois resultados e benefícios possíveis a partir dos investimentos feitos pela empresa. SÍNTESE Neste primeiro contato com as definições de operadores logísticos, você deve ter aprendido os principais conceitos sobre o tema e como colocar em prática ações que visem a melhoria do nível de serviço na cadeia logística. Apartir de agora, você tem subsídios para tomar decisões mais acertadas em relação as atividades logísticas da cadeia e quais podem ser as mais adequadas para cada momento. Lembre-se de identificar qual a parte central da sua empresa, de acordo com as estratégias de negócios adotados anteriormente. Somente com este diagnóstico, é possível reunir informações suficientes para decidir se vai ou não terceirizar determinada atividade. Leve em consideração questões geográficas, financeiras, de capital humano e tecnológicas, podendo, é claro, ser incluídas outras variáveis neste processo. Diante disso, alguns pontos de reflexão devem ser levados em consideração sobre os operadores logísticos: a) Selecione-os com base em indicadores claros e objetivos. b) Terceirizar uma atividade não significa perder o controle do ocorre com ela. c) Os fluxos de informação da cadeia devem ser preservados e constantes ao longo do processo. d) O objetivo do estabelecimento de uma parceria é nada mais, nada menos do que unir esforços para ganhar em competividade. e) Compete aos gestores das empresas minimizar os conflitos e garantir a continuidade das atividades logísticas. 10 REFERÊNCIAS BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D. J. Leading Edge Logistics: a competitive positioning for the 1990’s-comprehensive research on logistics organization strategy and behavior in North America. Oak Brook: cln, 1989. FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. (organização). Logística empresarial: a perspectiva brasileira. 1 ed. 15. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012. JARDIM, E. G. M.; GUIMARÃES, L. A. Operadores logísticos: uma síntese de benefícios e riscos. XI SIMPEP Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004. MORAIS, R. R. Logística empresarial. Curitiba: Intersaberes, 2015. NOVAES, Antônio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, operação e avaliação. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
Compartilhar