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Depressão: Definição, Histórico e Causas

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DEFINIÇÃO E HISTÓRICO
A Depressão pode ser definida como uma patologia que altera e compromete o corpo e a mente, afetando principalmente o humor. A Depressão se caracteriza por tristeza, perda de interesse em atividades e diminuição da energia. Outros sintomas são a perda de confiança e autoestima, o sentimento injustificado de culpa, idéias de morte e suicídio, diminuição da concentração e perturbações do sono e do apetite.
Suicídio é uma das maiores causas de mortalidade ao redor do mundo, especialmente entre sujeitos jovens. No Brasil, 24 pessoas morrem diariamente por suicídio, A associação entre o quadro clínico de depressão e comportamento suicida tem sido largamente descrita, a depressão é a principal entidade nosológica associada a tentativas de suicídio, à ideação suicida e a planos suicidas
Obs : importante : O suicídio nunca é o resultado de um fator ou evento isolado, mas sim de uma interação complexa de muitos fatores, geralmente envolvendo uma história de problemas psicossociais.
Podem estar presentes também diversos sintomas somáticos. Embora os sentimentos depressivos sejam comuns, especialmente depois de alguns reveses na vida, o diagnóstico de Transtorno Depressivo só se faz quando os sintomas atingem um determinado grau e duram por, pelo menos, duas semanas. A Depressão pode variar, em gravidade, desde o tipo leve, até a muito grave.
Segundo o último relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), a Depressão é mais comum no sexo feminino, estimando-se uma prevalência do Episódio Depressivo em 1,9% no sexo masculino e 3,2% no feminino.
Ainda sobre prevalência, esse órgão da ONU reporta que 5,8% dos homens e 9,5% das mulheres passarão por um Episódio Depressivo num período de 12 meses. Essas cifras de prevalência variam entre diferentes populações e podem ser mais altas em algumas delas.
Embora a Depressão possa afetar as pessoas em qualquer fase da vida, a incidência mais alta é nas idades médias. Infelizmente, há um crescente reconhecimento da Depressão durante a adolescência e início da vida adulta.
A maioria dos pacientes deprimidos que não é tratada irá tentar suicídio pelo menos uma vez e 17% deles conseguem se matar. Com o tratamento correto, 70% a 90% dos pacientes recuperam-se da Depressão. O Transtorno pode surgir a qualquer idade, ainda que os sintomas apareçam mais freqüentemente entre os 20 e 50 anos.
Historia da doença
A Depressão tem sido registrada desde a antiguidade, e descrições do que agora, chamamos de transtornos do humor podem ser encontrados em muitos textos antigos. A história do Rei Saul, no Antigo Testamento, descreve uma síndrome depressiva, assim como a história do suicídio de Ajax, na Ilíada de Homero.
Cerca de 400 a.C., Hipócrates usou os termos "mania" e "melancolia" para perturbações mentais. Por volta do ano 30 EC, Aulus Cornelius Celsus descreveu a melancolia em seu trabalho de medicina como uma Depressão causada pela "bile negra".
O termo continuou sendo usado por outros autores médicos, incluindo Arateus (120-180 a.C.), Galeno (129-199 a.C.) e Alexandre de Tralles, no século VI. O médico judeu, Moses Maimonides, no século XII, considerava a melancolia como uma entidade patológica distinta. Em 1686, Bobet descreveu uma doença mental à qual chamou de maniaco-melancholicus.
Em 1854, Jules Falret descreveu uma condição chamada de folie circulaire, na qual o paciente experimenta humores alternados de Depressão e mania. Por volta da mesma época, um outro psiquiatra francês, Jules Baillarger, descreveu a condição folie à double forme, na qual os pacientes tornam-se profundamente deprimidos e entram em um estado de estupor do qual recuperam-se eventualmente. Foi na época da Revolução Francesa e da renovação do espírito humanístico, e com a valiosa idéia de Pinel de "romper as cadeias dos alienados", que a medicina começou a mostrar, um interesse mais premente pelas doenças mentais, entre elas a Depressão.
Durante o século XIX persistiram as interpretações organicistas na busca de identificar e tratar as doenças mentais, a esta época devemos um grande trabalho descritivo e fenomenológico que permitiu classificar e homogeneizar os transtornos psíquicos em grupos de pacientes que sofriam sintomas iguais ou muito parecidos. Muitas daquelas descrições continuam hoje a ser perfeitamente válidas.
Em princípios do nosso século, a teoria do inconsciente propugnada por Sigmund Freud pôs em causa muitas conceitualizações preexistentes e concebeu a doença mental como um processo dinâmico e individualizado.
CAUSAS DA DEPRESSÃO
Além da parte genética que, de fato, é geralmente levantada como uma grande influência, ultimamente a maioria das pesquisas enfoca os Fatores Agravantes e Desencadeantes, destacando-se:
1. Vida Urbana.
Ajuda a desencadear, mas não cria a Depressão. Ainda que o meio urbano seja por demais competitivo, agressivo e exigente, a medicina não pode aceitar isso como causa da Depressão, porque a medicina funciona na base das relações causais, logo, esse distúrbio não pode simplesmente ser atribuído á vida urbana. Há pessoas que participam da vida urbana com muita alegria e prazer.
2. Desemprego
Mas, embora seja um forte fator desencadeante e agravante, o desemprego não cria a Depressão por si só, há pessoas com maior probabilidade de Depressão por conta do desemprego (pessimistas, inseguros, inferiores, muito responsáveis, muito submissos à opinião dos demais, melancólicos). Esses traços caracterizam pessoas com tonalidade afetiva rebaixada, ou seja, com certa predisposição a sentir o mundo com mais seriedade e amargura, enfim, pessoas que já teriam maior probabilidade de se deprimirem diante de quaiquer adversidades.
3. Doença Física.
A Depressão freqüentemente ocorre junto com certas doenças orgânicas. Esse tipo de Depressão é chamado Co-ocorrente ou Comórbida e é importante que seja tratada juntamente com a doença física, pois, se observa com freqüência a formação de um círculo vicioso: doença-Depressão-demora para sarar-Depressão-piora da doença. Alterações dos hormônios também podem predispor à Depressão.
4. Alteração Afetiva Prévia e Outras Doenças Emocionais.
Quem já teve um quadro depressivo tem muito maior probabilidade de desenvolver uma segundo episódio. Assim sendo, um dos fatores preditores de Depressão é a própria biografia afetiva da pessoa.
A Depressão pode acompanhar outros transtornos mentais, tais como os transtornos alimentares, transtornos de ansiedade, incluindo a Síndrome do Pânico, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Síndrome de Estresse Pós-Traumático.
5. Histórico Familiar de Depressão
Existem vários estados psicopatológicos com inegáveis componentes hereditários e/ou familiares. A transmissão genética diz respeito à probabilidade e não à certezas. Assim sendo, a pessoa pode ser portadora de uma probabilidade maior de desenvolver um transtorno ansioso, ou do humor, embora não haja certeza de que terá esses quadros.
Suicídios em membros da família também devem ser investigados, tendo em vista a maior probabilidade de essa atitude repetir-se em descendentes.
6. Adolescência
Muitas pessoas apresentam uma primeira crise de Depressão durante a adolescência, apesar de nem sempre essa crise ser reconhecida ou diagnosticada.
7. Eventos estressantes ou perdas.
É normal sentir-se triste após uma perda, como a morte de um ente querido ou o rompimento de uma relação. Às vezes essa tristeza pode se transformar em Depressão, em pessoas que têm tendência depressiva.
Toda a fisiologia e a patologia do estresse são inseparáveis da emoção, da ansiedade e da Depressão, sobretudo enquanto representam os esforços adaptativos do organismo para afrontar uma situação de alarme. Nesses casos, a Depressão apareceria como conseqüência de um estado de esgotamento, onde estariam esgotadas as capacidades adaptativas por excesso de estresse.
8.Personalidade Prévia
É importante, para qualquer contacto com a psicopatologia clínica, que antes se tenha um contacto com o tema Desenvolvimento da Personalidadee, principalmente, com os Transtornos de Personalidade.
A avaliação dos traços de personalidade e da sensibilidade afetiva exagerada em fase pré-mórbida também é importante para avaliarmos a possibilidade da Depressão.
9. Medicamentos, drogas ou álcool.
Alguns medicamentos, como por exemplo, os anti-hipertensivos, antituberculosos, medicamentos para "labirintite", etc, podem causar Depressão. O álcool e algumas drogas ilegais podem piorar a Depressão. Não é bom que os deprimidos usem essas substancias, mesmo que pareçam ajudar momentaneamente.
TIPOS DE DEPRESSÃO
Os tipos de Depressão seguem a Classificação Internacional de Doenças, 10a. Revisão (CID.10) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4ª revisão, da American Psychiatry Association (DSM.IV).
A Depressão é classificada dentro dos Transtornos Afetivos. Segundo a CID.10, Transtornos Afetivos são aqueles nos quais a perturbação fundamental é uma alteração do humor ou afeto, como uma Depressão (com ou sem ansiedade associada) ou uma Euforia.
Para se saber se um estado depressivo típico é Leve, Moderado ou Grave é apenas uma questão da intensidade com a qual se apresentam os Episódios Depressivos. Observando que para a caracterização do tipo da Depressão são necessárias as características dos Episódios Depressivos.
A perda de interesse ou do prazer está quase sempre presente em algum grau. Os pacientes podem relatar menor interesse por passatempos, não se importam mais com coisas antes importantes, enfim, falta-lhes prazer para atividades anteriormente consideradas agradáveis, incluindo a atividade sexual.
Aproximadamente 50% dos pacientes com Distúrbio Depressivo Maior têm seu primeiro Episódio Depressivo antes dos 40 anos e a maioria destes surtos não tratados duram de 6 a 13 meses. Tratados, a maioria dos episódios dura cerca de 3 meses.
Segundo a CID.10 a classificação dos Episódios Depressivos ficaria assim:
•    F32 – EPISÓDIO DEPRESSIVO
•    F32.0 – Episódio Depressivo Leve
•    F32.00 – Episódio Depressivo Leve sem Sintomas Somáticos
•    F32.01 – Episódio Depressivo Leve com Sintomas Somáticos
•    F32.1 – Episódio Depressivo Moderado
•    F32.10 – Episódio Depressivo Moderado sem Sintomas Somáticos
•    F32.11 – Episódio Depressivo Moderado com Sintomas Somáticos
•    F32.2 – Episódio Depressivo Grave sem Sintomas Psicóticos
•    F32.3 – Episódio Depressivo Grave com Sintomas Psicóticos
Depressões catatônicas
Diz-se que uma depressão tem características catatônicas quando o quadro clínico se caracteriza por intensas alterações da psicomotricidade, entre as quais: imobilidade quase completa, atividade motora excessiva, negativismo extremo, mutismo, estereotipias, ecolalia ou ecopraxia, obediência ou imitação automática.
Depressões crônicas (distimias)
As depressões crônicas são geralmente de intensidade mais leve que os episódios de depressão maior. Mais que o humor francamente deprimido, os pacientes com depressão crônica (distimia) sofrem por não sentir prazer nas atividades habituais, e por terem suas vidas coartadas por uma espécie de morosidade irritável.
Depressões atípicas
Originalmente criado na Inglaterra, e posteriormente desenvolvido pelo grupo da Universidade de Columbia, em Nova York, o conceito de depressão "atípíca" refere-se (de modo muito típico) àquelas formas de depressão caracterizadas por: reatividade do humor, sensação de fadiga acentuada e "peso" nos membros, e sintomas vegetativos "reversos" (opostos aos da depressão melancólica), como aumento de peso e do apetite, em particular por carboidratos e hipersonia. Além disso, descreve-se como característica constante das pessoas sujeitas a esse tipo de depressão um padrão persistente de extrema sensibilidade à percepção do que consideram como rejeição por parte de outras pessoas. Episódios com características "atípicas" são mais comuns nos transtornos bipolares (I e II), no transtorno depressivo com padrão sazonal.
Teorias familiares
o suporte social, incluindo o suporte familiar, tem o objetivo de atenuar os efeitos de eventos estressantes do cotidiano. sendo assim, aqueles que teriam a ausência do suporte social ou familiar, estariam mais predispostos a apresentarem um distúrbio psicológico/psiquiátrico quando submetidos a eventos estressantes.
sugerem que as desordens psicológicas e, particularmente, os sintomas depressivos, podem ser influenciados por conseqüência da insatisfação do indivíduo com o suporte fornecido pelo seu grupo social. 
relacionamentos sociais construtivos com os membros da família e amigos, podem propiciar sentimentos de bem-estar no adolescente, o que é preventivo á depressão. Os relacionamentos pessoais, os primeiros relacionamentos seguros e a relação pais-criança durante a infância, propiciam um crescimento com sentimentos de maior auto-estima e auto-eficácia na vida de um indivíduo 
uma das hipóteses mais prováveis provindas da aprendizagem, sobre o suporte familiar e a depressão, é que relacionamentos pobres na infância e adolescência (pouco afeto provindo dos pais, estimulação, comunicação etc.) contribuem de forma significativa para a aquisição de personalidades vulneráveis, os quais auxiliam na propensão para a depressão e modelos insatisfatórios de relacionamentos. Quanto maior a depressão apresentada por adolescentes, maior foi o número de problemas que os mesmos tiveram na sua infância, menor a percepção do suporte familiar e maior o uso de drogas,
Diagnostico da depressão e suicídio
O diagnóstico de depressão requer a presença de cinco ou mais dos seguintes sintomas que incluam obrigatoriamente espírito deprimido ou anedônia, durante pelo menos duas semanas, provocando distúrbios e prejuízos na área social, familiar, ocupacional e outros campos da atividade diária.
1) Estado deprimido: sentir-se deprimido a maior parte do tempo, quase todos os dias;
2) Anedônia: interesse ou prazer diminuído para realizar a maioria das atividades;
3) Alteração de peso: perda ou ganho de peso não intencional;
4) Distúrbio de sono: insônia ou hipersônia praticamente diárias;
5) Problemas psicomotores: agitação ou apatia psicomotora, quase todos os dias;
6) Falta de energia: fadiga ou perda de energia, diariamente;
7) Culpa excessiva: sentimento permanente de culpa e inutilidade;
8) Dificuldade de concentração: habilidade frequentemente diminuída para pensar ou concentrar-se;
9) Idéias suicidas: pensamentos recorrentes de suicídio ou morte.
De acordo com o número de itens respondidos afirmativamente, o estado depressivo pode ser classificado em três grupos:
1) Depressão menor: 2 a 4 sintomas por duas ou mais semanas, incluindo estado deprimido ou anedônia;
2) Distimia: 3 ou 4 sintomas, incluindo estado deprimido, durante dois anos, no mínimo;
3) Depressão maior: 5 ou mais sintomas por duas semanas ou mais, incluindo estado deprimido ou anedônia.
TRATAMENTO
O tratamento antidepressivo deve ser entendido de uma forma globalizada levando em consideração o ser humano como um todo incluindo dimensões biológicas, psicológicas e sociais.4 Portanto, a terapia deve abranger todos esses pontos e utilizar a psicoterapia, mudanças no estilo de vida e a terapia farmacológica. Apesar de o enfoque desta revisão se concentrar na psicofarmaterapia, deve-se mencionar que não se trata "depressão" de forma abstrata mas sim pacientes deprimidos, contextualizados em seus meios sociais e culturais e compreendidos nas suas dimensões biológicas e psicológicas.
As intervenções psicoterápicas podem ser de diferentes formatos, como psicoterapia de apoio, psicodinâmica breve, terapia interpessoal, comportamental, cognitiva comportamental, de grupo, de casais e de família. Fatores que influenciam no sucesso psicoterápico incluem: motivação, depressão leve ou moderada, ambiente estável e capacidade para insight.2
Mudanças no estilo de vida deverão ser debatidas com cada paciente, objetivando uma melhor qualidade de vida.
Os antidepressivos produzem, em média, uma melhora dos sintomas depressivosde 60% a 70%, no prazo de um mês, enquanto a taxa de placebo é em torno de 30%.15-17
Esta taxa de melhora dificilmente é encontrada em outras abordagens terapêuticas de depressão, a não ser o ECT (eletroconvulsoterapia). Em termos de eficácia, em ensaios clínicos, parece não haver diferenças significativas entre as várias drogas, o que não significa dizer que cada paciente responderá a diferentes antidepressivos da mesma maneira.
https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/diagnostico-de-depressao/
https://brasiltelemedicina.com.br/artigo/causas-da-depressao-sao-multifatoriais/
http://www.redepsi.com.br/2012/03/15/hist-ria-natural-da-depress-o/
Baptista, M. N. (1997). Depressão e Suporte Familiar: perspectivas de adolescentes e suas mães. Campinas: Instituto De Psicologia Da Puccamp (Dissertação Mestrado).

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