Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO PENAL 1 CONCEITO DIREITO PENAL Direito Conjunto de princípios e regras que regem as relações dos homens entre si, tornando possível a vida em sociedade. Direito Penal Conjunto de princípios e regras jurídicas que têm por objeto a determinação das infrações de natureza penal e suas sanções. 1 DIREITO PENAL 2 “Proteção dos bens jurídicos essenciais aos indivíduos e a sociedade” (Luiz Regis Prado). Ou seja, visa tutelar àqueles bens jurídicos mais importantes e necessários a sobrevivência da própria sociedade. Por isso, se denomina a pena criminal como a ultima ratio da política social, vale dizer, se define sua missão como a última proteção à salvaguarda de bens jurídicos. FINALIDADE DIREITO PENAL 2 DIREITO PENAL 3 Ramo do Direito Penal Interno – de Direito Público pois regula as relações do homem com a sociedade, tendo o Estado de atuar sobre os delinqüentes, como regulador dessas relações, diferentemente aos acordos de vontades. CARACTERÍSTICAS DIREITO PENAL 3 DIREITO PENAL 4 Interno Cultural – determinando regras de conduta em respeito aos interesses sociais. Normativo – porque objetiva o estudo da lei, da norma. Valorativo – porque protege os valores, aplicando a sanção conforme a gravidade da conduta, do crime. Finalista – porque visa a proteção dos bens jurídicos que têm valor para a sociedade (vida, etc...), sendo a prevenção a maior finalidade da norma penal. Sancionador – pois determina sanção. Dogmático – exige o cumprimento de todas as suas normas, sendo estas estudadas antes de serem criadas, não tendo assim caráter experimental. CARACTERÍSTICAS DIREITO PENAL 4 DIREITO PENAL 5 Ato lícito - praticado de acordo com o direito Ato ilícito – “contra legem“, ou seja, contra o direito. ATO LÍCITO E ATO ILÍCITO 5 DIREITO PENAL 6 Entende o legislador que determinados fatos antijurídicos não atingem bens jurídicos tão relevantes que devam ser protegidos pela lei penal, não os eleva a categoria de ilícito penal. A distinção assinalada não impede que, além da sanção penal ao autor de um crime de furto, seja imposta a sanção civil. ILÍCITO PENAL E ILÍCITO CIVIL 6 DIREITO PENAL 7 Crime ou delito são sinônimos e representam as condutas típicas, antijurídicas e culpáveis. Contravenção ou crime-anão – são os crimes de pequeno potencial ofensivo. CRIME, DELITO, CONTRAVENÇÃO 7 DIREITO PENAL 8 Materiais ou de produção e formais ou de conhecimento. Materiais – a única fonte material do Direito Penal é o Estado, visto que a CF diz que compete privativamente à União legislar sobre o Direito Penal (art. 22, I). Formais - diretas ou imediatas - indiretas ou mediatas A única fonte formal direta é a lei, devido ao princípio da reserva legal. Como fontes formais indiretas: os costumes e os princípios gerais de direito. FONTES DO DIREITO PENAL 8 DIREITO PENAL 9 O costume (modus vivendi) é uma regra de conduta praticada pela sociedade de um modo geral. O Direito Penal se inspira neste para determinar quais as condutas que são consideradas reprováveis pela sociedade. Princípios Gerais do Direito – são premissas éticas extraídas da legislação ou do ordenamento jurídico. Através deste o Direito utiliza-se da ética do povo para suprir lacunas nas normas penais. Ex.: mãe que fura a orelha da filha, mas não responde por crime de lesão corporal. FONTES DO DIREITO PENAL 9 DIREITO PENAL 10 É a lei penal. É aquela que manifesta a vontade do Estado em definir os fatos penalmente puníveis e cominar penas. NORMA PENAL - CONCEITO 10 DIREITO PENAL 11 Vigência por tempo indeterminado - criada pelo legislativo, sancionada pelo Executivo, publicada no DOU e começando a viger 45 dias após a sua publicação ou após o tempo em que a própria lei previr. Sua vigência se encerra através da revogação, seja ela expressa (quando a nova lei diz que revoga a anterior) ou tácita (quando a lei nova apenas trata da mesma matéria que a antiga). E ainda pode ser parcial ou derrogação (quando revoga apenas parte da lei) ou total ou ab-rogação (quando toda a lei é revogada). NORMA PENAL 11 DIREITO PENAL 12 Gerais – vigem em todo território nacional Especiais – vigem em apenas determinadas áreas do país. Aplicam-se somente a determinadas classes ou categorias. Comuns – aplicam-se a todos os cidadãos. Ordinárias – vigem em qualquer circunstância, a qualquer tempo. Excepcionais – vigem em situações de emergência: guerra, calamidade pública, ....perdem a vigência assim que acabar a situação de emergência. Sofre uma auto-revogação. NORMA PENAL - CLASSIFICAÇÃO 12 DIREITO PENAL 13 Incriminadora – é a lei penal em sentido estrito, é a que define os tipos penais e prevê as sanções. Não-Incriminadoras- dividem-se em explicativas e permissivas. NORMA PENAL - CLASSIFICAÇÃO 13 DIREITO PENAL 14 Normas Explicativas – esclarecem o conteúdo de outras normas ou então fornecem princípios para a aplicação de pena, explicam o modo de aplicação. Ex.: Art. 42; Art. 63; Art. 59; Art. 327 etc., todos do C.P. Normas Permissivas - são as que não consideram como ilícitos determinados atos que, em tese são considerados típicos, excluem a ilicitude ou isentam de pena. Ex: Causas de justificação (art. 23); Causas de exclusão da culpabilidade. NORMA PENAL - CLASSIFICAÇÃO 14 DIREITO PENAL 15 Normas Penais em Branco – o tipo penal necessita ser completado por outro dispositivo legal, ou seja, deve ser interpretado em conjunto com outra norma. O preceito primário do tipo penal é incompleto, portanto carece ser complementado por outra norma. Por outro lado, o complemento deve ser anterior ao fato( Princ. Anterioridade). NORMA PENAL - CLASSIFICAÇÃO 15 DIREITO PENAL 16 É o meio utilizado para buscar a vontade contida na norma jurídica, preocupando-se com esta interpretação a ciência da hermenêutica. NORMA PENAL - INTERPRETAÇÃO 16 DIREITO PENAL 17 A interpretação da lei penal pode se dar de forma extensiva ou restritiva. No direito Penal a interpretação da norma é restritiva, tratando-se de uma garantia que tem o cidadão de que a norma não será ampliada. É regra geral. Deverá a norma penal sempre ser interpretada de modo restritivo, ou seja, sempre nos limites da própria norma. A interpretação extensiva da norma penal, poderia ferir o princípio da reserva legal. Na interpretação da norma penal e, na opção que tem o agente em violá-la ou não, deverá ele ter presente os limites da norma. NORMA PENAL - INTERPRETAÇÃO 17 DIREITO PENAL 18 Exceção Interpretação extensiva intra legis (dentro da própria lei). (p. ex.: art. 28 II CP (...) álcool ou substância análoga). Interpretação extensiva in bonam partem (a favor do réu). A interpretação da lei, em caso conflitante, é tomada sempre visando a favorecer o réu (p. ex.: art. 12 Lei 6.368/76 - Lei de Tóxicos, que trata sobre traficante, com relação ao art. 16 da mesma Lei, que trata sobre consumidor. Há a possibilidade de se fazer uma interpretação extensiva in bonam partem – o juiz pode desclassificar o delito, de tráfico para o de consumo de entorpecente). NORMA PENAL - INTERPRETAÇÃO 18 DIREITO PENAL 19 As espécies de interpretação são: Quanto ao sujeito: autêntica Jurisprudencial ou judicial Doutrinária Quanto ao meio empregado: gramatical Lógica Teleológica Quanto ao resultado encontrado pela interpretação: - declarativa - lógica - teleológica Pode ser ainda a interpretação: progressiva Analógica NORMA PENAL - INTERPRETAÇÃO 19 DIREITO PENAL 20 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE O princípio da legalidade (da reserva legal) está inscrito no artigo 1º do CP (art. 5º, XXXIX, CF) Havendo conflito entre leis penais, prevalecerá aquela que foi editada naquele momento (princípio da irretroatividade). A Lei Penal não retroage, em função de não ocorrer de se estar incriminando alguémpor um fato que este não conheça. Tempus regit actum - A Lei Penal rege os fatos praticados durante a sua vigência. Artigo 5º XL, que leciona: A Lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO DP 20 DIREITO PENAL 21 PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE O artigo 12 do Código Penal versa sobre o princípio da especialidade, que diz que a lei especial derroga a geral. Lei especial é aquele tipo de norma que versa específicamente sobre um determinado campo. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO DP 21 DIREITO PENAL 22 PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE Consiste na aplicação alternativa de uma ou outra conduta, quando o tipo penal prevê mais de uma conduta em seus variados núcleos. Estes são considerados como crimes de ação múltipla ou conteúdo variado. De acordo com alguns doutrinadores, o princípio da alternatividade será aplicado se o agente de crimes de ação múltipla for punido por apenas uma das condutas presentes no tipo, mesmo que venha a praticar duas ou mais destas condutas. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO DP 22 DIREITO PENAL 23 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE Quando diferentes normas protegem o mesmo bem jurídico em diferentes fases, etapas ou graus de agressão. Ele determina que a norma tachada como subsidiária só é considerada na ausência ou na impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave. (aplicação do artigo 304 - artigos 302 e 303 - do CTB). PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO DP 23 DIVISÃO DO ESTUDO Fontes Parte geral Teoria do crime Direito Teoria da pena Penal Parte especial Legislação extravagante 24 1 – PARTE GERAL Direito Penal Importância: formalização do controle social Finalidades Fontes 25 Importância: formalização do controle social informal Conflito Controle social social formal 26 2. Finalidades Tutela de bem jurídico-penal Limitação da interferência do Estado nas liberdades e garantias constitucionalmente consagradas 27 3. Fontes Princípios Norma Jurídica Regras: CF, LC, LO e MP* 28 PRINCÍPIOS Princípio da legalidade CRFB/88, Art. 5º, inciso XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; CP, Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 29 PRINCÍPIOS Princípio da anterioridade CRFB/88, Art. 5º, inciso XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; CP, Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 30 PRINCÍPIOS Princípio da irretroatividade CRFB/88, Art. 5º, inciso XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; CP, Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 31 PRINCÍPIOS Princípio da intervenção mínima ou da ultima ratio 32 PRINCÍPIOS Princípio da insignificância A insignificância na jurisprudência do STF e do STJ Crimes contra a pessoa Crimes contra o patrimônio Crimes contra a ordem tributária 33 DIREITO PENAL 34 LEI PENAL NO TEMPO NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA A primeira hipótese trata da lei nova que torna típico fato anteriormente não incriminado. Nessa hipótese a lei penal e irretroativa. 34 DIREITO PENAL 35 LEI PENAL NO TEMPO ABOLITIO CRIMINIS Quando a lei nova já não incrimina fato que anteriormente era considerado como ilícito penal. Não há abolitio criminis se a conduta praticada pelo acusado e prevista na lei revogada é ainda submissível a outra lei penal em vigor. Pela abolitio criminis se fazem desaparecer o delito e todos os seus reflexos penais, permanecendo apenas os civis. 35 DIREITO PENAL 36 LEI PENAL NO TEMPO NOVATIO LEGIS IN PEJUS A terceira hipótese refere-se à nova lei mais severa a anterior. Vige, no caso, o princípio da irretroatividade da lei penal “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. 36 DIREITO PENAL 37 LEI PENAL NO TEMPO NOVATIO LEGIS IN MELLIUS A última hipótese é a da lei nova mais favorável que a anterior. “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. 37 DIREITO PENAL 38 LEI PENAL NO TEMPO LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS De acordo com o art. 3º do CP, a lei excepcional ou temporária embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que as determinaram, aplicas-se ao fato praticado ao fato praticado durante sua vigência. 38 DIREITO PENAL 39 LEI PENAL NO TEMPO Leis temporárias são as que possuem vigência previamente fixada pelo legislador. Leis excepcionais são as que vigem durante situações de emergência. 39 DIREITO PENAL 40 LEI PENAL NO TEMPO LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS Essas espécies de lei tem ultratividade, ou seja, aplicam-se ao fato cometido sob o seu império, mesmo depois de revogadas pelo decurso do tempo ou pela superação do estado excepcional. 40 DIREITO PENAL 41 TEMPO DO CRIME Necessário se torna saber qual é o tempo do crime, ou seja, a ocasião, o momento, a data em que se considera praticado o delito para a aplicação da lei penal a seu autor. 41 DIREITO PENAL 42 Três são as teorias a respeito da determinação do tempo do crime: Teoria Atividade Teoria Resultado Teoria Mista TEMPO DO CRIME 42 DIREITO PENAL 43 Pela teoria da atividade, considera-se como tempo do crime o momento da conduta (ação ou omissão). Pela teoria do resultado (ou do efeito), considera-se tempo do crime o momento de sua consumação, não se levando em conta a ocasião em que o agente praticou a ação. Por fim, a teoria mista considera como tempo do crime tanto o momento da conduta como o do resultado. TEMPO DO CRIME 43 DIREITO PENAL 44 CÓDIGO PENAL: Art. 4º “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. TEMPO DO CRIME 44 DIREITO PENAL 45 Consumado – é aquele crime que está inteiramente realizado, isto é, atinge o resultado previsto no tipo. Tentado – é o crime que não atinge completamente o resultado previsto no tipo, não chegando o agente ao resultado por motivos alheios a sua vontade. Exaurido – é aquele que depois de consumado ainda provoca outras conseqüências. TEMPO DO CRIME 45 DIREITO PENAL 46 Ação única – é aquele que prevê apenas uma forma de praticar o crime no núcleo do tipo (verbo). Ação múltipla – é aquele que permite que o crime seja praticado de várias formas (princípio da alternatividade). TEMPO DO CRIME 46 DIREITO PENAL 47 Instantâneo – é aquele que tem encerrada a ação na consumação, não se prolongando no tempo. Permanente – quando a consumação se prolonga no tempo, mantendo-se a ação do sujeito ativo em prolongamento. A prazo – é o crime que prevê uma qualificadora que depende de um lapso de tempo. TEMPO DO CRIME 47 DIREITO PENAL 48 Material – há necessidade que o resultado previsto na lei se concretize. Formal – não há necessidade que o resultado previsto no tipo ocorra. Mera conduta – não possui resultado exigido por lei, bastando a ação ou omissão para que se configure o crime. TEMPO DO CRIME 48 DIREITO PENAL 49 LEI PENAL NO ESPAÇO Pode um crime violar interesses de dois ou mais países, quer por ter sido a ação praticada no território de um e a consumação dar-se em outro. 49 DIREITO PENAL 50 Princípio da nacionalidade (ou de personalidade). Princípio da proteção (da competência real, de defesa). Princípio da competência universal (ou da justiça cosmopolita). Princípio da representação. O Princípio da territorialidade prevê a aplicação da lei nacional ao fato praticado no território do próprio país. LEI PENAL NO ESPAÇO 50 DIREITO PENAL 51 TERRITORIALIDADE Art. 5º do CP: “aplica-se a lei brasileira,sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional”. - o princípio da territorialidade. LEI PENAL NO ESPAÇO 51 DIREITO PENAL 52 CONCEITO DE TERRITÓRIO Em sentido estrito (material), território abrange o solo (e subsolo) sem solução de continuidade e com limites reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo. LEI PENAL NO ESPAÇO 52 DIREITO PENAL 53 CONCEITO DE TERRITÓRIO Território por extensão (ou ficção) - para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar. LEI PENAL NO ESPAÇO 53 DIREITO PENAL 54 EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA O art. 7º do CP prevê a aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no estrangeiro. São os casos de extraterritorialidade da lei penal. O inciso I refere-se aos casos de extraterritorialidade incondicionada, uma vez que é obrigatória a aplicação da lei brasileira ao crime cometido fora do território brasileiro. EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA O inciso II, do art. 7º, prevê três hipóteses de aplicação da lei brasileira a autores de crimes cometidos no estrangeiro. LEI PENAL NO ESPAÇO 54 DIREITO PENAL 55 Para a aplicação da regra da territorialidade é necessário entretanto, que se esclareça qual é o lugar do crime: Teoria da atividade (ou da ação), em que o lugar do crime é o local da conduta criminosa (ação ou omissão); Teoria do resultado (ou do efeito), em que se considera para a aplicação da lei o local da consumação (ou do resultado) do crime; Teoria da ubiqüidade (ou da unidade mista), pela qual se entende como lugar do crime tanto o local da conduta como o do resultado. LUGAR DO CRIME 55 DIREITO PENAL 56 Teoria da ubiqüidade. Dois momentos podem ser considerados para a verificação da Lei Penal a ser aplicada, quais sejam, o lugar da ação( ou omissão) e o lugar do resultado. Resolve os problemas já há muito apontados pela doutrina, como aqueles relacionados aos crimes a distância. LUGAR DO CRIME 56 DIREITO PENAL 57 Pergunta: Uma carta bomba remetida na Argentina e recebida pela vítima no Brasil. LUGAR DO CRIME 57 DIREITO PENAL 58 Obs: Se na Argentina fosse adotada a Teoria do Resultado e no Brasil a Teoria da Ação ( ou da T. da Atividade), o agente criminoso ficaria impune. LUGAR DO CRIME 58 DIREITO PENAL 59 Por último, importa ressaltar que a teoria do lugar do crime ( no Brasil, a da Ubiqüidade) não se destina à verificação da competência interna (juízo competente), mas sim para a aferição (avaliação) da competência da Justiça brasileira. A questão é saber se há competência da Justiça pátria – se a lei brasileira é aplicável – e ,para tanto, basta que a ação ou o resultado tenha ocorrido em solo nacional. LUGAR DO CRIME 59 DIREITO PENAL 60 CONCEITO DE CRIME CONCEITOS ANALÍTICOS Segundo a Teoria Finalista, para que ocorra crime, basta o Fato Típico e a Antijuridicidade e a Culpabilidade é somente Pressuposto para aplicação da pena. “Ação humana, antijurídica, típica, culpável e punível”. Se a conduta é um dos componentes do fato típico, deve-se definir o crime como “fato típico e antijurídico 60 DIREITO PENAL 61 CONCEITO DE CRIME AÇÃO/OMISSÃO Conduta humana positiva - ação Conduta humana negativa - omissão (inação, inércia). Elementos da Conduta 1) - processo interno da vontade; 2) - atuação (fazer ou não fazer); 3) - conduta corporal externa; 4) - finalidade pretendida. * observação: nos Crimes culposos não existe a finalidade do Resultado, mas existe a finalidade da ação. 61 DIREITO PENAL 62 CONCEITO DE CRIME Antijurídico (o que não é permitido pelo direito) Contradição que existe entre a conduta e a norma de direito (não é protegida pelo direito). Formalmente antijurídico é todo o comportamento humano que viola a lei penal; materialmente antijurídica é toda conduta humana que fere o interesse social protegido pela própria norma. Em suma. a antijuridicidade é sempre material, constituindo a lesão de um interedsse penalmente protegido. A antijuridicidade existe por si só, deve ser determinada objetivamente, independente da culpa ou da imputabilidade do sujeito. 62 DIREITO PENAL 63 CONCEITO DE CRIME Requisitos Genéricos do Crime Fato Típico Antijurídico Requisitos Específicos do Crime - Elementar Circunstancial Os requisitos específicos são formas pelas quais os requisitos genéricos se manifestam: Os elementares são determinados vocábulos de determinado fato típico que se retirado fazem (via de regra) desaparecer o crime "atipicidade". Exs.: Art.155 C.P. - se retirar o "alheio" Art. 312 do CP. - se retirar o "funcionário público". 63 DIREITO PENAL 64 CONCEITO DE CRIME Culpabilidade Elementos - imputabilidade (atribuir a alguém) potencial consciente de ilicitude exigibilidade de conduta diversa - inimputabilidade- doença mental - menor de idade 64 DIREITO PENAL 65 CONCEITO DE CRIME PUNIBILIDADE É a conseqüência a uma ação culpável do agente. A punibilidade expressa em lei significa a punibilidade em abstrato, e uma advertência; só existirá materialmente quando o agente pratica ou viola uma norma penal - ao praticar ou violar a norma, passa a ser punibilidade in concreto, e a sanção legal. 65 Teoria Geral do Crime Anterioridade da lei penal (art. 1o.) Não há crime sem lei anterior que o defina A questão da retroatividade ou da ultra-atividade da lei penal Relação de causalidade (art. 13) – o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 66 Iter criminis É o itinerário do crime (O caminho percorrido pelo crime) (As fases do crime) 67 Iter criminis O estudo do iter criminis é importante para verificar a partir de que momento o agente pode ser punido 68 Iter criminis COGITAÇÃO ATOS PREPARATÓRIOS INÍCIO DA EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO EXAURIMENTO 69 Crime tentado x consumado Crime consumado – quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal Crime tentado – quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente 70 Iter criminis A partir do início dos atos de execução o agente poderá ser punido. Entretanto, por vezes, o agente inicia a execução, mas não chega a consumação 71 Iter criminis Iniciar a execução e não consumar pode ser: Art. 14, II do CP – Tentativa Art. 15 do CP – Desistência Voluntária ou Arrependimento Eficaz Art. 17 do CP – Crime Impossível 72 Iter criminis A diferença dos institutos está no motivo pelo qual o crime não se consumou 73 Iter criminis Tentativa Na TENTATIVA o agente inicia a execução e não consuma o crime POR CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS À VONTADE DO AGENTE 74 Iter criminis Tentativa A TENTATIVA é uma causa obrigatória de diminuição de pena: Reduz a pena de 1/3 a 2/3 75 Iter criminis Tentativa Alguns crimes não admitem TENTATIVA: Crimes culposos Crimes preterdolosos Crimes unissubsistentes Outros 76 Iter criminis Tentativa A TENTATIVA é chamada de “conatus” Quando não chega a ferir a vítima a TENTATIVA é chamada de “Tentativa branca” Quando fere a vítima a TENTATIVA é chamada de “Tentativa cruenta” 77 Iter criminis Tentativa Quando o agente esgota os atos de execução a TENTATIVA é chamada de “Tentativa perfeita ou acabada” (crime falho) Quando o agente não esgota os atos de execução a TENTATIVA é chamada de “Tentativa imperfeita ou inacabada” 78 Desistência voluntária/Arrependimento eficaz Art. 15. O agente que, voluntariamente,desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos praticados. Ex. quebra de vidro de veículo p/ furto 79 Iter criminis Desistência Voluntária ou Arrependimento Eficaz Na DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ou ARREPENDIMENTO EFICAZ o crime não se consuma pela vontade do próprio agente (tentativa abandonada ou qualificada) 80 Iter criminis Desistência Voluntária ou Arrependimento Eficaz A DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA e o ARREPENDIMENTO EFICAZ estão previstos no mesmo artigo de lei (art. 15 do CP), têm as mesmas conseqüências, mas são diferentes 81 Iter criminis Desistência Voluntária ou Arrependimento Eficaz Desistência Voluntária O agente não esgota os atos de execução Arrependimento Eficaz O agente esgota os atos de execução 82 Iter criminis Desistência Voluntária ou Arrependimento Eficaz ATENÇÃO O agente, em ambos os casos, será punido pelo que efetivamente ele vier a causar Se o arrependimento for ineficaz, o agente será punido pelo crime inicial 83 Iter criminis Desistência Voluntária ou Arrependimento Eficaz ATENÇÃO Para a desistência e o arrependimento basta que os atos de parar a execução e ter atos contrários sejam voluntários (não precisam ser espontâneos) 84 Arrependimento posterior Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 85 Arrependimento Posterior O arrependimento posterior (art. 16 do CP) é uma causa obrigatória de diminuição de pena (reduz a pena de 1/3 a 2/3) Ocorrerá quando: 86 Arrependimento Posterior O agente voluntariamente reparar o dano ou restituir a coisa, antes do recebimento da denúncia ou queixa Porém, não caberá para os crimes com violência ou grave ameaça a pessoa 87 Arrependimento Posterior ATENÇÃO Existem exceções em que o agente será ainda mais beneficiado: Cheque sem fundos Crime de Dano Sonegação Fiscal / Apropriação Indébita Previdenciária Peculato culposo 88 Arrependimento Posterior ATENÇÃO A reparação do dano nos crimes com violência ou grave ameaça e a reparação de danos tardia podem ser consideradas atenuantes genéricas 89 Crime impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. PENAL - RÉU CONDENADO PELA PRÁTICA DE TRÁFICO E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO - ATIPICIDADE DA CONDUTA NO QUE TANGE AO PORTE ILEGAL - ARMA IMPRESTÁVEL - INEXISTÊNCIA DE POTENCIALIDADE LESIVA. 90 Iter criminis Crime Impossível No crime impossível o agente inicia a execução, mas não chega à consumação, porque JAMAIS poderia consumar Quer por ineficácia absoluta do meio Quer por impropriedade absoluta do objeto 91 Iter criminis Crime Impossível No crime impossível o agente estará isento de pena (tentativa inidônea) 92 Dolo e Culpa Os crimes no Brasil são punidos a título de dolo e a título de culpa 93 Dolo x culpa Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 94 Dolo e Culpa Dolo é a vontade livre e consciente de praticar a infração penal ou assumir os riscos de produzir o resultado 95 Dolo e Culpa É o “assumir o risco de produzir o resultado” que dá origem ao dolo eventual 96 Dolo e Culpa Portanto, o dolo é composto da: Teoria da Vontade + Teoria do Assentimento 97 Dolo e Culpa A culpa em sentido estrito se dá quando o agente não quer praticar o crime, mas age com imprudência, negligência ou imperícia 98 Dolo e Culpa Imprudência: prática de um fato perigoso para o “homem médio” Negligência: abstenção de um cuidado antes de agir, evitando um mal futuro Imperícia: demonstração de inaptidão técnica, que é esperada de uma profissão ou atividade 99 Dolo e Culpa - Em regra, a culpa é inconsciente 100 Dolo e Culpa OBS: Dois elementos (dentre outros) são essenciais para a culpa: - Tipicidade - Previsibilidade Objetiva 101 Dolo e Culpa - Mas existe a culpa consciente, quando o agente visualiza o resultado indesejado, porém acredita sinceramente que ele não irá ocorrer (acredita na sua habilidade) 102 Dolo e Culpa Diferença: Dolo eventual x Culpa consciente Culpa Consciente “pode acontecer, mas comigo não” Dolo Eventual “dane-se” 103 Coação irresistível e obediência hierárquica Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. 104 Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 105 Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 106 Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Legítima defesa putativa 107 Inimputáveis Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 108 Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente 109 Emoção e paixão Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal: Vide Jurisprudência Selecionada I - a emoção ou a paixão; Embriaguez II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 110 Embriaguez completa § 1º É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 111 Do Concurso de Pessoas (artigos 29 a 31) Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 112 Casos de impunibilidade Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 113 Das espécies de Pena Art. 32 - As penas são: I - privativas de liberdade; II - restritivas de direitos; III - de multa. 114 Regimes de cumprimento de pena Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. 115 Regimes a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. 116 Penas restritivas de direitos Art. 43 - As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei 9714, de 25.11.1998) I - prestação pecuniária - perda de bens e valores; IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; V - interdição temporária; VI - limitação de fim de semana. 117 Circunstânciasagravantes Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: (Artigo, caput, com redação dada pela Lei nº 7209, de 11.07.1994). I - a reincidência; II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; 118 Agravantes e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; h) contra criança, velho, enfermo ou mulher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada. 119 Limite das penas Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. 120 A ação penal Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. § 1º A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido. § 2º A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. 121
Compartilhar