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F161h Failace,RenatoRego Hemograma/ RenatoRegoFailace.- PortoAlegre ArtesMédicas,1991. 194p.: il. ; 18cm. 1. Hemograma2. Sangue- Exame3. Sangue- Aná- lise. I. Título. l , . t RENATO REGO FAILACE ProfessorTitulardeHematologiadaFundação FaculdadeFederaldeCiênciasMêdicasdePorto Alegre EspecialistaemHematologiae PatologiaClínicapelaA.M.B. hemograma manualdeinterpretação 2~edição corrigida (Bibliotecáriaresponsável:SoniaH. Vieira CRB-10/526) C.D.D. 616.07561 C.D.U 616.15-072.5 ÍNDICE ALFABÉTICO PARA CATÁLOGO SISTEMÁTJCO Hemograma 616.15-072.5 f I ~ol1s PORTO ALEGRE/1992 Sumário 55 55 56 9 10 16 18 2. ERITROGRAMA 20 Índiceshematimétricos 25 Observaçãoaomicroscópio 28 40 43 45 46 48 51 1. HEMOGRAMA . Tecnologia . Processamentodedados . Filosofiadetrabalho . 3. ANEMIA . ANEMIA PÓS-HEMORRÁGICA . ANEMIA POR DEFICIENTE SÍNTESE DE HEMOGLOBINA Anemiaferropênica . Talassemiaminor . Anemiadasdoençascrônicas . ANEMIA POR DEFICIENTE PRODUÇÃO DE ERITROPOETINA . Insuficiênciarenal . Hipotireoidismo . ANEMIA POR DEFICIENTE SÍNTESE DE NUCLEOPROTEÍNAS 57 Deficiênciadeácidofólico 59 DeficiênciadevitaminaBI2 •...........•..•......•.•...........•.•.•.•..•.. 60 ANEMIA POR FALTA DE CÉLULAS DA HEMOClTOPOESE 61 Anemiaaplástica 62 Outrascausasdepancitopenia 63 ANEMIAS HEMOLÍTICAS 65 Defeitosnamembranadoeritrócito 67 Hemoglobinopatias : 69 Defeitosenzimáticos 73 Malária , 76 Anemiasimunológicas 77 AneÍniasporfragmentaçãoeritrocitária ; 79 ANEMIAS DE PATO GÊNESE MISTA E PSEUDO-ANEMIAS 80 Alcoolismo 80 Hepatopatias 82 ,I Hiperesplenismo : 84 Gravidez 85 4. ERITROCITOSES 87 Policitemiavera 91 5. LEUCOGRAMA 93 6. NEUTROCITOSE E NEUTROCITOPENIA 102 Nasdoençasinfecciosas 107 Neutrocitopeniasqueexpressamdoençahematológica 114 Alteraçõesqualitativasdosneutrófilos 121 7. LlNFOCITOSE E LlNFOCITOPENIA 124 Linfocitosesinfecciosas 127 8. ALTERAÇÕES DE EOSINÓFlLOS, BASÓFlLOS E MONÓCITOS 132 Eosinofiliaeeosinopenia 132 Basofilia(basocitose) 134 Monocitoseemonocitopenia 135 9. HEMOPATIAS MALIGNAS 138 Leucemiamielocíticacrônica 139 Mieloesclerosecommetaplasiamielóide 142 Síndromesmielodisplásicas 144 Leucemialinfocíticacrônica 145 Leucemiasagudas 147 DoençadeHodgkin 153 LinfomasnãoHodgkin 154 Mielomae macroglobulinemia 156 10.TROMBOCITOSE E TROMBOCITOPENIA 160 Trombocitose 162 Trombocitopenia 163 Alteraçõesqualitativasdasplaquetas 166 11.HEMOGRAMA DO RECÉM-NASCIDO 167 Eritrograma 168 Anemias 170 Leucograma 173 Trombocitopenia 174 APÊNDICE: ValoresdeReferência 175 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 178 ÍNDICE ALFABÉTICO 180 I J." 1 I 1. Hemograma Hemogramaé O examelaboratorialde rotinaparaa avaliaçãoq~antitativae qualitativadoselementosfigurados dosangue.E integranteindispensáveldetodocheck-upmédi- co,já quepodemostraralteraçõesdesignificaçãodiagnóstica nãoapenasnasdoençashematológicasmastambémemdoen- çasdasmaisvariadaspatogêneses. Emboraovolumeplasmáticovarieaopassar-sedorepou- sonahorizontalàdeambulação,alterandoascifrashematimé- tricas,ehajaumavariaçãonictêmerano leucograma,asdife- rençassãopoucosignificativas,de modoquea colheitado sangueparahemogramapodeserfeitaa qualquerhorado dia,evitando-seapenascolhê-Ioapósexercíciosfísicose nas duashorasquesucedemrefeiçõesgordurosas.O autor,cujo consultóriodeHematologiaé dentrodo laboratório,fazos hemogramasdeseuspacientescontemporaneamenteàscon- sultas. O hemogramainclui: Eritrograma:contagemdeeritrócitos,dosagemaehemo- globina,determinaçãodo hematócrito,índiceshematimétri- coseobservaçãomicroscópicadamorfologiadoseritrócitos. Leucograma:contagemde leucócitos,determinaçãoda fórmulaleucocitáriapercentual,cálculodafórmulaabsoluta e observaçõessobreeventuaisalteraçõesleucocitárias. Hemograma/ 9 Estimativado númerode plaquetas:anota-sesehouver aumentoou diminuiçãoaparentes;nosbonslaboratóriosa faltade observaçãoa respeitoé indicativade um número queapareceunormalaoobservador. Como as variaçõesdo eritroe do leucogramapodem sertotalmenteindependentes(ex.:nainsuficiênciarenal,on- de há anemiae leucogramainexpressivo)ou estreitamente relacionadas(ex.:naanemiaaplástica,ondeháanemia,leuco- peniae trombocitopenia),recomenda-sesempreasolicitação de hemograma(completo),emvezde pedidosparciaisde eritrogramaouleucograma.É claroque,naseqüênciadecasos quecomprometamsó umasérie,os novospedidospoderão ser parciais(ex.: só leucograma11aevoluçãode abdômen agudo,sóeritrogramanaevoluçãodetratamentodeanemia ferropênica). TECNOLOGIA A contagemdeeritrócitosao microscópio,emcâmara decontagem,éestafanteeinexata,eestápraticamenteaban- donada.A deleucócitos,quandofeitaportécnicoexperiente e quenãoestejasobrecarregadopor númeroexcessivode amostras,é aceitávelparafinsclínicos.Atualmente,entre- tanto,generalizou-seo usode contadoreseletrônicos.Os maisusadosbaseiam-seno princípioCoulter:contagemdos pulsosdecondutividadecausadospelosglóbulosaocruzarem umorifíciopor ondeflui umacorrenteelétrica.O contador temumahasteoca,cujointeriorcomunica-secomo exterior porumorifíciodelOOl1-m dediâmetro;háumeletródiometá- lico interno,outroexterno,umafontegeradoradecorrente contínua,umabombade vácuoqueaspiraa suspensãode , glóbulosparadentrodahaste,peloorifício,econtatoselétri- 10/ RenatoRegoFaihlce cos quefazemparara contagemapósa aspiraçãode um volumeexatodo material.Mergulha-sea hastena cubeta contendoo sangue,apropriadamentediluídoemsoluçãoele trolítica;acorrentepassapelasoluçãodeumaooutroeletró- dio. Cadavezqueumglóbulocruzaro orifício,suamenor condutividadeproduziráumpulsodevoltagem,sentidopelo aparelho.Os pulsossãocontadose a calculadora,levando em contaa diluição,o volumeaspirado,e a coincidência estatísticada passagemde maisde um glóbuloao mesmo tempopeloorifício,converteoresultadoemnúmerodeglóbu- los por I1-t do sangue.O resultadoé expressoem display digital,ou atravésde impressoraanexa.Para a contagem de leucócitoso solventerecebegotasdesubstânciahemoli- santeparaeliminaroseritrócitos. Os contadoresdeprimeirageraçãosãoos maisusados no Brasil, pelopreçoacessível,durabilidadee fácil manu- tenção.O maisdifundidoé o CoulterCounterModel D; aFig. 1mostrao conjuntoutilizadono laboratóriodoautor, dadécadade60atésetembrode88.Há similares,igualmente \~ -- -I I I -I I montadosou fabricadosnoBrasil:TOA MicrocellCounter, Celm, Bio-Eng, outros.Nesseequipamentoa diluiçãodo sangueé feitaemdiluidoresseparados,e a cubetaé levada_ manualmenteao aparelho;seo laboratóriodispuserdeum hemoglobinômetrode mesmaprocedênciado contador,a mesmadiluiçãoserviráparaadosagemfotométricadahemo- globina;casocontrário,deveráser feitaoutradiluiçãodo sangueparaa dosagemde hemoglobinanosespectrofotô- metrosgerais,demenorsensibilidade. Laboratórioscomesseequipamento,quesãoa grande maioriano Brasil,determinamo hematócritocentrifugando o sangueemtuboscapilares,a 12.000rpm,e lendoa altura dacolunadeeritrócitosemescalaapropriada. A imprecisãodosdiluidorestemmaisexpressãonaconta- gemde eritrócitos,queexigedupladiluiçãoaté 1/50.000, do que na de leucócitos(1/500);contadoresaferidospara contagemdeleucócitosrequeremcorreçãoparaacontagem deeritrócitos,o queéfeitoportabelasdediscutívelexatidão; os padrõesde aferiçãotêmduraçãolimitadae sãodifíceis deobternoBrasil.A experiênciageralcomesseequipamento concluipeloresultadoamplamentesatisfatórionacontagem de leucócitos,comcoeficientede variaçãoinferiora 3%, e resultadomenossatisfatóriona contagemde eritrócitos, comcoeficientedevariaçãoquepodeultrapassaF5%. Erro sistemáticodestaordemcausareflexosindesejáveisnosíndi- cesIi.ematimétricos,discutidosadial)te. A necessidadedeexperiênciae cuidadodosoperadores no manuseiodoscontadoreseletrônicosdeveserenfatizada: os errosgrosseirossãocomunse devemsernotadosnoato. Os maisfreqüentessão:obstruçãodo orifício,necessidadedediluiçãomaioremcontagensdeleucócitosmuitoelevadas, contaminaçãodaamostrasubseqüentepornúmeromuitoele- vadodeglóbulosnaanterior,contagensbasaisaltasporconta- 12/ RenatoRegoFaiJace minaçãodosolventeoudascubetascommaterialparticulado, etc. Uma segundageraçãodecontadoreseletrônicossurgiu no fim dadécadade60erapidamenteganhouapreferência nospaísesdesenvolvidos.Osnovosaparelhos,degrandepor- te,baseando-senaproporcionalidadeentrea amplitudedos pulsosvoltaicosdoprincípioCoultere asdimensõesdoseri- trócitos,passarama medi-Iossimultaneamenteà contagem, e a calcularo hematócritopeloprodutonúmerox volume. A diluição,ascontagens,a dosagemdehemoglobinapassa- rama serfeitasseqüencialmenteno aparelho,quea seguir calculao hematócrito,os índiceshematimétricose imprime osresultados.O CoulterModelSfoiocontadormaisvendido no mundona décadade 70;tevepoucaacolhidano Brasil , pelopreçoelevadoedifícilmanutenção.Saiudesérie. A terceirageraçãode contadoresparaHematologiaé representadapor umasériede aparelhosqueinundaramo mercadodospaísesdesenvolvidosnosanos80.Algunsutili- zamo princípioCoulter(sérieCoulterS plus, TOA Sysmex cc-800),outroscontame medemos glóbulospelospulsos deluz refletidaoudifratada,apósfotomultiplicação,aofluí- remporumatubuladoradelgadafrentea umfocoluminoso laser(TechníconH-6000,Ortho-ELT-8, etc.).Nessaapare- lhagema contagemdeplaquetasestáincluídanaseqüência, háhistogramasdedistribuiçãodascélulasporvolumeeuma sériede controlesde qualidadecomputadorizados.Alguns fazema contagemdiferencialdos leucócitospor canaisde citoquímicaouhistogramasdedistribuiçãodevolumecelular. Certamenteaindanãosubstituemo olhohumanoaomicros- cópio,e provavelmenteseuusogeneralizadovaidarorigem aumasériede"síndromesleucocitáriaseletrônicas". O preço,acimade US$ 160.000(nosEUA) retardará a difusãodeseuusonoBrasil. Hemograma/ 13 Nosegundosemestrede1988aCoulterEletronicslançou nocomérciolocal,poraproximadamenteUS$ 12.000,o mo- delo CBC-5 (CompleteBlood Counter-5 parameters).O aparelhotrabalhacomumdiluidorseparado,exigindoduplo manuseiodasamostras;contae medeoseritrócitos,calcula o hematócritopor integração,contaleucócitosedosahemo- globina(Fig.2). O CBC-5éuminegávelmasperigosoprogresso:acompa- raçãodosparâmetrosobtidosseparadamentedo contador, docentrifugadoredohemoglobinômetro,permitiafacilmente 14/ RenatoRegoFai/ace evidenciarerrosde um ou de outrodeles.Com o CBC-5, queforneceo conjuntoe não temcontrolescomputadori- zados,amplifica-seaimportânciadooperador:deveobservar a seqüênciade resultadosparanotartendênciase deveter umalto"graudedesconfiança",reconferindoqualquerresul- tadoquepareç.aincompatívelcomo grupoetário,comresul- tadosprévios,oucomo casoclínico,quandoconhecido. No laboratóriodoautor,queusouoCBC-5atésetembro de 1990,foi semprefeitoumcontrolepelamanutençãoem funcionamentodeumaunidadedeprimeirageração(conta- dor,micro-hematócrito,hemoglobinômetro),ondeeramre- petidasas determinaçõesde umacada30ou 50 amostras e detodasasquesuscitassemdúvidas. O maisperigosoerrocomoCBC-5éavariaçãodevolume doseritrócitos,causadaporrestosdedetergentesnascubetas imperfeitamentelimpas,poisé inviávelusá-Iascomodescar- táveis.O instrumentoexigeumacorrenteestabilizada,euma permanenteassistênciatécnica. As dificuldadesacima,e a faltadecontagemdeplaque- tas,nãopermitemqueseconsidereoCBC-5,apesardopreço acessível,comosoluçãoparaa hematimetrialocal.Equipa- mentorealmentesatisfatórioé a sérieCoulterT (Fig. 3), lançadano Brasilemfinsde 1989,e atualmenteemusono laboratóriodoautor. Sãoaparelhoscompactose simplificados;aspirame di- luemas amostras,contame medemos eritrócitos,contam leucócitoseplaquetas,dosamahemoglobina,calculamo he- matócritoeosíndiceshematimétricos,tudodemodoseqüen- cial,seminterferênciadooperador,ecomcontroledequali- dadecomputadorizado.Osmodelosdiferempelavelocidade daoperação:de40a90amostrasporhora.Nãofazemconta- gemleucocitáriadiferencial,mascontamoslinfócitos,permi- tindomaisumcontrolepelacomparaçãodessenúmerocom o obtidonafórmulafeitaaomicroscópio. Hemograma/ 15 I~ .._/ o modelomaislentoda sérieT custanosEUA US$ 41.000maschegaaoslaboratóriosbrasileirospor maisde U:S$80.000(câmbioparalelo);é uminvestimentosempers- pectivasderentabilidade,nemno sentidorestritodepoder serpagoem2 ou 3 anoscomo preçolíquidodosexames feitos,e é aindataxadocomolucropelareceitafederal.Se ogovernotiverasensibilidadedepermitiraimportaçãodire- ta,semtaxasnemimpostoslocais,aadoçãodeequipamento dessetipo trarámagníficamelhoriatécnicaao setor.Atual- m~ntesó é acessívela umnúmeromuitorestritodelabora- tórioseainstituiçõesestatais,cujosserviçosmédicosàpopu- laçãocustam5 a 10vezesmaisqueos similaresprivados, poisnãotêmpreocupaçãocomeconomianemcomrelação custo/benefício. PROCESSAMENTO DE DADOS A computadorizaçãodolaboratórioéumprocessocaro, masinevitávelquandoo númerode amostrasdiáriasultra- 16/ RenatoRegoFailace , j J i'] ) I J passar200.No laboratóriodoautororegistrodocomputador incluinomee idadedospacientes,médicorequisitante(digi- tadopelonúmeroCRM), listadosexamespedidose dados contábeispertinentes.O computadoremiteumboletiminter- nodeserviçoparacadaseçãodo laboratório,como lay-out dosexames,eespaçosembrancoparaosresultados.Resul- tadosdescritivos(ex.:policromatocitosenoeritrograma)são codificadose, sempreque passíveisde semiquantificação, mesmosubjetiva,issoseráexpressoemcruzes(plus),deuma a quatro,segundoaorientaçãointernacional: 1 + =alteraçãonotadasócomespecialatenção 2 + =notadanoexamederotina,masnãochamativa 3 + =nítida,evidente 4 + =muitoacentuada,presentenamaioriadascélulas. No programadeprocessamentodedadosdohemograma foramincluídosinúmerosdígitosdecontrole,correlaçõesnu- méricaslógicasentreosparâmetros,elimitesdenormalidade, demodoqueerrosdedigitaçãosãovirtualmenteimpossíveis, e incoerênciassãorejeitadas.Issopermitiuanotávelsimpli- caçãodeserdispensadaaconferênciadosresultadosemitidos comosboletinsinternos. O acessorápidoaosarquivospermiteaotécnicoconsultar osresultadosanterioresdospacientes,o queevidenciaráva- riaçõesexcessivas,ouconfirmaráanormalidadesprévias,faci- litandoa interpretaçãoe eventualdiscussãocomosmédicos requisitantes.Naturalmenteo arquivoélimitadopelacapaci- dadede memóriado computador:no laboratóriodo autor conservam-seosresultadospor3 meses;aofim desseprazo sãopassadosparadisquetes,juntocomos dadoscontábeis, eguardadospor5anos. Se o programaincluir cálculosdiáriosde médiasdos resultados,defeitostécnicosquecausemtendênciasãofacil- mentenotadose corrigidos.Limitesdenormalidade,estrei- Hemograma/ 17 I 1\ tados pela exclusãode resultadosfora de ±2 ou 3 desvios padrõeserecalculadospelasnovasmédias,poderãoserusadas para arbítrio de valoresde referêncialocais. Os grandeshospitaisdo mundodesenvolvidotêmcompu- tadoreson linecomo equipamentoeletrônicodo laboratório, com displaysnos postosmédicosdos setores,e os resultados têmtransmissãodiretae instantânea. FILOSOFIA DE TRABALHO É impressapela direção e pela tradição, e constitui a característicaessencialdecadalaboratório. Laboratórios diri- gidoscom finalidadespuramentecomerciaislimitam-sea sa- tisfazer requisiçõesmédicas,com boletins de resultadosde boa apresentaçãovisual e que não chamema atençãopela incoerência. O mesmo acontece,muitas vezes, em labora- tórios de entidadesestatais. O patologista-clínicoconscienteadotacomo filosofia de trabalho a buscade resultadosque se mostremelucidativos ao diagnóstico,mesmoquepara issodevaultrapassaros limi- tes da requisição do médico, dos horários de serviço, e da rentabilidadefinanceira. A diferençanão é teórica nem subjetiva. Alguns exem- plos abaixo mostrama exaustivarotina derivadadessafilo- sofia. Hemograma com leve anemia (hemoglobinaem torno de 10g/d t): verno arquivoseháexameanterior; reexaminar a lâminaem buscade alteraçõesnão notadasantes(hipocro- mia, pontilhado basófilo,etc.); corar reticulócitos;consultar resultados da seção de bioquímica, se houver (creatinina, bilirrubina). Se nadade esclarecedorfor evidenciado,incluir o médico na lista de telefonemasdo dia, para colocá-Io a 18/ RenatoRegoFailace par de tudo quefoi tentadoe discutiralgumdadoextrasobre o caso. Essa rotinageraum númeroexcepcionalde diagnós- ticos insuspeitadosde talassemiaminor, hipotireoidismo e outrasanemiasmenores. Plasmaaparentementeictéricoà leitura do hematócrito: a bilirrubina é dosadae o resultadoanexadoao hemograma, junto com esclarecimentoao médico. Com o emprego de contadoresque fornecemo hematócrito, essevalioso dado escapaà observação. Aparente trombocitopenia:conferir se não há coágulo no material.Se asdemaissériesforem normais,e não houver exame prévio no arquivo, pedir colheita de novo material para reconfirmaro achado. Suspeitade hemopatiaoncológica(mononuclearesatípi- cos, pancitopenia):anotar observaçõessugerindoexamede medulaóssea. Anomalias genéticas:emitir notaexplicativa:asmaisco- . munsjá estãonoprogramado computador,comoadePelger- Huet. Semprequehouverum resultadoaparentementeincom- patívelcomosdadosdo paciente(ex.:hemogramacomcarac- terísticas infantis em adulto), o exame é repetido a partir damesmaamostra,e comparadocomo precedentee o subse- qüente na série de amostras.Se persistir dúvida quanto à coerênciaé pedidanovacolheitadematerial:pode ter havido erro na identificaçãopor ocasiãoda colheita. Todas as rotinas acima são gratuitas. Os pacientessó pagampelos examesrequisitadosespecificamentepelos seus médicos. Na opinião do autor, a rentabilidadefinanceira de um laboratóriomédicodeveserobtidacomo umefeito colateral, decorrentedo sucessoinevitávelde umafilosofia de trabalho voltada apenasà qualidadee à correlaçãoclínica dos resul- tados. Hemograma/ 19 I, 2. Eritrograma Eritrogramaéapartedohemogramaqueavaliaoeritrô- nio,órgãodifusoconstituídopelamassaeritrocíticacirculante eo tecidoeritroblásticodamedulaóssea,quelhedáorigem. Como a funçãodo eritrônio,o transportedo oxigênio dopulmãoaostecidos,éexercidapeloseuconteúdohemoglo- bínico,suapatologiaé essencialmentequantitativa.Assim, a insuficiênciafuncionaldoeritrônio- ANEMIA - é defi- nidacomodiminuiçãodahemoglobinasangüínea,aqualcos- tumaacompanhar-se,nãonecessariamentedemedoparalelo, dediminuiçãodonúmerodeeritrócitos. Excepcionalmentepodehaverinsuficiênciafuncional semalteraçõesquantitativasdoeritrônio:a intoxicaçãopelo monóxidodecarbonotornaahemoglobinaincapazdecarrear oxigênio;a transfusãovolumosacomsangueestocadorepõe ahemoglobina,masestatemsuaafinidadeaooxigênioaltera- da pelafaltade 2-3OPG, e não corrigeimediatamentea deficiênciade transporte.O termoanemianãose aplicaa essescasos. A expansãoda massaeritrocítica,alteraçãoparamais do eritrônio,quandodecorrerderespostaeritropoéticame- diadapelaeritropoetina,denomina-seERITROCITOSE ou POLIGLOBULIA; quandodependentedeproliferaçãoclo- 20 / RenatoRegoFailace nal, autônoma,do tecidoeritróide,trata-sede policitemia vera,umadassíndromesmieloproliferativascrônicas. O eritrograma,portanto,destina-seafazernotar,quanti- ficare ajudarno diagnósticocausaldasanemiase eritroci- toses.Suasdeterminaçõesbásicassão: Contagemde eritrócitos: quandofeitanoscontadores eletrônicosde 1:geração,temumerrosistemáticosuperior ao desejável;o coeficientedevariaçãoé daordemde5%, demodoque~umacontagemrealde5 milhõespor p.,e tem intervalosde confiança(95%)de 4,5a 5,5milhõespor p.,e. Porisso,recomenda-seque,comatecnologialocal,ainterpre- taçãodo eritrogramabaseie-senadosagemdehemoglobina e no hematócrito,e nãona contagemde eritrócitos.Feita noCoulterCBC-5,enosmodelosde3:geração,acontagem temprecisãosuperior.A diminuiçãodacontagemdeeritró- citosdenomina-seeritrocitopenia,maso termoépoucousa- do, substituídopor anemia,relativoà concomitantebaixa dehemoglobina.O aumentocaracterizaa eritrocitose. Dosagemde hemoglobina:é feitacomexatidãosatisfa- tóriaemqualquerespectrofotômetro,comleituraemcompri- mentodeondade540p.,m,apósconversãodahemoglobina emcianometa-hemoglobina,de cor estável.Há hemoglobi- nômetrosmuitosensíveis,parausoacopladoaoscontadores eletrônicoscomuns;os contadoresde 3: geraçãodosam-na emsérie,comascontagensde glóbulos.A hemoglobinaé o dadobásicodo eritrograma,poisanemiaé suadeficiência abaixodoslimitesdereferênciaparao sexoe grupoetário. O aumentoéacompanhanteusualdayritrocitose. Hematócrito:é o volumedoseritrócitosconglomerados por centrifugação,expressoempercentagemdo respectivo volumedesanguetotal.Bemfeito,édeimpecávelreproduti- bilidade,emboranãosejapropriamenteexato,já que há retençãosistemáticade plasma,da ordemde 1 a 4% (do Hemograma/ 21 Porsimplicidadeeeconomia,quandoosvaloresdehemo- globinae hematócritoestãonessafaixa,esãoproporcionais, muitoslaboratóriosdispensamacontagemdeeritrócitos. Hematócritoehemoglobinasãomedidasdamassaeritro- cíticae hemoglobínicacontidasemumdeterminadovolume desangue,enãoasmassaseritrocíticaehemoglobínicatotais na circulação;havendo,entretanto,mecanismoshomeostá- sicos rápidose eficazesparaa manutençãodeumavolemia estável,costumahavercorrelaçãolinearentreessascifras laboratoriaisrelativasesuascontrapartidasabsolutas,in vi- vo. Há exceções,istoé, eventualidadesemquehematócrito hematócrito,nãodo volumetotal)no seiodamassaeritro- cíticacompactada.No CBC-5 enoscontadoresde3~geração o hematócritoé obtidoindiretamente:o aparelhocontae medeoseritrócitos,eca1cula-opeloprodutonúmeroxvolume médio.É geralmente1 ou 2 pontospercentuaisinferiorao obtidopor centrifugação;a diferençainteressaà interpre- tação,porqueinterferenosíndiceshematimétricos,descritos adiante.O excessode EDTA na anticoagulaçãodo sangue diminuisignificativamenteo hematócritopor desidrataros eritrócitos;a má limpezadascubetasalterao hematócrito feitono CBC-5. Sãoerroscomuns,geralmentenãovalori- zados. Nossanguesnormais,cujoseritrócitossãosaturadosde hemoglobina,háumaperfeitacorrelaçãoentreastrêscifras do eritrograma,conformea tabelaabaixo;.valoresinterme- diáriospodemserinterpolados: l~ ~, ERITRÓCITOS (milhões/!te) 4,5 5,0 5,5 HEMOGLOBINA (g/M) 13,0 14,5 16,0 HEMA TÓCRI.TO a.. (%) I W"" g...>40 V""' 44 l~/) 48 e)<tC./ ehemoglobina,emboratecnicamenteexatosnãorepresentam fidedignamenteamassaeritrocítica/hemoglobínicacirculan- te: Aumentodo volumeplasmático(pseudo-anemia):na gestação,na retençãode líquidospor msutlclenClacaraíaca ou renal,naesplenomegaliavolumosa,na infusãoexcessiva defluidosLV. Diminuiçãodovolumeplasmático(12seudo-eritrocitose, ~cor.reçãoesp.úria..,.dun.emW:usodediuréticos,desidra- tação,obesidadee estresse,queimaduras. Diminuiçãoharmônicadavolemiatotal(anemianãoevi- denciadapeloeritrograma):nasprimeirashorasapósperda hemorrágica(volemiaaindanãorestaurada),no prematuro anêmico(faltado mecanismohomeostáticode preservação davolemia). Aumentoharmônicoda volemiatotal(eritrocitosenão evidenciadanoeritrograma):nasprimeirashorassubseqüen- tesàtransfusãoexcessivadesanguetotal.O autorjá apresen- ciouváriasvezes,peloerromédicodetentarcorrigirtrombo- citopeniacomtransfusõesdesanguefresco;comadiminuição ulteriordovolumeplasmáticoaeritrocitoseiatrogênicatorna-' seaparentenoeritrograma. E háumnúmerolamentáveldeanemiasoueritrocitoses espúriasporerrodelaboratório.Quandohouverleituraerra-' da de resultados,ou errona execução,a repetiçãocorreta dadeterminaçãonamesmaamostradesanguerevelaráo(s) erro(s).Quandohouverdefeitonacolheitaou conservação daamostra,comocoagulaçaoincipiente,diluiçãocomanti~ coagulanteinapropriadoou excessivo,hemólise,perdade plasmaporderramamentoaoabrir-sea rolhaquandoosgló- bulosestãosedimentados,etc.,arepetiçãonamesmaamostra repetiráoerro.Novacolheitaéindispensável.Alémdoserros acima,podehavertrocasdematerial,errosnaidentificação, 22/ RenatoRegoFaiJace , " \. Hemograma/ 23 A diferençaentrehomensemulheresadultosédecausahormonal.Osandrógenosaumentamasensibilidadedoteéido eritróideàeritropoetina;acastraçãomasculinacausaanemia. Os estrógenosinibema eritropoese;apósa menopausahá elevaçãodoeritrogramaaníveismasculinos. . A partirdos65anosháumaprogressivamasmuitovariá-- vel diminuiçãodascifrasdo eritrograma;é difícil precisar, emcasosparticulares,seumaleveanemiaépuramentesenil, ousecundáriaaoutrapatologianãonotada. natranscriçãodosresultados,nofornecimentoverbaloutele- fônicodosmesmos,errosno programado computador,etc. Em conclusão:qualquertipode dúvidana interpretaçãode resultadosexigere~ição; seosexamesforemdelaboratórioquecosfumemereer confiança,repitam-seno mesmo,avi- sandoao técnicoresponsável,quesetratadereconferência, e expondoosmotivos.Reconferênciasnãosãocobradas. ••_JlualoJ~s de~ferência(média±2desviospadrões)para eritrócitos,hemoglobinaehew..atóçmQ,-,,~mª.9JlJ10ll, sãQ.ti..~ dosabaixo;tabelamaisampla,incluindovaloresnainfância, é encontradano apêndice.A cifradehemoglobinaparaho- mensbaseia-seemestatísticasdo serviçodeprocessamento dedadosdolaboratóriodoautor;asdemaissãodaliteratura. EmboraaSociedadeInternacionaldeHematologiapre- conizeexpressarascontagensdeglóbulospor litrodesangue (ex.:eritrócitos:5,3x 1012/e) eo hematócritoemfraçãodeci- mal(ex.:hematócrito:0,47),persisteno Brasilo hábitode expressá-Iospor microlitro,e em percentagem.A escolha é irrelevante. Homens adultos Mulheres adultas ERITRÓCITOS (milhões/j.te) 5,3 ±0,8 4,7 ±0,7 HEMOGLOBINA giM 15,3 ± 2,5 13,8 ±2,5 HEMA TÓCRITO % 47 ±7 42 ±7 ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS Volumecorpuscularmédio(VCM): quandooeritrograma éfeitonoCBC-5ouemcontadoresde3~geração,osaparelhos determinamdiretamenteo volumemédiodoseritrócitos.No adultonormalé de88te (limitesdereferência:80a 98te). Na tecnologiausual,o VCM, écalculadoapartirdohemató- critoe dacontagemdeeritrócitos. Ex.: Eritrócitos:5,0milhõeS/f,Le Hematócrito:44% No caso,os 5 milhõesde eritrócitosocupam0,44f,Le, assimo volumemédiodecadaumé: ' VCM = 0,44JLe = 88 fe 5.000.000 Sabedoresdessaunidadefinal,bastarádividiro hemató-' critox10pelacontagemdeeritrócitosemmilhões,eexpressar o resultadoemfentolitros(fe = 10·jS e). 4<./><Iv'! VCM = 44 x 10 = 88 te ...--$/J 5,0 Macrocitoseé a elevacãodQVCM acimade 98 fe e microcitosea diminuiçãoabaixode 80 fe. Trabalhando-se comcontadoresquemedemo VCM, macrocitosee micro- citosesãofundamentaisnacaracterizaçãodostiposdeane- mia:algumassãocaracterizadaspormacro,outraspormicro- citose,outrassãonórmocíticasouvariáveis.Comatecnologia usual,o VCM émenosexato:o hematócritocontémvariável proporçãodeplasmaretidonacoluna;acontagemdeeritró- citostemerrosistemáticomuitoalto.Nessascondições,macro emicrocitosenuméricasnãopodemserusadascomoo parâ- metrobásicoparaa classificaçãodasanemias. III I 24/ RenatoRegoFaiJace Hemograma/ 25 Hemoglobinacorpuscularmédia(HCM): conhecendo-se ataxadehemoglobinaeonúmerodeeritrócitosdeumdeter- minadovolumede sangue,o quocienteexpressaráa quanti- dademédiadehemoglobinadecadaeritrócito. Ex.: Eritrócitos:5,0milhões/""e Hemoglobina:14,5giM (=0,000145g/""e) HCM = 0,000145g = 29 pg 5.000.000 Sabedoresdestaunidadefinal,basta-nosnapráticadivi- dir hemoglobina(emgiM) x 10por eritrócitosemmilhões por/J-e, eexpressaro resultadoempicogramas(pg =1O-12g). HCM = 14,5x 10 = 29 pg 5,0 Comooseritrócitosnormaissãosaturadosdehemoglo- bina,sópoderáhaveraumentodaRCM quandohouverma- crocitose;namicrocitoseaRCM estaránecessariamentedimi- nuída.Como a RCM dependeda contagemde eritrócitos paraseucálculo,háum errosistemáticoalto.Os limitesde referênciasão27a32pg. Concentração hemoglobínica corpuscular média, . (CHCM): a concentraçãoda hemoglobinadentrode cada eritrócito,empesopor volume,serádadapeloquociente: • Na esferocitoseos eritrócitosperdemporçõesda membranae desidra- tam-se,diminuindode volumesemperdera hemoglobina.Nessecasoa CHCM podeigualarouultrapassar0,36. Nosexemplosacima: ~pg 145 CHCM = -- = 0,33pg/fe ou CHCM =-' = 0,33(ou 33%) 88 fe 44 Normalmentea CRCM estáentre0,31e 0,35.Valores acimade0,36(hipercromia)nãopodemocorrer,pôisrepre~ sentariamimpossívelhipersaturaçãodoseritrócitos*;sãosem- pre decorrentesde errono hematócrito(paramenos)élou na hemoglobiná(paramais).Por outro lado,a insaturação. hemoglobínicadoseritrócitos- hipocromia- éo maisfre- qüentedefeitonaeritropoesecomocausadeanemia. A retençãodeplasmanacolunadeeritrócitosdohemató- critotendea exagerarartefatualme.ntea hipocromia,já que o hematócritoé o denominadorde seucálculo;isto pode serconsideradoum"errosistemáticovantajoso",poistorna ahipocromiamaisaparente,quandodiscr~ta.ComoaCRCM independedacontagemdeeritrócitos,comatecnologialocal é um índicehematimétricomelhordo queo VCM paraa caracterizaçãodasanemiasdecorrentesdedescompassoentre a sínteseda hemoglobinae a proliferaçãoeritróide.Traba- lhandocomo CBC-5ou contadoresde3~geração,interpre- te-sepreferencialmenteoVCM; comcontadoresde1~geração 'e hematócritopor centrifugação,prefira-sea CRCM. Nas determinaçõeseletrônicasa RCM costumaserproporcional aoveM. SuadimiIiüiÇãõOesproporcionarií.õta~maiscom a tecnologiaantiquada,masnessecasohátambémbaixada CRCM. Conclui-sepor serumíndicedispensável,mantido portradição. No laboratóriodoautoro computadorcalculaosíndices hematim~tricosdoseritrogramas,massóosimprimenosre- i <i' ou (multiplicando-seasfrações invertidase simplificando): Hemoglobinax 10 HCM o n~de eritrócitos VCM u Hematócritox 10 n~deeritrócitos CHCM = Hemoglobina Hematócrito i I ! 26 I RenatoRegoPai/ace Hemograma/27 sultadosquandoumou maisdelesforemanormais.Quando a CHCM for acimade 0,35,rejeitao resultadopor incoe- rência;quandoigualou abmxode 0,30exigea observação "hipocromia"anotadapeloobservadordalâminaaomicros- cópio, e imprime-aapóso dadonumérico."Macrocitose" e "microcitose"saemimpressasapóso VCM, quandoaltera- doparamaisouparamenos. OBSERVAÇÃO AO MICROSCÓPIO É fundamentalnaavaliaçãodasérieeritróide.O autor recomendaobjetivadeimersãode40ou50aumentos(ZEISS 40/0.85oelouMEUI S.Plan50X/0.95D IN) eocularesWIDE FIELD de10aumentos,oquemostraumcampomicroscópico notavelme.nteamploenítido. O observador,aomicroscópio,analisaasalteraçõesbio- métricasdos eritrócitosexpressaspelosíndiceshematimé- tricos,epesquisaoutrasalteraçõesdesignificaçãodiagnóstica, com redobradaatençãonos casosem quehouveranemia oueritrocitose.As principaisalteraçõesapesquisarnoeritro- gramasãodescritasa seguir. Macrocitose:é facilmentenotadaquandoo VCM ultra- passa110fe. A macrocitosepodedever-sea mecanismos patogênicosvirtualmenteopostos:sínteseinadequadadenu-. cleoproteínase hiper-regeneraçãoeritróide.Istoé umargu- mentocontrao usodo VCM comobaseparaclassificação dasanemias:umaanemiamacrocíticapodeoriginar-sede defeitoproliferativona medula,ou acompanharcasosem queháexcessoproliferativodamedula.A ingestãosistemática demaisde80mede álcoolpor diacausaumamacrocitose persistente;só é notadanoscontadoresquemedemdireta- menteo VCM. 28/ RenatoRegoPai/ace Microcitose e hipocromia: nasanemiaspor deficiência nasíntesedahemoglobinaos eritrócitoschegamao sangue pequenose descorados.Os contadoresquemedemdireta- menteo VCM mostramqueamicrocitoseéo dadopredomi- nante:ahipocromiaémaisvisualquereal,pelatranslucidez exageradadosglóbulos,maisdelgados,aomicroscópioópti- co.A CHCM naverdadebaixapouco:ahipocromianumérica· é, emparte,um artefatoda maiorretençãode plasmano hematócritoquandooseritrócitossãopequenose poucode- . formáveis.Valorizá-Ia,entretanto,quandonãose dispuser deumVCM confiável. Microcitoseehipocromiacaracterizamamaisfreqüente detodasas anemias,a anemiaferropênica,emquefaltao ferroparacompletar-sea síntesedahemoglobina.Ocorrem tambémnosdefeitosdesíntesedasglobinase doheme. A presençaconcomitantede macrócitose micrócitos, sempredomíniodeunsou outros,denomina-seanisocitose, enãoéumachadoesclarecedor.Quandoumapartedapopu-laçãoeritrocíticaédeaspectonormal,eoutraanormal,fala-se em"duplapopulação";é comumnasanemiashipocrômicas tratadascomtransfusão,ounasprimeirassemanasapóstra- tamentocomferro. Policromatocitosee reticulocitose:os eritrócitosrecém- saídosda medulaósseaguardambasofiliaremanescentedo estágioanteriorda evolução,quandoaindatinhamnúcleo esintetizavamRNA citoplasmático,ecoram-secomummatiz. acinzentadoou azulado.Quandoestãopresentesno sangue emnúmeroaumentado,diz-sehaverpolicromatocitose(ou policromasia).Osribossomas,ricosemRNA, sãomaisdistin- tamenteevidenciáveisemcoloraçãosupravital,comnovoazul de metileno,queprovocaumaprecipitaçãocitoplasmática deaspectoreticular.Os "reticulócitos"assimdemonstrados (quesãoos mesmoseritrócitospolicromáticosdacoloração Hemograma/ 29 Hemograma/ 31 Exemplodecálculodoíndicereticulocítico: CORRELAÇÃO ENTRE NÍVEL DE ANEMIA E DURAÇÃO DO RETÍCULO NOS RETICULÓCITOS = 5,3 DURAÇÃO DO RETÍCULO 1dia 1,5dias 2 dias 2,5dias REMA TÓCRITO >40% 30a40% 20a30% <20% 2~correção:5,3 + 2 (dias) = 2,65 Um índicereticulocíticoacimade 2 é previstoquando houverrespostaadequadadamedulaósseaà anemia.Após grandeshemorragiasenasanemiashemolíticas,o índicecos- tumaestarentre3e6. Parafazer-seumacontagemdereticulócitoscomrazoável exatidãohánecessidadesdeumgratículo(Miller square)na oculardo microscópio,e grandepaciênciae experiênciado observador.Nos bonslaboratóriosa coloraçãoespecíficaé feitacomorotina,semprequehouverdúvidasobreapresença ou ausênciade policromacitose;nos laboratóriossemesse cuidado,ondeacontagemsóéfeitamedianterequisiçãomédi- ca,os resultadoscomoregranãomerecemconfiança,o que permiteconcluir-sepelavirtualinutilidadedepedi-Iaa uns Ououtros. Rematócrito:25% Reticulócitos:10% 1, - 10 25 (hematócritopac.). correçao: x---: '"----~-~ 47 (hematócritonormal') , paramulheresusarhematócrito42%. 30/ RenatoRegoFaiJace derotina),mantêmesseaspectoapenaspor 20ou 30horas nacirculação,poiso RNA émetabolizadoenãomaissinteti- zado;depoistornam-seeritrócitosnormalmenteacidófilos. Assim,seconsiderarmosqueoseritrócitoscirculampor 120 dias,esónoprimeirodianosanguesãoreticulócitos,apercen- tagemnormaldestesestaráemtornode1%. qaumentodosreticulócitos(oupolicromatocitose)deve- r,áser interpretadocomohiperatividadedaeritrocitopoese. E umarespostanormalà anemiae à hipóxia,mediadapela secreçãorenalde eritropoetina.Quandohá súbitaanemia, a reticulosecomeçaa notar-seno 4~dia, é máximado 8~ ao 15~dias,e vaidiminuindodepoisatéa normalizaçãodas cifrashematimétricas. Paraqueapercentagemdereticulócitossejaumreflexo fidedignodaeritrocitopoeseénecessáriocorrigir-seseuvalor, calculando-seo "índicereticulocítico".Umaprimeiracorre- çãoé feitaporque;havendoeritrocitopenia,a percentagem exagerao valor real (ex.:2% de 5 milhõestornam-se4% de2,5milhões);acorreçãoéfeitamultiplicando-seapercen- tagemdereticulócitospelarelaçãohematócritodopaciente/ hematócritonormal.Uma segundacorreçãoé aindaneces- sáriaporquea eritropoetinaemexcessoocasionaumasaída prematurados reticulócitosda medula,e esteschegamao sanguecommaioresdimensõesecargaexageradaderibosso- mas,cujometabolismopodeprolongar-sepor40a 70horas. Essesreticulócitosimaturos(macrócitospolicromáticosou shiftcells),comretículode longaduração,exageramoutra vezovalorpercentual.A tab~laabaixocorrelacionaaduraçao emdiasdo retículocoma intensidadedaanemia(poisdesta dependeo níveldeeritropoetina)e exemplificaum cálculo completo: Hemograma/ 33 OV ALÓCITOS ou ELIP- TÓCITOS: são eritrócitos alongados,elípticosou até comaspectodecharuto;ori- ginam-setambémpordefeito genéticoda membrana,mas resistemmelhorqueosesfe- rócitos,dondenãohaverhe- mólisesignificativa.A pre- sençade algunsovalócitos (menosde5%)écomumnas anemiashipocrômicase me- galoblásticase nassíndromesmieloproliferativas. EsrERÓCITOS: sãoeritró- dtos comreduzidabiconca- vidadeoubiconvexos,ecom diâmetro reduzido. Origi- nam-sededeficiênciasgené- ticasda espectrina,principal proteínadamembrana,oque ocasionaalteraçõesna troca de cátionsdo eritrócitocom o plasma.Os esferócitostêm menorsuperfícieemrelação aovolume,menorelasticida- deedificuldadeemcruzaracirculaçãoesplênica,ondeficam retidosmuitotempoeperdemporçõesdamembrana,termi- nandopor hemolisarprematuramente.A agressãopor iso e auto-anticorposcausaalteraçõessimilaresda membrana eritrocítica,dondehaverumaesferocitoseadquiridanasane- miashemolíticasimunológicas. Formas anormais:Quando háalteraçõesdaformadedis- cócitobicôncavodoseritró- citos,fala-seempecilocitose. A exatae difícil caracteriza- çãodasformasanômalastem considerávelimportânciano diagnóstico diferencial de muitostiposdeanemia. Pré-requisitoindispensável é a obtençãode lâminasde sangueimpecavelmentedis- tendidase coradas.Justamentequandohá anemiaimpor- tante,ea morfologiaé maisnecessária,o excessodeplasma dáorigema distensãesdemáqualidade,comos eritrócitos artefactualmentedeformados.Há umarotinacorretiva:se o técniconotar,nahoradadistensãodalâmina,a excessiva fluidezda anemia,imediatamenteprocessao materialpara ascontagensehematócrito.Depoiscentrifugao tuboa2.000 rpm(lOmin):depositam-seosglóbulosesobrenadaoplasma. Com pipetade Pasteurretirae desprezapartedo plasma, elevandoohematócritopara40a50%;ressuspendeos'glóbu- lose distendenovalâmina;a morfologiamelhoraconsidera-velmente. 32 / RenatoRego Fai/ace Hemograma/ 35 heterozigóticos(commenosde50%dehemoglobinaS). Em ambosos casosa deformaçãoé facilmenteevidenciadain V;l1u, examinando-seosangueconservado24horasemcâma- rahermética,o quecausao consumodooxigênioambiente: é o Testede Afoiçamento.Quandofor positivodeveser feitaaeletroforesedahemoglobinaparaquantificarahemo- globinaS,edistinguiroshomozigotos,quetêmanemiadrepa- nocítica,dosheterozigotos,quetêmapenaso traçodrepa- nocítico. EQUINÓCITOS: a difusão desubstânciasalcalinasdovi- dro daslâminaspodeprovo- carna superfíciedoseritró- citosaformaçãoreversívelde 10a30espículasregularmen- te distribuídas;o sanguedo recém-nascidoé particular- mentesuscetível.Equinóci- tos raramenteformam-sein vivo: na uremia(onde são chamadosburrcells),nashe- patopatiasenotratamentocomheparinaI.V. No hipotireoi- dismoháequinócitosalongados(ovalo-equinócitos),empe- quenonúmero,mascomindiscutívelsignificaçãodiagnóstica. DREPANÓCITOS ou ERI- TRÓCITOS FALCIFOR- MES (sickJecells): têmafor- ma de foicinha,ou banana; caracterizama hemoglobino- patiaS, defeitogenéticoco- dominante,quaseexclusivo daraçanegra,emqueatroca deácidoglutâmicoporvalina na6~posiçãodacadeiabeta da globinaalteraa solubili- dadeda hemoglobina,que passaacristalizarquandosujeitaabaixastensõesdeoxigênio. Drepanócitossãovistosnosanguedepacienteshomozigóticos parao defeito(com100%de hemoglobinaS) masnãonos ESTOMATÓCITOS: são eritrócitoscujamembranare- traiu-seemcúpula;distendi- dosnalâmina,aconcavidade évistacomoumafendaalon- gada.A estomatocitoseége- ralmenteumartefatodepre- paraçãodaszonasdelgadas da distensãodesangue,mas tambémpodeexpressarcir- cunstânciascomsignificação diagnóstica;o tratamento comasparaginasecausaacentuadaestomatocitose,queper- sistesemanasapósa suspensãoda droga;há estomacitose nasdoençashepáticas,no sanguedo recém-nascido,e há umararíssimaestomacitosegeneticamentedeterminada,que seacompanhadeanemiahemolítica. 34 / RenatoRegoFailace DACRIÓCITOS: sãoeritró- citosemformade lágrimas (tear-dropcells).Deformam- se possivelmenteno baço, quandosofremestiramento alémdoslimitesde elastici- dade,ao passarempelasfe- nestraçõesentrecordõesesi- nus medulares;é provável queo estiramentoocorradu- rantearemoçãodeinclusões anormais, donde sua fre- qüêncianasdoençasdiseritropoéticas,comomieloesclerose eanemiasmegaloblásticas. ERITRÓCITOS FRAGMENTADOS: acolisãoemzo- nasdefluxoturbulento,comsuperfíciesmalendotelizadas, comprótesesvalvularesou arteriais,a passagematravésde depósitosintravascularesdefibrina,ou a agressãotérmica (queimadurasextensas)ou química(drogasoxidantes),po- demlevarà fragmentaçãodoseritrócitoscomformaçãode aspectosvariados: Hemograma/ 37 QUERA TÓCITOS: o trau- ma ocasionainvaginaçãoda membrana,umvacúolocujo rompimentodeixao eritróci- to comperdadeumbocado (bitecells),oucomduaspro- jeçõesqueratiformes,às ve- zesdando-lheumaspectode capacete(helmetcells). A formaçãodevacúoloseo as- pecto"mordido"observam- se tambémnasanemiashe- ACANTÓCITOS: são eri- trócitosesferóidescomalgu- masespículasdedistribuiçao e dimensõesirregulares,e comextremidadesalargadas. A deformaçãoé irreversível, ocorrein vivo e caracteriza a rara abetalipoproteinemia congênita,eaanemiaporde- ficiênciadetocoferoldospri- meirosmesesdevida.Nashe- patopatiasgravespodemser vistosde 10a 50% de acantócios(spurcell anemia).Nos esplenectomizadosa acantocitoseé usual,e às vezesacen- tuada. 36/ RenatoRegoFailace LEPTÓCITOS: sãoeritróci~ tosmuitodelgados,comex- cessode membrana.Sãotê- nues,hipocrômicos,e ondu- lam-senacirculaçãotomando aspectode sino (codócitos); aodistender-senalâminaco- ram-semaisno centroe na periferia,dondeo nomede eritrócitosem alvo (target cells).O aumentodespropor- cionadoda membranapode ocorrernashemoglobinopatiasC eS,natalassemia,equando háalteraçõesdacomposiçãolipídicadoplasma,cujasmolé- culasde colesterole lecitinaestãoemcontínuatrocacom asdamembranadoeritrócito;estefenômenoocorrenasicterí- ciasobstrutivas. 'I / J . = 6000 por MeContagemcorrigida= Hemograma/ 39 No laboratóriodo autoro computador,ao recebero códigoparaeritroblastosseguidodeumapercentagem,des- conta-osautomaticamentedacontagemdeleucócitos. SIDEROSSOMAS: sãogrânulosdeferronoseritrócitos, facilmentenotadoscomacoloraçãoespecífica(coloraçãode PerlsoudoAzuldaPrússia).Nãoécostumefazê-Iaemdisten- sõesdesangue:usa-separaapesquisadeferroemdistensões oucorteshistológicosdemedulaóssea. ANEÍS DE CABOT: sãorestosdo fusomitótico,muito raramentevistosemanemiasmegaloblásticas. Eritroblastos: eritrócitosnucleadospodemservistosno sangueperifériconodecursodegrandesregeneraçõeseritrói- des,acompanhandoa policromatocitose.Crê-sequemuitos se originamde metaplasiamielóidedo baçoe do fígado. Quandoa medulaósseaestáestruturalmentealterada,por proliferaçãotumoralouesclerose,háumaeritroblastoseperi- féricacaracterística,acompanhadadecélulasjovensdagranu- locitopoese;o quadrodenomina-se"reaçãoleuco-eritroblás- tica".e ocortetàmbémcomoreaçãoagônica.Eritroblastos sãocomunsno sanguedo recém-nascido.Os eritroblastos são contadós.comoleucócitosnos contadoreseletrônicos; quandoacimade5%, justifica-sedescontá-Ios.Paratal, ao fazer-sea fórmulaleucocitária,anotam-seos eritroblastos seminclui-Iosnos100leucócitos.O cálculodoexemploabaixo é auto-elucidativo: Foramanotados20eritroblastosdurantea observação dos100leucócitosda fórmula.Sea contagemde leucócitos obtidafor 7200por !-te, acontagemcorrigidaserá: 100 x 7200 120 .. ESQUIZÓCITOS: sãopedaçosdeeritró- citos,cortadospelo trauma;podemser triangulares,emmeia-lua,esférulas,etc. Temcurtasobrevidanosangue. molíticaspor defeitoenzimáticodoseritrócitose no trata- mentoprolongadocomsulfasalazinaesulfonas;nestesúltimos a perdaé muitograndee o eritrócitotorna-seesferóidee mordido,commorfologiaquasepatognomônica.O acetami- nofentomadorepetidamentecausapequenonúmerodecélu- lasmordidas. Inclusões eritrocíticas: a coloraçãosupravital,alémde mostrarosribossomasdosreticulócitos,podeevidenciarcor- púsculosdehemoglobinadesnaturada(corposdeHeiIiz)nas hemoglobinopatiase defeitosenzimáticosdoseritrócitos;na rarahemoglobinopatiaH há umpontilhadoqueconfereao eritrócitoum aspectode bola de golfe.As inclusõesvistas nacoloraçãoderotina,são: CORPOS DE HOWELL-JOLL Y: são cromossomas aberrantes,remanescentesde mitosesanormais,vistosem apreciávelnúmeronaspessoasespectomizadas,pelafaltada funçãofiltrantedobaço. PONTILHADO BASÓFILO: umpontilhadotênuepo- deservistonasgrandespolicromatocitoses,pelaprecipita,ção dosribossomasmuitoricosemRNA; pontilhadomaisnítido existenatalassemiaminor; enararadeficiênciadepirimidino 5-nucleotídase,e pontilhadomuitogrosseirona intoxicação pelochumbo.A conservaçãodo sangueemEDTA, mesmo breve,prejudicademodoirreversívelavisualizaçãodoponti- lhadobasófilo. 38/ RenatoRego Fai/ace Hipóxiamuscular_ FATIGABILIDADE IIRRITABILIDADE, CEFALÉIAHipóxiadosistema~ TONTURAS, LIPOTÍMIAS,nervosocentral ESCOTOMAS, ASTENIAPSÍQUICA, INSÓNIAHIPOXEMIA ANEMIA SECUNDÁRIA A OUTRAS DOENÇAS: númeroimpossíveldeestimar. Pobreemhemoglobinae eritrócitos,o sangueanêmico apresenta-sedescorado,combaixaviscosidade,e incapazde carrearoxigêniocoma devidaeficácia.Dessasalteraçõese dasreaçõeshomeostásicascompensadorasdecorremossinais e sintomasda anemia,apresentadosna tabelaabaixo:na primeiracolunaasalteraçõessangüíneascitadas,nadomeio os mecanismosfisiopatológicosde correlação,na últimaos sinaisesintomas. DESCORAMENTO ) PALIDEZ SANGÜÍNEO' Redistribuição -----: SINT. DIGESTIVOS circulatória Hipóxiamiocárdica~ { DOR ANÇINOSA .INSUFICIENCIA CARDIACA /{ TAQUICARDIA Hipercinesecirculatória~ SOPRO AN9RGÂNICO PALPITAÇOES Na anemiaaguda(súbitaperdadesangue)ossinaissão apenasdehipovolemia.Nasanemiascrônicas,emqueavole- miaé normalpor expansãodo volumeplasmático,é que háo cortejosintomáticocaracterístico,proporcionalàseveri- dadedaanemia,e acentuadoquandoo pacientedesenvolve atividadefísica. Com hemoglobinaacimade 9 giM há apenasirritabi- lidadee fatigabilidadefácil; podehaveranginase houver BAIXA VISCOSIDADE SANGÜÍNEA ~3. Anemia Anemia é a diminuiçãodataxadehemoglobinaabaixo deníveismínimos,arbitradospelaOrganizaçãoMundialde Saúdeem13g/deparahomensadultos,12giM paramulheres adultase criançasde 6 a 12anos,e 11giM paragestantes e criançasde 6 mesesa 6 anos.Como podedecorrerde umamultitudedecausas,é umasíndrome.Suaprevalência étãoelevadaqueseconstituiemproblemamundialdesaúde pública.As estimativasabaixosãodaOMS. (1983): ANEMIA FERROPÊNICA: crê-seque20% dapopu- laçãomundialnãotemreservasdeferro;apercentagemanê- micaé impossíveldeprecisar,masemcriançaspré-escolares egestantesdo3~mundo,háestatísticasrestritasquesugerem incidênciaentre20 e 80%. Essapatogênesereaparecenas verminoses,abaixo. ANEMIA DECORRENTE DA MALÁRIA: há100mi- lhõesdecasosnovosporano. ANEMIA POR VERMINOSES: altapercentagemdos prováveis450milhõesinfest~dosporancilostomídeos,e 110 milhõespor Schistosomasp.temanemiaferropênica. ANEMIAS POR DEFEITOS GENÉTICOS: há 90 a 100milhõescomleveanemiadecorrentedetalassemiaminor (alfae beta)e 120.000comanemiaseverapor hemoglobi- nopatiase talassemiamaior. 40 I RenatoRegoFaiJace HemogramaI 41 insuficiênciacoronárialatente.A palidezsó é notadacom especialàtençãoàsmucosas,àspalmasdasmãos,aosleitos ungueais,eéfacilmentedisfarçadapelacongestãotegumentar dochoro,dafebree darecenteexposiçãoaosol. Comhemoglobinaentre6e 9giM apalidezé evidente, há soproanêmico,e a taquicardiae a fadigasurgemaos menoresesforços,comoaceleraropassoousubirumaescada. Abaixode6 giM asintomatologiaestápresentemesmo no desempenhode atividadessedentárias,e abaixode 3,5 giM a insuficiênciacardíacaé iminente,e todaa atividade é impossível. As queixasespontâneasdosanêmicoscrônicos,entre- tanto,sãoITIenosexuberantesquea sintomatologiadescrita acima:ospacientes,semseaperceberem,diminuemprogres- sivamenteaatividadefísicaaténíveisassintomáticos,demodo queossintomassóserãoreferidosfrenteaquestionárioinsis- tente. ~ Históriae examefísicosãonecessáriosà elucidaçãode patogêneseeetiologiadaanemia,masé inegávelqueo HE- MOGRAMA éo fundamentododiagnóstico. Pararesultadosmaisconcludentesdohemogramadeve- sepedi-Ioantesdequalquermedidaterapêutica.Seopaciente foratendidoemlocalidadequenãodispuserderecursoslabo- ratoriaisapropriadose for indispensávelumtratamentoime- diatoporhaveranóxiacerebraloucoronária,ouinsuficiênciacirculatória,melhorá-Iocomumaunidadedeglóbulos,trans- fundidalentamente,cuidandoa turgênciavenosa,e enviá-Io acentromaior.A administráçãodepreparadosditoshematí- nicosé contra-indicada,poisdificultaráa avaliaçãoespecia- lizada;um comprimidodeferro anulao valorda dosagem do ferrroséricopor semanas;umaampolade vitaminaB 12 disfarçapormuitosmesesodiagnósticodeanemiaperniciosa. 42 I Renato Rego Fai/ace Semprerequisitarhemogramacompleto.Sepossívelcon- tactaro hematologistado laboratório,portelefoneoubreve laudoanexoàrequisiçãodosexames,cientificando-odosda- dospertinentesaodiagnósticodiferecialdesejado. Fazero diagnósticodiferencialde um casode anemia é enquadrá-Ionumaclassificaçãopelapatogênese,e identi- ficaraetiologia,quandopossível.A classificaçãousadapelo autoréapresentadaabaixo;cadaumdosmecanismos,eseus hemogramasrespectivos,serãodiscutidosaseguir. ANEMIA: CLASSIFICAÇÃO PELA PATOGÊNESE 1) Perdasangüíneamuitorecente 2) Defeitonasíntesedehemoglobina 3) Faltadeeritropoetina 4) Defeitonasíntesedenucleoproteínas 5) Faltadetecidohemocitopoético 6) Hemólise 7) Anemiasdepatogênesemistaepseudo-anemias. ANEMIA PÓS-HEMORRÁGICA Hemorragiasinferioresa 10%davolemia(ex.:doações desangue)sãobemtoleradas.Em pessoasemocionalmente sensíveispodemcausarreaçãovaso-vagal,derápidarecupe- ração:palidez,bradicardia,pulsofiliforme,lipotímia,náu- seas,sudorese.Nas perdasentre 10e 20% da volemiaa reaçãovaso-vagaltorna-seusuale háhipotensãoortostática passageira.Perdasacimad~20%,geralmentecausadaspelas hemorragiaslistadasabaixo,causam"anemiaaguda",com sinaisdehipovolemia:palidez,extremidadesfrias,taquicar- dia,hipotensãovenosa,depoisarterial,choque. HemogramaI 43 :(, Hemograma/ 45 ANEMIA POR DEFICIENTE SÍNTESE DE HEMOGLOBINA O hemograman~2 é característicode anemia em que há descompassoentre a síntesede hemoglobinae a prolife- raçãoeritrÓide. oPLõ =~vo~" Q.~'!r· r. milhõespor lLe 2,oAJ1,o gporde j~ % ~ %7.0 3,5 9,8 32 N: 1 - ERITROGRAMA ERITRÓCITOS: HEMOGLOBINA: HEMATÓCRITO: Policromatocitose3+ RETICULÓCITOS: Já hápequenaelevaçãodecifras,e sinaisderegeneração (policromatocitose3 +).A contagemdereticulócitos,embora desnecessáriajá que a policromatocitoseé evidente,permite calcular o índice reticulocítico, que quantifica a re'3ieraçãoeritróide: (7 Índice reticulocítico= 7 xE + 1,5 = 3,17 45 Eritrogramascomoestesãofreqüentesefacilmen-teinter- pretadoscomo pós-hemorrágicosquando houve hemorragia aparente.Na falta de hemorragiaaparente,procure-seuma história de fraqueza, lipotímias e palidez, que é típica de melenanão notadaou valorizada,ocorrida em torno de uma semanaantes; raramentepode ser gravidez ectópica rota, com hemorragiapélvica. Perdas hemorrágicaspequenase repetidasnão causam quadrodeanemiaaguda:esgotamasreservasdeferroe levam à anemiapelo mecànismopatogênicodescritoa seguir. 44/ RenatoRegoFailace HEMORRAGIAS CAPAZES DE CAUSAR ANEMIA AGUDA: Hemorragiaspor traumaacidentalou cirúrgico Hemorragiasno tractodigestivo Metrorragias Hemorragiaspélvicas(geralmentecom metrorragia) Hemorragiasretroperitoneais Epistaxese hemoptises(raramente) O exame hematológicofeito no ato é inexpressivo.O pacienteestáperaendo sangue,maso sangueremanescente é frustrantementenormal. Hematócrito e hemoglobinanão refletemahipovolemiarecente.Secessarahemorragiahaverá progressivarestauraçãodo volume sangüíneoa expensasdo líquido extracelularedoslíquidosrecebidospor viaparenteral ou oraL As cifras hematimétricasbaixarão paulatinamente pela diluição. Com boa hidrataçãoa volemia recompõe-se em 24 a 48 horas; nessaaltura o eritrogramaserárepresen- tativo da magnitude da perda, de acordo com o exemplo abaixo: - Pacientemasculinode70kg, comhemorragiatraumá- tica. Estabilização tensional após três unidades de sangue total e estancamentocirúrgico da hemorragia.Eritrograma 24 horasapós mostrahematócritode 30%. CÁLCULO DA PERDA HA VIDA: presumindo-sehe- matócrito prévio de 45%, a diminuição a 30% equivale à perdade1/3.Estimando-seavolemiaem7% do pesocorporal (= 4,9 t), o déficit é de 1,63 t; como recebeu 1,5 t de sangue, a perda total foi de 3,13 t.Para sobreviver a tal perda deve ter recebido um volume apreciávelde líquidos LV., além das transfusões. De interesse,também,é o eritrogramauma semanade- pOIS: II por JJ-e 220 4.840 3.300 440 2200 CAUSAS DE CARÊNCIA DE FERRO '~ prematuridade dietaláctearestrita espoliação(coletasparaexame) dietacarente espoliação(verminose) perdahemorrágicacrônica(rara) perdahemorrágicacrônica(tracto digestivoe tractogenitalfeminino) gestaçõesrepetidas (idem) dietacarente Na infância: Nos 2 primeirosanos: Na velhice: No adulto: ERITRÓCITOS: 3,3 milhõespor JJ-e B< .t.. HEMOGLOBINA: 6,0 gporde HEMA TÓCRITO: 25 % r. 1/ VCM: 75 te(microcitose) (determinaçãoeletrônicapeloCoulterCBC-5 ousérieT) >HCM: 18 pgCHCM: . 0,24 (hipocromia) LEUCÓCITOS: 11.000 por JJ-e Fórmulaleucocitária % Neutrófilosnúcleoembastão; 2 Neutrófilosnúcleosegmentado 44 Eosinófilos 30 Monócitos 4 Linfócitos 20 to N~2 - HEMOGRAMA A diminuiçãodahemoglobinaéproporcionalmentemui- to maiorquea dasdemaiscifras.O VCM é muitobaixo, edeveservalorizadosea tecnologiadolaboratóriobasear-se noCBC-5oucontadoresde3~geração;sefor usadohemató- critoporcentrifugação,econtadorde1~geração,interprete-se a CHCM, quemostrahipocromia,sabidamenteexagerada pelatécnica.Trata-sedeeritrogramacommicrocitoseehipo- _croII!i.a,_<uIuecaracterizaamaiscomumdetodasasanemias: ...a.an.el11iaferropêni~.Oseritróci~ossãopequenoseincomple- tamentehemoglobinizados,poisfaltaferroparaasínteseda hemoglobina;podehaverneutrocitopeniaealgunsneutrófilos hiQersegmentadãs. Anemia ferropênica Frentea essehemogramapesquise-se,dentreascausas decarênciadeferroda listaabaixo,asmaisprováveispara o grupoetário: 46 / RenatoRegoFai/ace O'hemogramaacimajá orientaparaumacausa:háeosi- nofilia;pensareminfestaçãoporancilostomídeosoustrongy- loides.Observarsempreo hemogramacompleto! . Em atendimentoprimário,compobrezaderecursos,ha- vendoodiagnósticopresuntivosópelahistóriaegrupoetário, justifica-seo tratamentocomferromesmosemoutraconfir- maçãodiagnóstica.Palidezeinapetênciaemlactentedebaixo nívelsócio-econômicotratam-secomferro, dispensando-se atéo hemograma. No tratamentodeanemiaferropênicacomsulfatoferroso oral,emdosesadequadas,háumareticulocitosemáximaentre o 8~e o 14~dias,e elevaçãodahemoglobinadaíemdiante, em torno de 1% por dia, até a normalização.Cabe uma repetiçãodohemograma40a 60diasdepois,paraavaliação daresposta,maso tratamentodevesermantidono mínimo portrêsmeses,parasuprirasreservasdeferrodoorganismo. Outrossaisdeferro,especialmenteosquelatos,sãodefinida- menteinferioresao sulfatoferrosoe devemserreservados Hemograma/ 47 somenteparaos casosmuitorarosdeabsolutaintolerância aeste. A faltaderespostaaotratamento,notadanohemograma de controle,em pacienteconfiávelquantoao uso correto da medicação,nãodeveinduzira aumentode dose,ou ao uso totalmentereprovávelde ferro injetável,na conjetura errôneadedefeitodeabsorçãodosalferrosoingerido.Deve serinterpretadacomoerrono diagnóstico:a anemianãoé ferropênica!Senohemogramarepetidohouverconfirmação demicrocitoseehiQocroJllia..prévia.s,_de...v-~tratar-sedeoutro defeitodasíntesedaJIemogwlÜna;_&e-microcitosee hipocro-' miaforempoucosignificativasou ausentes,..1lhipÚte.s.ediag.:; nósticamaisprovávelaconsiderar.é adeanemiasecundária adoençacrônica,nãonotada. Talassemiaminor ~(/3 ~ ~ ~l#'l Na IHalassemiaminor, defeitoheterozigóticona sín- tesede cadeias/3da globina,de elevadaprevalêncianos povosmediterrâneosafastadosdé Gilbraltar(italianos,gre- gos,árabes,turcos),pre.valênciamenornosnegros,e muito raranosanglo-saxõese nórdicos,os pacientessãoassinto- máticos. O Eritrograman~3 parece-secomo daanemiaferropê- nica;comespecialatençãonota-seexageradamicrocitoseparaograudeanemia,eritrocitoseapesardaanemia,eleptocitose. O pontilhadobasófiloinexistenaanemiaferropênica:é um importantesinaldiscriminatório,masé dedifícilobservação e desapareceàconservaçãodosanguecomEDT A. 48/ RenatoRegoFailace . -/J~~~r~ -,v N~3 =-ERITROGRAMA i/l.l-af ERITRÓCITOS: 5,5 milhõespor}Li .)'1.$ HEMOGLOBINA: 11,2 gpordi r'6'AÚ /~:c., HEMATÓCRITO: 37 % f"f?l<-C=/?,a&=... VCM: 67 fi (microcitose) (determinaçãoeletrônicapeloCoulterCBC-5 ousérieT) HCM: 20 pg CHCM: 0,30 Leptocitose(targetcells)1+ Eritrócitoscompotilhadobasófilo2+ Pecilocitose2+ Policromatocitose1+ Hemograma/ 49 50 I RenatoRegoFai/ace A a-talassemiatem,enormeprevalênciano suldaÁsia; existetambémnospovosmediterrâneoseafricanos.NoBrasil sãoêncontradoscasosminorprincipalmenteem negros,e são confundidoscoma {Halassemia,maiscomum.A he- !!lQglobinopatiaH é tlllJito rara (o autorsó viu um caso); ahidropisiafetalnã'p!9i..gescrita. , Há umalanemiahiQ2crômiC'ã- AQemiasideroblástica _ ~ueodêIeitõ11asínteseâã1lemoglobinaéumbloqueio genéticoou ad uirido da síntesedo heme.O diagnóstico '--=éeltopeacoloraçãodePerlsemdistensõesdemedulaóssea: oseritroblastosmostramumacoroaperinucleardegrânulos contendoferro(sideroblastosemanel).A doençaevoluide modolentoe não há tratamentoeficaz;a anemiasidero- blásticaé hojeincluídanassíndromesmielodispláslcas. Hemograma151 Anemiadasdoençascrônicas(ADC) A anemiaé um acompanhanteconstantedasdoenças crônicaseevel)tualidadesmédicaslistadasabaixo: Infecções Colagenoses Dermatitesbolhosasauto-imunes Neoplasias Convalecençadecirurgiaoutraumaextensos Doençasinflamatóriascrônicasdotractodigestivo A patogênesedessa"anemiadasdoençascrônicas"é mista,participandodemodovariáveltodosos mecanismos citadosnaclassificaçãodasanemias,masomecanismopredo- minante,quefazincluí-Ianosdefeitosdasíntesedahemoglo- bina,éo ~üestro deferronascélulasreticularesdamedula óssea,do baçoe do fígado;há baixado~:ro séricoe 4,0 f~ djsp.2!!~paraa eritropoese,apesardasreservasd ferritinaestaremnormaisouaumentadas.A ADC édesenca- deadapelainterleucinaI, secretadapelosmonócito/macró- fagos,quandoestimuladospelafagocitoseou pelaativação imunológicadoslinfócitos.A interleucinaI causafebre,esti- mulaa síntesehepáticadasproteínastípicasdo estadoinfla- matório,(fibrinogênio,proteínaC-reativa,componentesdo complemento)a expensasdasíntesedealbuminae transfer- rina,e faz liberarlactoferrinadosgrânulosdosneutrófilos; estacompetecomatransferrinaplasmáticapeloferro,elibe- ra-oparao~em vezdotecidoeritróide.Por faltarelativadeferro,rctiCIã'noSRE, háanemia,quepodeserlevemente microcíticae hipocrômica,comVCM entre75 e 85te,e CHCM entre0,28~e0,31, ou normocíticae normocrômica, esemalteraçõesmorfológicasdoseritrócitos. I' (verhemoglobinopatias) hemograma normal leveanemia microcítica incompatível coma vida ALTERAÇÕES SANGÜÍNEAS (normal) a a - a a a - a a - a a a a a GENESa ou a - talassemia minor Hidropisiafetal Normal HemoglobinopatiaH PACIENTE Portadorassintomático As infecçõesquegeralmentecausamADC sãolistadas aseguir;emtodashásupuraçãocrônica,ousinaissistêmicos comofebree emagrecimento. Endocardite Meningites Abcessosvisceraiseperivisceraisabdominais Empiemas Pneumoniasderesoluçãolenta Doençacavitáriapulmonar Abcessospulmonares Bronquiectasiasinfectadas Pielonefritecrônica Osteomielite Otiteexternamaligna(pseudomonas) Febretifóide Brucelose Lepralepromatosa Infecçõespor germesoportunísticosempacientescom AIDS eoutrosestadosdeimunodeficiência. )( Os mecanismoscausaisdeADC existemigualmentenas infecçõesagudas;aanemia,entretanto,sócomeçaasernota- da se a evoluçãoultrapassar2 a 3 semanas,dadaa longa sobrevidadoseritrócitos. NascolagenosesaADC émáximanaartritereumatóide e no lupuseritematososistêmico,ondea hemoglobinapode estarabaixode 9 g por de, e haverextremahipoferremia;/ háparalelismoentreADC e demaissinaisclínicose labora- toriaisde atividadeinflamatória.Nas demaiscolagenosese nasdermatitesauto-imunes,aADC estápresenteempercen- tagemmenorde pacientes;é igualmenteproporcionalaos sintomassistêmicosdadoença. 52/ RenatoRegoFai/ace Nasconvalecençaséproporcionalàgravidadedotrauma e à duraçãoatéa recuperação. Osdemaismecanismosdeanemiatambé91estãooperan- tesna ADC: emtodashá discretadiminuiçãodasobrevida eritrocítica,para80a90diasqueseriafacilmentecompensada pelamedulaósseanãofosseumadeficienterespostaeritro- poetínica,igualmentepresente.Podehavercarênciadeferro por_hemorragiassubclínicas.,maiscomunsnasneoplasiase inflamaçõesdo tractodigestivo,mastambémcomunsnas doençasreumáticaspelagastritedecorrentedosanti-infla- matórios,ou deficiênciadefolatospeládietacarentesecun- dáriaàanorexiaouaosdistúrbiosdigestivos.A faltadetecido hemocitopoéticopodeOcorreremneoplasiasquedisseminem namedulaósseaou,raramente,pornecrosemedularextensa eminfecçõesmuitograveseduradouras. A ADC éaanemiamaisfreqüentedepoisdaferropênica: em pacienteshospitalizadospodeatésuperá-Iaem preva- lência.A suspeitade ADC, naturalmente,decorreda pre- sençadossinaisclínicosda doençabásica:febre,emagreci- mento,artfite,etc.e dosdemaisresultadoslaboratoriais. Um destesé a aceleraçãoda eritrossedimentação(normal pelatécnicade Westergren:até 15mm na 1~hora); pela suasimplicidadee baixocustomereceserpedidajuntocom o hemograma,emboranão tenhanenhumaespecificidade diagnóstica.Costumaestaraumentadanasdoençasquecau- samADC, e é caracteristicamentelentanaanemiaferropê- nicae natalassemiaminar. O aumentodaeritrossedimentaçãopodesernotadopelo laboratoristaaofazero hemograma;os mesmosfatoresque a aceleram(aumentodo fibrinogênio,das globulinasaz e }I) causamexcessivoempilhamentodoseritrócitos~por descarregarema cargaelétricadesuassuperfícies:/ o fenô- menodo rou/eaux. se~ que for notadoao icroscópio~ / Hemogmm,153 ANEMIA POR DEFICIENTE PRODUÇÃO DE ERITROPOETINA A faltadesecreçãodeeritropoetinaéapatogênesebásica da anemiada insuficiênciarenale do hipotireoidismo,que seconstituememtipoparticulardeADC. Na insuficiênciarenal-c~ônicahácertoparalelismoentre ataxadecreatininaeaseveridadedaanemia,masadispersão Hemograma/ 55 Um excepcionalexagerodo rouleauxe umasedimen- taçãomáximasãovistosnasgamopatiasmonocIonais;o pro- teinograma(pág.157)diferencia-asfacilmentepelabarraden- sae estreitaem f3 ou ')I, e o picoagudorespectivonacurva densitométrica. Nafaltadesinaisdefinidosdedoençacrônica,odiagnós- tico difer~ncialentreADC e anemiaferropênicaincipiente eradifícil, já queemambashábaixado ferroséricoe pode havermicrocitosee hipocromia.Era feitopeladosagemda capacidadeferropéxicado soro,altana ferropênicae baixa na Abe. Atualmenteé feito comfacilidadepeladosagem deierritinaséricaporradioouenzima-imuno-ensaio;a ferri- tina sérica refletede modofidedignoas reservasde ferro noorganismo.Normalmenteentre20e300ng/mt,estáentre O e 15ng/mtna faltadeferro, e normalou aumentadana ADe. E igualmentealtana talassemiaminore muitoalta nasanemiassideroblásticas.A dosagemé segurae reprodu- tível, salvose o pacientetiver recebidoferrooral durante váriosdias(umaou duasdrágeasnãochegama alterá-Ia), ouferroinjetável,antesdoexame.O autorrecomendaentu- siasticamenteseuusosistemáticoquesubstituidemododefi- nitivoasdosagensdeferrosérico e capacidadeferropéxica. Ferritinamuitobaixa,em pacientecomdoençacrônica,é sinaldecarênciaconcomitantedeJerro.J (limites) (6,0a 8,0) (3,7a 5,2) (0,1a 0,4) (0,5a 1,0) (0,6a 1,2) (0,8a 1,6) giM 8,0 4,07 0,13 0,56 0,46 2,76 % 50,9 1,7 7,1 5,8 34,5 sorosanguíneo acetatodecelulose amidoschwarz veronalsódico aI az {3 'Y PROTEÍNAS TOTAIS Albumina Globulinas Material: Suporte: Corante: Tampão: 54/ RenatoRegoFaiJace umrouleauxexagerado,o laboratoristadevefazerconstar issonoresultadoparachamaraatençãodomédico.Sedimen- taçãomuitoacelerada,ou rouleaux,exigemproteinograma;nosestadosinflamatóriosahipergamaglobulinemiaésempre policIonal:háaumentoemproporçõesvariáveisdeIgG, IgA e IgM, ocasionandoumaelevaçãode baseamplana zona ')I, ou em f3 e ')I, e em az. O proteinogramaa seguiré de casodelupussistêmico: ELETROFORESE DAS PROTEÍNAS devaloresé elevada.A anemiacaracteriza-sepor"nãomos- trar nadad~característicono hemograma".Há proporcio- nalidadenascifrashematimétricas(normocitosee normo- cromia),nãohápolicromatocitosenemformasanormais,salvo certaequinocitose(burr-cells)difícil de afirmarquenãose tratadeartefato.O leucogramaé inexpressivoeasplaquetas normais.Parao médicorequisitante,quenãovêo sangue, masosboletinsderesultados,háumadificuldadeadicional: nadahádeesclarecedor,ounadafoinotadopelolaboratorista menosatento?No laboratóriodoautor,anemiasemestigmas esclarecedoresdesencadeiaumarotinaqueincluidosagem decreatinina,examedo arquivo,coloraçãodereticulócitos paraconfirmarquerealmentenãohápolicromatocitose,etc. A inclusãosistemáticadeperguntassobrenoctúria,sede, edemaenáuseasmatinaisnaanamnesedepacientesaparente- menteanêmicos,revelaumnúmeroimportantedecasosde insuficiênciarenalsemqueixasespontâneas. A confirmaçãode quea anemiada insuficiênciarenal é totalmentedependentedafaltadeeritropoetinaé recente: o tratamentocomeritropoetina-,obtidacomatécnica'deRNA recombinante,já comercializadainclusiveno Brasil, causa notávelaumentodahemoglobina.A diálisenãomelhoraa anemia;o transplanterenal,sim. No hipotireoidismoabaixasecreçãode eritropoetinaé secundáriaàquedadasnecessidadesdeoxigêniopeladiminui- çãodo metabolismo.É maisumadoençacrônicaquepode passardespercebidano consultóriodo generalista:o mixe- demadeclaradosósevênoscasosavançados.Perguntarpor edemaperiorbitárioe maleolat,quedade cabelo,sensibi- lidadeao frio, mudançado tomdavoz;incluirdosagensde T4e TSH emtodosos pacientesde anemiacrônicaa escla- recer. 56 I RenatoRegoFailace f '! O hemogramamostraanemianormocíticacomhemoglo- binaentre9e12giM; quandohouvermicrocitoseehipocro- miaéporqueháfaltaconcomitantedeferro,o queécomum pelahipermenorréia:confirmáclapeladosagemde_t~rJjJma. Examecuidadosodalâminapodemostraralgunsovalo-equi- nócitos,depatogênesenãoesclarecida,masdesignificação diagnósticanaexperiênciadoautor.O tratamentohormonal apropriadocausamelhoralentadaanemia. ANEMIA POR DEFICIENTE SÍNTESE DE NUCLEOPROTEÍNAS O hemograman~4 é característicodasanemiasmegalo- blásticas,decorrentesdereduçãoseletivadasíntesedeDNA. Como a síntesedeRNA e outrasproteínasnãoé afetada, ascélulasemproliferaçãosofremumcrescimentoassincrônico entrenúcleoecitoplasma,quepioracomcadasucessivamito- se,atétorná-Iasinviáveis.Na medulaósseahá acúmulode célulasagigantadas,"sériemegaloblástica",e a hemocito- poeseé ineficaz. Há anemia,quepodeserextremamentesevera,leuco- peniae trombocitopeniademenorgrau.Em nenhumoutro tipodeanemiaétãoimportanteaqualidadetécnicadolabora- toristacomonaidentificaçãocorretadasalteraçõesmegalo- blásticasdohemograma,motivoporqueessasanemiasficam longamentesemdiagnóstico. Eritrócitosmacro-ovalocíticosintercalam-secomoutros, de formase dimensõesmuito variadas(pecilocitose).A CHCM énormal,eVCM eHCM sobemparalelamente.Não há policromacitoseproporcionalà anemia.A presençade neutrófilosdegrandetalhee combizarrahipersegmentação HemogramaI 57 58/ RenatoRegoFailace Usual:dietacarente(baixascondiçõessócio-econômicas,ali- mentaçãopare~tal,alcoolismo) associadaa épocaderápidocrescimento(anemiamacrocíticainfan- til) gravidez(anemiamacrocíticadagravidez) usoexcessivonahemotopoese(comoocorrenasanemias hemolíticascrônicas) tratamentocomanticonvulsivantes Rara:absorçãoinadequadanasdoençasinflamatóriascrôni-, casdo intestinodelgado(esteatorréia,etc.) Como sãoexamescarose difíceisde obterem nosso meio,conhecendo-seosfatoresdesencadeantese os grupos etáriosacometidos(tabelasacimae adiante),o diagnóstico presuntivoé suficiente.Sintomase sinaisespecíicosdeuma' ououtradascarênciasreforçamacertezadiagnóstica:afalta deácidofólicocausaseveraanorexia(o quepioraa dieta); a faltade vitaminaB12 podeocasionarsinaisneurológicos Hemograma/ 59 É claroqueamegaloblastosepor drogasquesuprimem asíntesedeDNA éumefeitocolateralprevistopeloshemato- logistase oncologistas,nãoumaanemiaa esclarecer,e que amegaloblastosedassíndromesmielodisplásicasedaeritroleu- cemiaé partedo quadrode insuficiênciahemocitopoética eproliferaçãoneoplásicadessasdoenças.Na práticaadeno- minação"anemiamegaloblástica",restringe-seàsdeficiências deácidofólicoevitaminaB12' Confirmadaamegaloblastosepeloexamedamedulaós- seaaspirada(mielograma),deveserfeitoo diagnósticodife- rencialdacarênciacausal,idealmentepeladosagemdeácido fólicoe vitaminaB12 no sangue,e pelotesteradioisotópico deabsorçãodavitaminaB12. CAUSAS DE DEFICIÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO por !J.e O 1.900 76 304 1.520 pir !J.e % O 50 2 8 40 3.800 nuclear,predominando4a9lobos,é tãocaracterísticacomo a macro-ovalocitosee maisprecoce.A trombocitopeniaé tardiae assintomática;no hemogramaabaixoa contagem nãofoi pedida,maso técnicoreferiuo achado. ,. y\Ú-, 'i'\ot{..cJ]..." .•.•.•.•.•..I 'J vJ11 N~4 - HEMOGRAMA '""I ~ t,t§.-Á04!," " j>'V P ~ ERITRÓCITOS: 2,2 milhõespor !J.e .&::0to REMOGLOBINA 8,2 gporde /zai",rJo'0.// !b;~ REMA TÓCRITO: 25 % VCM: 113 te(macrocitose) (determinaçãoeletrônicapelocoulterCBC-5 ousérieT) RCM: 37 pg Ai'.'X> CRCM: 0,32 " Iç , >, (01' Macro-ovalocitose3+ Pecilocito~e2+ Aparentetrombocitopenia LEUCÓCITOS: Fórmulaleucocitária Neutrófilosnúcleoembastão . Neutfqfilosnúcleosegmentado . Eosinófilos . Monóditos . Linfócitos . Neutrófiloshipersegmentados3+ Nesseshemogramaso autorcostumaacrescentaruma observação:"sugere-semielograma";alertado,omédicosoli- citao exameantesde prescrevertratamentosintempestivos quemascarariamo diagnóstico. ' As causasdeanemiamegaloblásticasão: Deficiênciadeácidofólico DeficiênciadevitaminaBI2 Uso dedrogasantiblásticase protozoocidas Síndromesmielodisplásicaseeritroleucemia. A sérievermelhaisoladamentenãoé esclarecedora:a anemiaé normocíticae nãohá sinaisde regeneração.Mas o hemograma,vistoemconjunto,denotapancitopenia:há neutrocitopenia(neutrófilos=204/J-Lt) e trombocitopenia 3+.Pancitopeniadeveserinterpretadacomofaltadetecido hemocitopoético;podeestarsubstituídoporgordura(anemia aplástica),porproliferaçãoneoplásicaougranulomatosa,ou necrosado.As doençasduradourasdamedulacostumamcom- prometerpani.lelamenteastrêsséries;aplasiasseletivas,isto é, deumasérieapenas,sãofugazesouraras.A pancitopenia podesersuspeitadaclinicamente:hásintomasdeanemiaasso- ciadosa manifestaçõeshemorrágicaspelatrombocitopenia (petéquias,equimoses,hemorragiasdasmucosas)e febreou outrossinaisdeinfecção,pelaneutrocitopenia. ANEMIA POR FALTA DE CÉLULAS DA HEMOCITOPOESE Veja-seo hemograman?5: N~5- HEMOGRAMA Fórmulaleucocitária Neutrófilosnúcleoembastão o •••••••••• Neutrófilosnúcleosegmentado o Eosinófilos o. o o ••••••• , •••••••• "0 •• , •••••••••• Monócitos.. Linfócitos . Sugere-seMielograma por p..e 34 170 17 170 1309 milhõespor p..e gporde % por p..e % 2 10 1 10 77 2,5 7,8 23 1.700 ERITRÓCITOS: REMOGLOBINA: REMA TÓCRITO: Trombocitopenia3+ LEUCÓCITOS Usual:deficienteabsorção,por faltade fatorintrínseco,na gastriteatrófica(anemiaperniciosa). Raras: faltade fator intrínsecopor gastrectomia,absorção inadequadanassíndromesdemáabsorçãointestinal. poratrofiadoscordõessensitivosnamedulaespinhal(síndro- meneuroanêmica). CAUSAS DE DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 Como a únicacausacomumde faltade vitaminaB12, a gastriteatrófica,só costumaocorrerempessoasde meia idadeou idosas,anemiasmegaloblásticasemcriançase ges- tantessãosempredevidasà faltadeácidofólico. Restao diagnósticodiferencialnos alcàólatrasdemeia- idadeou idosos,quecostumamterfaltadeácidofólico,mas podem,por coincidência,tergastriteatróficaefaltade B12, e nassíndromesde máabsorçãointestinal,ondea faltade ácidofólicoé muitomaiscomum,masnãoexclusiva.Dosa- genssãorecomendadasnessescasos:se foremimpossíveis de obter,trate-secom ambasas vitaminas;nuncasó com ácido'fólico,poisistopodefazerapareceremossinaisneuroló- gicosda faltadeB12' dereversibilidadeincompleta.Ambas as vitaminassãoinócuase baratas.Em pacientesque não estejamgravementedóentes,na faltadedosagens,pode-se fazer·testeterapêutico,injetando-se10 J-Lg de vitaminaB12 eobservandoa regeneraçãoemtornodo8?dia,ea retomada da eritropoesenormal.Na anemiaperniciosae na gastrec- tomiatotal,avitaminaBl2 I.M. deveseradministradaperiodi- camentedurantetodaavidadopaciente. 60/ RenatoRego FaiJace Hemograma /61 Anemiaaplástica Decorredelesãodascélulasprimitivasdahemocitopoe- se, quese tornaminsuficientesparaa própriareplicaçãoe paraa manutençãodascifrashematimétricasperiféricas,e há progressivaocupaçãoda medulapor tecidogorduroso. O inícioé insidioso,e nãohá outrossinaisclínicossenão os decorrentesda pancitopenia.A anemiaaplásticaé rara (menosdeumcasopor100.000habitantesporano).Nameta- dedoscasosaetiologiaé imprecisa(idiopática);nosdemais hádefinidacorrelaçãoetiológicacomdrogas,tóxicosindus- triais,radiaçãoionizantee (raramente)viroses. As drogasmaisfreqüentementeassociadascomaplasia estãonalistaabaixo: Ocloranfenicol,nospaísesemqueéliberalmenteusado, encabeçasemprea lista,estimando-sequea susc.etibilidade aseuefeitoaplasiantenapopulaçãosejadaordemde1/25.000 a 1/40.000.Seguem-noospirazolônicos,comsuscetibilidade daordemde 1/125.000.A aplasiaiatrogênicasempresurge 2 a 6 mesesapóso uso dasdrogascausais,de modoque é inútilfazercontrolehematológicoao usá-Ias;a prevenção consisteemnãousá-Ias,salvoquandoindispensáveiseinsubsti- tuíveis,comoé o casodo cloranfenicolna febretifóide,em pacientesalérgicosàampicilina. O únicotóxicoindustrialdefinidamentecorrelacionado comanemiaaplásticaé o benzeno;plantasindustriaisque o produzemou utilizamtêmquetercontínuamonitorização desuastaxasnoambientee nopessoalexposto.É provável Pan~itopeniaporoutrascausas queos demaishidrocarbonetosvoláteistenhamtoxicidade similar. A aplasiapor radiaçãoionizanteeracomumna época emqueradiologiae radioterapianãosecercavamdoscuida- dosadequados.Atualmentesóocorreemacidentesemplan- tasdeenergiaatômica(Chernobyl)ou pelodescasoe igno- râncianamanipulaçãodesubstânciasradioativas(Goiânia), epoderátornaraocorrersehouverrepetiçãodosholocaustos nuclearesda2~GuerraMundial. A parvovirose(5~doençaeruptivada infância)acompa- nha-sede umaaplasiaseletivae fugazda sérieeritróide, quenãochegaa sernotadaclinicamentepor causadalonga sobrevidadoseritrócitos,salvoquandoocorreempacientes comanemiahemolíticapré-exístente.A hepatiteviralpode ocasionaranemiaaplásticacomoraríssimacomplicaçãotar- dia: a pancitopeniaprogriderapidamente,e a mortalidade é totalsenãofor contidaportransplantedemedulaóssea. Comoamortalidadeglobaldaanemiaaplásticaéconside- rável,seospacientestiveremirmãoHLA compatívelougê- meoidêntico,devemserimediatamenteencaminhadosacen- tro de transplantede medulaóssea(no Brasil, Hospit,alde ClínicasdeCuritibae InstitutoNacionaldo Câncerno Rio deJaneiro);o transplantepodesercurativo.Transfusõesde sanguepréviasaumentamo percentualderejeiçãoe devem serevitadas,dondeaurgênciadoencaminhamento. Nas neoplasiasda medulaóssea(leucemias,linfomas, mieloma),costumahaverdor ósseae podehaverorgano- Ínegaliaslinfáticas;na disseminaçãometásticade tumores, a dorósseaévirtualmenteconstante,enamaioriadasvezes Propiltiouracile metimazol Acetozolamida Pirimetamina Antimaláricos(todos) C1oranfenicol Fenilbutazonae oxifenbutazona Saisdeouro Fenotiazinas 62/ Renato Rego Fai/ace Hemograma/ 63 N: 6 - ERITROGRAMA ANEMIAS HEMOLÍTICAS Hemograma/ 65 %24RETICULÓCITOS ERITRÓCITOS: 2,0 milhõespor /Le HEMOGLOBINA: 7,0 g porde HEMATÓCRITO: 21 % VCM: 105 te (macrocitose) (determinaçãoeletrônicapeloCoulterCBC-5 ousérieT) HCM: 35 pg CHCM: 0,33 Macrócitospolicromáticos4+ Obs.: plasmaaparentementeictérico Quandohá diminuiçãoda sobrevidaeritrocitária,nor- malmentede 110a 120dias,diz-sehaver"hemólise".Essa será"compensada"enquantoa hiper-regeneraçãoeritróide medularconseguirmanteras cifrashematimétricasdentro donormal;seasobrevidadiminuirabaixode15ou 20dias, acapacidadeeritrocitopoéticamáximadamedulaseráultra- passada,e haverá"anemiahemolítica". Nas anemiashemolíticas,alémdossintomasgeraisde anemia,háicteríciaeesplenomegalia.A icterícianãoseacom- panhade colúriaou acolia;a esplenomegaliaé persistente nasanemiashemolíticascrônicas,epassageiraquandouhou- verapenassurtosdehemólise.Na hemóliseintravascularhá hemoglobinúria.O eritrograman~6mostraanemiacomsinais dehiper-regeneração: A esplenomegalia,causaumapancitopeniamoderada, cujohemogramaé discutidosobo título"hiperesplenismo". 64/ RenatoRegoFailace já há o diagnósticodo tumororiginal(de mama,próstata, pulmão,etc.). O exameda medulaóssea,indispensávelnaspancito- penias,deveserescolhidoentreomielograma(examecitoló- gicopor aspiração)e o anátomo-patológicode biópsiado coremedulardo ilíaco,geralmentecolhidocomagulhade Jamshidi.O mielogramaé suficienteparao diagnósticodas leucemias,linfomasnão Hodgkinna infância,e mieloma, porqueascélulasdessasneoplasiashematológicassãofacil- menteobtidasà aspiração.Não seprestaao diagnósticoda anemiaaplástica,da Doençade Hodgkin, dosgranulomas e danecrosedamedula:a biópsiaé indispensável.No caso demetástasescarcinomatosasedelinfomasnão-Hodgkinem adultos,abiópsiaé feitasea aspiraçãonãosemostrardiag- nóstica. Pacientescompancitopeniae semsuspeitadiagnóstica evidente,comoumcarcinomajá antesevidenciado,devem serpreferencialmenteencaminhadosàconsultacomhernato- logistaparaescolhadoprocedimentoadequado,doquecom requisiçãodeexamedamedulaaolaboratório. Célulasdeneoplasiasdahemocitopoese,queinicialmen- te proliferame acumulam-sena medula,causandopancito- penia,progressivamenteinvademo sangue,e sãovistasno hemogramaemnúmerocrescente,quepodechegareventual- menteacentenasdemilhares.Issoé precocenasleucemias, tardioe inconstantenoslinfomas,e raronomieloma.Células de outrostumorese da doençade Hodgkin, quasenunca sãovistasnosangueperiférico. A destruiçãotumoraldamedulaóssea,e a mieloesc1e- rose,ocasionamainvasãodosangueporeritroblastosecélulas mielóidesimaturas;o quadroleucemóide,denominado"rea- çãoouanemialeuco-eritroblástica",édiscutidocomo leuco- grama. Diferedoeritrogramapós-hemorrágicoporserduradou- ro, mostrandoumprocessoregenerativocontinuado,aocon- trário daqueleque é vistosó por algunsdias,no apogeu daregeneração.Nota-seicteríciano plasma,à leituradohe- matócrito;noshematócritosfeitosnoscontadoreseletrônicos estedadoéperdido.O plasmapós-hemorrágico,aocontrário, costumasermuitopálido.A contagemdereticulócitoséalta, eo índicereticulocíticoconserva-seentre3e6(nocasoacima é de5,36).Examedamedulaósseaé inútil:mostraráhiper- plasiaeritroblástica. A icteríciadeve-sea aumentoda bilirrubinaindireta, por exagerodo catabolismoda hemoglobina,quesuperaa capacidadede conjugaçãohepática;comocirculaligadaà albuminanãofiltra nosglomérulosrenais.Esteexagerodo turnoverpigmentarcausaumafreqüentecomplicação:litíase vesicular. Outrosachadoslaboratoriaismenossolicitados:aumento do urobilinogêniofecale urinário,diminuiçãoda haptoglo- binaplasmática.Confirmaçãoformalda hemólisepodeser feitapeladeterminaçãoda sobrevidaeritrocitária,medida com51Cr:ameia-vidaradioisotópicanormal,comesseméto- do, éde29 ±4 dias. Nasanemiashemolíticascongênitas,a constantehiper- plasiaeritróideda meduladurantea épocade crescimento causadeformidadesósseascaracterísticas:alongamentodo crânio,espessamentodo diploé,quemostraestriasseme- lhantesàs cerdasde umaescova,protusãomalar,maxilar e mandibular,ocasionandoo aspectodescritocomo"fascies deroedor". A diminuiçãosúbitada eritropoeseempacientescom anemiahemolíticaprovocarápidae
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