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DURKHEIM, É. A Divisão do Trabalho Social. Trad. BRANDÃO, E. 1ª Ed. 1995. Martins Fontes. Cap. 3. Pág. 83-109;216-220 Pág. 83 a 109 - “O que distingue essa sanção (restitutiva) é que ela não é expiatória, mas se reduz a uma simples restauração.” (pág. 85) Ela enuncia o direito e não as penas. - a ideia de tolerar o assassinato nos indigna, mas não nos incomoda a ideia da modificação do direito sucessório, por exemplo. - “as regras com sanção restitutiva ou não fazem em absoluto parte da consciência coletiva, ou são apenas estados fracos desta. O direito repressivo corresponde ao que é o cerne, o centro da consciência comum.” (pág. 87) - direito repressivo é difuso na sociedade, enquanto o restitutivo cria órgãos especializados. - Apesar de estarem fora da consciência coletiva, não dizem respeito apenas aos particulares. Se assim fosse seriam simples acontecimentos a vida privada. - A sociedade (através do direito) é chamada a intervir nos casos de direito restitutivo. Ex. apesar de um casamento ser um contrato os esposos não podem estabelecê-lo ou rescindi-lo a seu bel prazer. “se o contrato tem o poder de ligar, é a sociedade que lhe confere esse poder [...] todo contrato pressupõe que, por trás das partes que o estabelecem, há a sociedade pronta para intervir a fim de fazer respeitar os compromissos assumidos.” (pág. 89) - as relações do direito restitutivo não atingem indistintamente todos os membros da sociedade, mas partes restritas e especiais. Ligam a consciência particular a consciência coletiva, o indivíduo a sociedade. Essas relações ora são negativas ou de abstenção, ora positivas ou de cooperação. 1) Relação Negativa: une a coisa à pessoa. Solidariedade real: liga diretamente as coisas às pessoas, mas não as pessoas entre si. Não faz que as vontades se movam em direção a fins comuns, mas apenas que as coisas gravitem com ordem em torno das vontades. “Semelhante solidariedade não faz dos elementos que ela aproxima um todo capaz de agir em conjunto; ela não contribui em nada para a unidade do corpo social.” (pág. 92) Exemplo: direito de propriedade. - Relação negativa entre pessoas: Ex. todo proprietário de um muro deve pagar uma taxa ao vizinho se quiser levantá-lo. Essas relações não criam concorrência ou colaboração entre indivíduos, apenas restauram ou mantém a solidariedade negativa. As obrigações que nascem do delito tem esse caráter, obrigam cada um a reparar o prejuízo que causou. Não consiste em servir, mas em não prejudicar. - objetivo do direito real: definir as barreiras que separam os indivíduos. Não correspondem a um vínculo social positivo. - Para que os homens se garantam direitos é necessária alguma forma de ligação entre eles. A justiça é cheia de caridade, a solidariedade negativa nada mais é que uma emanação de outra solidariedade de natureza positiva. 2) Relação positiva: cooperação que deriva da divisão do trabalho. Direito doméstico, contratual, comercial, processual, administrativo e constitucional. - Ex. o direito doméstico fala sobre como devem se distribuir as funções dentro da família, portanto a solidariedade particular que une seus membros em consequência da divisão do trabalho doméstico. - Cooperar é dividir uma tarefa comum, portanto há divisão do trabalho. - “O contrato é o símbolo da troca [...] a troca sempre supõe alguma divisão do trabalho mais ou menos desenvolvida.” (pág. 101) - “Sem dúvida, enquanto as funções têm certa generalidade, todo o mundo pode ter algum sentimento a seu respeito [solidariedade mecânica];no entanto, quanto mais se especializam, mais também se circunscreve o número dos que têm consciência de cada uma delas [solidariedade orgânica]; e mais, por conseguinte, elas vão além da consciência comum.” (pág. 104) - a solidariedade orgânica faz com que as funções geradas pela divisão do trabalho concorram de maneira regular. - “Isso quer dizer que se pode igualmente medir o grau de concentração a que chegou uma sociedade, em consequência da divisão do trabalho social, segundo o desenvolvimento do direito cooperativo com sanções restitutivas.”(pág. 105) - solidariedade mecânica: liga diretamente o indivíduo à sociedade, sem nenhum intermédio. Crenças comuns a todos os membros do grupo. Só pode ser forte na medida em que as tendências comuns superem as que pertencem pessoalmente a cada um dos indivíduos. O indivíduo não se pertence, ele é uma coisa de que a sociedade dispõe. - solidariedade orgânica: depende das partes que compõe a sociedade. Sistema de funções diferentes e especiais unidas por relações definidas. Supõe a diferenciação entre os indivíduos. Só é possível se cada um tiver uma esfera de ação própria, uma personalidade. A unidade do organismo é tanto maior quanto mais acentuada essa individuação das partes. Pág. 216 a 220 - “A vida social deriva de uma dupla fonte: a similitude das consciências e a divisão do trabalho social. O indivíduo é socializado no primeiro caso, porque, não tendo individualidade própria, confunde-se, como seus semelhantes, no seio de um mesmo tipo coletivo; no segundo, porque, tendo uma fisionomia e uma atividade pessoais que o distinguem dos outros, depende deles na mesma medida em que se distingue e, por conseguinte, da sociedade que resulta de sua união.” (pág. 216) - A similitude origina regras repressivas, a vida social se confunde com a vida religiosa e as instituições econômicas são vizinhas do comunismo. Moral comum é muito extensa e as práticas coletivas estão de acordo com a opinião pública. - A divisão do trabalho da origem a regras jurídicas reparadoras, sem caráter expiatório. Dentro de cada profissão há uma moral profissional, no interior de um mesmo grupo de trabalhadores, há usos comuns a uma mesma ordem de funcionários e que nenhum deles pode infringir. - “As faltas profissionais determinam um movimento de reprovação muito mais débil do que os atentados contra a opinião pública.” (pág. 217)
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