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O processo cautelar no projeto do novo CPC

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CNEC/FACECA 
Faculdade Cenecista de Varginha 
 
 
 
 
 
 
André Pereira da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS INOVAÇÕES SOBRE O PROCESSO CAUTELAR NO PROJETO DO NOVO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Varginha 
2011 
André Pereira da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS INOVAÇÕES SOBRE O PROCESSO CAUTELAR NO PROJETO DO NOVO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de Direito 
da Faculdade Cenecista de Varginha, como 
requisito parcial, para obtenção do Grau 
Bacharel em Direito. 
Área de Concentração: Direito Processual 
Civil. 
Orientador: Professor Esp. João Carlos de 
Paiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Varginha 
2011 
André Pereira da Silva 
 
 
Monografia intitulada “As Inovações sobre o Processo Cautelar no Projeto do Novo 
Código de Processo Civil”, aprovada como requisito parcial para obtenção do grau Bacharel 
em Direito no Curso de Direito da Faculdade Cenecista de Varginha. 
 
 
 
Banca Examinadora 
 
 
 
Prof. Esp. João Carlos de Paiva - Orientador 
 
 
 
Prof. Esp. Marcelo José Lins Barbosa - FACECA 
 
 
 
Prof. Msc. Fabiano Guimarães Nogueira- FACECA 
 
 
 
Prof. Msc. Joaquim Donizeti Crepaldi 
Coordenador do Curso de Direito 
 
 
 
 
Varginha, 29 de outubro de 2011. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 Primeiramente, agradeço a Deus por ter me concedido forças, paciência e 
perseverança, não me permitindo esmorecer durante a formação acadêmica ou ante as 
dificuldades surgidas ao longo da criação e desenvolvimento deste trabalho. 
 Agradeço à minha “Chica” pelo amor, apoio e compreensão incondicionais. Nunca me 
questionou, sequer opinou em meu trabalho. Mas com seu olhar confiante sempre alimentou 
minha ânsia pelo conhecimento. 
 Agradeço a meu pai pelas cobranças, pois estas me lapidaram ao longo desta jornada. 
 Agradeço os meus irmãos Bianca e Bruno por respeitarem e conseguirem conviver 
comigo e aceitarem momentos de estresse e ausência durante a realização deste trabalho. 
 À Leyd Mara, o meu muito obrigado pelo amor, carinho, afagos e, principalmente, 
pela compreensão desmedida, ante meus excessos e falhas na busca pelo conhecimento. 
 Agradeço a todos os demais familiares, por aceitarem minha ausência e meus atrasos, 
os quais foram constantes enquanto desenvolvia o presente trabalho. 
 O meu muito obrigado a todos os amigos que Deus colocou em meu caminho, os quais 
com certeza me ajudaram e apoiaram durante minha vida acadêmica. 
 Agradeço ao amigo e professor orientador, Dr. João Carlos de Paiva, o qual aceitou se 
enveredar neste desafio junto a mim, mesmo ante as dificuldades de tempo e distância que 
separaram mestre e aluno. 
 Em especial, e com um carinho e consideração ímpares, agradeço à minha amiga e 
professora Silvana Gaspar, a qual foi fundamental no desenvolvimento e conclusão deste 
trabalho. 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho objetiva estudar e comparar o Código de Processo Civil vigente e o 
projeto do novo Código de Processo Civil, no tocante à tutela de urgência cautelar. 
Especificamente, buscamos identificar as principais medidas de urgência contidas no 
Processo Cautelar do CPC vigente, quais as inovações trazidas pelo legislador no tocante à 
tutela de urgência cautelar e constatar se o legislador poderá proporcionar celeridade 
processual sem prejuízo da segurança jurídica atualmente oferecida no Processo Cautelar. 
Adotou-se o método dedutivo vez que este proporcionará a realização de uma análise geral 
dos principais institutos do atual “Processo Cautelar”, culminando na atual pretensão do 
legislador. Quanto ao método de procedimento, utilizamos o monográfico e comparativo, 
sendo que o primeiro nos permitirá estudar com propriedade as principais disposições 
contidas no Livro do Processo Cautelar, no atual CPC, com aquelas contidas no Projeto de 
Lei nº 166/10, no tocante às medidas cautelares. Já o segundo, permitirá analisarmos as 
diferenças e semelhanças entre a norma vigente e a futura. Como instrumentos de pesquisa 
foram a utilizadas pesquisa bibliográfica e artigos pesquisados na internet. A partir de tais 
premissas constatamos que, embora tenha havido ampliação do poder geral de cautela e 
supressão das medidas cautelares típicas, o legislador conseguiu elaborar um projeto de lei 
onde a tutela de urgência cautelar poderá proteger o direito ameaçado de lesão e a efetividade 
do processo, de modo menos moroso e mais objetivo. 
 
 
Palavras-chave: Reforma do processo cautelar. Supressão das cautelares típicas. Inovação e 
ampliação do poder geral de cautela. Segurança jurídica. 
ABSTRACT 
 
 
The present work aims at to study and to compare the Code of effective Civil Process and the 
project of the new Code of Civil Process, concerning it tutors her of urgency precautionary. 
Specifically, we looked for to identify the main urgent measures contained in the 
Precautionary Process of effective CPC, which the innovations brought by the legislator 
concerning it tutors her of urgency precautionary and to verify the legislator will now be able 
to provide procedural velocity without damage of the juridical safety offered in the 
Precautionary Process. The method was adopted deductive time that this it will provide the 
accomplishment of a general analysis of the principal institutes of the current " Precautionary 
Process ", culminating in the current pretension of the legislator. With relationship to the 
procedure method, we used the monographic and comparative, and the first will allow to 
study us with property the main dispositions contained in Precautionary Process Book, in 
current CPC, with those contained in the bill nº 166/10, concerning the precautionary 
measures. Already the second, it will allow we analyze the differences and likeness between 
the effective norm and the future. As research instruments were her used bibliographical 
research and goods researched in the internet. Starting from such premises we verified that, 
although it has had amplification of the general power of caution and suppression of the 
measures typical precautionary, the legislator it got to elaborate a bill where tutors her of 
urgency precautionary it can protect the threatened right of lesion and the effectiveness of the 
process, in a slow less way and more objective. 
 
 
Keywords: Reform of the precautionary process. Suppression of typical precautionary. 
Innovation and amplification of the general power of caution. Juridical safety. 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 7 
 
2 MEDIDAS DE URGÊNCIA ............................................................................................... 10 
2.1 Conceito .............................................................................................................................. 10 
2.2 Evolução Histórica ............................................................................................................. 12 
2.3 Definição de Medida Cautelar ............................................................................................ 16 
2.4 Definição de Antecipação dos Efeitos da Tutela ................................................................ 17 
 
3 O PROCESSO CAUTELAR ..............................................................................................19 
3.1 Natureza jurídica................................................................................................................. 19 
3.2 Requisitos Específicos para Concessão das Medidas Cautelares ....................................... 20 
3.3 Características do Processo Cautelar .................................................................................. 21 
3.3.1 O poder geral de cautela .................................................................................................. 23 
3.4 Procedimento Cautelar ....................................................................................................... 24 
3.5 Cautelares Nominadas ou Típicas ...................................................................................... 27 
3.6 Ação Cautelar Inominada e Cautelares de Ofício .............................................................. 36 
 
4 CAUTELAR E ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA: uma distinção 
necessária ................................................................................................................................. 38 
4.1 O Princípio da Fungibilidade das Tutelas de Urgência e os Requisitos Necessários para 
sua Aplicação ............................................................................................................................ 38 
 
5 O PROCESSO CAUTELAR NO PROJETO DO NOVO CPC ..................................... 40 
5.1 A Ausência de Cautelares Nominadas no Projeto do Novo CPC....................................... 40 
5.2 A Previsão de Tutela de Urgência Cautelar e Satisfativa no Projeto do Novo CPC .......... 41 
5.3 O Procedimento Judicial Previsto no Projeto do Novo CPC para Concessão de Tutela de 
Urgência Cautelar .................................................................................................................... 43 
 
6 A ADAPTABILIDADE E SUMARIZAÇÃO DO PROCESSO CAUTELAR NO 
PROJETO DO NOVO CPC .................................................................................................. 48 
6.1 A Falta de Limitação Expressa do Poder Geral de Cautela no Projeto do Novo CPC ....... 49 
6.2 Segurança Jurídica e a Tutela de Urgência Cautelar no Projeto do Novo CPC ................. 52 
 
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 54 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O tema da presente pesquisa está inserido nas Medidas de Urgência, tendo como 
delimitação as medidas cautelares e as inovações e alterações do procedimento cautelar 
previstas no projeto do novo Código de Processo Civil. 
 O objetivo geral visa comparar o processo cautelar do Código de Processo Civil 
vigente e as disposições sobre o processo cautelar inseridas no Projeto de Lei que instituirá o 
Novo Código de Processo Civil. 
Dentre os objetivos específicos, a prioridade é a comparação das disposições do atual 
CPC com o projeto do novo CPC, buscando constatar, no que diz respeito ao Processo 
Cautelar, se o legislador poderá proporcionar celeridade processual sem prejuízo da segurança 
jurídica atualmente oferecida e conhecer as inovações processuais a serem adotadas no CPC 
vindouro. Busca-se, também, identificar as medidas de urgência inseridas no livro do 
Processo Cautelar vigente, bem como suas origens históricas. 
Para justificar a presente pesquisa, cabe dizer, primeiramente, que este estudo tem 
como motivo primeiro a necessidade de se aferir como ficará o procedimento das Medidas 
Cautelares no novo Código de Processo Civil, principalmente porque, uma vez extinto o livro 
específico do Procedimento Cautelar, o Poder Geral de Cautela dos Magistrados terá maior 
abrangência e incidência, se estendendo das cautelares atípicas até as cautelares específicas. 
Assim, o procedimento que antes era limitado por lei será exercido tão somente a critério dos 
Magistrados, o que pode gerar instabilidade e insegurança jurídica. 
No âmbito da Ciência Jurídica, a atualização de conhecimentos é constante. A cada dia 
surgem vanguardistas na pesquisa das normas e institutos do Direito, colocando à disposição 
dos mais ociosos novos conhecimentos exegéticos, novas modalidades de visualização e 
aplicação da norma jurídica, o que gera reflexos quer no campo acadêmico quer no 
entendimento dos Tribunais. Assim sendo, faz-se clara e necessária a análise da norma 
processual civil vigente e aquela que está por substituí-la, uma vez que tal medida poderá se 
consubstanciar em avanço acadêmico e profissional. 
Atualmente, a reforma do Código de Processo Civil está entre os temas mais 
discutidos no Direito Processual Brasileiro, ofuscando inclusive, a comentada reforma do 
Código de Processo Penal. Sob a presidência de Luiz Fux, Ministro do Supremo Tribunal 
Federal, e tendo como Relatora-Geral Teresa Arruda Alvim Wambier, juristas renomados 
foram convocados e se reuniram com o intuito de reformularem a norma processual civil, 
8 
 
proporcionando ao jurisdicionado uma resposta mais célere e com menor possibilidade de 
recursos protelatórios. Contudo, a supressão do livro do Processo Cautelar do CPC tem sido a 
parcela mais sentida da reforma da lei processual. Imaginar que, nos termos projeto do novo 
CPC, o Magistrado poderá ou não conceder tutelas de urgência, devendo apenas indicar as 
razões de seu convencimento, traz a necessidade de comparações com a norma vigente, vez 
que nesta há o Poder Geral de Cautela (o qual é limitado a determinadas situações) e as 
condições necessárias para concessão de demais medidas urgentes (tutela antecipada), em 
procedimentos distintos, procurando garantir maior imparcialidade do magistrado e segurança 
jurídica para o jurisdicionado, valendo-se da garantia contida no artigo 93, inciso IX, da 
CF/88. 
 Neste diapasão, fica evidente a relevância do tema pesquisado, pois a incidência de um 
novo Código de Processo Civil na seara jurídica brasileira obrigará todos os juristas militantes 
a estudarem a nova lei, o que fará deste trabalho vanguardista. Saliente-se, ainda, se tratar de 
tema originalmente novo, pouco explorado pela doutrina, o que o torna a oportunidade para 
estudar e comparar as normas vigente e vindoura, a fim de conhecê-las e aplicá-las com maior 
propriedade. 
Neste sentido, versando o problema de pesquisa sobre a garantia de efetividade e 
segurança jurídica de uma prestação jurisdicional mais célere, ante a extinção do livro do 
Processo Cautelar a realocação das tutelas de urgência sob um único título no projeto do novo 
CPC, aventou-se como primeira hipótese se a extinção do livro específico do Processo 
Cautelar e o procedimento cautelar previsto no projeto do novo CPC poderá representar a 
garantia de uma prestação jurisdicional menos morosa, em face à urgência da tutela pleiteada. 
A segunda hipótese sugere uma prestação mais efetiva da medida de urgência cautelar 
quando vigente o Código de Processo Civil vindouro. 
A terceira hipótese vislumbra o aumento da abrangência do Poder Geral de Cautela, o 
que poderia relegar nas mãos dos magistrados uma responsabilidade ainda maior pela garantia 
da segurança jurídica, se comparado com o atual procedimento. 
Adotou-se o método de abordagem dedutivo, vez que este demonstrou ser o mais 
adequado a realização de uma análise geral dos principais institutos do atual Processo 
Cautelar, o que culminou no entendimento das pretensões da comissão de juristas que 
elaborou o projeto do novo CPC. 
Quanto ao método de procedimento, foram utilizados o monográfico e o comparativo, 
sendo que o primeiro nos permitiu estudar as principais disposiçõescontidas no livro do 
Processo Cautelar do CPC em vigência e aquelas contidas no inseridas no Projeto de Lei nº 
9 
 
166/10, e o segundo nos permitiu traçar um paralelo comparativo entre as normas vigente e 
vindoura. Para aplicação de tais métodos, foi utilizada a técnica de pesquisa, sob a forma de 
levantamento bibliográfico. 
Assim, delineadas as premissas supramencionadas, inicia-se o desenvolvimento do 
presente trabalho apresentando o conceito jurídico latu sensu das medidas de urgência, 
demonstrando sua evolução histórica e apresentando o conceito jurídico das medidas de 
urgência na espécie (tutela de urgência cautelar e antecipação dos efeitos da tutela). Tal 
capítulo se fez necessário para demonstrar que as medidas de urgência, ao longo de sua 
evolução, culminaram primeiramente nas medidas cautelares, sendo estas utilizadas em 
caráter preventivo e satisfativo (o que foi corrigido, no ordenamento jurídico pátrio, com 
advento da Lei nº 8.954/94). 
Após, faz-se uma abordagem a respeito do processo cautelar, sua natureza jurídica e 
características. Também foram analisadas as modalidades de tutela cautelar (cautelares típicas 
e atípicas) e os requisitos específicos para sua concessão. 
Por conseguinte, é feita uma sucinta distinção entre a tutela cautelar e a antecipação 
dos efeitos da tutela, uma vez demonstrados os requisitos específicos para sua concessão, bem 
como as situações peculiares para as quais tais medidas foram instituídas. 
Na sequência são analisadas as disposições sobre o processo cautelar contidas no 
projeto do novo CPC. Neste tópico fora discutido a ausência de cautelares nominadas no PL 
nº 166/10 e previsão normativa inovadora a respeito da tutela cautelar satisfativa. Analisa-se, 
também, o rito por meio do qual deverão ser processadas as medidas de cautelares no novo 
CPC. 
Vencida esta etapa, procede-se a análise das intenções do legislador no tocante à 
adaptabilidade e sumarização do processo cautelar previstos no PL nº 166/10. Também é 
analisada a ausência de norma limitadora expressa e a ampliação do poder geral de cautela, 
bem como as novas previsões sobre o processo cautelar em face do princípio da Segurança 
Jurídica. 
 
2 MEDIDAS DE URGÊNCIA 
 
 
 Nem todas as demandas apresentadas a apreciação do Poder Judiciário comportam a 
aplicação do rito previsto no procedimento ordinário do Código de Processo Civil brasileiro, 
isto porque nem sempre se almeja um processo de cognição exauriente, voltada à consecução 
da coisa julgada material. 
Diferentemente do que é vislumbrado nos processos de conhecimento e execução, há 
situações urgentes em que as partes envolvidas ou interessadas não dispõem de tempo hábil 
para produção e exame de provas. Em tais situações, o devido processo legal segue um 
caminho atípico, suprimindo momentaneamente o contraditório e ampla defesa. 
Assim, surgiu no Direito a necessidade de se adotar Medidas de Urgência, que são 
aquelas que erigem de um processo adequado a prover a prestação da tutela jurisdicional do 
Estado em lapso temporal inferior àquele demandado pelo processo pleno, com observância 
da situação de direito material ou processual que necessite ser resguardada de maneira 
imediata. 
O conceito jurídico “medidas de urgência” insere tanto a tutela cautelar quanto a 
antecipação dos efeitos da tutela (tutela de urgência não-cautelar), esta última ante situações 
excepcionais de direito substantivo, vez que da deficiência dos textos normativos não pode 
advir lesão da garantia da prestação jurisdicional. 
 
 
2.1 Conceito 
 
 
A fim de garantir uma prestação jurisdicional com eficácia e eficiência, o Estado-Juiz 
se vale, dentre outros mecanismos voltados para resolução das demandas a ele apresentadas, 
de medidas judiciais consideradas de urgência, nas quais estão compreendidas as medidas 
cautelares em geral e a tutela de urgência não-cautelar. Todavia, não se deve utilizar dos 
conceitos específicos atribuídos à cautelar ou a antecipação dos efeitos da tutela para 
conceituar as medidas de urgência, pois esta é o gênero no qual estão compreendidos os 
institutos jurídicos anteriormente citados, sendo estes espécies de medidas de urgência. 
Desta forma, no conceito de medidas de urgência estão insertas disposições com 
fundamento constitucional, observando o disposto no artigo 5º, inciso XXXV, da CF/88. 
11 
 
Devem ser instrumentos de garantia da eficácia e da utilidade dos provimentos jurisdicionais, 
eficazes e efetivos, ou seja, capazes de proporcionar ao jurisdicionado satisfatividade, 
permitindo-lhe acessar aquilo que lhe é de direito, bem como produzindo os efeitos esperados 
no dentro da sociedade (segurança jurídica). 
Assim, observa-se que medidas de urgência são aquelas existentes no ordenamento 
jurídico com o intuito de proteger e assegurar o próprio processo, bem como o direito levado 
à apreciação judicial, impedindo sua deterioração ou perda, quer pelo decurso do tempo ou 
por qualquer outro meio que possa gerar lesão ou ameaça ao direito a ser resguardado. 
Neste sentido, seguindo a linha conceitual dos doutrinadores italianos, Calamandrei
1
 
(1936, p. 144 apud Medeiros Neto, 2003, s.p.) forneceu um conceito do que seria medida de 
urgência, denominada em seu tempo como medida de cautela, de proteção: 
 
O provimento cautelar visa salvaguardar o imperium iudicis, ou seja, impedir que a 
soberania do Estado, na sua mais alta expressão, que é a justiça, se reduza a uma 
tardia e inútil expressão verbal, uma vã ostentação de um lento mecanismo 
destinado, como os guardas da ópera burlesca, a chegar sempre demasiado tarde. 
 
A partir de então, pode-se dizer que as tutelas de urgência são institutos jurídicos de 
procedimentos diferenciados, dotados de aptidão e agilidade a permitir que o objeto da 
demanda se mantenha íntegro até a sentença que julgue o mérito da lide. 
Soares (2000, p. 161) conceitua tutela de urgência como sendo “a que exsurge do 
processo adaptado a fornecer prestação jurisdicional em tempo inferior àquele que requer o 
processo plenário, tendo em vista a situação de direito material ou processual que careça de 
proteção imediata.” 
Contudo, a conceituação dada por Abelha (2003, p. 190) é a que se revela mais 
completa, trazendo em seu bojo a intenção do legislador constituinte, manifesta no artigo 5º, 
incisos XXXV (Princípio da Efetividade ou Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição) e 
LXXVIII (Princípio da Economia e Eficiência Processuais ou Princípio da Razoável Duração 
do Processo), os quais são os fundamentos constitucionais da tutela de urgência. 
 
A tutela de urgência, seja de natureza cautelar ou antecipatória, visando provimento 
satisfativo ou assecuratório, tem como fito a proteção em face dos “efeitos deletérios 
que o tempo causa ao processo (instrumento) ou ao seu conteúdo (direito material), 
constituiu um arcabouço de técnicas processuais que devem ser prontas e rápidas, 
sob pena de se tornarem inúteis. 
 
______________ 
1
 CALAMANDREI, Piero. Introduzione allo studio sistematico dei provvedimenti cautelari. Pádua: [s.n.], 1936. 
12 
 
 2.2 Evolução Histórica 
 
 
No Direito, tem-se notícia da existência e utilização de medidas de urgência desde a 
Europa Antiga. As primeiras tentativas de sistematização e fixação de uma concepção 
processual de tais medidas se deram na Alemanha. Contudo, foi na Itália que houve a 
elaboração científica sobre o conceito e a aplicação de tais medidas. 
Há que se salientar, entretanto, que estas medidas não tinham naquele tempo, a 
concepção contemporânea das medidas de urgência, principalmente no tocante ao processo 
cautelar, que atualmente tem forma específicade prestação jurisdicional, autônomo em 
relação aos processos de conhecimento e execução. 
Contudo, muito embora a doutrina contemporânea tenha se fundado sobre os 
pensamentos de Chiovenda, Carnelutti e Calamandrei, há de se observar que as tutelas 
emergenciais vêm sendo utilizadas desde os tempos da Roma Antiga e da Idade Medieval, 
adentrado a história até atual concepção. 
Na Antiga Roma, existia a tutela interdital, a que consistia em ordem de um praetor 
romano (magistrado encarregado da administração da justiça), por meio da qual impunha-se a 
alguém a obrigatoriedade de manter um determinado comportamento, a requerimento de outra 
pessoa, ou então, promovendo atos executórios, como se dava no sequestro da coisa litigiosa 
(missio in possessionem), a qual era depositada nas mãos de terceiro equidistante das partes, 
na pendência da causa. 
Por outro lado, havia também o iudex (juiz privado) do procedimento formulário e os 
juízes do processo extraordinário, já durante o declínio do Império Romano, os quais estavam 
limitados a elaborar sentenças de cunho meramente declaratório. 
Assim, o processo civil romano regulamentava direitos absolutos por meio das ordens 
emanadas pelos pretores romanos, enquanto os direitos e obrigações disponíveis eram 
amparados pela ação dos juízes privados, onde não havia a admissibilidade de execução 
específica e admitia-se plenamente o contraditório. 
Como se percebe, a tutela não-cautelar satisfativa mostra-se semelhante à tutela 
interdital romana, uma vez que nesta o pretor antecipava a execução ou o próprio 
mandamento no próprio processo de conhecimento, por meio de medida liminar e 
independente de processo autônomo, com prévio conhecimento das alegações do autor, se 
realizadas em consonância com o édito. 
Neste sentido, no tocante às tutelas de urgência, Bedaque (2001, p. 31) afirma que 
13 
 
“havia o número de doze, estando dez dessas modalidades de medidas urgentes insertas nas 
Pandectas
2
 de Ulpiano e Paulo.” 
Na mesma linha, sendo antecedentes do processo cautelar moderno, Bedaque aponta a 
manus iniectio (ação de execução empregada para que o condenado quitasse sua dívida ou 
reconhecesse o direito do autor) e a pignoris capio (ação utilizada para recebimento de certas 
dívidas), respectivamente, as quais eram relacionadas com a confissão de dívida e 
apossamento de coisa do devedor. 
O processo caracterizado pela celeridade e voltado para tutelar situações emergenciais 
surgiu a partir do direito romano, tendo o Direito Canônico ampliado a sua utilização, nas 
hipóteses que envolvessem a posse de direitos pessoais. 
No Direito Canônico, passada a clássica concepção romana, iniciou-se o uso do 
mecanismo sumário dos interditos em questões relativas às possessórias, e, a partir do século 
XIII, em parte da Europa (da Espanha à Alemanha), enquanto ordens judiciais liminares para 
tutela de interesse reclamado. 
Tais medidas já comportavam em si os fundamentos basilares das medidas cautelares, 
quais sejam o periculum in mora e o fumus boni juris, uma vez que podiam ser expedidos 
com ou sem cláusula de justificativa. 
O que levou a esta redescoberta da interdital romana no final da Idade Média, início do 
Renascentismo, foi o surgimento de novas modalidades de relação jurídica, oriundas de novos 
conflitos de interesses e da necessidade de suprir novas necessidades de direito material. 
Relata a doutrina que os interditos romanos são antecedentes das medidas cautelares, 
já que se assemelham ao que são atualmente as liminares, como modalidade de tutela 
provisória. Contudo, diferem da medida não-cautelar satisfativa, pois, contrário a esta, podiam 
satisfazer definitivamente as necessidades de direito substancial. 
No documento conhecido como Lei das XII Tábuas, foram encontrados o addictus e o 
nexus, como sendo tipos de tutelas autônomas parecidas com as cautelares. No primeiro, 
localizado na Tábua III, constava a disposição legal que permitia manter o devedor preso, por 
até sessenta dias, a fim de garantir o crédito por ele devido. Se não houvesse o pagamento, 
havia a possibilidade de conversão da medida cautelar em executiva, podendo o devedor ser 
vendido como escravo ou morto. Já o segundo, relatava a submissão espontânea do devedor 
ao credor, de modo que aquele era liberado após pagar a este por meio de prestação de 
______________ 
2
 Pandectas é o nome grego de Digesto, ou seja, a compilação de fragmentos das obras de autores romanos 
realiza no período de Justiniano. Já Digesto, do latim digero significa dispor, ordenar. Assim. Digesto é o que 
está disposto, ordenado. 
14 
 
serviços. 
Nota-se, então, que a tutela cautelar originou-se da necessidade de garantir o direito 
material, enquanto previsão estabelecida por pacto entre as partes com o intuito de assegurar o 
cumprimento das obrigações. 
Este período histórico do processo civil, especialmente em relação ao processo 
cautelar, ficou conhecido como sendo das legis actiones, ou seja, época em que as partes 
litigantes se valiam das ações previstas na Lei da XII Tábuas para pleitear suas ações e não 
seus direitos. 
Já no direito intermédio, a cautio não era mais sinônimo de cautela, mais de medidas 
cautelares específicas, como penhora e a imissão do credor na posse de alguma de seu 
devedor ou de terceiro. 
No Código Afonsino, em Portugal, o arresto foi disciplinado como medida de 
segurança, mantendo, todavia, a visão primitiva de medida de coerção pessoal para assegurar 
a presença do demandado nos atos processuais ou caso o réu se negasse a garantir o juízo ou 
não existem bens garantidores de futura execução, necessitando o magistrado de prévio 
conhecimento do caso. 
As Ordenações Manuelinas do século XVI, também de Portugal, trasladaram a regra 
anterior, o que foi passado também às Ordenações Filipinas, que vigeram no Brasil até 1.850, 
época em que o arresto ou embargo passou a ser tratado no Regulamento Imperial, dando 
maior relevância ao elemento cautelar. 
Contudo, no século XIX era possível observar que o entendimento de juristas luso-
brasileiros espelhava a convenção entre a lei e as propostas de juristas italianos, 
particularmente Carnelutti, o qual juntamente com Chiovenda e Calamandrei, formulou o 
ponto fundamental do processo cautelar no âmbito de prevenção da função jurisdicional, 
como se apresenta da atualidade. 
Dentre as posições divergentes a respeito das cautelares, estes três juristas italianos se 
fizeram notáveis por elaborarem as diretrizes do processo cautelar como uma modalidade 
autônoma de prestação jurisdicional, diferenciando-o dos processos de conhecimento e 
execução. 
Giuseppe Chiovenda formulou sua teoria a respeito do processo cautelar, na qual 
afirmou que as medidas cautelares eram consideradas como ações asseguradoras, lastreadas 
nas necessidades de proteção do direito. Segundo Adriana de Jesus Guilhen (2008, p. 2) o 
próprio Chiovenda considerava a medida cautelar como ação asseguradora, sendo “a medida 
provisória correspondente à necessidade efetiva e atual de afastar o temor do dano jurídico.” 
15 
 
Chiovenda (1936), desta forma, condicionou a expedição de uma cautelar ao temor de 
um possível dano jurídico a um direito ou a um possível direito. Acredita-se, todavia, que 
Chiovenda teve uma visão incompleta a respeito do conceito das cautelares, vez que havia 
outras medidas processuais capazes de evitar o dano jurídico, sem, contudo, pertencerem à 
categoria das cautelares, como exemplo, a arrecadação dos bens do ausente. Acredita-se, 
ainda, que faltou complementar o conceito das cautelares no sentido que a concessão de tal 
medida está diretamente ligada ao receio de dano proveniente do periculumin mora na 
prestação da tutela estatal. 
Após Chiovenda, Piero Calamandrei foi o estudioso que caminhou a passos largos na 
sistematização dos provimentos cautelares, eis que afirmou uma de suas principais 
características: a instrumentalidade. No entender de Calamandrei (1936), os provimentos 
cautelares não constituíam um fim em si mesmos, vez que asseguravam preventivamente uma 
providência ulterior definitiva. Daí a idéia do seu surgimento com fim instrumental ou 
subsidiário à ação principal, pois se esta surge com o fim de realizar o direito do autor, aquela 
é utilizada já se prevendo sua substituição por uma medida definitiva. 
Calamandrei
3
 (1936, s.p. apud Humberto Theodoro Júnior, 1988, p. 51) afirma que 
 
nas medidas cautelares, mais que a finalidade de atuar o direito, existe a finalidade 
de imediata de assegurar a eficácia prática da providência definitiva, que por sua 
vez, servirá para atuar o direito. A tutela cautelar é, em relação ao direito 
substancial, uma tutela mediata; mais que a fazer justiça, contribui para garantir o 
eficaz pronunciamento da Justiça. 
 
Para afirmar seu caráter instrumental, Calamandrei
4
 (1936, s.p. apud Castro Villar, 
1971, p. 53) asseverou que 
 
Se todas as providências jurisdicionais são um instrumento de direito substancial, 
que se atua através delas, nas providências cautelares se encontra uma 
instrumentalidade qualificada, ou seja, elevada, por assim dizer, ao quadrado; são, 
com efeito, de uma maneira inevitável, um meio predisposto para o melhor êxito da 
providência definitiva, que, a sua vez, é um meio para atuação do direito, isto é, são, 
em realidade, a finalidade última da função jurisdicional, instrumento do 
instrumento. 
 
Conforme se depreende do entendimento de Humberto Theodoro (1988, p. 52), não ter 
colocado as medidas cautelares como nova espécie de prestação jurisdicional, ao lado dos 
processos de conhecimento e execução é considerada a falha de Calamandrei. Ele entendia, 
______________ 
3
 CALAMANDREI, Piero. Introduzione allo studio sistematico dei provvedimenti cautelari. Pádua: [s.n.], 1936. 
4
 Cf. VILLAR, Willard de Castro. Medidas Cautelares. São Paulo: [s.n.], 1971, p. 53. 
16 
 
sem sair da seara processual, que a as cautelares deveriam ser definidas observando-as 
teleologicamente, ou seja, não na qualidade de seus efeitos, mas sim, nos fins a que seus 
efeitos estão colimados. 
Mais uma vez é outro italiano que dá às medidas cautelares visão mais avançada. 
Contudo, Francesco Carnelutti foi quem delineou as medidas cautelares com visão 
mais avançada, compreendendo a ação cautelar, a priori, como aquela que produzia a 
sistematização de fato durante a lide, concebendo-a posteriormente como composição 
provisória da lide. Em seguida, essa visão foi substituída pelo entendimento que a cautelar 
servia para tutelar o processo, garantindo não só os meios do processo definitivo, mas a 
utilidade prática do processo definitivo. 
Theodoro Júnior (1988, p. 52) afirma que Carnelutti alcançou a perfeita concepção do 
processo cautelar, entendendo que seu fim seria assegurar “o equilíbrio inicial das partes”, ou 
seja, a cautelar se destina a “evitar no limite do possível, qualquer alteração no equilíbrio 
inicial das partes, que possa derivar da duração do processo.” 
Além disso, posicionou o processo cautelar como sendo uma modalidade apta a 
realizar um dos fins da jurisdição (a prevenção), sendo o terceiro gênero do processo 
contencioso, ao lado dos processos cognitivo e executório. 
Seu posicionamento doutrinário teve, também, o condão de libertar a medida cautelar 
da equivocada concepção de que esta seria uma forma de antecipação provisória da tutela 
definitiva. Tal entendimento colocou o processo cautelar como instrumento de realização da 
jurisdição, ou seja, um meio hábil para garantir o exercício eficiente do monopólio da Justiça. 
A afirmação de Carnelutti
5
 (1958, s.p. apud Humberto Theodoro, 1988, p. 53) foi categórica, 
ao dizer que a tutela cautelar existe para tornar o processo útil e eficaz, e não para assegurar 
com antecipação um suposto direito das partes. 
 
 
2.3 Definição de Medida Cautelar 
 
 
A medida cautelar é um instrumento processual com respaldo constitucional (artigo 5º, 
inciso XXXV, da CF/88), com a finalidade precípua garantir e prevenir a eficácia e a 
efetividade do processo principal, apartando os riscos advindos da demora no trâmite 
______________ 
5
 CARNELUTTI, Francesco. Diritto e Processo. Nápoles: [s.n.], 1958, p. 355. 
17 
 
processual. É tutela preventiva que, ante o fumus boni juris e o periculum in mora, pode ser 
pleiteada pelas partes, quer preventivamente (antes do processo principal) quer 
incidentalmente (no decorrer do processo principal), buscando-se assim, atender aos fins 
colimados pelo processo, evitando prejuízo para as partes quando da prolação da sentença de 
mérito. 
Dentre a variedade de conceitos a respeito do tema, Rocco
6
 (1977, p. 55-56 apud 
Humberto Theodoro, 2007, p. 540) conceitua medidas cautelares como “meios pelos quais, 
diante de uma situação perigosa, o direito processual elimina a possibilidade ou probabilidade 
de um dano.” 
Mais abrangente, todavia, é considerado o conceito de Theodoro Júnior (2007, p.540), 
que definiu medidas cautelares como 
 
a providência concreta tomada pelo órgão judicial para eliminar uma situação de 
perigo para direito ou interesse de um litigante, mediante conservação do estado de 
fato ou de direito que envolve as partes, durante todo o tempo necessário para o 
desenvolvimento do processo principal. Isto é, durante todo o tempo necessário para 
a definição do direito no processo de conhecimento ou para realização coativa do 
direito do credor sobre o patrimônio do devedor, no processo de execução. 
 
 
2.4 Definição de Antecipação dos Efeitos da Tutela 
 
 
Como modalidade de medida de urgência, o ordenamento jurídico pátrio prevê, além 
das medidas cautelares, a antecipação dos efeitos da tutela. Este instituto jurídico é pleiteado 
na peça exordial, e se consubstancia na antecipação do próprio direito requerido pela parte no 
pedido principal. 
É uma medida não-cautelar satisfativa, pois antecipa ao requerente aquilo que lhe seria 
concedido após a instrução e julgamento do feito pelo juízo monocrático. Para sua concessão 
deve haver prova inequívoca daquilo que é pleiteado pela parte requerente, além do 
convencimento do magistrado da verossimilhança das alegações. Porém, sua concessão, que 
pode ser conferida liminarmente ou no curso do processo, está diretamente ligada à 
possibilidade de ser revertida a decisão que tenha concedido a antecipação, bem como a 
possibilidade de revogação ou modificação, a qualquer tempo, por meio de decisão judicial 
fundamentada. 
______________ 
6 ROCCO, Ugo. Tratado de Derecho Procesal Civil. [S.l.:s.n], 1977, vol. V, p. 55-56. 
18 
 
Wambier (2000, p. 30) conceitua tutela antecipada dizendo que “trata-se de tutela 
satisfativa no sentido de que o que se concede liminarmente coincide, em termos práticos e no 
plano dos fatos (embora reversível e provisoriamente) com pleiteado principaliter.” 
O conceito de Nery Júnior e Andrade Nery (1997, p. 546) é mais bem visto na 
comunidade jurídica e se traduz em 
 
providência que tem natureza jurídica mandamental, que se efetiva mediante 
execução lato sensu, com o objetivo de se entregar ao autor, total ou parcialmente, a 
própria pretensão deduzida em juízo ou os seus efeitos. É tutela satisfativa no plano 
dos fatos, já que realiza o direito, dando ao requerente o bem da vida por ele 
pretendido com a ação de conhecimento. Com a instituiçãoda tutela antecipatória 
dos efeitos da sentença de mérito no direito brasileiro, de forma ampla, não há mais 
razão para que seja utilizado o expediente das impropriamente denominadas 
„cautelares satisfativas‟ que constitui em si uma contradictio in terminis, pois as 
cautelares não satisfazem: se a medida é satisfativa, é porque, ispo facto, não é 
cautelar. É espécie do gênero das tutelas diferenciadas. 
 
 
3 O PROCESSO CAUTELAR 
 
 
Na teoria, o Estado-Juiz deveria realizar a prestação da tutela jurisdicional por meio 
dos processos de conhecimento e de execução. O primeiro seria aquele por meio do qual se 
pleiteia um pronunciamento jurisdicional, onde o magistrado aplica à situação fática o direito 
correspondente. Já o segundo seria aquele por meio do qual se realiza ou efetiva-se um direito 
advindo de um mandamento judicial ou de um documento cuja lei atribua força e eficácia 
análogas a de uma sentença judicial. 
Contudo, qualquer que seja a prestação jurisdicional pretendida, não pode ser provida 
instantaneamente, ante a grande quantidade de atos que se fazem necessários para o 
desenvolvimento e solução da relação jurídica processual. 
Assim, não bastasse ao Estado o dever de prestar ao jurisdicionado a tutela pretendida, 
ele teve que criar e colocar à disposição de todos um instrumento jurídico-processual por 
meio do qual se pudesse contornar os efeitos danosos do tempo sobre o processo. 
Por isso, a fim de assegurar a permanência ou conservação do estado das pessoas, 
coisas e provas, enquanto não alcançado o último estágio da prestação jurisdicional, surgiu o 
processo cautelar, como um terceiro gênero de tutela jurídica estatal, o qual é destinado a 
garantir a eficácia e utilidade do processo principal. 
Logo, apesar de ser um tertium genus, uma nova face da jurisdição, é um processo 
acessório com o fito de obter medidas urgentes, necessárias ao bom desenvolvimento de outro 
processo de conhecimento ou execução, chamado de principal. Desta forma, seu fim não é 
satisfazer a pretensão da parte, mas viabilizar a sua satisfação, resguardando o processo 
principal dos percalços a que está sujeito. 
 
 
3.1 Natureza Jurídica 
 
 
Como tertium genus ao lado dos processos de conhecimento e execução, o processo 
cautelar é de natureza jurídica preventiva, ou seja, tem a incumbência de resguardar o 
processo principal (visto como meio de resolução das lides levadas a conhecimento do 
Estado), de modo a garantir sua eficácia e utilidade, bem como seu resultado prático. 
Assim, medida preventiva não satisfativa que é, o processo cautelar deve ser visto 
20 
 
como aquele destinado a conservar as situações necessárias para que o processo principal 
resultado realmente útil. 
Desta forma, a essência do processo cautelar está na cautelaridade, que seria a série de 
medidas adotadas para consecução da atividade jurisdicional de realizar o direito por meio dos 
processos de execução e conhecimento. 
 
 
3.2 Requisitos Específicos para Concessão das Medidas Cautelares 
 
 
Assim como as demais ações apresentadas ao Poder Judiciário, a medida cautelar 
pleiteada em juízo deverá preencher todas as condições genéricas da ação (legitimidade das 
partes, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido), bem como os pressupostos 
processuais de existência, validade e os negativos. 
Porém, para concessão de providência de natureza cautelar, se faz necessária a 
presença de dois requisitos específicos, sem os quais se torna inviável a concessão da cautelar. 
São eles o fumus boni iuris e o periculum in mora. 
O termo jurídico fumus boni iuris traduz-se, segundo a doutrina, em fumaça do bom 
direito, aparência de bom direito, sendo correlato às expressões conhecimento prévio, 
incompleto, não exauriente. É a plausibilidade do direito material invocado por quem pleiteie 
segurança. Desta forma, não se faz necessário comprovar claramente a existência do direito 
subjetivo em risco, vez que para merecer tutela cautelar, o direito em perigo deve revelar-se 
apenas como interesse que justifica o direito de ação, ou seja, previsto e amparado pela lei, na 
forma de direito subjetivo do qual o requerente se entenda titular. 
Em palavras diferentes da acepção doutrinária, o atual Código de Processo Civil dispõe sobre 
o fumus boni iuris: “Art. 801 – O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, 
que indicará: [...] IV – a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão.” 
(BRASIL, CPC, 1973, [s.p.]). 
Assim, ante a urgência característica do processo cautelar, o magistrado se contenta 
com a aparência do direito invocado (fumus boni iuris), não podendo exigir prova inequívoca 
do direito alegado ou de perigo que ameace a pretensão da parte requerente. 
O periculum in mora (perigo da demora, perigo de dano) é o fundado receio 
demonstrado pela parte de que, enquanto aguarda o provimento jurisdicional de mérito (tutela 
definitiva), possam faltar as condições de fato necessárias ao exaurimento do pedido 
21 
 
requerido na inicial. Portanto, o perigo de dano diz respeito ao interesse processual na 
obtenção da justa composição da lide, quer seja em favor de uma ou outra parte. 
Nas palavras de Theodoro Júnior, (2007, p. 476) “esse dano corresponde, assim, a uma 
alteração na situação de fato existente ao tempo do estabelecimento da controvérsia – ou seja, 
do surgimento da lide – que é ocorrência anterior do processo.” 
O artigo 798 do Código de Processo Civil vem corroborar a atuação do juiz por meio 
do poder geral de cautela, no que diz respeito ao dano, devendo este ser fundado, próximo, 
grave e de difícil reparação. 
Haverá fundado receio de dano quando o receio estiver ligado a uma situação fática, 
concreta, a qual não esteja atrelada à situação particular de dúvida ou temor pessoal. A 
iminência do dano esta ligada a uma lesão que provavelmente deve acontecer no curso do 
processo principal, antes da resolução do mérito. 
Por derradeiro, o dano temido, que justifica a tutela cautelar, deve ser a um só tempo 
grave e de difícil reparação, vez que tais adjetivos se complementam, posto que para ter-se 
como grave uma lesão jurídica é necessário a irreparabilidade ou dificuldade na reparação de 
sua consequência. 
 
 
3.3 Características do Processo Cautelar 
 
 
As medidas cautelares são dotadas de algumas características peculiares, as quais 
deixam em evidência seu caráter de tutela de urgência. Dentre as várias características 
apontadas pela doutrina, há um consenso sobre as seguintes: 
 a) Autonomia: nos termos do artigo 810 do CPC, o processo cautelar pressupõe a 
existência de um processo principal, preexistente ou a ser ajuizado, ao qual está diretamente 
ligado, vez que seu fim é resguardar uma pretensão que está ou será posta em juízo. Todavia, 
sua finalidade e seu procedimento são autônomos, sendo sua finalidade distinta daquela do 
processo principal, já que no processo cautelar não se poderá postular a satisfação de uma 
pretensão. Nada obsta a prolação de sentença favorável na cautelar e desfavorável na 
principal, e vice-versa. Contudo, tal autonomia é relativa, pois a extinção da ação principal 
implicará na extinção da ação cautelar, que dela é dependente. Já a extinção da cautelar não 
ensejará na extinção da ação principal, podendo esta seguir seu trâmite regular. 
b) Instrumentalidade: o processo cautelar, quando assegura o resultado prático de 
22 
 
outro processo, quer cognitivo, quer executivo, não se presta a si mesmo, ou seja, não tem um 
fim em si mesmo, servindo e tutelando outro processo. Desta feita, por ser o meio que procura 
resguardar o bem da vida, objeto do provimento final,tal medida é qualificada como 
instrumento do instrumento, vez que o processo principal serve para tutela do direito material, 
ao passo que o cautelar serve a tutela do processo. 
c) Urgência: sendo uma das espécies do gênero das tutelas de urgência, somente 
deverá ser requerida em situação de risco ou perigo que deva ser afastado de imediato ou em 
curto espaço de tempo, ante o risco oferecido à pretensão. 
d) Sumariedade de Cognição: não se pode exigir, ante a urgência característica do 
processo cautelar, a prova inequívoca da existência do direito alegado, nem mesmo a prova 
inequívoca da existência do perigo de dano. Basta a aparência, o fumus boni iuris, tanto do 
direito como do perigo que o ameaça, para concessão da medida. Há, ainda, situações em que 
a medida deve ser concedida inaudita altera pars, quando não diz respeito somente ao direito 
alegado pelo autor, mas também ante a existência do perigo. 
e) Provisoriedade: temporárias por natureza, as medidas cautelares serão substituídas 
por medidas definitivas em tempo oportuno. A medida é concedida levando-se em conta o 
momento processual e o estado daquilo que se queira tutelar, sendo seu provimento sempre 
provisório. 
f) Revogabilidade: Caso seja finalizado o processo principal, termina a utilidade da 
cautelar concedida, a qual é substituída por medida definitiva decidida na sentença de mérito. 
Todavia, as cautelares podem ser revogadas ou modificadas, conforme artigos 805 e 807do 
CPC, persistindo somente enquanto perdurem os motivos que ensejaram a sua concessão. 
g) Inexistência de coisa julgada material: nas ações cautelares o juiz não declara ou 
reconhece, em caráter definitivo, o direito do qual o autor se afirma titular, limitando-se a 
reconhecer a existência da situação de perigo, determinando as providências necessárias para 
afastá-lo. Apesar da sentença nas ações cautelares não ser revestida da autoridade da coisa 
julgada material, não é possível fazer novo pedido com base no mesmo fundamento jurídico 
(ne bis in idem), nos termos do parágrafo único do artigo 808 do CPC. Há, todavia, uma 
exceção a ser considerada, a qual acontece quando o juiz declara em sentença no 
procedimento cautelar a ocorrência da prescrição ou decadência, situação na qual o veredito 
judicial fará coisa julgada material. 
h) Fungibilidade: é a prerrogativa legal que permite ao juiz conceder medida cautelar 
diversa daquela pleiteada pela parte, desde que lhe pareça mais adequada para proteger o 
direito da parte. A aplicação da fungibilidade das cautelares ocorre pelo fato de não se estar 
23 
 
analisando o direito material das partes, e sim a eficácia do processo principal, uma vez que 
possa se configurar situação em que haja fundado receio que uma das partes possa causar ao 
direito da outra lesão grave e de difícil reparação. 
 
 
3.3.1 O poder geral de cautela 
 
 
Theodoro Júnior (2007, p. 481) ensina que “ao regular o poder cautelar do juiz, a lei, 
segundo a experiência da vida e a tradição do direito, prevê várias providências preventivas, 
definindo-as e atribuindo-lhes objetivos e procedimentos especiais.” Desta forma, pode-se 
entender o poder geral de cautela como a prerrogativa que a norma defere aos juízes para que 
estes, ante determinadas situações que ofereçam risco à eficácia e utilidade do processo 
principal, possam agir de forma a coibi-las, garantindo a finalidade da jurisdição. Para este 
fim, o magistrado poderá autorizar ou vedar a prática de determinados atos. 
O Código de Processo Civil prevê expressamente a existência do poder geral de 
cautela e situações nas quais este deve incidir: 
 
Art. 798 – Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula 
no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que 
julgar adequadas, quando houve fundado receio de que uma parte, antes do 
julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação. 
(BRASIL, CPC, 1973, [s.p.]). 
 
Este poder geral que tem o magistrado para atuar no processo cautelar, bem como nos 
demais procedimentos judiciais que visem a prestação da tutela jurisdicional, se justifica pelo 
simples fato de que o legislador não poderia, ao tempo da elaboração da norma, prever todas 
as hipóteses em que os bens juridicamente tuteláveis poderiam estar envolvidos quando 
objetos de demanda judicial. 
Segundo Greco Filho (2006, p.169), 
 
O poder cautelar geral do juiz atua como poder integrativo da eficácia global da 
atividade jurisdicional. Se esta tem por finalidade declarar o direito de quem tem 
razão e satisfazer esse direito, deve ser dotada de instrumentos para a garantia do 
direito enquanto não definitivamente julgado e satisfeito. 
 
O entendimento de Vicente Greco é complementado por Câmara (2004, p. 47) para 
quem 
24 
 
O poder geral de cautela é, portanto, um poder atribuído ao Estado-Juiz, destinado a 
autorizar a concessão de medidas cautelares atípicas, assim compreendidas as 
medidas cautelares que não estão descritas em lei, toda vez que nenhuma medida 
cautelar típica se mostrar adequada para assegurar, no caso concreto, a efetividade 
do processo principal. Trata-se de poder que deve ser exercido de forma subsidiária, 
pois que se destina a completar o sistema, evitando que fiquem carentes de proteção 
aquelas situações para as quais não se previa qualquer medida cautelar típica. 
 
O poder geral de cautelar, entretanto, não está restrito a ser utilizado somente como 
forma de prevenir que as partes possam causas lesão a outra, podendo ser utilizado contra 
terceiro, bem como contra os efeitos de fenômenos da natureza, que possam representar 
perigo de dano ou lesar o objeto demandado no processo principal. 
Greco Filho (2006, p. 170) mais uma vez ensina que 
 
O poder geral de cautela do juiz atua sob duas formas: a) quando a parte, presentes 
os pressupostos, requer a instauração, preventiva ou incidental, de processo cautelar, 
pleiteando medida não prevista no rol legal e, portanto, chamada de inominada; b) 
nos próprios autos do processo de conhecimento ou de execução, quando uma 
situação de emergência exige a atuação imediata do juiz independentemente de 
processo cautelar e mesmo de iniciativa da parte. 
 
 
3.4 Procedimento Cautelar 
 
 
A partir do artigo 796 do atual Código de Processo Civil, têm-se as disposições 
relativas à instauração do procedimento cautelar. Nele estão dispostas as possibilidades de 
instauração da medida cautelar, as quais podem ser pleiteadas antes do início do processo 
principal ou no curso deste, diretamente ao juiz competente para o processo principal, o qual 
terá competência funcional e absoluta para conhecer da ação cautelar, salvo se o processo 
principal se encontrar no Tribunal para julgamento de recurso, situação na qual a cautelar será 
pleiteada diretamente ao Tribunal. 
O artigo 801 do CPC dispõe quais são os requisitos da petição inicial da ação cautelar, 
os quais devem ser observados sem prejuízo das disposições gerais previstas no artigo 282 e 
seguintes do CPC. 
Art. 801 – O requerente pleiteará medida cautelar em petição escrita, que indicará: 
 
I – a autoridade judiciária, a que for dirigida; 
II – o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido; 
III – a lide e seu fundamento; 
IV – a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão; 
V – as provas que serão produzidas. 
 
25 
 
Parágrafo único: Não se exigirá o requisito do n. III senão quando a medida cautelar 
for requerida em procedimento preparatório. (BRASIL, CPC, 1973, [s.p.]). 
 
Nas ações cautelares, o réu será citado para contestar a ação no prazo de05 (cinco) 
dias, indicando as provas que pretende produzir, correndo tal prazo da juntada aos autos do 
mandado devidamente cumprido ou da execução da medida cautelar, quando requerida e 
concedida liminarmente ou após justificação prévia (art. 802, § único, incisos I e II, do CPC). 
Distribuída a inicial é citado o réu, e caso este não conteste a exordial no prazo 
legalmente previsto, ocorrerá a revelia (artigos 285 e 319 do CPC), devendo o magistrado 
resolver a lide em 05 (cinco) dias. Caso o requerido conteste a inicial, o juiz designara 
audiência de instrução, havendo prova a ser produzida. 
Por ordem do magistrado ou a pedido de qualquer das partes, poderá haver a 
substituição da cautelar concedida por caução ou outra forma de garantia que seja menos 
gravosa ao requerido, contanto que seja adequada e bastante para evitar a lesão ou repará-la 
inteiramente. 
Quando a medida cautelar for concedida por meio de procedimento preparatório, 
aquele a quem a medida aproveitar deverá instaurar a ação principal no prazo decadencial de 
30 (trinta) dias, a contar da efetivação da cautelar concedida. Todavia, embora a medida 
concedida conserve sua eficácia durante os 30 (trinta) dias de prazo ou no curso do processo 
principal, nada obsta que elas sejam, a qualquer tempo, revogadas ou modificadas. 
Nestes casos a cautelar perderá sua eficácia caso o juiz declare extinto o processo 
principal, se não for executada em 30 (trinta) dias ou se a ação principal não for proposta no 
prazo de 30 (trinta) dias, conforme artigo 806 do CPC (art. 808 do CPC). 
O legislador, porém, resguardou à parte requerente a possibilidade de requerer 
novamente a concessão de cautelar, repetindo inclusive o mesmo pedido, desde que novo o 
fundamento jurídico por ela alegado, quando cessar a eficácia cautelar anteriormente 
concedida, seja qual for o motivo. 
Todavia, clara é à disposição do artigo 807, § único, no qual está disposto que a 
cautelar concedida permanecerá eficaz, mesmo que suspenso o processo principal, 
ressalvando-se decisão judicial em contrário. 
Caso haja o indeferimento da cautelar pleiteada, em nada obstará que a parte ajuíze a 
ação principal ou, então, no resultado desta. Entretanto, ressalve-se que, se o juiz reconhecer a 
prescrição ou a decadência do direito do autor, no procedimento cautelar, restarão fulminadas 
as pretensões do autor quer na cautelar, quer no processo principal. 
A ação cautelar será extinta, normalmente, pela consecução do seu fim precípuo, ou 
26 
 
seja, quando cessar a necessidade pela qual ela tenha sido concedida. Poderá, também, ser 
extinta de forma anômala, como acontece quando a parte requerente não ajuíza a ação 
principal no prazo previsto no artigo 806 do CPC, por inexecução da medida no prazo de 30 
(trinta) dias, quando o processo principal for extinto ou, ainda, por desistência da ação, nos 
termos do artigo 267, inciso VIII, do CPC. Percebe-se, assim, que algumas das formas de 
extinção da cautelar são também razões que a torna ineficaz. 
Os recursos cabíveis nas ações cautelares são a apelação, o agravo de instrumento, o 
recurso extraordinário e o recurso especial. A apelação será cabível quando a cautelar for 
encerrada por sentença que acolher ou rejeitar o pedido de medida preventiva, ou ainda, 
quando for extinta por inocorrência de condições da ação ou de pressupostos processuais. 
Contudo, a apelação no processo cautelar terá apenas efeito devolutivo, ressalvada a hipótese 
da sentença que condenar a Fazenda Pública a promover, reclassificar ou equiparar 
servidores, bem como conceder aumento ou extensão de vantagens aos servidores, situação na 
qual a apelação terá também o efeito suspensivo. 
O agravo, na forma retida ou de instrumento, pode ser utilizado no processo cautelar 
quando a decisão agravável deferir ou denegar medida cautelar por meio de liminar inaudita 
altera pars, determinar medidas cautelares ex officio, impor caução como forma de 
contracautela ou autorizar outra medida em substituição. Todavia, a interposição do agravo 
não obsta a imediata execução ou cumprimento da decisão agravada. 
Quanto ao agravo retido, cabível nas cautelares, a forma realmente útil é a do agravo 
de instrumento, devido à urgência e gravidade comuns às medidas preventivas. 
Não se admite recurso extraordinário ao STF no processo cautelar, salvo se houver à 
Constituição Federal. Divergências com súmulas do STF ou de relevância da questão federal 
não mais autorizam a interposição do recurso extraordinário, conforme artigo 102, inciso III, 
da Constituição Federal. 
No tocante ao recurso especial, o STJ tem admitido sua interposição após o 
julgamento no segundo grau de jurisdição (Tribunais de Justiça ou Tribunais Regionais 
Federais), quando na ação cautelar o acórdão enquadrar-se em uma das situações do artigo 
105, inciso III, da Constituição Federal. 
Salienta-se, finalmente, que os autos da ação cautelar deverão ser apensados aos do 
processo principal, por força do artigo 809 do CPC. 
 
 
 
27 
 
3.5 Cautelares Nominadas ou Típicas 
 
 
Dentro dos limites da legalidade e valendo-se da experiência adquirida com a 
vivência, o legislador instituiu medidas cautelares para assegurarem a utilidade fim das tutelas 
cognitiva e executória. Assim, tem-se a partir do artigo 813 do CPC as chamadas cautelares 
nominadas ou típicas, as quais se consubstanciam em instrumentos processuais destinados a 
tutelar e salvaguardar o processo principal em face de situações peculiares. 
As cautelares nominadas previstas no CPC são: 
 a) Arresto – É a providência cautelar que tem por fim apreender judicialmente bens 
penhoráveis indeterminados do patrimônio do devedor, como forma de garantir futura ação de 
execução por quantia certa, evitando que o devedor dilapide seu patrimônio antes que o credor 
possa penhorar-lhe bens bastantes para satisfação de seu crédito. Desta forma, não constitui 
antecipação de penhora, mas medida de caráter protecionista aos bens suficientes para 
garantia de futura execução por meio de penhora ou arrecadação, caso se trate de insolvência. 
O artigo 813 do CPC traz um rol exemplificativo e não taxativo de situações onde é 
possível a utilização do arresto. 
 
Art. 813 – O arresto tem lugar: 
 
I – quando o devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou alienar os bens que 
possui, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado; 
II – quando o devedor, que tem domicílio: 
a) se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente; 
b) caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que possui; contrai ou tenta 
contrair dívidas extraordinárias; põe ou tenta por os seus bens em nome de terceiros; 
ou comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de frustrar a execução ou lesar 
credores; 
III – quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou 
dá-los em anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e desembaraçados, 
equivalentes às dívidas; 
IV – nos demais casos expressos em lei. (BRASIL, CPC, 1973, [s.p.]). 
 
Para concessão do arresto, deve haver prova literal da dívida líquida e certa 
(equivalente ao fumus boni iuris) e prova documental ou justificação de algum dos casos de 
perigo de dano jurídico mencionados no artigo 813 do CPC (equivalente ao periculum in 
mora). Todavia, será dispensada a justificação prévia quando for pleiteado pela União, Estado 
ou Município, nos termos da lei, ou quando o autor da demanda prestar caução. 
Nos termos do parágrafo único do artigo 814, equipara-se à prova literal da existência 
da dívida líquida e certa, para concessão do arresto (título executivo extrajudicial) a sentença 
28 
 
judicial líquida ou ilíquida, pendente de recurso,na qual o devedor seja condenado a pagar a 
dívida, em dinheiro, ou por meio de prestação que possa ser convertida em dinheiro. 
O arresto poderá ser cautelar ou executivo. No primeiro caso, trata-se de uma ação 
cautelar autônoma, a ser proposta diante do juízo competente para ação principal (ação do 
conhecimento ou execução), quer de maneira preparatória quer de maneira incidental. Já o 
segundo caso, é um mero incidente no processo de execução, o qual é cabível quando o 
executado não é localizado, sendo encontrados pelo oficial de justiça bens que possam 
garantir o débito exequendo. 
Conforme a teoria geral das medidas cautelares, a sentença prolatada no arresto não 
faz coisa julgada na ação principal. Porém, a sentença que julga procedente a lide principal 
tem o condão de converter o arresto em penhora (Art. 817 e 818, CPC). 
A execução do arresto será suspensa desde que o devedor, intimado, pague a dívida ou 
deposite o valor em juízo, juntamente com os honorários e custas processuais arbitrados pelo 
juiz, ou então, dê fiador apto, preste caução garantindo a dívida, os honorários do advogado 
do requerente e custas processuais, conforme exposto no artigo 819 do CPC. 
O arresto cessará pelo pagamento, novação ou transação da dívida. 
 b) Sequestro – É a medida cautelar que tem por escopo assegurar futura execução para 
entrega de coisa, consistindo na apreensão de determinado bem (coisa litigiosa) a fim de que 
seja entregue àquele que tenha sido declarado, por sentença, como vencedor da demanda. 
Conforme artigo 822 do CPC, pode ser concedido, após provocação da parte 
interessada, nos seguintes casos: 
 
Art. 822 – O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o sequestro: 
 
I – de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando lhes for disputada a propriedade 
ou a posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações; 
II – dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicado, se o réu, depois de condenado 
por sentença ainda sujeita a recurso, os dissipar; 
III – os bens do casal, nas ações de desquite e de anulação de casamento, se o 
cônjuge os estiver dilapidando; 
IV – nos demais casos expressos em lei. (BRASIL, CPC, 1973, [s.p.]). 
 
Embora haja pontos comuns entre sequestro e arresto, vez que ambos se tratam de 
medidas cautelares que visam a constrição de bens, assegurando sua conservação até a 
solução definitiva da demanda, há entre eles diferenças de requisitos e consequências. 
Ao contrário do arresto, que visa garantir a execução por quantia certa recaindo sobre 
qualquer bem disponível no patrimônio do credor, podendo tal bem ser penhorado para 
satisfação do crédito do devedor, o sequestro atua na tutela da execução para entrega de coisa 
29 
 
certa, visando sempre um bem especificado, o qual é objeto do processo principal. Não será 
convertido em penhora para futura alienação do bem, garantindo tão somente a entrega do 
bem demandado ao vencedor da ação principal. 
Podendo ser preparatório ou incidental, após o sequestro se faz necessária a nomeação 
de um depositário para os bens sequestrados. Este depositário pode ser nomeado pelo juiz da 
causa, sem prejuízo de que seja nomeada alguma pessoa indicada de comum acordo pelas 
partes, ou então, um dentre os demandantes, desde que possa oferecer maiores garantias e 
preste caução idônea. Os bens sequestrados deverão ser entregues ao depositário após a 
assinatura do termo de compromisso, podendo este solicitar ao juiz que requisite força 
policial, caso haja resistência na entrega dos bens. 
 c) Caução – É a garantia do cumprimento de uma obrigação, prestada pelo próprio 
interessado ou por terceiro, a qual se efetiva com a apresentação de um fiador idôneo ou com 
o oferecimento de bens colocados à disposição do juízo. 
Conforme artigo 826 do CPC, a caução poderá ser real, ou seja, aquela que se dá por 
meio de oferecimento de bens, ou fidejussória, que é aquela efetivada por meio da 
apresentação de um fiador. 
Quando uma caução for determinada no bojo de um processo em curso, não haverá 
necessidade da instauração de procedimento cautelar específico para sua efetivação, podendo 
a caução ser prestada de plano, por meio de determinação do juiz (poder geral de cautela) ou a 
requerimento da parte interessada, devendo o juiz, nesse caso, decidir sobre sua adequação e 
idoneidade. 
Ressalta-se, todavia, que sendo a caução um procedimento preparatório, deverá ser 
instaurada segundo artigo 829 e seguintes do Código de Processo Civil. 
O procedimento cautelar (autônomo) de caução pode ser iniciado por aquele que for 
obrigado a prestá-la, caso em que deverá ser citada a pessoa em favor de quem será dada 
caução, por meio de petição onde deverá constar expressamente o valor a ser caucionado, o 
meio pelo qual será prestada, a estimativa dos bens e a prova da idoneidade do fiador ou 
suficiência da caução. Consequentemente, o réu será citado para, em 05 (cinco) dias, contestar 
o pedido ou aceitar a caução. 
Aquele em cujo favor há de ser dada caução também poderá instaurar procedimento 
autônomo em seu favor. Nesta situação, o interessado requererá a citação da parte adversa 
para, em 05 (cinco) dias, prestá-la (sob pena de incorrer em sanção legal ou contratual para 
sua falta) ou contestar a ação. 
No procedimento cautelar, o magistrado julgará de plano a lide, caso haja aceitação da 
30 
 
caução oferecida ou prestada, se a demanda não for contestada ou se não houver necessidade 
de produção de provas. Caso haja provas a serem produzidas, será designada audiência para 
instrução e julgamento do feito, devendo a sentença ser prolatada 05 (cinco) dias após a 
produção da(s) prova(s). 
Sendo o pedido procedente no processo iniciado por quem deva prestar a caução, 
haverá determinação judicial para que se lavre termo onde conste qual foi a caução oferecida, 
dando-a por prestada. Procedente o pedido em processo iniciado pela pessoa em favor de 
quem deva ser prestada ou dada caução, o juiz fixará prazo para que requerido a apresente, 
sob pena de sanção cominada para sua não apresentação. 
Poderá ser requerido reforço da caução, por meio de petição com pedido justificado 
pelo requerente, caso haja diminuição no valor da caução prestada. Ante tal situação, caso o 
juiz entenda procedente o pedido, assinalará prazo para que a caução seja complementada, sob 
pena de, não havendo reforço pelo requerido, cessarem os efeitos da caução prestada, 
presumindo que o autor tenha desistido da ação ou o recorrente do recurso. 
Há, ainda, a caução às custas ou cautio iudicatum solvi, a qual é uma modalidade de 
caução que pode ser exigida do autor (brasileiro ou estrangeiro) que more fora do Brasil ou 
venha a se ausentar no curso do feito, caso não tenha, aqui, bens imóveis cujo valor seja 
suficiente para assegurar o pagamento de custas e honorários da parte contrária, não podendo 
tal caução ser exigida caso se trate de execução por título extrajudicial ou de reconvenção. 
d) Busca e Apreensão – No entendimento de Pontes de Miranda7 (1959, p.353 apud 
Humberto Theodoro Júnior, 2007, p. 653), “há busca e apreensão sempre que o mandamento 
do juiz é no sentido de que se faça mais do que quando só se manda exibir a coisa para se 
produzir prova ou exercer algum direito e se não preceita o devedor, ou possuidor da coisa, a 
que a apresente.” 
Hoje, pode-se conceituar a busca e apreensão como medida judicial cautelar ou 
principal, que tem a finalidade de procurar, buscar, coisa ou pessoa, apreendendo-a logo que 
encontrada, em função de determinado fim legalmente previsto. 
Nos termos do artigo 839 do CPC, “o juiz pode decretar a busca e apreensão de 
pessoas ou de coisas.” Como pode incidir sobre coisa ou pessoa, a busca e apreensãopode ser 
real ou pessoal. 
Ressalta-se, todavia, que o juiz poderá conceder tal medida por meio do poder geral de 
cautela. Como exemplo, ressalta-se a previsão contida na segunda parte do artigo 362 do 
______________ 
7
 MIRANDA, Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. [S.l.:s.n.], vol. VIII, 1959, p. 353. 
31 
 
Código de Processo Civil, caso haja descumprimento de ordem judicial. 
 
Art. 362 – Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe 
ordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar designado, 
no prazo de cinco dias, impondo ao requerente que o embolse das despesas que 
tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, 
requisitando, se necessário, força policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade por 
crime de desobediência. (BRASIL, CPC, 1973, [s.p.]). 
 
No tocante à natureza da ação, pode ser cautelar ou principal, podendo, quando 
cautelar, ser preparatória ou incidental. Neste caso (CPC, artigos 839 a 843), terá finalidade 
instrumental, ou seja, será destinada à tutela de outro processo, seja este principal ou cautelar. 
Em que pese a possibilidade de se apresentar como meio de execução de outras 
cautelares, como arresto e sequestro, a busca e apreensão tem sua razão de ser fora dos limites 
do arresto e sequestro, complementando o instrumental do juízo cautelar, ante a existência de 
casos em que os bens não se enquadram no âmbito de arresto ou sequestro, havendo, porém, 
necessidade de sua apreensão judicial. 
Caso seja ação principal, a busca e apreensão terá sua finalidade em si mesma, como 
nos casos da busca e apreensão previstos no Decreto-Lei nº 911/69 (alienação fiduciária em 
garantia) e naqueles em que tal demanda é ajuizada para dirimir, definitivamente, o direito à 
posse ou guarda de incapaz. 
Em termos procedimentais, o requerente deve expor na inicial as razões que 
corroborem a concessão da busca e apreensão, bem como a ciência de estar a coisa ou pessoa 
a ser apreendida no lugar designado. Se procedente o pedido, este pode ser concedido 
liminarmente (realizado em segredo de justiça, caso seja indispensável) ou ante justificação 
prévia. 
e) Exibição – Na definição dada por Theodoro Júnior (2007, p. 658), “o direito à 
exibição tende à constituição ou asseguração de prova, ou às vezes ao exercício de um 
simples direito de conhecer e fiscalizar o objeto em poder de terceiro.” 
Prevista nos artigos 844 e 845 do CPC, a ação cautelar preparatória de exibição é 
aquela por meio da qual se pode pleitear a exibição de uma coisa ou documento, seja à parte 
adversária seja contra terceiro. Todavia, não deve ser confundida com a ação autônoma ou 
principal de exibição ou com a exibição incidental. 
A finalidade da cautelar de exibição é permitir ao interessado a obtenção ou 
constatação de determinada informação, conhecendo-as antes de propor a demanda principal. 
Sua finalidade é tipicamente cautelar, eis que busca acautelar a ação principal para que sua 
32 
 
propositura não sofra os riscos peculiares ao exercício infundado de sua pretensão. 
Sendo ajuizada cautelar de exibição, o requerente deverá informar ao magistrado qual 
é a ação que será posteriormente ajuizada, concedendo ao magistrado a possibilidade de 
analisar se a exibição ora requerida tem relevância para propositura e possível resultado da 
ação principal. 
A exibição incidental (artigos 355 a 363 e 381 a 382 do CPC) é medida instrutória, 
tomada no curso do processo, não sendo considerada ação cautelar. 
Quando a ação de exibição for a demanda principal, a simples exibição do documento 
ou coisa deverá ser suficiente para satisfazer as pretensões do autor. Será requerido o direito 
material à exibição, independente de processos pretéritos, em curso ou a serem ajuizados, aos 
quais a ação de exibição pudesse estar relacionada. 
f) Produção Antecipada de Provas – Embora a regra geral seja de que as provas devem 
ser produzidas durante a instrução processual, há situações nas quais a risco de perecimento 
ou desaparecimento do objeto da prova. Ante estas situações poderá ser permitida a produção 
antecipada da prova. 
Com procedimento disciplinado nos artigos 846 a 851 do CPC, a produção antecipada 
de prova poderá ser requerida de modo preparatório ou incidental em relação ao processo 
principal, seja de jurisdição contenciosa ou voluntária. 
Seu fim precípuo consiste em registrar, por meio de prova oral, pericial ou inspeção 
judicial, estado de fato presente que possa influenciar na solução da demanda principal. 
A prova oral poderá ser antecipada quando testemunha ou parte tiver que se ausentar, 
ou quando tenham idade avançada ou moléstia grave, havendo receio de que testemunha ou 
parte já não mais existam ou estejam impossibilitadas de depor no momento processual 
oportuno. 
A antecipação de perícia (ad perpetuam rei memoriam) poderá ser deferida quando 
haja receio de que se torne difícil ou impossível a verificação pericial de determinados fatos, 
documentos ou coisas no curso da ação. 
g) Alimentos Provisionais – Na definição jurídica de Nelson Nery Júnior (1997, p. 
938), alimentos são “[...] tudo aquilo de que alguém necessita para sobreviver, exteriorizado 
em prestações que o alimentante deve ao alimentado com a finalidade precípua de garantir-lhe 
a sobrevivência.” 
Assim, com a finalidade de socorrer o alimentado na pendência da ação principal de 
alimentos, alimentos provisionais podem ser entendidos como sendo aqueles que uma parte 
pede a outra para seu sustento e custeio de gastos processuais, enquanto perdurar a demanda. 
33 
 
Tem seu procedimento disciplinado entre os artigos 852 e 854 do Código de Processo 
Civil. 
A competência para concessão destes alimentos será do juízo de primeiro grau, 
podendo estes serem pleiteados de forma preparatória ou incidental em ação de alimentos, 
investigação de paternidade, separação judicial, anulação de casamento, entre outras. 
Os alimentos poderão ser prestados por parente do alimentante (ascendentes, 
descendentes ou irmãos) ao alimentado, caso o requerido não possa ou não queira prestá-los. 
Não devem ser prestados cumulativamente com alimentos provisórios concedidos com 
base na Lei nº 5.478/68, eis que esta prevê rito especial. Também não devem ser cumulados 
com alimentos concedidos em ação de alimentos processada pelo rito ordinário, por meio de 
liminar ou antecipação dos efeitos da tutela. 
Neste sentido, observa-se que a cautelar de alimentos provisionais difere da ação 
principal pelos seguintes aspectos: 
a) é instrumento acessório de uma demanda principal; 
b) visa prevenir que a falta de alimentos prejudique o outro pedido; 
c) não é satisfativa, vigendo somente até o término da ação principal. 
h) Arrolamento de Bens – É a medida cautelar que tem por fim deixar registrada a 
existência de determinados bens, podendo ser utilizada por todo aquele que tenha interesse em 
sua conservação. Está disciplinado entre os artigos 855 e 860 do Código de Processo Civil. 
Tem como objetivo a conservação de bens que corram risco de extravio ou 
dilapidação, frustrando, assim, o cumprimento de determinada obrigação. 
Pode ser preparatório ou incidental, tendo como pressuposto o fundado receio 
(periculum in mora) de que possam ser dissipados ou extraviados bens que se queira 
conservar. 
O interesse do requerente pode resultar de direito pré-constituído ou que venha ser 
declarado por sentença, sendo permitido aos credores requerer arrolamento somente quando 
tiver lugar a arrecadação da herança (CPC, art. 856, §§ 1º e 2º). 
Caso o juiz fique convencido da veracidade das alegações do requerente sobre o 
efetivo

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