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O Mercado sob a Ótica do Fornecedor - A Oferta, o Equilíbrio e as Elasticidades. Economia | 65 Objetivos Ao final desta unidade, você será capaz de: • Conhecer o mercado pelo enfoque do produtor, identificando o comportamento da oferta e como as variáveis a afetam; • Verificar a interação entre a demanda e a oferta no mercado e compreender como se dá o equilíbrio entre a oferta e a demanda; • Conhecer o conceito de elasticidade e suas implicações, identificando os diferentes tipos de elasticidade e suas respectivas aplicações. Economia | 67 1. Oferta de Mercado Para a maioria das pessoas é muito evidente o comportamento da quantidade demandada a partir de alterações no preço devido ao fato de serem consumidores: se o preço aumenta, a quantidade demandada diminui, e vice-versa. Entretanto, como todos nós somos consumidores, é um pouco mais difícil entender a relação que há entre preço e quantidade ofertada. Nós vamos ajudá-lo a entender essa diferença. Para facilitar essa compreensão, é importante que você “esqueça” que é um consumidor: passe a pensar apenas como um empresário, um produtor, um comerciante, um prestador de serviços. Nesta condição, você é tentado a pensar em ganhar mais, vender mais e vender por um preço mais elevado. Em outras palavras, a função utilidade do produtor é bem diferente da função utilidade do consumidor. Todos os dias, logo após acordar, você, como agente econômico por excelência, começa a demandar produtos e serviços, e uma enorme rede de produtores ou fornecedores se coloca à disposição para suprir as suas necessidades: você dispõe de água para beber ou tomar um banho, seu armário tem as roupas que você pode escolher, o padeiro entregou o pão, e os serviços de transporte estão esperando por você! Água disponível nas torneiras, sabonete, shampoo, toalha, roupas lavadas e passadas, pão, café, leite, manteiga, bolo, frutas, serviço de transporte. Você nem se dá conta disso, mas o fato é que vários fornecedores 68 | Economia se mobilizaram para atender as suas necessidades15! A oferta de mercado de um bem ou um serviço pode ser definida como as quantidades de certo bem ou serviço que os fornecedores desejam oferecer ao mercado em determinado momento. Ela trata do comportamento dos produtores. A oferta de um produto é influenciada pelos seguintes fatores: Oferta de um produto • Preços de outros produtos; • Preferências do empresário; • Tecnologia; • Preços dos fatores de produção; • Preço do produto. 1.1 Lei Geral da Oferta e Variáveis que a Afetam A relação existente entre preço e quantidade ofertada (como já antecipado) é diferente da que existe na função demanda. Na demanda, você viu que os preços e as quantidades demandadas possuem uma relação inversa, ou seja, se o preço aumenta, a quantidade demandada diminui. Isso faz com que a curva de demanda seja negativamente inclinada. Na função oferta, as duas variáveis, preço e quantidades ofertadas, possuem uma relação direta: elas caminham juntas, pois têm uma correlação diretamente proporcional. Quanto maior o preço de um bem ou serviço, maior a quantidade que você, fornecedor, vai querer entregar ao mercado. 15 Segundo Gregory N. Mankiw, esses fornecedores anônimos não fazem isso porque são generosos ou porque se preocupam com o nosso bem-estar. Eles fazem isso porque recebem algo em troca! Estão apenas comerciando e visando a seus próprios lucros! Economia | 69 Na tabela e gráfico a seguir, você observa a escala de oferta de um determinado produto, contendo suas quantidades ofertadas relacionadas a uma série de preços, e a curva de oferta originada a partir da mesma escala. Preço ($) Quantidade Ofertada 2,00 2.000 4,00 4.000 7,00 7.000 9,00 9.000 11,00 11.000 Curva de Oferta P O Q ATENÇÃO! Quando o preço é de $ 2,00, a quantidade ofertada é de apenas 2.000 unidades. Quando o preço sobe para $11,00, a quantidade ofertada também sobe para 11.000 unidades. Portanto, quantidade ofertada é um valor específico da quantidade de bens para um determinado nível de preços. Em outras palavras, quantidade ofertada é um ponto qualquer da curva de oferta, dado o nível de preço. E a curva de oferta é o conjunto de todos os pontos de pares ordenados (preço, quantidade) que formam a função oferta. Assim, você percebe que a curva da oferta é positivamente inclinada, de aspecto ascendente, pois se inclina de baixo para cima, partindo da esquerda para a direita, demonstrando o comportamento diretamente proporcional entre as duas variáveis, preço e quantidade, coeteris paribus. A equação da função oferta é dada por Q 0 = ƒ (P), onde: Importante 70 | Economia Q 0 = quantidade ofertada de um bem ou serviço, num dado período; P = preço do bem ou serviço. Sob a ótica do empresário, quando há um aumento no preço de mercado do produto, há um estímulo para as empresas produzirem mais a fim de aumentar seus ganhos. Isso explica a proporção direta existente entre preço e quantidade ofertada, coeteris paribus: Quando o preço aumenta, a quantidade ofertada também aumenta. Se o preço diminui, o empresário vê o seu lucro cair. Assim, ele tem menos interesse em produzir bens para serem ofertados ao mercado. • Imagine que você é um rico fazendeiro, criador de gado! Você consulta o mercado e vê que um Kg de filé mignon custa R$ 25. • Trata-se de uma carne nobre e, a esse preço, você estaria disposto a ofertar apenas 1.000 cabeças de gado por mês para o abate. • O que aconteceria se esse preço subisse para R$ 35? Certamente, que você aumentaria a quantidade de cabeças de gado para o abate para se aproveitar do preço maior para maximizar os lucros! Nesse exemplo, você percebeu que há uma relação direta entre a quantidade ofertada e o preço da carne, coeteris paribus, ou seja, se o preço da carne aumenta, a quantidade ofertada vai aumentar, mas se o preço da carne diminuir, a quantidade ofertada também vai Economia | 71 se reduzir. A relação direta entre preço e quantidade ofertada faz parte da chamada Lei Geral da Oferta. O processo é bem simples e pode ser entendido com a ajuda desta tabela e deste gráfico: Curva de Oferta 35,00 P 1.000 2.000 25,00 O Q A oferta é afetada pelo preço do bem e também por outras variáveis, como o custo dos fatores de produção e, nesse caso, a relação entre preço e quantidade é inversa, ou seja, o aumento no preço de algum fator de produção provoca diminuição na quantidade ofertada devido ao aumento dos custos. Você voltará a ver esse tema na Unidade 7, Inflação de custos16. 16 Saiba mais lendo o artigo “Além de caro, leite está em falta nos supermercados”, e entenda o porquê de os preços subirem quando há queda na oferta de um bem. Disponível em http://www.sistemafaemg.org.br/News. aspx?code=3860&Portal=1&PortalNews=1&ParentCode=139&ParentPath=None &ContentVersion=R Acessado em 07/12/2014 às 16:30min. 72 | Economia 1.2 Choques de Expansão ou Contração da Oferta Até agora, vimos que alterações nos preços fazem com que haja um deslocamento da quantidade ofertada ao longo da curva de oferta. Porém, é muito importante que você tenha em mente que a oferta é uma variável dinâmica, que pode ,constantemente, estar mudando em função de alterações nos fatores que a afetam, seja para que essa oferta aumente (choque de expansão), seja para que ela diminua (choque de contração). Veja este exemplo de choque de expansão: imagine que estamos na época do ano em que se faz uma colheita de soja. O clima esteve perfeito durante todo o ciclo de produção, com chuva e sol na medidaexata. Assim sendo, a colheita se mostra promissora, e o governo prevê que será colocada no mercado uma safra recorde de grãos. Uma vez que foram produzidos os grãos, não há como estocá- los indefinidamente, e os produtores ofertam a soja no mercado. A chegada dessa “super safra” ao mercado gera um choque de oferta, uma expansão, que desloca a curva de oferta para a direita. Curva de Oferta P Q O0 Q0 O1 Note que para a curva de oferta inicial (linha azul), o produtor poderia vender sua produção a um preço maior. Porém, com esse choque de expansão da oferta, a curva de oferta se deslocou de O 0 para O 1 e, agora, a Economia | 73 mesma quantidade será vendida a um preço menor: veja que faz todo sentido pois, se há maior oferta de produto, os preços caem. Basta você se lembrar do que acontece com os legumes e frutas na feira ou nos supermercados! Vejamos agora uma situação oposta, de contração da oferta. Imagine que aconteceu um processo oposto: uma safra ruim, gerada por fortes variações climáticas durante o ciclo de produção, com sol de menos, ou em excesso, e chuva de menos, ou em excesso. Como resultado, a safra será ruim, decepcionante! A quantidade produzida não será suficiente para suprir o mercado. Haverá, portanto, um choque de contração da oferta, com a curva de oferta se deslocando para a esquerda17. Q0 Curva de Oferta P Q O0 O1 Você já percebeu que, nesse caso, os preços vão subir! É exatamente o que acontece quando há uma quebra na safra de tomates, por exemplo. Finalizando, choques de expansão e contração de oferta acontecem em vários mercados, a todo tempo, e por motivos diversos: choques climáticos, variações nos custos de produção, mudanças tecnológicas, importação de bens, dentre outros. 17 Choque de expansão da oferta: leia o artigo “Produção recorde de açúcar do Brasil gera queda nos preços internacionais”, um exemplo clássico e recente que afetou a economia mundial no ano de 2013. Disponível em http://www.apla.org. br/producao-recorde-de-acucar-do-brasil-gera-queda-nos-precos-internacionais, Acessado em 07/12/2014, às 17:15min. 74 | Economia 1.3 Equilíbrio de Mercado Quando há a interação entre consumidores e produtores no mercado de bens e serviços, há um entendimento entre preços e quantidades, um encontro da demanda (consumidores) com a oferta (produtores). O mercado sempre tende a esse encontro e , quando ele acontece, o mercado atinge o seu equilíbrio. Você sabe como acontece o equilíbrio de mercado? Os consumidores conhecem os níveis de preços dos bens e serviços no mercado e sabem que gostariam de pagar menos, então, terão que procurar opções e negociar com os fornecedores. Da mesma forma, os produtores conhecem os níveis de preço e gostariam de cobrar mais, mas sabem que há empresas concorrentes atuando no mercado, logo, terão que procurar opções, negociando com os consumidores. É no mercado de bens e serviços que se dá esse encontro e essas negociações, e quando produtores e consumidores chegam a um entendimento sobre preço e quantidades, acontece a venda, e mais que isso: ocorre o equilíbrio entre oferta e demanda! As duas curvas se cruzam em um único ponto, e a esse preço final acordado, a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada. Vejamos isso com o auxílio da tabela e do gráfico: Preço ($) Quantidade Demandada Quantidade Ofertada 2,00 12.000 2.000 4,00 10.000 4.000 7,00 7.000 7.000 9,00 5.000 9.000 11.000 3.000 11.000 Economia | 75 P O Q Qe= 7.000 Pe = 11,00 Pe = 7,00 Pe = 2,00 D E Observe que ao preço de $ 2,00 (e mesmo ao preço de $ 4,00), a quantidade demandada é muito maior que a quantidade ofertada. Você sabe por que isso acontece? Simples! Na visão dos consumidores, esses preços seriam ótimos, e eles gostariam de comprar grandes quantidades de bens. Porém, os produtores não se sentem empolgados em produzir e vender com esse nível de preços, já que suas margens de lucro serão pequenas. Há excesso de demanda e escassez de bens no mercado. O oposto se observa quando os preços são de $ 9,00 (ou $ 12,00). Você sabe que, de acordo com a Lei Geral da Demanda, se o preço sobe, a quantidade demandada diminui. E, de fato, os consumidores reduzem as compras, ou seja, reduzem a demanda porque o nível de preços não é atrativo. Mas para os produtores, este seria o melhor cenário: vender a preços elevados e maximizar o lucro! A quantidade ofertada do produto é abundante, mas não há demanda suficiente para a compra de toda a oferta. Por fim, a tabela de dados e o gráfico evidenciam que, ao preço de $ 7,00, os produtores concordam em produzir 7.000 unidades do bem, e mais: a esse preço, os consumidores aceitam adquirir as 7.000 unidades produzidas. É a esse nível de preço que chamamos de preço de equilíbrio. Nesse ponto, as quantidades demandas se igualam às quantidades ofertadas, e 7.000 unidades é o que chamamos de quantidade de equilíbrio. 76 | Economia O par ordenado (Q e , P e ) = (7.000, $ 7,00) determina, no gráfico, o chamado ponto de equilíbrio entre a oferta e a demanda. Nesse ponto, dizemos que o mercado de bens está em equilíbrio, e não há nem excesso nem escassez, seja de oferta, seja de demanda por bens18. 2. Elasticidades Você já sabe que se o preço de um bem aumentar, os consumidores vão se sentir impelidos a diminuir o consumo, a diminuir a demanda por bens, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, os produtores vão se animar para produzir quantidade maior de bens para ofertar no mercado, visando maximizar o lucro. Só que você pode estar se perguntando: “A quantidade aumenta, mas aumenta quanto?”. Ou “A quantidade diminui, mas diminui quanto?”. A lei geral da oferta e da demanda não nos fornecem estas respostas. São as elasticidades que vão nos ajudar com estas respostas! Para alguns produtos, basta uma pequena alteração percentual no preço para provocar uma mudança bastante acentuada nas quantidades demandadas. Você pode ver isso diariamente nos supermercados, com os locutores que anunciam as promoções-relâmpago: naquele curto espaço de tempo em que duram as ofertas, os consumidores acorrem em grande número para aproveitar os descontos concedidos. Isso acontece com produtos que possuem elasticidade elevada, ou seja, o grau de resposta (ou a sensibilidade) ao preço é muito alta. 18 Assista ao vídeo http://www.youtube.com/watch?v=gSkiQOmC-y4, com base em estudo recente do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, acessado em 07/01/2014, e veja um exemplo claro de desequilíbrio entre oferta e demanda por mão de obra no mercado de trabalho brasileiro. Economia | 77 Mas há produtos em que pode ocorrer exatamente o inverso: mesmo alterações muito acentuadas nos preços não são capazes de provocar grandes modificações nas quantidades procuradas. São os produtos com baixa elasticidade. E há, ainda, os casos em que as variações de preços e quantidades são rigorosamente proporcionais. A proporção, ou a sensibilidade, ou o grau de resposta, ou o “tamanho” dessas respostas são as elasticidades, ou seja, representam a sensibilidade das quantidades às variações de preço, variações na renda, ou variações nos preços de outros produtos. Quanto maior a sensibilidade, maior a elasticidade. O cálculo da elasticidade pode ser utilizado para a análise da reação de inúmeras variáveis após alterações em outras variáveis, em qualquer área de conhecimento, e não apenas em economia. É muito útil e importante, pois pode fornecer dados para consumidores, produtores e governos. Vamos apresentar a você os conceitos de quatro tipos diferentes de elasticidade. 3. Elasticidade-Preço da Demanda (EpD) A elasticidade-preço da demanda expressa a relação existenteentre as modificações relativas (ou percentuais) nas quantidades demandadas de um bem, dada uma alteração percentual introduzida nos preços, para mais ou para menos. Como você sabe, existe uma relação inversa entre preço e quantidade demandada, ou seja, quando um aumenta, o outro diminui. Assim, o valor da EpD será sempre negativo. O que importa, neste caso, é o resultado e não o sinal. Portanto, para que se evitem confusões com o sinal, o resultado da EpD é, geralmente, expresso em módulo, como resultado de uma razão entre duas percentagens: uma para o preço e outra para a quantidade. Para o cálculo das variações, utiliza-se a fórmula convencional a partir da relação entre a variação, percentual da quantidade demandada e a variação percentual do preço. Importante 78 | Economia Variação percentual (Δ %) em Q d EpD = Variação percentual (Δ %) em P Veja este exemplo: Imagine que a quantidade demandada de um bem diminui de 300 para 210 unidades após uma elevação no preço do bem de $ 60,00 para $ 69,00. Numerador: Variação percentual (Δ %) em Q d = (300 – 210)/300 = 30% Denominador: Variação percentual (Δ %) em P = (60 – 69)/60 = 9/60 = -15% Variação percentual (Δ %) em Q d 30% EpD = = = -2,0 Variação percentual (Δ %) em P -15% Logo, tem-se que EpD = - 2,0. Nesse caso, dado um aumento no preço de apenas 15%, a quantidade demandada diminui 30%, ou seja: a quantidade demandada variou duas vezes mais que a variação do preço. Logo, este produto possui bastante sensibilidade às alterações no preço, isso é, possui uma demanda bastante elástica. Classificação dos bens quanto à elasticidade-preço da demanda: • Bens com demanda elástica: A EpD é maior que 1, o que quer dizer que a variação na quantidade demandada é maior que a variação do preço. |EpD| > 1, como no exemplo citado. • Bens com demanda inelástica: A EpD é menor que 1, demonstrando que uma variação no preço provoca uma variação com proporção menor na quantidade demandada. |EpD| < 1. • Bens com elasticidade–preço unitária: A variação no Economia | 79 preço provoca uma variação de mesma proporção na quantidade demandada. |EpD| = 1. Fatores que influenciam na elasticidade-preço da demanda Existem alguns fatores que fazem com que determinados bens tenham a demanda elástica em relação ao preço, ou seja, sejam mais sensíveis às variações nos seus preços, enquanto outros fatores explicam alguns bens terem demanda inelástica. a) Número de bens substitutos: • Quanto mais bens substitutos de um determinado bem existir, mais facilmente seu consumo será diminuído, e mais elástica será sua demanda. b) Essencialidade do bem: • Sendo um bem essencial, seu consumo pouco depende do preço, e alterações no preço não provocarão grandes variações na quantidade demandada. Os bens essenciais possuem demanda inelástica. Exemplo: insulina. 4. Elasticidade-Renda da Demanda (ErD) A elasticidade-renda da demanda (ErD) representa as variações no consumo de determinado bem após uma variação na renda do consumidor. O cálculo das variações é o mesmo utilizado na EpD. Variação percentual (Δ %) em Q d ErD = Variação percentual (Δ %) em R 80 | Economia Veja este exemplo: imagine que a quantidade demandada de um bem aumenta de 20 para 24 unidades após uma elevação na sua renda que sobre de $ 2.000 para $ 2.100. Numerador: Variação percentual (Δ %) em Q d = (24 – 20)/20 = 20% Denominador: Variação percentual (Δ %) na Renda (R) = (2.100– 2.000)/2.0000 = 100/2.000 = 5% Variação percentual (Δ %) em Q d 20%ErD = = = 4,0 Variação percentual (Δ %) em R 5% Logo, tem-se que EpD = 4,0. Nesse caso, dado um aumento na renda do consumidor, de apenas 5%, a quantidade demandada aumenta 20%, ou seja: a quantidade demandada variou quatro vezes mais que a variação do preço. Logo, esse produto possui bastante sensibilidade às alterações na renda, isso é, possui uma demanda bastante elástica. Casos especiais da elasticidade-renda da demanda: Se a ErD < 0, negativa, o bem é inferior. Ou seja, aumentos na renda provocam diminuição no consumo do bem, e vice-versa. Você lembra da Unidade 2? Se a sua renda aumenta, provavelmente você diminuirá o consumo de carne moída (bem inferior), e aumentará o consumo de carne de primeira. ErD positiva, mas <1 (intervalo entre 0>ErD>1): Se a elasticidade-renda da demanda (ErD) for positiva, mas menor que 1, o bem é normal: aumentos na renda provocam aumento no consumo. No exemplo anterior, sua renda aumenta, e você aumenta o consumo de carne de primeira. Logo, a carne de primeira é um bem normal. ErD positiva e >1 (ErD>1) Se a elasticidade–renda da demanda (ErD) for positiva e maior que 1, o bem é Economia | 81 superior ou de luxo: aumentos na renda dos consumidores levam a um aumento mais que proporcional no consumo do bem. 5. Elasticidade Preço Cruzada da Demanda (EpcD) O conceito é muito semelhante ao da elasticidade– preço, e a diferença está no fato de se procurar saber a mudança percentual ocorrida na quantidade demandada de um bem (x) após uma variação percentual no preço de outro bem (y). A EpcD nos permite tirar conclusões sobre o relacionamento entre os bens que estão em análise. Variação percentual (Δ %) em Q dX EpcD(X,Y) = Variação percentual (Δ %) em P Y Veja este exemplo: imagine que a quantidade demandada do bem X aumenta de 20 para 24 unidades após uma elevação no preço do bem Y, que sobre de $ 4,00 para $ 6,00. Numerador: Variação percentual (Δ %) em Q dX = (24 – 20)/20 = 20% Denominador: Variação percentual (Δ %) no preço do bem Y = (6,00 – 4,00)/4,00 = 2,00/4,00 = 50% Variação percentual (Δ %) em Q dX 20%EpcD = = = 0,40 Variação percentual (Δ %) em P Y 50% Logo, tem-se que EpcD = 0,40. Nesse caso, dado um aumento de 50% no preço do bem Y, a quantidade demandada do bem X aumenta em 20%. Casos especiais da elasticidade-preço cruzada da demanda: 82 | Economia • Se X e Y forem bens substitutos, EpcDxy será positiva, e um aumento no preço de Y provocará aumento na quantidade demandada de X. Exemplo: se o preço da margarina aumenta, aumenta o consumo do bem substituto, a manteiga • Se X e Y forem bens complementares, EpcDxy será negativa, e um aumento no preço de Y provocará diminuição na quantidade demandada de X. Você se lembra deste exemplo: se o preço dos carros novos se eleva, o consumo de carros novos vai diminuir e, com isto, também diminui o consumo de pneus. Carro e pneus • são bens complementares. 6. Elasticidade Preço da Oferta (EpO) O cálculo para se encontrar a elasticidade–preço da oferta (EpO) é igual ao cálculo da EpD, ou seja, verifica-se a relação entre a variação percentual da quantidade ofertada e a variação percentual do preço. O resultado, neste caso, refere-se à sensibilidade dos ofertantes às variações de preço. Na EpO, o resultado será positivo, pois a correlação entre preço e quantidade ofertada é diretamente proporcional: quanto maior o preço, maior a quantidade ofertada. Variação percentual (Δ %) em Q O EpO = Variação percentual (Δ %) em P Veja este exemplo: imagine que a quantidade demandada de um bem aumenta de 100 para 120 unidades após uma elevação no preço desse bem no mercado, que sobre de $ 4,00 para $ 4,40. Numerador: Variação percentual (Δ %) em Q O = (120 – 100)/100 = 20% Denominador: Variação percentual (Δ %) no preço de bem P = (4,40 – 4,00)/4,00 = 0,40/4,00 = 0,40/4,00=10%Economia | 83 Variação percentual (Δ %) em Q O 20% EpO = = = 2,0 Variação percentual (Δ %) em P 10% Logo, tem-se que EpO = 2,00. Nesse caso, dado um aumento de 10% no preço do bem, a quantidade ofertada aumenta em 20%. Isso mostra que o produtor desse bem reage fortemente às variações de preços. Economia | 85 Síntese Nesta unidade você conheceu a oferta de mercado, o lado do fornecedor, e aprendeu que os produtores racionais pensam de forma diferente em relação aos consumidores: enquanto os consumidores desejam maximizar a utilidade, gerando a curva de demanda negativamente inclinada, por outro lado, os fornecedores desejam maximizar o lucro, gerando uma curva de oferta positivamente inclinada. Essa oferta é influenciada por alguns fatores, como o preço do produto, os preços de outros produtos, o preço dos fatores de produção, pelas preferências do empresário e pela tecnologia. O equilíbrio de mercado é a interação entre as curvas de oferta e de demanda, pela interseção entre a quantidade demandada e a quantidade ofertada, no instante em que se igualam tendo um único preço como referência, determinando o preço e a quantidade de equilíbrio do produto em um determinado mercado. A elasticidade representa a sensibilidade ou o grau de resposta de uma variável (quantidades demandadas ou ofertadas) às alterações ocorridas em outras variáveis que as afetam (preço, renda, preço de outro bem), coeteris paribus. A elasticidade-preço da demanda (EpD) nos indica a reação das quantidades demandadas, dada uma variação no preço do bem. A elasticidade-renda da demanda (ErD) indica como a demanda reage frente às alterações na renda do consumidor. A elasticidade–preço cruzada da demanda (EpcD) verifica a mudança na quantidade demandada de um bem, dada uma variação no preço de outro bem. E a elasticidade–preço da oferta (EpO) verifica a relação entre a variação da quantidade ofertada e a variação percentual do preço. Economia | 87 Leitura Complementar Saiba mais lendo o artigo “Além de caro, leite está em falta nos supermercados”, e entenda o porquê os preços subirem quando há queda na oferta de um bem. Disponível em http://www.sistemafaemg.org.br/News. aspx?Code=3860&Portal=1&PortalNews=1&ParentCode=139&ParentPath= None&ContentVersion=R , acessado em 07/12/2014 às 16:30min. Choque de expansão da oferta: leia o artigo “Produção recorde de açúcar do Brasil gera queda nos preços internacionais”, um exemplo clássico e recente que afetou a economia mundial no ano de 2013. Disponível em http://www.apla.org.br/producao-recorde-de- acucar-do-brasil-gera-queda-nos-precos-internacionais, acessado em 07/12/2014, às 17:15min. Assista ao vídeo http://www.youtube.com/watch?v=gSkiQ OmC-y4, com base em estudo recente do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, acessado em 07/01/2014 às 18:30min, e veja um exemplo claro de desequilíbrio entre oferta e demanda por mão de obra no mercado de trabalho brasileiro. Economia | 89 Referências Bibliográficas MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. Tradução da 5ª Edição norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2009. PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco A. S. de (org.) Manual de Economia. Equipe de professores da USP. 5ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2004. VASCONCELLOS, Marco A. S. de; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de Economia. 3ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2008. PASSOS, Carlos Roberto Martins; NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. 5ª Edição. São Paulo: Cengage Learning, 2008. ROSSETI, José Paschoal. Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Atlas, 2010. VASCONCELLOS, Marco A. S. de. Economia: micro e macro. 4ª Edição. São Paulo: Atlas, 2009.
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