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Contribuições de Previdência e a Constituição

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AS "NOVAS" CONTRIBUIÇÕES DE PREVIDÊNCIA 
HUGO DE BRITO MACHADO 
Advogado, Professor Titular de Direito Tributário da 
Universidade Federal do Ceará e Desembargador Federal do 
Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (Aposentado) 
 
Tendo em vista que as contribuições sobre a folha de salário 
seriam insuficientes para financiar os custos da seguridade social, o 
Ministro da Previdência está preconizando a criação de contribuições sobre 
o faturamento e o lucro das empresas (Jornal Nacional, dia 27/01/03). 
É certo que a seguridade social deve ser financiada por toda a 
sociedade, como estabelece a Constituição Federal, e que as contribuições 
sobre a receita e sobre o lucro das empresas constituem um excelente 
instrumento para que a sociedade realize esse custeio. O que, aliás, 
contribuirá significativamente para evitar a preferência pela mão de obra 
informal, que tantos danos causa à sociedade e especialmente ao 
trabalhador. 
Ocorre que tais contribuições já existem. A COFINS, que incide 
com alíquota de 3% sobre a receita bruta e a CSL, que incide com 
alíquota de 10% sobre o lucro líquido das empresas. Não é preciso ser 
especialista em tributos para saber que essas contribuições rendem somas 
bem significativas. Três por cento sobre a receita bruta de todas as 
empresas, sejam comerciais, industriais ou de serviços, com incidência 
cumulativa, é uma quantia realmente considerável. Pessoalmente, não 
tenho dúvidas de que se trata do tributo federal mais rentável de nosso 
sistema tributário nos dias atuais. 
É certo que a COFINS e a CSL foram desviadas pelo governo 
para o Tesouro Nacional, que as arrecada e utiliza parte dos recursos 
correspondentes para suprir o déficit que o desvio das mesmas provocou 
nas contas do Instituto Nacional do Seguro Social. E não se venha 
 
MACHADO, Hugo de Brito. As "novas" contribuições de previdência. 2003. 
Disponível em: <http://www.hugomachado.adv.br>. Acesso em: 18 out. 2005. 
As "Novas" Contribuições de Previdência 
 
justificar o desvio com a existência de órgãos da administração direta da 
União desenvolvendo atividades que integram a seguridade, pois a gestão 
de tais atividades e dos recursos correspondentes cabe ao INSS que pode, 
se for o caso, atribuir recursos a tais órgãos, de sorte que nada justifica a 
arrecadação, pelo Tesouro Nacional, de contribuições de seguridade social. 
Correto, portanto, é devolver ditas contribuições ao INSS e 
buscar meios para superar o déficit do Tesouro Nacional, este sim 
deficitário em razão dos gastos cada vez maiores do governo. Temos de 
aprender a respeitar a Constituição Federal, lei fundamental do País e 
segundo a qual a COFINS e a CSL são receitas da seguridade, e não do 
Tesouro Nacional. 
Sem o necessário respeito à Constituição ninguém pode 
garantir que as novas contribuições preconizadas pelo atual Ministro da 
Previdência não serão desviadas para o Tesouro. Na verdade é mais fácil 
criar tributo a pretexto de atender às necessidades da Seguridade Social. 
O apelo emocional é bem mais forte. Não se pode, entretanto, admitir que 
esse apelo se preste para justificar a criação de contribuições que apenas 
substituiriam aquelas que o governo desviou da Seguridade Social para o 
Tesouro Nacional. Se admitirmos isto, o caminho estará aberto para a 
criação ou o aumento de tributos, sempre a pretexto de que serão 
destinados à Seguridade. 
Na Constituição de 1988 foram colocadas as bases para que o 
Brasil tenha um dos melhores sistemas de seguridade social do mundo. E 
não se pode desconhecer que a seguridade social é um dos melhores 
instrumentos para realizar a redistribuição de rendas e a conseqüente 
construção de uma sociedade justa. Previu a autonomia da seguridade em 
relação ao governo federal, em fórmula jurídica bem elaborada (art. 165, 
§ 5º, inciso III, art. 194, parágrafo único, inciso VII, e art. 195, inciso I, 
alíneas “b” e “c”). Autonomia administrativa e recursos financeiros 
2
 
MACHADO, Hugo de Brito. As "novas" contribuições de previdência. 2003. 
Disponível em: <http://www.hugomachado.adv.br>. Acesso em: 18 out. 2005. 
As "Novas" Contribuições de Previdência 
 
suficientes. Mas o desrespeito dos governantes às normas da Constituição 
fez com que os recursos financeiros fossem parar no Tesouro Nacional, e 
se tenha agora de cogitar de novas contribuições de previdência, que 
talvez venham a ser objeto de futuros desvios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3
 
MACHADO, Hugo de Brito. As "novas" contribuições de previdência. 2003. 
Disponível em: <http://www.hugomachado.adv.br>. Acesso em: 18 out. 2005.

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