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TRABALHO UNIRITTER 6 - LEGISLAÇÃO PREVIDENCIARIA - N1

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TEORIA GERAL DO PROCESSO PREVIDENCIARIO
Antonio Amilcar Gomes Fernandes
“Tibúrcio realizou a denúncia da empresa onde trabalha, uma vez que a empresa não realizou os pagamentos referentes ao inss. Com a denúncia, foi instaurado procedimento de fiscalização, que detectou que a empresa não havia realizado os pagamentos do inss dos funcionários, o que impossibilita Tibúrcio se aposentar. a empresa foi notificada quanto ao procedimento administrativo. Você faz parte da equipe da empresa responsável pela defesa. Qual ou quais as saídas proporá para a empresa, de forma a ter o menor impacto financeiro, para resolver o problema?”
Seguramente essa é uma dúvida frequente nos escritórios de advocacia e que gera muita insegurança e preocupação nos contribuintes, tendo em vista que as empresas brasileiras, frente a instabilidade no mercado financeiro e político, termina em deixar de pagar impostos e demais tributos, garantindo assim a permanência ativa. De repente, o trabalhador, como no caso o Tibúrcio, dá entrada na sua aposentadoria e descobre que a empresa para a qual trabalhou simplesmente não repassou o valor do INSS descontado do seu salário durante anos.
Com efeito, o ato em si é tido como criminoso, mas como dito anteriormente, muitas vezes são alternativas para que a empresa permaneça em atividade.
Então, o INSS desconsidera esse tempo de contribuição e nega seu pedido – ou concede um benefício de valor menor do que o devido. Essa situação é mais comum do que você imagina e pode gerar muita dor de cabeça.
Por tais razões, impende abordar o tema para expressar a busca de uma solução menos contundente financeiramente sobre a situação e analisar em benefício da empresa que deixou de recolher a contribuição do INSS.
Quando se descobre que a empresa não pagou INSS, é difícil saber o que fazer de imediato. Geralmente, isso acontece quando o segurado vai dar entrada no pedido de aposentadoria ou solicitar qualquer outro benefício do INSS, como o auxílio-doença ou seguro-desemprego.
Nesse momento, ele tem seu pedido indeferido ou benefício concedido abaixo do valor devido, e então identifica a ausência das contribuições.
Quando se trata de um trabalhador com carteira assinada, isso significa que a empresa vinha descontando o valor do INSS e deixando de repassá-lo à Previdência Social, conforme previsto em lei.
Ou seja: a empresa estava se apropriando indevidamente do valor da contribuição do INSS do empregado, ou seja, cometendo crime. Evidentemente o segurado que está nessa situação, não corre o risco de perder sua qualidade de segurado nem de ficar sem o benefício.
Isso porque a empresa é obrigada por lei a fazer o repasse ao INSS e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de fiscalização é da própria Receita Federal, como consta no O art. 33 da Lei nº 8.212/91:
“À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos.”
Logo, se o trabalho do segurado está lançado no regime CLT, basta comprovar o vínculo empregatício para ter o tempo de contribuição considerado normalmente – e se a empresa não repassou, é o INSS que deve cobrá-la.
Mesmo assim, a situação é muito prejudicial ao trabalhador, pois na melhor das hipóteses atrasa a concessão do benefício. 
A empresa que não pagou INSS cometeu um crime previsto no Código Penal, conforme o Artigo 168 A:
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.
O delito cometido pela empresa é a apropriação indébita previdenciária, que tem como sujeito ativo a pessoa responsável ou que tem o dever legal de repassar à Previdência Social os valores recolhidos nas contribuições.
Logo, o responsável pode ser punido dentro dos termos da lei, mas não cabe ao trabalhador entrar com processo contra a empresa, pois o interessado é o INSS. A preocupação do empregado deve ser comprovar o período trabalhado e os descontos em folha que não foram efetivamente repassados, para garantir seus benefícios.
É importante reforçar que, como trabalhador CLT, está protegido pela lei e não perderá seus benefícios da Previdência Social. Isso porque, no momento em que o empregador assina sua carteira, ele está se comprometendo a repassar as contribuições previdenciárias.
Se ele não o fizer, sua única obrigação será comprovar o vínculo trabalhista para contabilizar normalmente o tempo de contribuição.
Hoje, entendimento jurídico é de que a carteira de trabalho (CTPS) é suficiente para comprovar as contribuições, conforme determina a Súmula 75 da Turma Nacional de Uniformização (TNU):
“A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS)”.
O INSS ainda pode solicitar documentos complementares como seu holerite e recibos de pagamento de salário.
Entretanto, a solução do problema pode ocorrer na via administrativa, mas não é raro que o contribuinte tenha que entrar com ação judicial contra o INSS para ter seu período de contribuição reconhecido.
Sinale-se que a referida preocupação dos trabalhadores de carteira de trabalho assinada é correta. Pois ao reunir os documentos necessários para sua aposentadoria ou ainda analisar quanto tempo ainda falta para sua aposentadoria se depara com o não recolhimento do seu INSS. O que acontece? Nada, ou seja, nenhum prejuízo em seu pedido de aposentadoria, seja ele por tempo de contribuição ou por idade ou qualquer pedido de benefício previdenciário.
Pois a responsabilidade do recolhimento não é do empregado e sim do seu empregador e tal previsão esta disciplinada no artigo 30, inciso I, letra "a" da lei 8.212/91, assim vejamos:
"Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:
I - a empresa é obrigada a: 
a)    arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontando-as da respectiva remuneração;
Logo, a falta de comprovação do recolhimento das contribuições previdenciárias do empregado não gera, por si só, a conclusão de que a carência exigida por lei para o pedido de benefício previdenciário não foi cumprida. 
Isso porque a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições é do empregador, não podendo o empregado ser penalizado pela ausência ou atraso nas contribuições e ter seu benefício negado por omissão do seu empregador.
Por conseguinte, a Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, proferindo o julgamento acerca da matéria sumulou o assunto pela 75, assim vejamos:
A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacionalde Informações Sociais (CNIS).
Ainda nessa linha de raciocínio, trazemos a baila um recente precedente da Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região - Seção Judiciária de São Paulo, da lavra do Desembargador Dr. Paulo Sergio Domingues, assim vejamos um trecho do acórdão:
Responsabilidade pelo recolhimento de contribuições
Por sua vez, o art. 79, I, da lei 3.807/60 e atualmente o art. 30, I, a, da lei 8213/91, dispõem que o recolhimento das contribuições previdenciárias cabe ao empregador, razão pela qual não se pode punir o empregado urbano pela ausência de tais recolhimentos, devendo ser computado o período laborado e comprovado para fins de carência, independentemente de indenização aos cofres da Previdência. Nesse sentido, TRF3, 10ª Turma, AC 1122771/SP, v.u., Rel. Des. Federal Jediael Galvão, D 13/2/7, DJU 14/3/7, p. 633. 
No mesmo sentido:
PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE URBANA COM REGISTRO EM CTPS. IMPLEMENTAÇÃO DOS REQUISITOS. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. MANUAL DE CÁLCULOS NA JUSTIÇA FEDERAL. SUCUMBÊNCIA RECURSAL. HONORÁRIOS DE ADVOGADO MAJORADOS. TUTELA ANTECIPADA. SUBSTITUIÇÃO IMEDIATA DO BENEFÍCIO. 1. São requisitos para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição, de acordo com os arts. 52 e 142 da lei 8.213/91, a carência e o recolhimento de contribuições, ressaltando-se que o tempo de serviço prestado anteriormente à Emenda Constitucional 20/98 equivale a tempo de contribuição, a teor do seu art. 4º.2. Para comprovação das atividades urbanas, a CTPS constitui prova plena do período nela anotado, só afastada com apresentação de prova em contrário.3. O autor cumpriu o requisito temporal e a carência prevista na Lei de Benefícios, fazendo jus à aposentadoria por tempo de serviço integral, nos termos do art. 201, §7º, I, da Constituição da República, vigente à época do requerimento.4. Juros e correção monetária pelos índices constantes do Manual de Orientação para a elaboração de Cálculos na Justiça Federal vigente à época da elaboração da conta, observando-se, em relação à correção monetária, a aplicação do IPCA-e em substituição à TR - Taxa Referencial, consoante decidido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no RE 870.947, tema de repercussão geral 810, em 20.9.17, Relator Ministro Luiz Fux.5. Sucumbência recursal. Honorários de advogado majorados em 2% do valor arbitrado na sentença. Artigo 85, §11, Código de Processo Civil/15. Exigibilidade condicionada à futura decisão que será proferida nos recursos representativos de controvérsia pela E. Corte Superior de Justiça - Tema Repetitivo nº 1.059 do C. STJ.6 Prestação de caráter alimentar. Substituição imediata do benefício. Tutela antecipada concedida.7. Sentença corrigida de ofício. Apelação da parte autora provida. Apelação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS não provida. (TRF 3ª Região, 7ª Turma, ApCiv - APELAÇÃO CÍVEL - 5003375-45.2018.4.03.6119, Rel. Desembargador Federal PAULO SERGIO DOMINGUES, julgado em 24/3/21, Intimação via sistema DATA: 31/3/21).                                   
Nesse sentido a Lei e a Jurisprudência caminham no sentido de que sendo do empregador o encargo de fazer a arrecadação e o recolhimento das contribuições dos segurados a seu serviço, eles têm direito ao benefício mesmo que tais verbas não tenham chegado ao devido destino.
Por fim, o empregado somente cabe a responsabilidade de informar seu registro na CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social), que o respectivo período laborado será computado para fins previdenciários.
Isso sob o ponto de vista do empregado, contudo, a questão trata de qual solução em favor do empregador deverá ser adotada, de forma menos gravosa.
O direito previdenciário é uma área de estudos e atuação do direito público, voltada às questões relacionadas à previdência social e, de certa forma, à seguridade social. A atuação mais nítida e regular do direito previdenciário está na regulamentação do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), responsável pela manutenção da previdência social pública do Brasil.
A reforma da previdência trouxe mudanças importantes na forma com que a previdência social funciona, aumentando a importância do direito previdenciário para advogados que lidem com questões civis e do direito público.
O direito previdenciário, então, está passando por mudanças, que necessitam da atenção de advogados que trabalhem na área e queiram representar seus clientes da melhor forma possível.
Com efeito, importante abordar questões pertinentes do direito previdenciário e de suas aplicações não só na previdência social, mas em outras áreas correlatas da seguridade social. Confira o guia completo sobre direito previdenciário abaixo!
Como o nome já aponta, o direito previdenciário é uma área de estudos e atuação do direito público, voltada às questões relacionadas à previdência social e, de certa forma, à seguridade social.
O direito previdenciário, portanto, disciplina e tem como matéria de atuação a Previdência Social, regulamentando, aplicando e defendendo as relações entre os beneficiários da previdência social, as contribuições que custeiam a mesma, a relação do Estado e das organizações privadas nesse âmbito.
Uma vez que a previdência social é um direito social brasileiro, firmado pela Constituição Federal de 1988 em seu artigo 6º, o direito previdenciário é considerado um direito fundamental, defendendo o direito do cidadão a ter acesso aos seus direitos constitucionais.
A atuação mais nítida e regular do direito previdenciário está na regulamentação do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), responsável pela manutenção da previdência social pública do Brasil.
Uma das principais características do direito previdenciário, quando o assunto é especificamente a previdência social, é a sua relação contínua o passado e o presente, exigindo estudo constante do advogado, na busca de soluções aos seus constituintes.
Afinal, mudanças que ocorrem na previdência social impactam pessoas que podem estar contribuindo há décadas para a mesma, não dispondo, então, das leis e diretrizes até então estabelecidas.
Principalmente agora, que a reforma da previdência é uma realidade, mudando drasticamente vários aspectos de como a previdência social funciona e é calculada, impactando diretamente a vida de milhões de pessoas.
Não há como falar de direito previdenciário e da previdência social sem falar primeiro da seguridade social. Afinal, é esse conjunto integrado de ações do Estado e da sociedade, constitucionalmente formado, que assegura, entre outros direitos, a previdência social.
A seguridade social, como já foi abordado, está versada no artigo 194 da Constituição Federal de 1988, que a define da seguinte forma:
“Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.
Assim, o direito previdenciário faz parte da totalidade da seguridade social, que também aborda os direitos relativos à saúde e à assistência social.
Embora tenha um nome que não explique exatamente como ela funciona, a seguridade social é um planejamento das ações e diretrizes que o Estado e a sociedade devem ter para garantir o acesso irrestrito da população aos direitos relacionados acima.
O objetivo da seguridade social é fornecer amparo e proteção às pessoas dos riscos sociais que possam privá-las do sustento e da vida digna (como a doença, a morte, a incapacidade, o desemprego, a infância…), além de possibilitar que as pessoas possam manter uma vida digna ao chegar à velhice.
A seguridade social, então, é fortemente influenciada e baseada nos princípios da dignidade humana e dos direitos humanos, positivada a partir de uma demanda social.
Dessa forma, a seguridade social dispõe de princípios que guiam as esferas públicas e privadas para alcançar o objetivo de oferecer uma cobertura universal, dentro dos limites geográficos do país,a respeito da saúde, da previdência e da assistência social.
O parágrafo único do artigo 194 da Constituição Federal aponta sete incisos que são vistos como objetivos nos quais o Poder Público deve estruturar toda a seguridade social.
“Art. 194. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos”.
Embora sejam apontados na Carta Maior como objetivos, os incisos definem os princípios que toda a seguridade social (e, assim, também o direito previdenciário e a previdência social) deve seguir, a partir da sua formação na sociedade e sua construção e manutenção pelo Poder Público.
Mister abordar, de forma mais detalhada, cada um dos princípios.
1. Universalidade da cobertura e do atendimento
O primeiro princípio da seguridade social é o da universalidade da cobertura e do atendimento à população a respeito da saúde, previdência e assistência social. No Brasil, tanto a assistência social quanto a saúde são direitos públicos e gratuitos, que virtualmente atingem a totalidade da população, podendo atender a todos.
Entretanto, dentro do âmbito previdenciário, especificamente, não funciona dessa forma. Isso se dá pela sua natureza contributiva, onde a sociedade precisa contribuir monetariamente, de forma ativa, para que o direito seja efetivado.
Se por um lado o acesso à saúde e à assistência social é mantido através do redirecionamento de impostos coletados, a previdência social depende da população, mais especificamente da força de trabalho do país, para ser devidamente efetivada.
Todos têm o direito de ter acesso à previdência social, mas a sua natureza seletiva (ela não atende a todos o tempo todo) e pela sua natureza contributiva fazem com que a mesma não atinja a universalidade de cobertura e atendimento.
2. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
Esse princípio se dá pela isonomia da aplicação das leis dentro do território nacional. A Constituição Federal de 1988 acabou com a diferenciação entre a previdência social urbana e a previdência social rural, constituindo ambas as populações sob um único sistema previdenciário.
Essa uniformização foi dada pelas leis 8212 e 8213, ambas de 1991, que definiram a união da previdência e criaram leis específicas para a população rural e urbana, com o objetivo de compensar as diferenças entre o trabalho das populações de diferentes áreas.
A discriminação positiva entre a previdência dos povos urbanos e rurais é dada a partir da razoabilidade e dos preceitos constitucionais de equidade, o que justifica a diferença entre o tempo de contribuição para a aposentadoria de trabalhadores urbanos e rurais, por exemplo.
3. Seletividade e distributividade dos benefícios e serviços
Esse princípio tem como objetivo possibilitar a aplicação da seguridade social de forma ampla, porém controlada, dentro da sociedade.
De forma prática, não é possível possibilitar o acesso gratuito à saúde, assistência social e previdência para todos durante todo o tempo, pois os recursos são limitados e menores do que a totalidade da população.
Cabe ao Poder Legislativo criar mecanismos para distribuir a cobertura da seguridade social de forma com que os benefícios atinjam a população que mais necessita deles. Por exemplo: a assistência social visa as camadas sociais mais vulneráveis, com o objetivo de reduzir a desigualdade no país e possibilitar o acesso a uma vida mais digna a essas pessoas.
Da mesma forma funciona a previdência social. Ela beneficia a população que não tem mais condições de participar da força produtiva do país (os mais velhos) ou aqueles que, de alguma forma, se tornaram desabilitados (temporariamente ou não) de participar dessas atividades (os desempregados, aqueles que sofreram acidentes, que estão doentes…).
4. Irredutibilidade do valor dos benefícios
Como o nome já diz, os benefícios monetários advindos da seguridade social não podem ter seus valores reduzidos.
Esse princípio afeta de forma mais direta a previdência social, que não pode ser calculada com valores mais baixos dos que os já estipulados anteriormente e reavaliados pelo artigo 41-A da lei nº 8.213/91:
“Art. 41-A. O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE”.
Esse princípio define que é inconstitucional reduzir os valores pré-determinados dos benefícios da seguridade social para realização de novos cálculos, embora seja possível alterar a forma de pagamento e, no caso da previdência social, o tempo de contribuição.
Assim, não só é mantido o valor pago pela previdência social, sendo o mesmo corrigido a partir do passar do tempo, mas também mantém a estabilidade das relações jurídicas dentro da seguridade social.
5. Equidade na forma de participação no custeio
Para compreender o quinto e o sexto princípio da seguridade social, é importante que primeiro seja abordada a forma com que a seguridade social é custeada, pois é um conjunto de ações que apresentam gastos enormes do orçamento do Estado e dos organismos privados da sociedade.
O artigo 195 da Constituição Federal define como os valores da seguridade social serão arrecadados no país da seguinte forma:
“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro.
II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social;
III – sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV – do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar”.  
O artigo 195 da Constituição, dessa forma, possibilita que exista uma equidade na divisão dos custos da seguridade social como um todo, além de proporcionar diversidade no financiamento, como veremos a seguir.
6. Diversidade da base de financiamento
Pode-se dizer que o artigo 195 da Carta Maior brasileira define como será distribuído, dentro de toda a sociedade, os gastos com a seguridade social, levando como norte o princípio da colaboração entre as pessoas para o combate da desigualdade e a possibilidade da vida digna.
Ou seja, existe uma relação de solidariedade entre o Poder Público e a iniciativa privada, além de toda a força de trabalho do país. Toda a sociedade custeia, de forma direta (como na previdência social) ou de forma indireta (como na saúde ou assistência social), os custos da seguridade social.
E é essa diversidade que possibilita um atendimento integral da população que necessita dos serviços nos quesitos da saúde e da assistência social, além da possibilidade do direito previdenciário regulamentar o acesso das pessoas em risco de sustento à previdência social.
7. Caráter democrático e descentralizado da administração
O último princípio da seguridade social é o da descentralização da administração da mesma. Mas como ela é realizada?
A gestão da seguridade social é dada através de uma gestão quadripartite, baseada na participação do Estado, dos trabalhadores, dos empregadores e dos aposentados. Assim, cada agente dessa gestão possui direitos e deveres específicos, garantindo o caráter democrático da administração.
Esse princípio é, de certa forma, uma junçãodos demais princípios da seguridade social, definindo o que cada agente apontado deve realizar para que a seguridade social possa ser implementada no país da forma mais ampla possível.
A administração da seguridade social, embora regida pelo Poder Público, é aberta à sociedade civil, contando com a participação dos demais agentes apontados para se tornar realidade.
Agora que temos uma visão mais abrangente do que é a seguridade social, onde o direito previdenciário está incluso, podemos compreender para que serve o direito previdenciário nesse meio.
O direito previdenciário regulamenta a aplicação das leis direcionadas à previdência social e suas relações na sociedade, desde a questão dos princípios que guiam a previdência e a divisão da contribuição na sociedade até o benefício direto das pessoas.
Como foi abordado anteriormente, o direito previdenciário, num escopo mais comum e maior, cuida das questões relacionadas à previdência social e a relação entre os beneficiários e os pagantes, geralmente o Poder Público.
Entretanto, a aplicação do direito previdenciário pelo profissional do direito vai além da mera relação entre os beneficiários da previdência e as organizações públicas e privadas que realizam o pagamento do benefício.
Aqui se destaca sobre a temática central que buscamos soluções, porquanto a infringência reiterada da ausência de pagamento da contribuição previdenciária do funcionário, ao longo dos 15 anos.
Como todos os outros pontos da Constituição Federal, é necessário que o Poder Legislativo crie regramentos específicos para dar autenticidade às normas constitucionais. Dentro do direito previdenciário, existem leis específicas que determinam o funcionamento dos direitos previstos dentro da seguridade social. Dentro do direito previdenciário, especificamente no que tange a legislação sobre a questão da previdência social, três leis se destacam:
– A lei nº 8.212/91, que dispõe a organização da seguridade social e da sua sustentação monetária;
– A lei nº 8.213/91, que expõe os planos de benefícios da previdência social;
– A emenda constitucional 103/2019, conhecida como a reforma da previdência, que alterou algumas das regras até então consolidadas.
A reforma da previdência, que entrou em vigor no dia 13 de novembro de 2019, traz novos desafios aos advogados interessados na área do direito previdenciário, por trazer importantes mudanças no sistema de pagamento dos benefícios da previdência social.
Contudo, o problema reside na falta de recolhimento previdenciário ao longo de 15 anos de trabalho pelo empregado – Tibúrcio, que ao dar entrada no INSS para conquistar sua aposentadoria, deparou-se com esse fato totalmente danoso. 
A seguridade social é um planejamento das ações e diretrizes que o Estado e a sociedade devem ter para garantir o acesso irrestrito da população aos direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social
O direito previdenciário serve para cuidar das questões relacionadas à previdência social e a relação entre os beneficiários e os pagantes, geralmente o Poder Público.
Embora seja comumente associado apenas às questões ligadas à previdência social, o direito previdenciário lida com questões muito mais amplas e profundas do que o benefício, sendo ligado a diferentes áreas da seguridade social.
Compreender os princípios que baseiam o direito previdenciário e estar sempre atento às mudanças na área, principalmente na atual reforma da previdência, é primordial para um advogado que tenha como objetivo representar o seu cliente da melhor forma possível, defendendo seus interesses e direitos.
Os trabalhadores que são regidos pelo Regime Geral da Previdência Social, os quais possuem carteira assinada, têm de 8% a 11% do salário recolhidos à Previdência Social, sendo que este repasse deve ser feito pelo empregador. Contudo, o mesmo possui o direito de descontar a contribuição do rendimento do funcionário, comprovando-a por meio da folha de pagamento, além de que ele deve complementar o percentual até 20% do valor. 
Entretanto, uma prática que tem se tornado cada vez mais comum é o empregador descontar o percentual do salário de seu empregado e não repassá-lo à Previdência Social. Essa conduta se enquadra no artigo 168-A do Código Penal, como já manifestado.
Inobstante, já é uma posição jurisprudencial que a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social é uma prova do exercício da atividade laborativa, do tempo de serviço e do valor sobre o qual deveriam ser vertidas as contribuições do segurado e, por isso, a falta de recolhimento do empregador não deve prejudicar seu direito à aposentadoria, já que o empregador que as deveria ter recolhido. 
Inclusive, o art. 32 da Lei 8.212/91, em seu inciso VI, determina que as empresas empregadoras devem comunicar, mensalmente, aos empregados, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, os valores recolhidos sobre o total de sua remuneração ao INSS. 
Além do mais, é possível que o trabalhador valide o tempo de serviço, apresentando à Previdência Social diversas outras provas, como a testemunhal, holerite, recibos de pagamentos de salário, reclamação trabalhista, etc, ou ainda é possível que ele pleiteie sua aposentadoria pela via judicial. 
Frise-se ainda que o § 2º do artigo 168-A dá uma possibilidade para que o réu/empregador não seja responsabilizado criminalmente pelo seu delito nos seguintes termos: é extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Ainda, o § 3º do mesmo artigo prevê outras duas possibilidades que são favoráveis ao réu, nas quais o juiz poderá deixar de aplicar a pena do crime ou aplicar apenas a pena de multa, caso o agente seja primário e de bons antecedentes, as quais são: 
- Caso o empregador pague o valor, com os valores acessórios, devido após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia;
- Ou ainda caso o valor das contribuições devidas, com os valores acessórios, não ultrapasse R$ 20.000,00, que é o mínimo para ajuizamento de uma execução fiscal, conforme a Portaria 75 do Ministério da Fazenda, publicada em março de 2012;
Portanto, faz-se necessária uma maior fiscalização estatal para que o delito de apropriação indébita de contribuições previdenciárias seja devidamente punido nos termos apresentados neste artigo e para que as contribuições sejam devidamente recolhidas.
Entendemos que o que seria uma decisão acertada em favor da empresa infratora, seria efetuar o acordo perante o INSS, o que lhe permitirá quitar a dívida integral de forma parcelada, sem que, com isso, venha a arruinar uma manutenção financeira da empresa, além do fato de evitar uma condenação criminal, no crime de Apropriação Indébita.
Assim sendo, a empresa infratora resolverá a questão do funcionário Tibúrcio, primeiramente fazendo um acordo e parcelamento do débito total desses 15 anos sem recolhimento e, ainda, se livrará de todas as consequências criminais previstas no artigo 168 A, do CPB, regularizando em definitivo sua conduta criminal.
CONCLUSÃO
Como é de conhecimento geral, é dever do empregador o recolhimento mensal de contribuições previdenciárias. No entanto, não é incomum nos depararmos com a situação em que o empregador, por algum motivo, deixou de realizar os devidos recolhimentos.
Como consequência da ausência de cumprimento da obrigação pelo empregador, o empregado poderá deixar de receber benefícios de prestação continuada pelo INSS, tais como auxílio-doença, licença maternidade, até mesmo a aposentadoria.
No entanto, em que pese o fato do INSS transferir ao empregado a obrigação pela comprovação dos recolhimentos previdenciários necessários para a comprovação de sua condição de segurado, certo que é que o trabalhador não poderá deixar de receber o benefício em razão do descumprimento da obrigação pelo empregador.
Diante dessa situação,cabe ao empregador, para o fim de evitar um prejuízo ainda maior em caso de ação proposta pelo próprio empregado ou mesmo pelo próprio INSS, realizar os recolhimentos em atraso.  Por outro lado, ao empregado, caberá entrar em contato com o INSS e comprovar sua condição de empregado, apresentando sua CTPS, contracheques e outros documentos.
Se, ainda assim, o benefício for negado pelo INSS, caberá ao trabalhador propor ação contra o INSS, para o fim de vê-lo compelido a conceder o benefício previdenciário requerido, tendo em vista que não era sua a responsabilidade pelos recolhimentos previdenciários, mas sim do empregador.
Ao empregador, há também consequências jurídicas que vão além da obrigação dos recolhimentos em atraso, podendo haver condenação na justiça do trabalho no pagamento de indenização por danos morais ao trabalhador.
A 7ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, nos autos do processo nº 24260-88.2013.5.24.0036, decidiu que o descumprimento das obrigações trabalhistas pelo empregador, importa em sua responsabilização civil, quando for demonstrado o dano moral sofrido pelo trabalhador.  De acordo com referida decisão, a simples recusa do INSS em razão da ausência de recolhimentos previdenciários já seria suficiente para causar angústia e abalo emocional, ainda que a decisão do INSS possa ou venha a ser revertida judicialmente.
Portanto, é importante que o empregador esteja atento quanto ao cumprimento da obrigação de recolhimento das contribuições previdenciárias, e, em favor do empregado Tibúrcio, de forma menos onerosa à empresa, o prudente e resolver administrativamente perante o INSS, efetuando um acordo de parcelamento da dívida dos 15 anos não recolhidos, o que frustrará igualmente o problema criminal advindo do ato, previsto no artigo 168 A, do CPB e, dessa maneira, o caso estará resolvido na sua totalidade.  
REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.
BRASIL. Portaria n° 75/2012. Dispõe sobre a inscrição de débitos na Dívida Ativa da união e o ajuizamento de execuções fiscais pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br>
BRASIL - Lei 8.212/91.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus 84.412, Relator: Min. Celso de Mello, Segunda Turma, julgado em 19/10/2004. Disponível em: <http://www.stf.jus.br>. GOMES, Luis Flávio. Crimes Previdenciários: apropriação indébita, sonegação, falsidade documental, estelionato, a questão do prévio exaurimento da via administrativa. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
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