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Capítulo+16+2013

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CONTROLE DE PRAGAS POR ATMOSFERAS CONTROLADAS     
CAPÍTULO 16 
 
Viçosa ‐ MG 
Capítulo 16 Controle de Pragas por Atmosferas Controladas 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 407
Capítulo
16
 
 
 CONTROLE DE PRAGAS POR ATMOSFERAS CONTROLADAS 
 
 
Adriano Divino Lima Afonso 
Juarez de Sousa e Silva 
Pedro Amorim Berbert 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Pela constante necessidade de melhor qualidade dos alimentos, em um futuro 
próximo, o método de controle químico, assim como outros métodos de conservação de 
produtos agrícolas, poderão ser evitados por razões de saúde humana e animal, 
ambiental e por questões econômicas. 
Com relação ao armazenamento de grãos, os principais estudos objetivam a 
redução das perdas ocasionadas, principalmente, por insetos e fungos e a conservação 
do produto por sistemas de aeração/termometria mais eficientes. 
As pragas dos grãos armazenados em condições de climas tropicais, 
particularmente os insetos, têm grande importância como agentes causadores de perdas 
qualitativas e quantitativas por encontrarem um ambiente ideal para o seu 
desenvolvimento (veja capítulo 15 – Manejo de Pragas no Ecossistema de Grãos 
Armazenados). 
O controle químico tradicional, empregado em todo o mundo pelos agentes 
armazenadores na proteção e no combate à infestação de insetos nos produtos agrícolas 
armazenados, é efetivo, de fácil manejo e de baixo custo, quando comparado com 
métodos não-tradicionais. Os problemas de segurança com operadores, devido à 
inobservância das práticas corretas de aplicação do inseticida, de aplicação de 
subdosagens e do princípio ativo recomendado, e o desrespeito ao tempo mínimo de 
contato do inseticida têm feito com que determinados insetos que atacam o produto 
armazenado desenvolvam resistência às dosagens convencionais do princípio ativo de 
determinados inseticidas. 
Os fatos mencionados, aliados aos problemas da presença de resíduos químicos 
nos alimentos, inobservância do prazo de carência e do impacto ambiental causado pelo 
lixo das embalagens do inseticida, têm feito com que se desenvolvam estudos visando 
encontrar maneiras alternativas para manutenção da qualidade dos grãos durante o 
armazenamento que não sejam danosas à saúde e ao meio ambiente. Apesar dos bons 
 Capítulo 16 Controle de Pragas por Atmosferas Controladas 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 408
estudos até então desenvolvidos, nenhum método não-químico está sendo 
comercialmente difundido em grande escala. O controle dos insetos por meios químicos 
continua sendo praticado com bons resultados, apesar dos problemas já citados. 
 
2. USO DE ATMOSFERA CONTROLADA 
 
 Nos últimos anos, principalmente na Europa, um número significativo de 
informações vem sendo obtido a respeito dos efeitos de atmosferas modificadas ou 
controladas sobre a qualidade dos produtos armazenados e sobre os organismos vivos a 
eles associados. Além disso, a armazenagem subterrânea de produtos agrícolas tem sido 
praticada há séculos, visando criar um ambiente letal aos organismos vivos que atacam 
os grãos armazenados. Este sistema se traduz numa forma de Armazenagem em 
Atmosfera Controlada (AAC). Usualmente, a técnica denominada AAC consiste em 
armazenar o produto em ambiente contendo maior quantidade de certos gases do que 
numa atmosfera normal de nitrogênio, oxigênio, dióxido de carbono etc., ou 
simplesmente saturando a atmosfera natural da massa de grãos com uma atmosfera 
inerte, objetivando suprimir todos os parasitas e manter inalteradas a viabilidade e a 
preservação das qualidades do produto armazenado. 
 Basicamente, a técnica de atmosfera controlada substitui, após o carregamento 
da unidade armazenadora com o produto a ser armazenado, a atmosfera interna da 
massa de grãos pela injeção de um gás (dióxido de carbono, nitrogênio, amônia ou uma 
mistura de gases) até que a concentração de oxigênio residual seja reduzida a um 
determinado valor. Algumas pesquisas têm monstrado que a maioria dos insetos 
presentes na massa de grãos morre quando a concentração de oxigênio no ar 
intergranular é reduzida a 2% em volume. 
Na Austrália, a AAC com alto teor de CO2 é usada comercialmente no controle 
de insetos em grãos de trigo e, na Itália, a utilização do nitrogênio vem sendo testada 
desde meados dos anos 70, ambos de forma economicamente competitiva com a 
armazenagem convencional, a qual requer produtos químicos para o controle das 
pragas. Nos Estados Unidos, a aeração refrigerada vem sendo aplicada com sucesso em 
escala experimental para armazenagem de trigo. 
Sistemas não-químicos representam uma grande conquista como forma de 
controle de insetos, considerando-se a crescente resistência que os insetos estão 
apresentando aos métodos químicos tradicionais. Na América Latina, com exceção de 
alguns trabalhos realizados na Argentina, só recentemente relatou-se a preocupação dos 
técnicos com a AAC. Neste sentido, alguns trabalhos foram realizados no ITAL-SP e na 
UFV. Uma comparação sistemática dos resultados encontrados por diferentes 
pesquisadores é bastante difícil de se conseguir, considerando que a mortalidade dos 
insetos, obtida sob condições de variadas composições gasosas, depende muito das 
condições de temperatura e umidade relativa do ar intersticial na massa de grãos. Além 
disso, os efeitos da atmosfera controlada sobre os insetos nas formas de ovos, larvas e 
pupas são também variáveis e constituem objeto de muitos estudos, como será visto 
mais adiante. 
Além do nível de hermeticidade e da concentração residual de oxigênio no 
interior de uma unidade armazenadora, o tempo necessário para que a população de 
Capítulo 16 Controle de Pragas por Atmosferas Controladas 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 409
insetos, em todas as fases de desenvolvimento presentes em uma massa de grãos em 
condições de AAC, atinja a percentagem ideal de mortalidade irá depender de fatores 
como: teor de umidade e estado físico do produto, intensidade do ataque de insetos, 
temperatura e umidade relativa do ar intergranular. 
 
3. EFEITOS DAS CONDIÇÕES AAC 
 
3.1. Composição Gasosa 
Pesquisas demonstram o efeito sinergístico da combinação "baixa concentração 
de O2 e alta de CO2" sobre os adultos de Tribolium castaneum e mostram a 
possibilidade de usar concentrações relativamente altas de oxigênio, quando 
suplementado por dióxido de carbono, como fórmula de atmosfera controlada no 
controle dos insetos que infestam os grãos armazenados. Este método é vantajoso nos 
casos em que a solução dos problemas de vazamento de gás nas unidades de tratamento 
é de difícil controle. Observou-se, em testes de laboratórios, que ovos de Tribolium 
castaneum não eclodem em atmosferas com concentrações de CO2 acima de 20%, 
mesmo quando a concentração de O2 está em torno de 19%. Concentrações de CO2 em 
torno de 60%, para tempo de exposição de quatro dias e temperatura de 27°C, foram 
suficientes para eliminar 95% da maioria dos insetos de grãos armazenados. Inferiu-se, 
então, que a elevação da concentração de CO2 e a diminuição simultânea do O2 
propiciam ambiente ainda mais favorável ao controle de pragas. 
Outros pesquisadores relatam que o fator decisivo no controle de pragas é a 
remoção do oxigênio presente e não a elevação da concentração de CO2 nos espaços 
intergranulares. Em infestações contendo insetos em diversos estágios de 
desenvolvimento (ovo, larva, pupa e adulto), a maior parte das formas imaturas morre 
quando a concentração de O2 reduz-se a níveis próximos de 5%. Os insetos adultos 
sobreviventes morrerão de forma natural após quatro a seis semanas, ao completarem 
seu ciclo de vida. A reduzida população que emergea cada nova geração irá estabilizar-
se e não dará origem a infestações severas. 
Para prolongar o tempo permissível de armazenagem, garantindo também a 
qualidade dos grãos, a amônia (NH3) tem sido indicada durante a secagem em baixas 
temperaturas. Em doses baixas (0,5%), a amônia inibe o desenvolvimento de 
microrganismos, enquanto estudos têm sido feitos sobre a ação da amônia em doses 
elevadas na desintoxicação de produtos contaminados com aflatoxina. Entretanto, 
nenhum trabalho foi realizado para mostrar o efeito da amônia no controle de insetos. 
Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) não liberou esta técnica, 
ao considerar que a amônia está sendo usada como germicida. Liberou, no entanto, os 
produtos tratados com amônia para uso na alimentação animal. Uma grande dificuldade 
encontrada no emprego da amônia refere-se a seu alto poder corrosivo, que, em curto 
espaço de tempo, danifica as partes metálicas da estrutura de armazenamento e muda 
substancialmente a cor do produto. Para contornar estes problemas, a unidade de 
tratamento deve ser construída com material apropriado ou as estruturas convencionais 
existentes devem receber tratamentos especiais anticorrosão. Já as mudanças de cor 
afetam pouco a qualidade do produto destinado à ração animal, não perdendo o valor 
comercial enquanto for usado na própria fazenda. 
 Capítulo 16 Controle de Pragas por Atmosferas Controladas 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 410
3.2. Efeito da Temperatura 
Apesar de ser possível encontrar na literatura diversos dados sobre o controle de 
insetos com atmosferas modificadas, a grande maioria destes trabalhos foi desenvolvida 
para condições de climas temperados. Portanto, há grande carência de dados sobre a 
utilização de atmosferas modificadas em condições tropicais. 
O tempo necessário à obtenção de certo nível de mortalidade dos insetos 
expostos a uma determinada composição da atmosfera gasosa é altamente dependente 
da temperatura ambiental de armazenagem. De fato, sob o aspecto fisiológico, a uma 
atmosfera normal, o desenvolvimento de insetos só ocorre dentro de uma faixa bastante 
pequena de temperatura. Por exemplo, das fases de ovo a adulto de Sitophilus oryzae, os 
limites para desenvolvimento estão próximos ao intervalo de 18-40oC. Abaixo e acima 
destes valores, observa-se grande índice de mortalidade, enquanto dentro destes limites 
a taxa de desenvolvimento é muito afetada pela temperatura. 
Como tem sido mostrado por vários estudos, o efeito do tratamento inseticida, 
especialmente quando se trata de produtos que agem através do sistema respiratório 
(caso dos fumigantes), é muito mais acentuado em altas temperaturas. Apesar dos 
poucos estudos, o efeito da atmosfera controlada parece ser similarmente dependente da 
temperatura da atmosfera granular. A Figura 1 mostra que, a uma dada composição 
gasosa, quanto mais alta for a temperatura, menor será o tempo necessário para atingir 
95% de mortalidade. 
Numa atmosfera com menos de 1% de O2 e com 9 a 9,5% de CO2, adultos de 
Rhyzopherta dominica foram mais tolerantes que o Tribolium castaneum. O decréscimo 
no número de horas para alcançar 95% de mortalidade, para as espécies apresentadas na 
Figura 1, foi bastante acentuado, entre 15 e 20oC. Esta figura mostra, também, que 
tempos maiores serão necessários, a uma mesma concentração de gases, para atingir um 
controle efetivo, quando as temperaturas na massa de grãos forem mais baixas. 
 
 
 
Figura 1 - Efeito da temperatura no tempo de exposição para produzir 95% de 
mortalidade em insetos sob duas composições de gases. 
 
Capítulo 16 Controle de Pragas por Atmosferas Controladas 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 411
Se houver diferentes temperaturas nas várias partes da massa de grãos, a 
temperatura mais baixa, média, indicará o tempo necessário para um controle mais 
efetivo. Também, ao se empregar a técnica de atmosfera controlada, devem-se levar em 
conta as espécies mais resistentes encontradas na massa do produto armazenado, a fim 
de estabelecer o tempo mínimo de tratamento necessário. 
 
3.3. Efeito da Umidade Relativa 
A umidade relativa do ar influencia a sobrevivência dos insetos, afetando 
principalmente sua umidade corporal. Condições extremamente secas são, geralmente, 
desfavoráveis à reprodução de muitas espécies de insetos. A sobrevivência de insetos 
sob condições secas depende de suas condições de equilíbrio entre a perda de água 
corporal e o ganho de água do ambiente. Assim, a manutenção da quantidade de vapor 
d'água dentro de certos limites, em produtos armazenados, é um aspecto importante que 
influenciará a estrutura e a fisiologia dos insetos, considerando-se que a umidade 
relativa do ar dentro da massa de grãos é altamente dependente do teor de umidade do 
produto. 
Quando se levam em consideração uma baixa concentração de O2 e uma alta 
concentração de CO2, a umidade relativa tem grande influência sobre o tempo 
necessário para atingir a mortalidade total dos insetos, ou seja, o tempo de exposição do 
inseto a determinada atmosfera controlada é diretamente proporcional à umidade 
relativa do ar intersticial na massa de grãos. Estudos indicam que, a uma umidade 
relativa entre 20 e 24% (considerada extremamente baixa para as condições normais de 
armazenamento), são necessários 3,2% de O2 e 4,3% de CO2 no ar intergranular para 
alcançar 100% de mortalidade da Ephestia cautella. Por outro lado, quando a atmosfera 
a esta composição, se encontra em umidades relativas mais altas, ocorre grande número 
de sobreviventes na fase de pupa. Esses resultados indicam que os tratamentos que usam 
atmosfera controlada podem ser mais eficazes quando o teor de umidade do produto for 
baixo. Devido ao fenômeno de migração de umidade, o teor de umidade do produto em 
determinadas partes da massa de grãos é maior do que em outras. Este fato determina 
que se deve aplicar uma concentração maior de gases para compensar o elevado teor de 
umidade nos pontos mais úmidos, na massa de grãos. 
 
3.4. Efeito da Hermeticidade da Célula Armazenadora 
 A total hermeticidade do sistema armazenador é condição primordial para um 
controle eficaz de pragas, visto que garantirá a manutenção da concentração de oxigênio 
em níveis reduzidos durante o período de tempo necessário para alcançar a mortalidade 
desejável. Para construir ou adaptar grandes células de armazenamento em ambientes 
totalmente herméticos, é ainda economicamente inviável. Em face destas restrições, a 
utilização de ambientes totalmente herméticos torna-se uma alternativa economicamente 
viável somente para armazenar pequenos volumes de grãos com grande valor comercial. 
Uma solução razoável para o problema consiste na redução da concentração de oxigênio 
nos espaços intergranulares por meio da introdução de um gás inerte rico em dióxido de 
carbono produzido artificialmente, a um custo reduzido, e periodicamente injetado na 
célula armazenadora. 
Alguns estudos, entretanto, mostram que é técnica e economicamente viável a 
 Capítulo 16 Controle de Pragas por Atmosferas Controladas 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 412
conversão de determinadas estruturas de armazenamento em unidades com elevado grau 
de hermeticidade para o uso da armazenagem em atmosferas modificadas (AAM), onde 
o oxigênio do ar intergranular é consumido pela respiração do produto e dos insetos. 
Considera-se então que a utilização de atmosferas controladas em ambientes pouco 
herméticos também seja uma alternativa tecnicamente viável, desde que seja possível o 
fornecimento, a baixo custo, de uma atmosfera rica em CO2. Neste caso,deve-se 
estabelecer o critério ideal de manejo (intervalo entre aplicações), visando o controle e a 
manutenção das populações de insetos em níveis mínimos aceitáveis. 
 
4. AMBIENTES COM BAIXAS CONCENTRAÇÕES DE OXIGÊNIO 
 
Ambientes com baixas concentrações de oxigênio e altas concentrações de 
dióxido de carbono podem ser obtidos pelos seguintes métodos: 
 a) Armazenamento de grãos em células herméticas - trata-se de um método 
de conservação em atmosfera modificada tradicional, onde os grãos secos são 
armazenados em um ambiente hermético com modificação gradual da composição da 
atmosfera intergranular, que é obtida pela redução e pelo aumento das concentrações de 
O2 e CO2, respectivamente, e pela respiração dos grãos, insetos e dos organismos 
presentes no produto armazenado. Nestas condições, resulta-se na morte das pragas por 
asfixia. Basicamente, a respiração aeróbica envolve a quebra de carboidratos, presentes 
na constituição dos grãos, na presença de oxigênio, produzindo dióxido de carbono, 
água e energia (equação1). 
 
 C6H12O6 + 6 O2 ⇒ 6 CO2 + 6 H2O + energia eq.1 
 
Parte da energia liberada no processo de respiração é utilizada pelos próprios 
organismos para manutenção de seus processos vitais e parte é liberada para o ar 
intergranular em forma de calor latente. 
Tendo como principal característica a hermeticidade do sistema armazenador 
(ausência de trocas gasosas), nesta forma de armazenagem, uma vez carregada e 
fechada a célula armazenadora, esta só poderá ser aberta por ocasião da utilização do 
produto. Em razão de problemas técnicos e econômicos para a manutenção da 
hermeticidade de grandes unidades, a disseminação desta técnica de armazenamento é 
muito pequena. 
Além dos fatores anteriormente mencionados, qualquer entrada acidental de 
oxigênio, aliado ao armazenamento de produto infestado por insetos, trará 
conseqüências danosas. A baixa condutividade térmica dos grãos resultará em 
aquecimento, aumento da infestação e conseqüente deterioração do produto 
armazenado. 
 b) Introdução de gás tóxico ou inerte (AAC) - em face da restrição de 
hermeticidade total do sistema, imposta pelo método anterior, a alternativa consiste na 
redução da concentração de oxigênio nos espaços intergranulares por meio da 
introdução de um gás tóxico ou inerte (dióxido de carbono ou nitrogênio) nas células 
armazenadoras. O objetivo deste método é atingir o sistema respiratório do inseto em 
sua demanda por oxigênio, com aplicações periódicas num ambiente não-hermético, 
Capítulo 16 Controle de Pragas por Atmosferas Controladas 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 413
como é o caso de muitos silos para armazenagem de grãos. De modo geral, os custos 
envolvidos na implantação e operação, em sistemas não-herméticos, são relativamente 
elevados, devido ao elevado custo de transporte e à disponibilidade comercial de gases 
próximos aos sistemas armazenadores, razão pela qual não é, ainda, utilizado em grande 
escala. 
 c) Atmosfera controlada pela geração de CO2 - este método consiste na 
queima de um combustível em equipamentos denominados geradores de CO2, 
utilizando-se do oxigênio presente na massa de grãos armazenada e no ar atmosférico. 
Pode-se dizer, em termos práticos, que a composição média em volume do ar 
intergranular de um silo convencional é próxima à do ar atmosférico, ou seja: 78% de 
N2, 21% de O2 e 1% de outros gases, incluindo o CO2. Dessa forma, a concentração 
máxima de dióxido de carbono que se pode obter nos gases provenientes da queima de 
um combustível é de 21%, considerando uma combustão completa, ou seja, que todo o 
oxigênio presente no ar tenha reagido com o combustível no interior do gerador de CO2, 
produzindo dióxido de carbono, água e energia (equações 2 e 3). 
 
Combustão completa do carbono: 
 C + O2 → CO2 + ∆Q1 eq. 2 
 
Combustão do hidrogênio: 
 2H2 + O2 → 2H2O + ∆Q2 eq. 3 
 
Além de não ser necessária uma total hermeticidade das células armazenadoras, 
a principal vantagem da utilização desta forma de atmosfera controlada é a obtenção do 
CO2 pela simples queima de um combustível (carvão vegetal, álcool, GLP, etc.) 
disponível e próximo à unidade armazenadora. Esta vantagem é explicada pela 
facilidade na obtenção a baixo custo, pela geração própria do CO2 e pela facilidade de 
operação do sistema, que é realizada por injeção periódica do gás, cujo intervalo de 
aplicação irá depender do grau de hermeticidade da célula armazenadora e do nível de 
infestação por insetos. 
Como desvantagem da técnica de obtenção do CO2 há a necessidade de cuidados 
especiais necessários durante a operação de queima do combustível. Durante a queima 
do combustível, deve-se ter como objetivo a combustão completa ou estequiométrica. A 
queima incompleta formaria monóxido de carbono, gás altamente explosivo e tóxico ao 
ser humano (equação 4). 
 
Combustão incompleta do carbono: 
 
 C + ½ O2 → CO + ∆Q3 eq. 4 
 
A Figura 2 mostra o esquema de um circuito fechado de geração CO2, 
desenvolvido no Departamento de Engenharia Agrícola/UFV, para a conservação de 
milho em atmosfera modificada. 
Basicamente, o gerador de CO2, modelo UFV, é constituído de um queimador de 
combustível; de um trocador de calor, que tem por objetivo abaixar a temperatura dos 
 Capítulo 16 Controle de Pragas por Atmosferas Controladas 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 414
gases provenientes da combustão; e de um refrigerador/trocador de calor, que tem por 
finalidade abaixar a temperatura e a umidade relativa dos gases que serão injetados na 
célula armazenadora. 
 
Figura 2 - Esquema de armazenamento em atmosfera modificada, utilizando um 
gerador de CO2, modelo UFV. 
 
Como dito anteriormente, a obtenção do oxigênio para a queima do combustível 
pode ser de dois modos: 
 Uso do oxigênio do ar intergranular - neste caso, utiliza-se o O2 da atmosfera 
intergranular num sistema de recirculação até que a combustão se torne impossível, isto 
é, a combustão não poderá ser mantida. A vantagem está na obtenção de concentrações 
cada vez maiores de dióxido de carbono e menores de oxigênio no interior da célula. 
Como desvantagem, apresenta risco maior de formação de monóxido de carbono, que é 
formado na escassez de oxigênio. 
Uso do oxigênio do ar atmosférico - neste caso, os gases provenientes da 
combustão são injetados na célula armazenadora, substituindo o ar intergranular. A 
concentração final de dióxido de carbono dependerá do tipo de combustível e da 
capacidade do gerador para maximizar a reação entre o oxigênio e o combustível para a 
produção de dióxido de carbono. 
 
5. CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS 
 
 De acordo com os resultados apresentados por grande número de pesquisadores, 
sobre o uso da atmosfera controlada, o índice de 100% de mortalidade de insetos 
dificilmente é atingido. Uma razão que justifique essa falta de índices elevados não foi 
ainda analisada com profundidade. Normalmente, os testes de campo têm sido baseados 
na manutenção de uma composição gasosa, dentro dos limites indicados pela literatura, 
em silos e "containeres" com o máximo possível de hermeticidade. 
Capítulo 16 Controle de Pragas por Atmosferas Controladas 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 415
Na prática, é muito difícil e dispendioso manusear grandes estruturas 
completamente herméticas. É por esta razão que, em muitos casos, observa-se grande 
número de insetos sobreviventes ondehá vazamento, principalmente no topo e no fundo 
da unidade e em aberturas para carga/descarga e ventilação. 
Um dos maiores problemas que podem surgir ao longo do tempo devido à falta 
de hermeticidade em silos refere-se ao desenvolvimento de formas resistentes à 
atmosfera controlada; isto ocorre, apesar das poucas referências existentes sobre o fato. 
Também, outros fatores, não advindos de vazamentos, podem contribuir para uma baixa 
efetividade no controle de insetos. Períodos prolongados de exposição (várias semanas) 
são necessários, dependendo da espécie, temperatura e umidade relativa para alcançar 
bons índices de mortalidade. 
Sob certas condições, é pouco prático manter uma concentração de gases 
satisfatória por tempos prolongados especialmente quando a temperatura está abaixo da 
faixa-limite para o desenvolvimento do inseto que está infestando o produto. Os 
carregamentos adicionais de grãos sobre a massa de grãos em tratamento também 
constituem fatores que exigem o prolongamento do tempo de exposição, pois podem 
causar rápida reinfestação. A secagem em um nível que possibilite um controle eficiente 
é também considerada antieconômica e pouco prática. Portanto, o teor de umidade do 
produto deve ser seriamente observado quando se determinam a concentração de gases e 
o tempo de exposição necessário a um controle efetivo. 
Assim, o tratamento usando atmosfera controlada deveria ser empregado quando 
houvesse altas temperaturas por tempo prolongado. Após o tempo necessário de 
exposição, deve-se fazer uma aeração para reduzir a temperatura da massa de grãos. 
Essa seqüência de tratamentos garantirá um controle mais eficaz das espécies que 
infestam o produto, ou seja, o tratamento com atmosfera controlada deverá produzir a 
maior mortalidade possível, enquanto o resfriamento contribuirá como uma etapa 
protetora, impedindo que ocorra aumento na taxa de reprodução dos elementos 
sobreviventes de uma população de insetos. 
Resumindo, pode-se dizer que, há anos, a propriedade inseticida das atmosferas 
modificadas de oxigênio, dióxido de carbono e nitrogênio vem sendo reconhecida em 
várias partes do mundo. Também é crescente o interesse pela adoção da nova 
tecnologia, visto que os métodos químicos atuais vêm sendo progressivamente 
descartados, embora, na fazenda, alguns estudos indiquem custos desfavoráveis para 
esta técnica, quando ela é comparada ao uso de fumigantes. 
 Finalmente, pode-se afirmar que quatro fatores são necessários ao uso da 
atmosfera controlada no combate aos insetos que infestam os grãos armazenados: a 
atmosfera deve ser facilmente obtida em volume suficiente para deslocar e substituir 
com eficiência a atmosfera normal da massa de grãos dentro de uma unidade de 
tratamento; a atmosfera deve ser letal dentro do menor tempo possível; a atmosfera não 
pode ser prejudicial à qualidade do produto nem à estrutura da unidade armazenadora 
(problema encontrado com o uso da amônia); e a unidade armazenadora deve possuir 
boa capacidade para retenção de gases. 
 
 
 Capítulo 16 Controle de Pragas por Atmosferas Controladas 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 416
6. LITERATURA CONSULTADA 
 
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2. BURREL, N.J. Effect of Airtight on Insect pests of Stored Products. IN: 
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3. CALDERRON, M., NAVARRO, S. Synergistic effect of CO2 and O2 mixtures on 
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4. FARONI, L.R.A. Biologia y control del gorgojo de los granos Rhyzopertha 
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8. JAY, E.G. Imperfections in our current knowledge of insect biology as related to 
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