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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: http://www.researchgate.net/publication/275152674 PARÂMETROS UTILIZADOS PARA O DIAGNÓSTICO PERIODONTAL EM FACULDADES DE ODONTOLOGIA BRASILEIRAS ARTICLE · JANUARY 2013 READS 629 Available from: Bruno César de Vasconcelos Gurgel Retrieved on: 21 October 2015 V. 7 - N0 3 Mai/Jun 2013 ISSN 1981-2922 Periodontia – Base científi ca por trás dos sorrisos saudáveis. Nesta Edição • Caderno Cientí! co – Periodontia • Caderno Cientí! co – Cariologia • Fórum clínico • Pesquisas em evidência • Grupo Perio-Implantar • Engenharia tecidual • PCA – Caderno de Periodontia Clínica Avançada Vol. 7 • N0 3 • Mai/Jun/2013 PerioNews - Vol. 7, n.3 (maio/junho/2013) - São Paulo: VM Cultural Editora Ltda., 2007 Periodicidade Bimestral ISSN - 1981-2922 1. Odontologia (Periódicos) 2. Periodontia 3. Cariologia I. VM Cultural Editora Ltda. II. Título CDD 617.6005 Black D65 D631 Qualifi cação: Qualis Nacional B4 – Odontologia Qualis Nacional B4 – Saúde Coletiva Qualis Nacional B5 – Medicina Indexação: BBO – Bibliografi a Brasileira de Odontologia LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde Em setembro, os melhores da Implantodontia se encontram aqui. Prof. Dr. P-I Brånemark Presidente de Honra Marco Antônio Bottino Patrono do IN 2013 César Arita (in memoriam) Presidente do IN 2013 Programação científi ca e adesões on-line em: www.in2013.com.br Informações adicionais – Secretaria Executiva IN 2013: Tel.: (11) 2168-3400 – secretaria@in2013.com.br Junte-se a eles. Participe do IN 2013, o mais completo encontro sobre Implantodontia clínica da América Latina. Mais de 2.700 pré-inscritos! De 25 a 28 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo, você terá um encontro marcado com a Implantodontia de alta performance, no IN 2013 – Latin American Osseointegration Congress. Um evento voltado para promover o crescimento profi ssional de especialistas em Reabilitação Oral, com ou sem implantes, como você. 29 cursos de imersão internacionais – apresentados por brasileiros e/ou estrangeiros. 120 conferências especiais sobre procedimentos clínicos. Cinco mesas-redondas temáticas. Plantão de dúvidas. Corporate Session, com cerca de 80 atividades. Salas de informação nos estandes de empresas patrocinadoras. Prêmio Nacional César Arita de Pesquisa Científi ca. Fórum sobre o ensino da Implantodontia. 300 painéis científi cos com premiação de mérito. Estamos vivendo um momento único, em que a informação pode ser obtida por meio da internet, possibilitando alcançar uma dimensão enorme em nosso conhecimento de como viver mais e com saúde. A média de vida no Brasil nos anos de 1950 era de 45 anos; em 2013 é de 72,4 anos. Como podemos observar, estamos em uma progressão geométrica fantástica. Mas, por que estou fazendo essa refl exão? É que os valores para a prevenção, na maioria das vezes, fi cam em último plano. No caso da saúde bucal, os fatos científi cos têm demonstrado que existe uma grande reper- cussão dos fenômenos infecciosos na cavidade bucal com manifestação na saúde sistêmica. E nós estamos preparados e motivados para um diagnóstico precoce dessas doenças? A realidade mostra que o Brasil continua como um país dos desdentados. A Periodontia tem envolvimento com todas as atividades odontológicas, assim, tenho certeza de que existe necessidade do clínico ter conhecimento básico sobre os fenômenos que atingem as estruturas periodontais. Afi nal, como prevenir algo que não conhecemos? O termo prevenção odontológica é mais amplo do que muitos imaginam. Partindo do prin- cípio de que tudo em nosso organismo tem interdependência entre as estruturas nobres, fi ca fácil entender a importância da saúde bucal. Observo, muitas vezes, que não temos tempo para cuidar da saúde, mas tenho certeza de que vamos ter de encontrar tempo para cuidar da doença. Dessa forma, comece, desde já, atualizando e aperfeiçoando seus conhecimentos. Boa leitura! Prof. Dr. Antonio Wilson Sallum Editor científi co Editorial PREVENÇÃO, PALAVRA MÁGICA PerioNews 2013;7(3):227 227 EDITOR CIENTÍFICO Prof. Dr. Antonio Wilson Sallum (FOP-Unicamp/SP) (editorcientifi co.perionews@vmcom.com.br) CONSELHO CIENTÍFICO Profs. Drs. Álvaro Francisco Bosco (Unesp-Araçatuba/SP), Arthur Belém Novaes Júnior (Forp - USP/SP), Benedicto Egbert Corrêa de Toledo (Unifeb/SP), Cassiano Kuchen- becker Rösing (UFRGS/RS), Carlos Alberto Dotto (Unicid/SP), Daiane Cristina Peruzzo (FOP-Unicamp/SP), Eduardo Gomes Seabra (UFRN/RN), Eduardo Muniz Barretto Tinoco (Uerj-Unigranrio/RJ), Eduardo Saba Chujfi (SLMandic/SP), Elcio Marcantonio Jr. (Unesp-Araraquara/SP), Enilson Antonio Sallum (FOP-Unicamp/SP), Euloir Passa- nezi (FOB-USP/SP), Fernanda Vieira Ribeiro (FOP-Unicamp/SP), Francisco Pustiglioni (Fousp/SP), Francisco Humberto Nociti Jr. (FOP-Unicamp/SP), Getúlio da Rocha Nogueira Filho (EBMSP/BA), Henrique Cruz Pereira (Unig/RJ), José Eduardo Cezar Sampaio (Unesp/SP), José Eustáquio da Costa (UFMG/MG), José Roberto Cortelli (Unitau/SP), Luis Antonio P. Alves de Lima (USP/SP), Magda Feres (UnG/SP), Márcio Fernando de Moraes Grisi (Forp-USP/SP), Marcio Zaffalon Casati (FOP-Unicamp/SP), Mauro Pedrine Santamaria (FOP-Unicamp), Renato de Vasconcelos Alves (FOP-UPE/ PE), Ricardo Guimarães Fischer (Uerj-RJ), Rui Vicente Oppermann (UFRGS/RS), Sérgio Luís da Silva Pereira (Unifor/CE), Sônia Groisman (UFRJ/RJ), Urbino da Rocha Tunes (EBMSP/BA), Valdir Gouveia Garcia (Unesp-Araçatuba/SP), Vinicius Augusto Tramon- tina (PUC/Paraná), Wagner Leal Serra e Silva Filho (Unicamp/SP), Wilson Roberto Sendyk (Unisa/SP), Wilson Trevisan Jr. (Aonp/PR) PerioNews [ www.perionews.com.br ] Demais publicações VM Cultural: Expediente Fundador e Diretor Executivo: Haroldo J. Vieira (diretoria.haroldo@vmcom.com.br). Editor-Chefe: Adilson Fuzo (jornalismo.adilson@vmcom.com.br); Editora e Jornalista Responsável: Cecilia Felippe Nery MTb: 15.685 (jornalismo.cecilia@vmcom.com.br); Jornalismo On-line: Larissa Ambraska Depoli (jornalismo.larissa@vmcom.com.br); Revisora: Vivian Arais Soares; Coordenadora de Processos de Revisão: Aline Souza (jornalismo.aline@vmcom.com.br); Assistente de Redação: Grace Pereira da Cruz. Diretora de Arte: Miriam Ribalta (criacao.miriam@vmcom.com.br); Assistentes de Arte: Cristina Sigaud (criacao.cris@vmcom.com.br) e Eduardo Kabello; Supervisora de Conteúdo On-line: Tharcyla Marreiro Garcia Pimentel. Gerente de T.I.: Marcos Valesk de Oliveira Belice; Webmaster: Rogério Moreno Ferro; Webdesigners: Rodolfo Mustafé e Marcos Vinicius Alves de Barros. 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Revista fi liada Capa: imagem que expressa a satisfação com o resultado fi nal dos tratamentos odontológicos. 227 | Editorial Prevenção, palavra mágica 231 | Ponto de vista Diabetes mellitus e seu impacto na Periodontia Fernanda Vieira Ribeiro 232 | Fórum clínico O uso de implantes em pacientes com e sem histórico de doença periodontal 235 | Caderno Científi co Trabalhos originais e inéditos em Periodontia e Cariologia 308 | Pesquisas em evidência Leituras essenciais 310 | Engenharia tecidual A engenharia tecidual em debate 315 | Grupo Perio-Implantar 316 | Reciclagem Em dia com a nova Periodontia 317 | Normas de Publicação Como enviar seus trabalhos Sumário PerioNews 2013;7(3):228-9228 273 | Prevalência de mucosite peri-implantar na Universidade de San Martin de Porres: 2001 – 2010 Prevalence of periimplant mucositis at the University of San Martin de Porres: 2001 to 2010 Sophia Aquije Siveroni, Miguel Ángel Coz Fano, Oswaldo Andreé Cáceres La Torre 281 | Cirurgia plástica periodontal para correção de sorriso gengivoso Periodontal plastic surgery for treatment of gummy smile. Reports of clinical Tatiana Miranda Deliberador, Juliana de Sousa Vieira, Tertuliano Ricardo Lopes, Allan F. Giovanini, João C. Zielak, Carla F. F. Brambilla 287 | Tratamento da hiperplasia gengival infl amatória associada ao uso de medicamentos: acompanhamento de 12 meses Treatment of infl ammatory gingival hyperplasia associated with medication use: twelve-months follow-up Patricia Arriaga Carvalho, Thays Almeida Alfaya, Raphael Coimbra Costa, Ésio Oliveira Vieira, Sandra Kalil Bussadori, Cresus Vinicius Depes de Gouvea 293 | Conhecimento de cirurgiões-dentistas sobre diabetes mellitus e saúde bucal de pacientes com diabetes mellitus em São Gonçalo/RJ Knowledge of dentists about diabetes and oral health of patients with diabetes in São Gonçalo/RJ, Brazil Lecine Borzino, Telma Borzino, Júlio Cesar, Sonia Groisman, Eliane Toledo, Marcos Corvino 301 | PCA – Caderno de Periodontia Clínica Avançada Instrumentação periodontal: manual versus ultrassônica ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES Caderno Científi co Compromisso com nossos leitores Facilitar o acesso a conteúdos baseados em pesquisas clínicas testadas e comprovadas. Publicar conteúdos de vanguarda, visando trazer para mais perto possibilidades futuras. Promover a discussão de temas polêmicos e fazer consenso para melhor orientar e proporcio- nar segurança nas várias práticas clínicas. Incentivar a produção científi ca de jovens talentos, criando prêmios de mérito para ampliar o número de pesquisadores no Brasil. Crescer continuamente o volume de artigos clínicos publicados por edição, buscando aumentar a base de informação. Disponibilizar canal on-line de consultas para solucionar eventuais dúvidas em práti- cas clínicas seguras. Garantir circulação da revista na data certa, evitando a quebra do fl uxo regular de atualização científi ca neste campo. PerioNews 2013;7(3):228-9 235 | Parâmetros utilizados para o diagnóstico periodontal em faculdades de Odontologia brasileiras Parameters used for Periodontal diagnosis in brazilian dental schools Thyago Primo, Bruna P. Fontes, Euler M. Dantas, Bruno C. V. Gurgel, Delane M. Rêgo 241 | Prognóstico do tratamento de lesões de furca Treatment prognosis of furcation lesions. A systematic review Carmen Emilia Caba-Paulino, Maria Lúcia Rubo de Rezende, Adriana Campos Passanezi Sant’Ana, Carla Andreotti Damante, Sebastião Luiz Aguiar Greghi 249 | A importância do fenótipo periodontal para a Implantodontia The importance of phenotype periodontal for implant Fabiano Araújo Cunha, Fernando de Oliveira Costa, Maria Aparecida Gonçalves de Melo Cunha, Cynara Ribeiro Martinez, Bernardo Carlos Vieira Cruz 258 | A infl uência das lesões de abfração no periodonto The infl uence of abfraction lesions in the periodontium Léo Guimarães Soares, Lisiane Castagna, Leandro Bastos Loures, Eduardo Muniz Barretto Tinoco 267 | Osteonecrose medicamentosa associada ao uso de bifosfonatos Osteonecrosis associated with bisphosphonates Monaliza Scansetti, Léo Guimarães Soares, Denise Gomes da Silva, Eduardo Muniz Barretto Tinoco, Andréa Braga Moleri, Márcio Eduardo Vieira Falabella 229 O diabetes mellitus (DM) é um grupo de distúrbios me- tabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia, a qual é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambos. Aproximadamente, 90% dos pacientes diabéticos são diagnosticados com DM Tipo II. Em 2000, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que 2,8% da população do mundo era composta por indivíduos diabéticos e, segundo um es- tudo de 2004, acreditava-se que esta porcentagem au- mentaria para 4,4% em 2030, atingindo 366 milhões de pessoas no mundo. No entanto, a Federação Mundial de Diabetes apontou no Atlas IDF 2012 que esses números são ainda mais alarmantes: 371 milhões de pessoas no mundo todo já apresentam diabetes, sendo que grande parte ainda não foi diagnosticada. A previsão da OMS di- vulgada em 2011 é de que 439 milhões de pessoas, 10% da população mundial, tenham DM em 2030. Estima-se que quase dois terços dos indivíduos com DM vivam em países em desenvolvimento, como o Brasil. Um estudo realizado em nosso País mostrou que 7,6% da popula- ção com idade entre 30 e 69 anos portavam diabetes (Malerbi & Franco, 1992). Estudos regionais mais recen- tes mostraram um aumento importante nas taxas de preva- lência desta condição: 12,1% na cidade de Ribeirão Preto, 12,4% em Porto Alegre e 13,5% em São Carlos. Considerando a ele- vada morbimortalidade associa- da ao DM, sua prevenção e suas complicações são hoje priori- dade de saúde pública. Dentre as complicações bucais relacio- nadas ao DM, sabe-se que pa- cientes diabéticos apresentam risco duas a três vezes maior de desenvolver periodontite crônica, e aqueles com pobre controle glicêmico têm perio- Ponto de vista Fernanda Vieira Ribeiro Mestre e doutora em Periodontia – FOP/ Unicamp; Professora do Programa de Pós-graduação em Odontologia/ Periodontia – Univerversidade Paulista. DIABETES MELLITUS E SEU IMPACTO NA PERIODONTIA PerioNews 2013;7(3):231 dontite mais severa e prevalente do que aqueles com melhor controle. Pacientes diabéticos com peridonti- te, além de possuírem maior perda de inserção clínica, apresentam também maior susceptibilidade à perda de dentes que aqueles não diabéticos, sendo observada uma correlação signi! cativa inversamente proporcional entre os níveis glicêmicos e o número de dentes pre- sentes. Algumas evidências apontam também que o adequado tratamento periodontal pode contribuir po- sitivamente no controle dos níveis de hemoglobina gli- cosilada, sendo a doença periodontal uma condição que pode pré-dispor à ocorrência de complicações do diabe- tes. Tendo em vista a elevada prevalência de diabéticos Tipo II na população mundial e nacional, e considerando- se os elevados índices de periodontite e perda dental relacionados à presença do DM, torna-se ainda mais im- portante o controle e o gerenciamento dessas doenças. Embora o agente etiológico primário das doenças perio- dontais seja o bio! lme bacteriano,já existe um consenso de que a resposta do hospedeiro frente ao desa! o bac- teriano é essencial para o desenvolvimento da doença. Deste modo, inúmeros estudos, por meio de técnicas de biologia molecular, têm demonstrado alguns meca- nismos pelos quais o prejuízo na resposta imunoin" a- matória de pacientes diabéticos pode estar envolvido no processo de destruição dos tecidos periodontais. O avanço nas pesquisas cientí! cas abordando essas ques- tões é essencial, a ! m de que este paradigma seja me- lhor compreendido, propiciando o desenvolvimento de estratégias terapêuticas imunorregulatórias capazes de modular a resposta do hospedeiro, otimizando o efeito protetor e minimizando os efeitos destrutivos nos teci- dos periodontais. Futuramente, com base nas informa- ções suportadas pela ciência, poderá ser possível a apli- cação de terapias direcionadas à modulação da resposta imuno in" amatória como uma abordagem terapêutica adjunta à terapia anti-infecciosa no controle da perio- dontite crônica, especialmente em pacientes considera- dos de risco, como os portadores de DM. 231 PerioNews 2013;7(3):232-4 Fórum clínico risco de tratamento com implantes em pacientes com histórico de periodontite é um fato bem descrito na literatura e observado na prática clínica. A prevalência de peri-implantite em um período de cinco a dez anos após a colocação de implantes varia de 10% a 20% dos pacientes afetados, sendo que os fatores que podem afetar a pre- valência de peri-implantite incluem tabagismo, pobre higiene bucal e história de periodon- tite prévia – Third European Academy of Osseointegration Consensus Conference 2012, J Oral impl. Res 2012;23(Suppl. 6). Em uma revisão sistemática foi detectada uma frequência de peri-implantite duas vezes maior em pacientes comprometidos periodontalmente do que em pacientes saudáveis (Mombelli et al. Clin. Oral Impl. Res 2012;23). É importante salientar que, muitas vezes, existe negligência no diagnóstico e no tratamen- to da doença periodontal previamente à instalação de implantes. Ainda, após o tratamento com implantes, os cuidados com a condição periodontal e peri-implantar muitas vezes são colocados em segundo plano. Esses fatores, combinados à di! culdade ou mesmo à falta de diagnóstico das mucosites e da própria peri-implantite, levam a fracassos que poderiam ser prevenidos se a observação de princípios básicos periodontais fossem adotados. Em um trabalho recentemente publicado por Pjetursson et al, 2012, os autores concluíram que pacientes susceptíveis à periodontite, e que apresentam bolsas com profundidade residual t 5 mm ao ! nal do tratamento periodontal, representam um risco signi! cativo para o desenvolvimento de peri-implantite e perda de implantes. E que pacientes sob te- rapia periodontal de suporte que desenvolvam reinfecção de sítios previamente tratados apresentam maior risco de peri-implantite e perda de implantes do que pacientes estáveis (Pjetursson et al. Clin Oral Impl. Res 2012;23). Mais importante do que somente detectar a história prévia de doença, a qualidade da manutenção da saúde periodontal é um fator determinante crítico com relação ao risco de peri-implantite, evidenciando a importância de um tratamento periodontal efetivo e manutenção através de terapia periodontal de suporte nesses pacientes com história de periodontite e que irão receber tratamento com implantes (Cho-Yan Lee et al. Clin. Oral Impl. Res 2012;23). Algumas revisões sistemáticas têm concluído que o tratamento com implantes não é con- traindicado em pacientes susceptíveis à doença periodontal, porém, a maior incidência de peri-implantite nesses pacientes pode desa! ar a longevidade dos implantes, sendo que é determinante incluir um adequado controle da infecção e um programa de manutenção individualizado para cada indivíduo. O Vinícius Tramontina Doutor em Clínica Odontológica, área de Periodontia – FOP/Unicamp; Professor titular da disciplina de Periodontia – PUCPR. vinicius.tramontina@pucpr.br O USO DE IMPLANTES EM PACIENTES COM E SEM HISTÓRICO DE DOENÇA PERIODONTAL Quatro especialistas no assunto falam sobre a importância da avaliação periodontal prévia nos tratamentos com implantes. 232 PerioNews 2013;7(3):232-4 Fórum clínico Sebastião Luiz Aguiar Greghi Professor associado, Disciplina de Periodontia, Departamento de Prótese – Faculdade de Odontologia de Bauru, USP. slagregh@fob.usp.br Ao planejarmos uma técnica cirúrgica, sempre avaliamos os aspectos relacionados à sua perfeita indicação, assim como aspectos que possam contraindicar sua utilização, seja de forma relativa ou absoluta. Certamente, os implantes odontológicos não escapam a essa regra e devemos estar atentos a muitos fatores que possam comprometer o sucesso da técnica. Um aspecto muito importante, e talvez o mais frequente, que interfere negativamente na Implan- todontia é a presença da periodontite; devido às características destrutivas da doença periodontal, a possibilidade do comprometimento dos implantes em uma boca com infecção periodontal ativa é bastante palpável. Esse aspecto da atividade da doença periodontal é muito importante, pois pode por si só ser uma contraindicação relativa para a instalação de implantes, devendo, portanto, o paciente passar por terapia periodontal adequada, para que se remova esse caráter de atividade da doença. Entretan- to, tanto o pro! ssional quanto o paciente devem estar cientes da necessidade contínua de um controle pro! ssional (programa de manutenção regular), no sentido de se evitar que a doença retorne à condição ativa, para que não se coloque em xeque a instalação de implantes ou a sobre- vivência dos implantes já em função. Sabendo-se que os patógenos associados à doença periodontal são os mesmos ligados à des- truição peri-implantar, ! ca fácil compreender que a migração dos patógenos de áreas ativas de periodontite (bolsas) pode ocorrer de forma rápida para o sulco peri-implantar, e aí então, desen- volverem a nova patologia. Por outro lado, mesmo no paciente sem histórico de doença periodontal, a atenção ao controle da placa bacteriana deve ser enfática, pois há uma relação direta do acúmulo bacteriano com a mucosite peri-implantar, e esse estado in" amatório, embora não seja tão destrutivo quanto a pe- ri-implantite, caracteriza também um quadro patológico. Ainda, a perpetuação da mucosite pode colocar os sítios peri-implantares em risco à peri-implantite, pois os pacientes podem vir a se tor- nar de maior risco em função de outros fatores adquiridos (tabagismo, doenças sistêmicas etc.). Sendo assim, devemos ter em mente que os fatores de risco à gengivite são muito parecidos com os fatores de risco à mucosite, assim como a periodontite em relação à peri-implantite, e esses fatores devem ser controlados de perto pelo pro! ssional, particularmente a placa bacteriana. 233 PerioNews 2013;7(3):232-4 João Batista César Neto Professor da Disciplina de Periodontia – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP); Mestre e doutor em Periodontia – FOP-Unicamp. jbcesarneto@usp.br Ricardo Takiy Sekiguchi Mestre e doutor em Periodontia – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP). ricardotakiy@yahoo.com Nos últimos anos, os implantes dentários se tornaram uma alternativa bastante comum frente às próteses convencionais, como próteses parciais removíveis. Os estudos que avaliaram o sucesso dos implantes por pelo menos dez anos de acompanhamento dão suporte cientí! co para sua utilização e encorajam tanto clínicos como pacientes a adotarem esta opção de tratamento. Porém, apesar da alta taxa de su- cesso, é comum o aparecimentode lesões in" amatórias e infecciosas ao redor dos implan- tes, conhecidas como mucosites e peri-implantites. O estudo de Roos-Jansåker (2006), por exemplo, observou presença de mucosite peri-implantar em 76,6% dos indivíduos e em 16% deles observou-se peri-implantite. Os microrganismos são essenciais para o desenvolvimento de infecções ao redor dos im- plantes, e alguns estudos (Salvi et al. 2008, Quirynen et al. 2006) demonstraram que a colo- nização bacteriana em implantes pode ocorrer em um período curto após sua instalação. Outros estudos observaram ainda que a microbiota associada à periodontite é bastante similar com a da peri-implantite (Heitz-May! eld et al. 2010). Todas essas informações geram o seguinte questionamento: seria um paciente com histó- rico de doença periodontal mais susceptível à peri-implantite? Segundo Karoussis et al. (2003), indivíduos com histórico de periodontite crônica apresen- taram maior prevalência de peri-implantite (28,6%) quando comparados a indivíduos sem histórico de doença periodontal (5,8%). Renvert et al. (2009) observaram ainda que indiví- duos com histórico de periodontite podem apresentar maior risco de ter peri-implantite que aqueles sem histórico de periodontite. Além disso, observa-se que os microrganismos encontrados em sítios com peri-implantites foram similares aos microrganismos dos sítios com periodontites; logo, existe a possibilidade de as bolsas periodontais agirem como um reservatório para os microrganismos que poderiam colonizar as superfícies dos implan- tes (Mombelli, 2002). Este conjunto de evidências cientí! cas sugere, fortemente, que os mesmos cuidados de manutenção periodontal adotados para dentes devem ser utilizados também para os implantes. Ressaltamos ainda que são necessários mais estudos para se conhecer com maior deta- lhamento a relação periodontite/peri-implantite, uma vez que notamos grande variação no padrão de diagnóstico de periodontite e peri-implantite, e poucas informações sobre a in" uência dos fatores de riscos periodontais (por exemplo, consumo de cigarros) na inci- dência e na progressão das peri-implantites. Referências • Heitz-May! eld LJ, Lang NP. Comparative biology of chronic and aggressive periodontitis vs. peri-implantitis.Periodontol 2000 2010;53:167-81. • Karoussis IK, Salvi GE, Heitz-May! eld LJ, Bragger U, Hammerle CH, Lang NP. Long-term implant prognosis in patients with and without a history of chronic periodontitis: a 10-year prospective cohort study of the ITI Dental Implant System. Clin Oral Implants Res 2003;14:329-39. • Mombelli A. Microbiology and antimicrobial therapy of periimplantitis. Periodontol 2000 2002;28:177-89. • Quirynen M, Vogels R, Peeters W, van Steenberghe D, Naert I, Haffajee A. Dynamics of initial subgingival colonization of ‘pristine’ peri-implant pockets. Clinical Oral Implants Research 2006;17:25-37. • Renvert S, Persson GR. Periodontitis as a potential risk factor for peri-implantitis. J Clin Periodontol 2009;36(Suppl. 10):9-14. • Roos-Jansåker AM, Renvert H, Lindahl C, Renvert S. Nine- to fourteen-year follow- up of implant treatment. Part III: factors associated with peri-implant lesions. Journal of Clinical Periodontology 2006;33:296-301. • Salvi GE, Furst MM, Lang NP, Persson GR. One-year bacterial colonization patterns of Staphylococcus aureus and other bacteria at implants and adjacent teeth. Clinical Oral Implants Research 2008;19:242-8. Fórum clínico 234 RESUMO A doença periodontal possui alta prevalência na população e o seu diagnóstico precoce é importante para o prognóstico do tratamento. Há uma extensa discussão acerca do método ideal para estabelecer o diagnóstico e a classi! cação das doen- ças periodontais. Este trabalho investigou os parâmetros clíni- cos utilizados em faculdades de Odontologia brasileiras para o diagnóstico das doenças periodontais. A metodologia consis- tiu no envio de um questionário, via e-mail, para um professor de Periodontia de cada instituição de ensino de Odontologia. Foram obtidas respostas de 30 faculdades brasileiras, as quais foram analisadas de forma descritiva. Foi observado que meta- de das faculdades brasileiras (50%) utiliza o PSR (registro perio- dontal simpli! cado) no exame inicial e 90% usam o periograma completo. A profundidade a sondagem foi o parâmetro mais utilizado para o diagnóstico (21%), enquanto que a perda de inserção utilizada para a classi! cação das doenças foi de 54%. Pôde-se concluir que existe uma uniformidade entre as facul- dades em relação aos parâmetros clínicos utilizados para o diag- nóstico e a classi! cação das doenças periodontais. Unitermos – Diagnóstico; Doenças periodontais; Exame. PARÂMETROS UTILIZADOS PARA O DIAGNÓSTICO PERIODONTAL EM FACULDADES DE ODONTOLOGIA BRASILEIRAS Parameters used for Periodontal diagnosis in brazilian dental schools Thyago Primo* Bruna P. Fontes** Euler M. Dantas*** Bruno C. V. Gurgel**** Delane M. Rêgo***** *Graduando de Odontologia – Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. **Cirurgiã-dentista – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. ***Doutor – UFPE; Professor de Periodontia e Clínica Integrada – Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. ****Doutor – FOP-Unicamp; Professor de Periodontia e Clínica Integrada – Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. *****Doutora – Foar-Unesp; Professor de Periodontia e Clínica Integrada – Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Recebido em dez/2012 – Aprovado em jan/2013 Trabalho de pesquisa Periodontia ABSTRACT Periodontal disease has a high prevalence in the population and its early diagnosis is important for the prognosis of the treatment. There is an extensive discussion about the ideal method to determinate the diagnosis and classi! cation for periodontal diseases. This study investigated the clinical parameters used in Brazilian dental schools for the diagnosis of periodontal diseases. The methodology consisted in send a questionnaire with several questions, via e-mail, to one professor of periodontics from each educational institution of Dentistry. Thirty questionnaires were received back and data were descriptively analyzed. It was observed that half of the schools (50%) use the PSR (Periodontal Screening and Recording) at the initial examination and 90% use complete periodontal registration. The probing depth was the most widely used parameter for diagnosis (21%) and clinical attachment loss for classi! cation (54%). It can be concluded that there was an uniformity among the schools in relation to the clinical parameters used for the diagnosis and classi! cation of periodontal diseases. Key Words – Diagnosis; Periodontal diseases; Exam. PerioNews 2013;7(3):235-9 235 Primo T • Fontes BP • Dantas EM • Gurgel BCV • Rêgo DM PerioNews 2013;7(3):235-9 A DOENÇA PERIODONTAL (DP) É GENERICAMENTE DEFINIDA COMO O RESULTADO DO DESEQUILÍBRIO ENTRE AGRESSÃO DE MICRORGANISMOS, FATORES EXTERNOS E A CAPACIDADE DE DEFESA DO HOSPEDEIRO, TENDO COMO EXPRESSÃO O PROCESSO INFLAMATÓRIO DA GENGIVA (GENGIVITE), PODENDO PROGREDIR ATÉ A PERDA DA UNIDADE DENTÁRIA, POR REABSORÇÃO DO TECIDO ÓSSEO E PERDA DE INSERÇÃO (PERIODONTITE)1. SUA AÇÃO CRÔNICA E DESTRUTIVA PODE PROVOCAR EXTENSAS PERDAS DENTÁRIAS E ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS AO PERIODONTO, DESARMONIZANDO A ESTÉTICA E PROVOCANDO POSSÍVEIS DESEQUILÍBRIOS AO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO2. É UMA DOENÇA ASSINTOMÁTICA E ALGUMAS VEZES IMPERCEPTÍVEL E/OU NEGLIGENCIADA EM RELAÇÃO AO SEU DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ADEQUADO3. Introdução A doença periodontal (DP) é genericamente de! nida como o resultado do desequilíbrio entre agressão de mi- crorganismos, fatores externos ea capacidade de defesa do hospedeiro, tendo como expressão o processo in" ama- tório da gengiva (gengivite), podendo progredir até a per- da da unidade dentária, por reabsorção do tecido ósseo e perda de inserção (periodontite)1. Sua ação crônica e des- trutiva pode provocar extensas perdas dentárias e altera- ções estruturais ao periodonto, desarmonizando a estética e provocando possíveis desequilíbrios ao sistema estoma- tognático2. É uma doença assintomática e algumas vezes imperceptível e/ou negligenciada em relação ao seu diag- nóstico e tratamento adequado3. Os primeiros estudos sobre doença periodontal, rea- lizados a partir do ! nal da década de 1950, se valeram de dados obtidos por sistemas de indexação, principalmente o Índice Periodontal de Russel e o Índice de Doença Periodon- tal de Ramfjord. Estes índices possuem uma série de limita- ções, destacando-se a avaliação da condição gengival em conjunto com a condição periodontal, tendo em vista que, na época, acreditava-se que gengivites sempre evoluíam para periodontites. Um outro aspecto se refere à transfor- mação de medidas em milímetros de profundidade de son- dagem e nível de inserção clínica em sistemas de números3. Dentre os índices utilizados, alguns se limitam aos teci- dos e às manifestações gengivais, enquanto outros incluem parâmetros para avaliação dos tecidos de sustentação e ad- jacências. A utilização de um índice gengival pode apresen- tar di! culdades, pois eles apresentam muita subjetividade. Mesmo os índices de sangramento, que seus autores a! r- mam serem objetivos, também carregam certa fragilidade, pois cada examinador poderá aplicar diferente pressão à sonda e mesmo um único examinador di! cilmente será uni- forme ao longo do levantamento. Por isso, a necessidade de se realizar uma rigorosa calibragem quando tais índices são utilizados em levantamentos epidemiológicos e pesqui- sas clínicas4. Os primeiros índices idealizados para quanti! car as doenças periodontais registravam principalmente a quan- tidade de bio! lme dental, o sangramento e a presença ou ausência de cálculo. O registro da quantidade do bio! lme medido normalmente pelos índices de placa tem sua impor- tância por fornecer facilmente ao paciente meios visuais para a automotivação. Já a tendência dos tecidos periodontais a sangrar fornece um parâmetro objetivo que é facilmente avaliado clinicamente pelo pro! ssional. Posteriormente, uma ênfase maior foi dada a mensuração das profundida- des de bolsa e, atualmente, o parâmetro considerado pa- drão-ouro é o nível de inserção clínica5. Medidas da profundidade de sondagem são clinica- mente importantes, uma vez que provém uma avaliação global das profundidades de sondagem, que são os princi- pais hábitats dos patógenos periodontais6. Tradicionalmen- te, é a primeira mensuração após os registros de bio! lme que o aluno, ao adquirir conhecimentos em Periodontia, é levado a obter. Mediante a evolução dos sistemas diagnósticos em Pe- riodontia e, ainda, a presença de divergências e polêmicas no meio acadêmico-cientí! co – desde o marco conceitual de doença aos métodos de classi! cação das doenças perio- dontais atual –, este estudo buscou investigar os parâme- tros clínicos utilizados pela Periodontia em faculdades de Odontologia brasileiras. Material e Métodos O estudo realizado foi do tipo observacional e constou de uma análise descritiva dos parâmetros clínicos periodon- 236 Periodontia PerioNews 2013;7(3):235-9 tais utilizados para o diagnóstico e a classi! cação das doen- ças periodontais nas faculdades de Odontologia do Brasil. A população inicial incluiu todas as instituições de ensino superior brasileiras, que tinham o curso de Odontologia. Entretanto, o retorno obtido do questionário respondido determinou um total de 30 faculdades, oriundas das mais diversas regiões do País. A aquisição dos endereços eletrônicos dos cursos deu-se através da homepage do Conselho Federal de Odontologia – www.cfo.org.br. Posteriormente, foi envia- do um e-mail direcionado para o setor de Periodontia de cada faculdade, com uma carta-convite para participação na pesquisa. Nesta última, havia um link que direcionava o entrevistado para a homepage onde estava hospedada uma Carta de Apresentação e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a ser assinado eletronicamente e disponível para ser salvo em arquivo PDF pelo participante. Neste mesmo link constava um questionário sobre métodos diagnósticos e questões técnicas que deveriam ser respondidas por um professor responsável pela área de Periodontia. O questio- nário investigou o uso de registro periodontal simpli! cado, periograma e parâmetros para o diagnóstico e a classi! cação das doenças periodontais. Através da utilização do link para a resposta do questionário, nem o professor nem a instituição foram identi! cados, para que os preceitos da ética não fos- sem infringidos. As perguntas do questionário foram consideradas como variáveis independentes e, pela sua natureza cate- górica, foram analisadas a partir de frequência percentual. O projeto do estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN (CEP/UFRN), obtendo o parecer de nú- mero 027/2012. Resultados Os resultados encontram-se expressos em tabelas e ! guras, as quais revelam o uso de registros periodontais simpli! cado e completo (Tabela 1), os parâmetros de diag- nóstico (Figura 1) e os critérios de classi! cação das doenças periodontais (Figura 2). Figura 1 – Parâmetros de diagnóstico clínico de doença periodontal (Natal/RN 2012). Figura 2 – Critérios utilizados para classi! car as periodontites quanto à severidade (Natal/RN 2012). TABELA 1 – UTILIZAÇÃO DE REGISTRO PERIODONTAL SIMPLIFICADO E PERIOGRAMA COMPLETO EM CLÍNICAS DE ENSINO (NATAL/RN 2012) Parâmetro Registro periodontal simplifi cado Periograma completo Sim (Y) 15 (50%) 27 (90%) Não (N) 15 (50%) 3 (10%) 237 PerioNews 2013;7(3):235-9 Primo T • Fontes BP • Dantas EM • Gurgel BCV • Rêgo DM Discussão Exames simpli! cados como o Periodontal screening and recording (PSR) têm sido endossados pela Academia Americana de Periodontologia e pela Associação Dentária Americana devendo ser utilizados pelo dentista generalista. Este tipo de exame pode ser também usado como forma de triagem dos pacientes. Mediante a presença de códigos que sinalizam um problema, um exame periodontal deta- lhado ou periograma é indicado como próximo passo antes do plano de tratamento ser executado7. Na ausência de si- nais indicativos de doença, o paciente pode ser remaneja- do para um setor ou indicado ao aluno ou pro! ssional para execução de outros procedimentos. Apesar de divergências e controvérsias no emprego deste sistema simpli! cado, a verdade é que metade (50%) das faculdades analisadas ado- ta este tipo de registro no exame inicial do paciente. A utilização do periograma, que é o exame periodontal detalhado utilizado quando a Periodontia atua em um ní- vel de maior complexidade, deu-se em 90% das faculdades. Este foi um achado animador, uma vez que o diagnóstico da doença periodontal é mais seguro quando a mensuração detalhada de todos os parâmetros que compõem o perio- grama é feito. Porém, em 10% das clínicas de ensino não foi mencionado o uso de periograma como instrumento de re- gistro. O tempo despendido para a realização deste exame pode ser a causa de tal conduta, ou ainda, outra forma de registro pode ser utilizada em outras clínicas. Dos parâmetros utilizados para o diagnóstico das doenças periodontais, a profundidade de sondagem (21%), o sangra-mento a sondagem (15%) e o nível de inserção clínica (12%) foram os mais frequentemente considerados pelas faculda- des. A profundidade de sondagem, apesar da possibilidade de apresentar erros inerentes à qualidade da sonda periodontal, características relacionadas com o tecido a ser examinado e com o operador, é bastante utilizada, em associação com outros parâmetros8. O sangramento a sondagem pode apre- sentar certo grau de subjetividade pela aplicação de pressão durante a sondagem, o que pode alterar o diagnóstico. A mera presença de sangramento a sondagem não associa o sítio a um maior risco em desenvolver adicional perda de in- serção, apesar de alguns estudos apontarem que sítios que sangram repetidamente estão sob um alto risco para futu- ras perdas de inserção9. O nível de inserção é tido como o padrão-ouro para veri! cação da severidade da doença5, mas deve ser associado a outros parâmetros de avaliação para que se veri! que se há presença atual de atividade de doen- ça9, permitindo também avaliação longitudinal. A Academia Americana de Periodontia (2000) relatou a importância da utilização de critérios clínicos de diagnósti- co padronizados e sugeriu que para o diagnóstico de DP, os indivíduos deveriam apresentar, a partir de um exame periodontal completo, pelo menos um sítio na cavidade bucal com PIC ≥ 4 mm e PS ≥ 4 mm. Para os critérios de extensão, até 30% de sítios acometidos corresponderiam a DP localizada e mais de 30% de sítios acometidos de DP generalizada. Finalmente, para determinar a gravidade de doença periodontal, 1 mm a 2 mm de PIC seria considerado DP leve, 3 mm a 4 mm de PIC, DP moderada e 5 mm ou mais de PIC, DP grave10. Apenas uma faculdade (3%) revelou não usar a classi! cação das doenças periodontais da AAP e 20 (54%) usam a perda de inserção como critério para clas- si! car. Seis (16%) delas utilizam a profundidade a sondagem e dez (27%) mencionaram utilizar outros parâmetros (su- puração, mobilidade, perda óssea radiográ! ca, alterações mucogengivais). Ainda nas respostas abertas, outros parâmetros foram citados e apontados na pesquisa como importantes para o diagnóstico. Pode-se elencar tabagismo, uso de álcool, pa- rafunção, exercício físico, genética, higienização, piercing, doenças sistêmicas, estresse, dieta, medicação e utilização de cachimbo e chimarrão. DOS PARÂMETROS UTILIZADOS PARA O DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS PERIODONTAIS, A PROFUNDIDADE DE SONDAGEM (21%), O SANGRAMENTO A SONDAGEM (15%) E O NÍVEL DE INSERÇÃO CLÍNICA (12%) FORAM OS MAIS FREQUENTEMENTE CONSIDERADOS PELAS FACULDADES. A PROFUNDIDADE DE SONDAGEM, APESAR DA POSSIBILIDADE DE APRESENTAR ERROS INERENTES À QUALIDADE DA SONDA PERIODONTAL, CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS COM O TECIDO A SER EXAMINADO E COM O OPERADOR, É BASTANTE UTILIZADA, EM ASSOCIAÇÃO COM OUTROS PARÂMETROS8. 238 Periodontia PerioNews 2013;7(3):235-9 Um dado interessante foi a subutilização do exame ra- diográ! co como auxiliar de diagnóstico. Seria interessante o debate de questões como essas em reuniões de consenso de especialidades, em o! cinas de planejamento e avaliação de desempenho das escolas, pois a radiogra! a é uma tec- nologia básica ao alcance do pro! ssional que não deve ser esquecida. A demonstração da progressão da periodontite requer uma documentação adicional da perda óssea ocorrida em um espaço de tempo. Como nem sempre isso é possível, principalmente quando o paciente é examinado pela pri- meira vez, muitos clínicos dão o diagnóstico de periodon- tite para sítios in" amados que também tem perda óssea. Isto é uma prática prudente desde que os sítios possam es- tar em momentos de perda óssea ou são áreas de possível progressão da doença. Entretanto, a observação de perda óssea momentânea não pode fechar um diagnóstico de pe- riodontite. Talvez, esse seja um dos motivos pelos quais o exame radiográ! co não seja utilizado rotineiramente como um instrumento para o diagnóstico de atividade de doença, bem como para a classi! cação da mesma. Conclusão Os protocolos de diagnóstico clínico das doenças pe- riodontais utilizados pelas faculdades brasileiras de Odonto- logia são, de forma geral, semelhantes, visto que na maio- ria o exame detalhado, por meio do periograma, é feito. O registro do nível de inserção clínica, recessão gengival e profundidade de sondagem apresentaram-se como domi- nantes no constructo deste per! l de avaliação periodontal. Nota de esclarecimento Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio ! nanceiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós ou os membros de nossas famílias não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que com ! ns lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade com interesse ! nanceiro nesta área. Endereço para correspondência: Bruno César de Vasconcelos Gurgel bcgurgel@yahoo.com.br REFERÊNCIAS 1. Gomes Filho IS, Macedo TCN, Cruz SS, Soledade KR, Trindade SC, Sarmento VA. Comparação de critérios que determinam o diagnostico clinico da doença periodontal. Rev Odont Ciênc - Fac. Odonto/PUCRS 2006;21(51):77-81. 2. Brito RL, Silva SC, Gusmão ES. Necessidade de tratamento periodontal: do CPITN ao PSR. Rev Periodontia 1998;7(2):109-14. 3. Beck JD, Löe H. Epidemiological principles in studying periodontal diseases. Periodontology 2000 1993;2:34-45. 4. Pigozzo MN, Laganá DC, Campos TN, Yamada MCM. A importância dos índices em pesquisa clínica odontológica: uma revisão da literatura. Rev Odont Univ São Paulo 2008;20(3):280-7. 5. Chaves ES, Wood RC, Jones AA, Newbold DA, Manwell MA, Kornman KS. Relationship of “bleeding on probing” and “gingival índex bleeding” as clinical parameters of gingival in" ammation. J. Clin Periodontol 1993;20:139-43. 6. AAP - American Academy of Periodontology. Diagnosis of Periodontal Diseases (position paper). J Periodontol 2003;74(08):1237-47. 7. Dantas EM, Rêgo DM. Aplicação do PSR em estudantes de Odontologia. R Saude 1998;12(2):13-9. 8. Tahim CM, Barbosa CS, Mota OML, Pereira SLS, Lima DLF, Carlos MX. Avaliação da padronização de sondas periodontais tipo Williams. Rev Periodontia 2007;17(3):86-9. 9. Guimarães NA. Impacto da utilização de diferentes critérios clínicos diagnósticos na prevalência, associação causal e extensão da doença periodontal [dissertação]. Belo Horizonte: UFRG, 2005. 10. AAP - American Academy of Periodontology. Parameter on Comprehensive Periodontal Examination (supplement). J Periodontol 2000;71(5):847-8. Errata Na coluna Fórum Clínico “Programa de manutenção após o tratamento de doença periodontal e peri-implantar”, publicada na edição no 2 – Vol. 7 da PerioNews, houve um erro na publicação do artigo da professora Magda Feres, a quem pedimos desculpas. A versão completa e correta do texto está disponível em www.inpn.com.br/link-1348. 239 RESUMO O prognóstico terapêutico de lesões periodontais envolvendo áreas interradiculares é considerado incerto devido à di! cul- dade de acesso a essas áreas para adequada descontaminação e à frequente progressão da perda de inserção apesar do tra- tamento.Esta revisão sistemática coletou, nas bases de dados The Cochrane Library, PubMed e Web of Knowledge, estudos que atendessem aos seguintes critérios de inclusão: a) disponi- bilidade do resumo ou do texto na íntegra na internet; b) estu- dos clínicos em humanos; c) publicação a partir de 2002; d) pu- blicação na língua inglesa; e) estudo desenvolvido com dentes multirradiculares previamente tratados de lesão de furca por doença periodontal de origem bacteriana; f) nível de inserção clínica ter sido utilizado como parâmetro de avaliação; g) acom- panhamento longitudinal mínimo de um ano. O objetivo foi identi! car, dentre as terapias atuais, aquela(s) de melhor prog- nóstico. Apenas 11 estudos atenderam aos critérios de inclusão e sua análise demonstrou que a terapia não cirúrgica parece ser contraindicada para tratar essas lesões. Entretanto, a diversida- de metodológica encontrada e o reduzido número de estudos clínicos bem conduzidos não permitiram atribuir superioridade de nenhuma das técnicas cirúrgicas regenerativas em relação ao prognóstico de manutenção dos resultados em longo prazo. Unitermos – Prognóstico; Terapia da furca; Regeneração óssea. PROGNÓSTICO DO TRATAMENTO DE LESÕES DE FURCA Treatment prognosis of furcation lesions. A systematic review Carmen Emilia Caba-Paulino* Maria Lúcia Rubo de Rezende** Adriana Campos Passanezi Sant’Ana** Carla Andreotti Damante*** Sebastião Luiz Aguiar Greghi**** *Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Aplicadas, área de Concentração Reabilitação Oral: linha de pesquisa Periodontia – Faculdade de Odon- tologia de Bauru da Universidade de São Paulo, Brasil. **Professoras associadas da Disciplina de Periodontia, Departamento de Prótese – Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, Brasil. ***Professora doutora da Disciplina de Periodontia, Departamento de Prótese – Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, Brasil. ****Professor associado da Disciplina de Periodontia, Departamento de Prótese – Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, Brasil. Recebido em abr/2013 – Aprovado em abr/2013 Periodontia ABSTRACT The therapeutic prognosis of periodontal lesions involving in- terradicular areas is considered uncertain due to the dif! culty of access to these areas for proper decontamination and frequent progression of loss insertion despite treatment. This systematic review has collected in databases, such as The Cochrane Library, PubMed and Web of Knowledge, studies that met the following inclusion criteria: a) the availability of the summary or full text on the internet, b) clinical studies in humans, c) publishing since 2002, d) publication in English language; e) study designed with multirooted teeth previously treated by furcation lesion disease of bacterial origin; f) clinical attachment level used as evaluation parameter, g) longitudinal follow up of 1 year at least. The ob- jective of this systematic review was to identify, among current therapies, the one(s) with better prognosis. Only 11 studies met the inclusion criteria and their analysis showed that nonsurgical therapy does not seem to be indicated to treat these injuries. However, the methodological diversity among studies and the small number of well-conducted clinical studies, failed to assign superiority of any of regenerative surgical techniques in rela- tion to prognosis of maintaining long-term results. Key Words – Prognosis; Furcation therapy; Bone regeneration. PerioNews 2013;7(3):241-6 Revisão da literatura 241 Caba-Paulino CE • de Rezende MLR • Sant'Ana ACP • Damante CA • Greghi SLA PerioNews 2013;7(3):241-6 OS DENTES COM LESÕES DE FURCA SÃO CLINICAMENTE DESAFIANTES PARA O CIRURGIÃO-DENTISTA POR COLOCAREM EM DÚVIDA A SOBREVIVÊNCIA EM LONGO PRAZO DO ÓRGÃO DENTÁRIO, O QUE SE ATRIBUI TRADICIONALMENTE ÀS CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DA REGIÃO COMPREENDIDA ENTRE AS RAÍZES1, O QUE TORNA IMPERATIVO CONHECER POSSÍVEIS TRATAMENTOS COM POTENCIAL PARA AJUDAR A PRESERVAR O DENTE E GARANTIR SEU PROGNÓSTICO AO LONGO DO TEMPO. Introdução Os dentes com lesões de furca são clinicamente desa! an- tes para o cirurgião-dentista por colocarem em dúvida a so- brevivência em longo prazo do órgão dentário, o que se atri- bui tradicionalmente às características anatômicas da região compreendida entre as raízes1, o que torna imperativo conhe- cer possíveis tratamentos com potencial para ajudar a preser- var o dente e garantir seu prognóstico ao longo do tempo. Uma recente revisão da literatura sobre as diretrizes para o tratamento das lesões de furca2 relacionou os se- guintes fatores que in" uenciam o prognóstico desses den- tes: grau da perda óssea no início da terapia, número de molares remanescentes, di! culdade na higiene oral diária, tabagismo e modalidades de tratamento recebidas. A ma- nutenção regular e o controle de placa efetivo também fo- ram citados como fatores inerentes ao paciente para preve- nir a perda dental, cujo risco aumenta se o dente for usado como pilar de prótese3. A mesma revisão2 revelou dados epidemiológicos importantes como: a) cerca de 50% dos molares superiores apresentam pelo menos um sítio com envolvimento profundo da furca; b) a prevalência de en- volvimento de furca nesses dentes chega a 90% nos casos de periodontite generalizada avançada; c) as lesões de fur- ca maxilares são mais frequentes do que as mandibulares em pacientes com doença periodontal agressiva ou crônica (72% versus 50%). As lesões de furca Classe III, segundo a classi! cação que considera o sentido horizontal4, são as que apresentam pior prognóstico em longo prazo, sendo discutível se esses dentes deveriam ser mantidos, ou extraídos e substituídos por implantes ou outras restaurações5. Quando associada à mobilidade, este tipo de lesão é a responsável pela maioria das exodontias durante a terapia inicial e de manutenção6. O objetivo desta revisão sistemática foi levantar dados de estudos clínicos controlados e bem conduzidos publica- dos entre 2002 e 2012 que possibilitem identi! car o trata- mento de melhor prognóstico para as lesões de furca. Revisão da Literatura Um levantamento bibliográ! co foi realizado em maio e junho de 2012 pela busca eletrônica no site da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados The Cochrane Library, US National Library Of Medicine National Institute of Health – PubMed, e na Web of Knowledge. Os Descritores em Ciências da Saúde (DeCs) utilizados na estratégia de busca fo- ram: pré-molar, molar, prognóstico, Periodontia, perda óssea alveolar, perda de inserção periodontal, regeneração tecidual guiada, periodontal, regeneração óssea, defeitos de furca, envolvimento da furca, tratamento de envolvimento da fur- ca, terapia da furca. Também foi realizada busca manual nos periódicos Journal of Periodontology, Journal of Clinical Pe- riodontology, Journal of Periodontal Research e International Journal of Periodontics and Restorative Dentistry. O universo de artigos resultantes da busca constituiu-se em 3.108 artigos. Para que fosse selecionado, o artigo deve- ria atender aos seguintes critérios: • Disponibilidade do resumo ou do texto na íntegra na internet. • Estudos clínicos em humanos. • Publicação a partir de 2002. • Publicação na língua inglesa. Esses critérios reduziram o número inicial para 62 arti- gos. A leitura destes 62 artigos levou à seleção de 11 artigos que atenderam aos seguintes critérios de avaliação da qua- lidade metodológica: • Dentes multirradiculares previamente tratados de lesão de furca por doença periodontal de origem bacteriana. • Nível de inserção clínica utilizado como parâmetrode ava- liação. 242 Periodontia PerioNews 2013;7(3):241-6 • Acompanhamento longitudinal mínimo de um ano. Para evitar viés, a seleção dos artigos foi realizada por dois pesquisadores independentes (CECP e MLRR). Os de- sacordos a respeito da inclusão ou não de dois artigos na revisão foram resolvidos por discussão entre os revisores. A quantidade de ganho de inserção clínica e sua manu- tenção ao longo do tempo foram consideradas como método de avaliação do sucesso dos tratamentos empregados. Desta forma, os resultados dos estudos foram classi! cados como: • Perda de inserção a qualquer tempo. • Ausência de efeito do tratamento a qualquer tempo (ne- nhum ganho ou perda de inserção). • Ganho mínimo de inserção clínica: ganho de até 1 mm de inserção clínica mantido por no mínimo um ano. • Ganho moderado de inserção clínica: ganho de 1 mm a 3 mm de inserção clínica por no mínimo um ano. • Ganho considerável de inserção clínica: ganho de mais de 3 mm de inserção clínica por no mínimo um ano. Devido à diversidade de metodologias empregadas mesclando combinações entre enxertos ósseos de dife- rentes origens isolados ou em associação com regeneração tecidual guiada (RTG), optou-se pela não realização de me- tanálise. Dos 11 artigos que atenderam aos critérios de inclu- são7-17 apenas um empregou terapia periodontal não cirúr- gica17 como única forma de tratamento para as lesões de furca. Os dez trabalhos que empregaram terapia cirúrgica optaram por tratamentos regenerativos. Em seis estudos, o tempo mínimo de acompanhamen- to foi de 12 meses7,8,11,13-15, sendo que os trabalhos remanes- centes ! zeram acompanhamentos por até 249, 3610, 7216, 12012 e 180 meses17. Os intervalos mínimo e máximo entre as consultas de manutenção foram respectivamente três e seis meses. Cinco dos estudos que ! zeram tratamento cirúrgico utilizaram biomodi! cação química da superfície radicular. Esses estudos empregaram solução saturada de ácido cítri- co pH 1 por três minutos8, solução de tetraciclina a 10% por três minutos9, ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) 24% em gel pH 6,7 por dois minutos10-11 e ácido fosfórico a 37% por três minutos16. Quanto à medicação pós-operatória, todos emprega- ram antibioticoterapia com amoxicilina associada a ácido clavulânico7,16, doxiciclina9,13-15, amoxicilina associada a me- tronidazol10-11, metronidazol17, penicilina associada a doxici- clina e metilprednisolona8 e propicilina12. Quatro estudos empregaram cirurgia de reentrada como método de acesso aos sítios tratados7-8,13-14. Os de- mais empregaram parâmetros clínicos como profundidade de sondagem, inserção clínica vertical e horizontal, assim como radiogra! as convencionais e de subtração. Os defeitos foram avaliados apenas no sentido vertical em cinco estudos7-8,13,16-17 e nos sentidos vertical e horizon- tal em seis estudos9-12,14-15. Para efeito de padronização e para facilitar a discussão dos resultados, optou-se pela uti- lização dos dados referentes apenas ao sentido vertical dos defeitos. Foi constatada perda de inserção clínica com o tem- po no trabalho que adotou tratamento não cirúrgico das lesões de furca17, no qual foi feito raspagem e alisamen- to radicular (RAR) associados a metronidazol (800 mg/dia) e bochechos de clorexidina (duas vezes/dia) com controles realizados duas vezes ao ano. Veri! cou-se 3,4 mm de perda de inserção para a maxila e 7,1 mm para a mandíbula depois de 180 meses. Em quatro estudos10-12,14, o ganho de inserção não foi estatisticamente signi! cante em relação ao baseline. Por esta razão, estes resultados foram considerados como au- sência de efeito. Nesses trabalhos foi empregada RTG com membrana reabsorvível11-12,14 ou não reabsorvível12,14 e ma- triz derivada do esmalte isoladamente10 ou em associação à membrana reabsorvível11. Ganho de inserção mínimo de 0,5 mm foi observado em um estudo9, que empregou apenas RTG associada à ras- pagem após biomodi! cação radicular com tetraciclina. Dois estudos obtiveram ganho de inserção moderado, com oscilações entre 1,33 mm8 a 2,9 mm13. Estes estudos empregaram RTG com membrana não reabsorvível de poli- tetra" uoretileno expandido (ePTF) associada ao enxerto de osso lio! lizado desmineralizado (EOLD)8 e membrana reab- sorvível de sulfato de cálcio isoladamente ou associada ao EOLD13, sendo que esta última associação alcançou o melhor resultado dentro dessa categoria. O melhor resultado (ganho considerável) foi observado em um caso clínico isolado16 de lesão de furca Classe III tra- tada por EOLD associado a uma membrana de PTF no qual 243 PerioNews 2013;7(3):241-6 houve ganho de 7 mm de inserção clínica mantidos por 72 meses após o tratamento. Ganho considerável foi constata- do também com o emprego de enxertos de hidroxiapatita associados à membrana reabsorvível ou a enxerto de tecido conjuntivo, no qual os ganhos situaram-se entre 3,07 mm a 3,47 mm mantidos até 12 meses após o tratamento7. A associação entre enxerto de hidroxiapatita microgranular e membrana não reabsorvível também resultou em ganho considerável em outro estudo15. A Tabela 1 ilustra as princi- pais características dos trabalhos revisados. Discussão Esta revisão sistemática de estudos envolvendo o prog- nóstico do tratamento de lesões de furca apontou para a superioridade do tratamento cirúrgico sobre o não cirúr- gico e para a conveniência do emprego de RTG associada a algum tipo de material de enxerto ósseo. Considera-se que o preenchimento completo das lesões de furca asseguraria a retenção do elemento dental em lon- go prazo18. Um estudo multicêntrico comparando o uso de matriz derivada do esmalte e raspagem em campo aberto no tratamento de 90 lesões de furca Classe II veri! cou que o fe- chamento completo de lesões de furca é alcançado em cerca de 18% dos casos, mas em 60%, esse fechamento é parcial, podendo haver 2,2% de perda de inserção19. Esses resultados concordam de certa forma com esta revisão, em que o fe- chamento completo foi relatado em porcentagem variando de 22,2%9 a 74%8, em casos em que a RTG foi associada a enxertos ósseos. Frequência de 40% de fechamento foi re- latada também com o emprego de membrana de poligalac- tina/ácido polilático associada hidroxiapatita microgranular7. A maioria dos trabalhos estudados, entretanto, encontrou fechamento apenas parcial das lesões. A terapia não cirúrgica das lesões de furca tem alcança- do algum sucesso em lesões incipientes, como as de Classe I2. Por outro lado, em envolvimentos mais avançados, a cirur- gia permite acesso a debridamento e descontaminação ra- dicular, odontoplastia, recontorno ósseo e procedimentos regenerativos, com o objetivo de impedir o progresso da doença periodontal8. A maioria dos autores estudados (dez autores) empregou terapia cirúrgica das lesões de Furca II e III, o que vem a con! rmar esse posicionamento. O único estudo que apresentou resultados negativos nesta revisão17 empregou terapia não cirúrgica de lesões de furca Classe III. O autor justi! cou o uso desse tipo de tra- tamento na recusa de alguns pacientes não só em aceitar o procedimento cirúrgico, como também a possibilidade de perder o dente. Nesses casos, o autor sugeriu que os clínicos procurem salvar os dentes através de tratamento periodontal não cirúrgico associado à terapia antimicrobia- na e terapia de suporte. Entretanto, atribuiu a alta morta- lidade dental encontrada depois da terapia combinada de antibióticos e RAR a fatores como: di! culdade de remoção de placa, desenho anatômico das raízes, estresse oclusal, faltade suporte ósseo distal, proximidade das raízes e iatro- genias. Por esta razão, o estudo concluiu que a exodontia de dentes com lesão de furca Classe III e sua subsequente substituição por implantes resultam em melhor prognósti- co do que o tratamento não cirúrgico. Dos dez trabalhos que empregaram terapia cirúrgica, todos adotaram técnicas regenerativas, ora empregando RTG, ora empregando materiais de preenchimento ósseo, ora associação de ambos. Nenhum ganho ou ganho míni- mo de inserção foi alcançado nos trabalhos em que a RTG (com membranas reabsorvíveis ou não), ou matriz derivada de esmalte foram utilizados isoladamente9-12,14, com exce- ção de um deles13 que apresentou ganho moderado com uma membrana reabsorvível de sulfato de cálcio. Os resulta- dos desfavoráveis com a RTG isoladamente foram atribuídos à exposição precoce das membranas, especialmente as não reabsorvíveis14, o que causa maior retenção microbiana e recessão gengival, com consequente diminuição do ganho de inserção vertical9-10. Mesmo assim, foi observado o fe- chamento completo de lesões de furca Classe II em cerca de 20% dessas lesões em dois dos estudos7,9 que empregaram membrana de ácido polilático e em 20% dos casos em que o enxerto de tecido conjuntivo gengival foi usado como membrana7. Foram citadas como vantagens das membra- nas reabsorvíveis de colágeno sobre as não reabsorvíveis de ePTFE, sua biocompatibilidade e ausência de efeitos adver- sos na cicatrização, além da facilidade de manipulação e não necessidade de outra cirurgia para sua remoção14. Já com o emprego da matriz derivada do esmalte iso- ladamente, ou associada à RTG, não foi observada melhora signi! cante nos níveis de inserção nas lesões de Classe II ou III10-11, nem foi possível identi! car fatores aos quais es- ses resultados pudessem ser atribuídos. Os estudos que Caba-Paulino CE • de Rezende MLR • Sant'Ana ACP • Damante CA • Greghi SLA 244 Periodontia PerioNews 2013;7(3):241-6 TABELA 1 – PRINCIPAIS RESULTADOS DOS TRATAMENTOS DE LESÕES DE FURCA COLETADOS DE ESTUDOS PUBLICADOS ENTRE 2002 E 2012 NAS BASES DE DADOS PUBMED, WEB OF KNOWLEDGE E COCHRANE LIBRARY Referência Casuística Tratamento Pós-operatório T máx. Resultados (IC) 7 Sete e 13 50 furcas Classe II mandibulares Grupo I: RTG com membrana reabsorvível GrupoII: RTG com membrana reabsorvível + hidroxiapatita Grupo III: RTG com enxerto de tecido conjuntivo subepitelial Grupo IV: RTG com enxerto de tecido conjuntivo subepitelial + hidroxiapatita Grupo V: raspagem em campo aberto Amoxicilina/acido clavulânico (1,5 g/dia x duas semanas) Bochechos de clorexidina 0,12% (duas vezes/dia x quatro semanas) Manutenção: ao menos duas vezes/semana/primeiro mês; uma vez a cada duas semanas/segundo e terceiro meses; uma vez aos seis e 12 meses 12 meses ICV*: Grupo I: 3,34 mm Grupo II: 3,47 mm Grupo III: 3,07 mm Grupo IV: 3,2 mm Grupo V: 2,03 mm 8 17 e 26 86 furcas Classe II mandibulares RTG (e-PTFE) + EODL Penicilina 2 g/dia x três dias e 1 g/dia x nove dias Doxiciclina 100 mg/dia até a remoção da membrana (seis/oito semanas) Bochechos de clorexidina 0,2% (dois/dia x oito semanas) Metilprednisolona x seis dias em doses decrescentes Manutenção: uma, duas, quatro, seis e oito semanas; a cada duas semanas até três meses; a cada três meses 12 meses ICV*: 1,33 mm 9 Sete e dois 18 furcas Classe II mandibulares Raspagem em campo aberto (controle) x RTG com membrana reabsorvível (teste) Doxiciclina 100 mg/dia x duas semanas Bochechos de clorexidina 0,12% dois/dia x oito semanas Manutenção: a cada duas semanas/seis meses; a cada três meses 24 meses ICV*: Controle: 0,3 mm Teste: 0,5 mm 10 Dez pacientes 12 furcas Classe II mandibulares Matriz derivada do esmalte Amoxicilina 375 mg e metronidazol 250 mg (três vezes/dia x uma semana) Bochecho de clorexidina 0,2% (três/dia x seis semanas) Manutenção: uma/semana x seis semanas; um/mês nos 4/5 meses seguintes; a cada três a seis meses 36 meses ICV: Vestibular: 0,8 mm Lingual: 1,2 mm 11 Nove pacientes 14 furcas Classe III mandibulares Matriz derivada do esmalte (A) x RTG com membrana reabsorvível (B) x Matriz derivada do esmalte + RTG com membrana reabsorvível (C) Bochechos de clorexidina 0,2% (dois/dia x seis semanas) Amoxicilina 375 mg e metronidazol 250 mg (três/dia x uma semana) Manutenção: uma vez/semana/seis semanas; uma vez/semana/seis a 12 meses. 12 meses ICV: A: vestibular: -0,3 mm Lingual: 0,3 mm B: vestibular: 0,7 mm Lingual: 0,7 mm C: vestibular: 0,2 mm Lingual: 0,2 mm 12 Seis e três 18 furcas Classe II RTG com membrana não reabsorvível (e-PTFE) (controle) x RTG com membrana reabsorvível (teste) Um milhão IU de propicilina (três/dia x uma semana) Bochechos de clorexidina 0,2% (dois/dia x cinco a sete semanas) Manutenção: a cada três meses/dois anos; a cada quatro/seis meses 120 meses ICV: Grupo controle: 0,1 mm Grupo teste: 0,7 mm 13 Oito e nove 36 furcas Classe II mandibulares Sulfato de cálcio (controle) x Sulfato de cálcio + doxiciclina (A) x Sulfato de cálcio + EODL (B) Doxiciclina (100 mg um/dia x dez dias) Bochechos de clorexidina 0,12% (dois/dia x duas semanas) Manutenção: a cada três meses 12 meses ICV*: Controle: 1,8 mm A: 2,0 mm B: 2,9 mm 14 Oito e nove 34 furcas Classe II mandibulares RTG com membrana não reabsorvível (e-PTFE) x RTG com membrana reabsorvível de colágeno Doxiciclina (200 mg/um dia, 100 mg/13 dias) Bochechos de clorexidina 0,12% (dois/dia x quatro semanas) Manutenção: a cada três meses 8 - 12 meses ICV*: e-PTFE = 0,47 mm Colágeno = 1 mm 15 34 e 26 30 furcas Classe II mandibulares Raspagem em campo aberto (controle) x hidroxiapatita microgranular + RTG com membrana não reabsorvível (e-PTFE) Doxiciclina (200 mg um dia antes da cirurgia; 100 mg/dia x 20 dias) Limpeza caseira tópica com clorexidina 0,2% Manutenção: uma vez/semana x três meses; uma vez/duas semanas x três meses; uma vez/mês x seis meses 12 meses ICV*: Controle: 0,65 mm Teste: 3,05 mm 16 Uma Uma Classe III mandibular EODL + membrana não reabsorvível Bochechos de clorexidina 0,12% (dois/dia x dois dias) Amoxicilina e acido clavulânico (posologia não informada) Manutenção: a cada três meses/um ano; a cada seis meses 72 meses IC: 7 mm 17 Um 20 Classes III mandibulares e maxilares Raspagem e alisamento radicular Metronidazol (800 mg/dia x uma semana) Bochechos de clorexidina 0,2% (dois/dia) Manutenção: duas vezes ao ano 180 meses ICV: Maxila: 3,7 Mandíbula: 7,1 mm T máx: tempo máximo; IC: inserção clínica; ICH: inserção clínica horizontal; ICV: inserção clínica vertical; b: paciente masculino; c: paciente feminino; RTG: regeneração tecidual guiada; e-PTFE: membrana não reabsorvível de politetrafl uoretileno expandido; n: ganho de inserção clínica; Ļ: perda de inserção clínica; EODL: enxerto ósseo desmineralizado liofi lizado; IU: unidade internacional; *: diferença estatística. - ausência de efeito - ganho de inserção clínica mínima (até 1 mm) - ganho de inserção clínica moderado (de 1 mm a 3 mm) - ganho de inserção clínica considerável (mais do que 3 mm) - perda de inserção clínica 245 PerioNews 2013;7(3):241-6 empregaram matriz derivada do esmalte e/ou RTG desta revisão10-11 foram classi! cados na categoria “ausência de efeito”, porque, embora os resultados apresentem alguma perda ou ganho, não foram estatisticamente signi! cantes em relação ao baseline. Os três estudos que apresentaram ganho considerável de inserção em lesões de furca Classes II e III7,15-16 empre- garam tratamento cirúrgico combinando RTG e enxertos ósseos (EOLD e hidroxiapatitamicrogranular). Ao fato de que estes estudos envolveram apenas lesões mandibulares, sendo um deles em um único caso clínico16, soma-se o rigor metodológico ao qual a busca desta revisão sistemática foi submetida. Observou-se reduzido número de estudos prospectivos com acompanhamento mínimo de 12 meses, randomizados e bem conduzidos em humanos, o que limitou consideravelmente a tomada de posição em relação a uma possível superioridade de uma modalidade de tratamento sobre outra. Isto torna claro que existe uma lacuna cientí! ca a ser preenchida dentro do tratamento de lesões de furca que clama por informações com embasa- mento cientí! co. Por outro lado, parece indiscutível que a terapia cirúrgica apresenta melhor prognóstico do que a não cirúrgica quando se pretende tratar essas lesões. Conclusão O tratamento periodontal não cirúrgico das lesões de furca Classe II e III envolvendo terapia de manutenção semes- tral não parece ser su! ciente para prevenir futuras perdas de inserção. Por outro lado, ainda que o uso de RTG e materiais de enxertos apontem para resultados mais promissores, a falta de uniformidade metodológica, diversidade de técnicas e biomateriais empregados e falta de estudos prospectivos bem controlados, até o momento, não permitem concluir de! nitivamente a respeito da abordagem terapêutica cirúr- gica de melhor prognóstico para essas lesões. Nota de esclarecimento Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio ! nanceiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que com ! ns lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade com interesse ! nanceiro nesta área. Endereço para correspondência: Maria Lúcia R. de Rezende – Fac. de Odontologia de Bauru – Depto. Prótese Al. Otavio Pinheiro Brizola, 9-75 17012-901 – Bauru – SP Telefax: (14) 3223-4679 malurezende@usp.br REFERÊNCIAS 1. Roussa E. 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Portanto, a manutenção desses tecidos se faz muito importante, pois qualquer fator que altere negati- vamente o volume, a forma e a saúde dos tecidos peri-implan- tares poderá resultar em um fracasso estético no tratamento proposto. Para um correto planejamento, as características bio- lógicas dos tecidos peri-implantares e as di! culdades oferecidas pelo fenótipo periodontal do paciente devem sempre ser con- sideradas. O objetivo dessa revisão da literatura foi descrever a importância do fenótipo periodontal na decisão do melhor mo- mento para o manejo dos tecidos moles em Implantodontia.
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