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APOSTILA 03

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O Mercado sob a Ótica do 
Fornecedor - A Oferta, o Equilíbrio 
e as Elasticidades.
Economia | 65
Objetivos
Ao final desta unidade, você será capaz de:
• Conhecer o mercado pelo enfoque do produtor, 
identificando o comportamento da oferta e como as 
variáveis a afetam;
• Verificar a interação entre a demanda e a oferta no mercado 
e compreender como se dá o equilíbrio entre a oferta e a 
demanda;
• Conhecer o conceito de elasticidade e suas implicações, 
identificando os diferentes tipos de elasticidade e suas 
respectivas aplicações.
Economia | 67
1. Oferta de Mercado
Para a maioria das pessoas é muito evidente o comportamento 
da quantidade demandada a partir de alterações no preço devido ao fato 
de serem consumidores: se o preço aumenta, a quantidade demandada 
diminui, e vice-versa. Entretanto, como todos nós somos consumidores, 
é um pouco mais difícil entender a relação que há entre preço e 
quantidade ofertada. Nós vamos ajudá-lo a entender essa diferença. 
Para facilitar essa compreensão, é importante que você 
“esqueça” que é um consumidor: passe a pensar apenas como 
um empresário, um produtor, um comerciante, um prestador 
de serviços. Nesta condição, você é tentado a pensar em ganhar 
mais, vender mais e vender por um preço mais elevado. Em outras 
palavras, a função utilidade do produtor é bem diferente da função 
utilidade do consumidor.
Todos os dias, logo após acordar, você, como agente 
econômico por excelência, começa a demandar produtos e serviços, 
e uma enorme rede de produtores ou fornecedores se coloca à 
disposição para suprir as suas necessidades: você dispõe de água 
para beber ou tomar um banho, seu armário tem as roupas que 
você pode escolher, o padeiro entregou o pão, e os serviços 
de transporte estão esperando por você! Água disponível nas 
torneiras, sabonete, shampoo, toalha, roupas lavadas e passadas, 
pão, café, leite, manteiga, bolo, frutas, serviço de transporte. 
Você nem se dá conta disso, mas o fato é que vários fornecedores 
68 | Economia
se mobilizaram para atender as suas necessidades15! A oferta de 
mercado de um bem ou um serviço pode ser definida como as 
quantidades de certo bem ou serviço que os fornecedores desejam 
oferecer ao mercado em determinado momento. Ela trata do 
comportamento dos produtores.
A oferta de um produto é influenciada pelos seguintes fatores:
Oferta de um produto
• Preços de outros produtos;
• Preferências do empresário;
• Tecnologia;
• Preços dos fatores de produção;
• Preço do produto.
1.1 Lei Geral da Oferta e Variáveis que a Afetam
A relação existente entre preço e quantidade ofertada 
(como já antecipado) é diferente da que existe na função demanda. 
Na demanda, você viu que os preços e as quantidades demandadas 
possuem uma relação inversa, ou seja, se o preço aumenta, a 
quantidade demandada diminui. Isso faz com que a curva de 
demanda seja negativamente inclinada.
Na função oferta, as duas variáveis, preço e quantidades 
ofertadas, possuem uma relação direta: elas caminham juntas, 
pois têm uma correlação diretamente proporcional. Quanto maior 
o preço de um bem ou serviço, maior a quantidade que você, 
fornecedor, vai querer entregar ao mercado.
15 Segundo Gregory N. Mankiw, esses fornecedores anônimos não fazem isso 
porque são generosos ou porque se preocupam com o nosso bem-estar. Eles 
fazem isso porque recebem algo em troca! Estão apenas comerciando e visando a 
seus próprios lucros!
Economia | 69
Na tabela e gráfico a seguir, você observa a escala de oferta 
de um determinado produto, contendo suas quantidades ofertadas 
relacionadas a uma série de preços, e a curva de oferta originada a 
partir da mesma escala.
Preço ($) Quantidade Ofertada
2,00 2.000
4,00 4.000
7,00 7.000
9,00 9.000
11,00 11.000
 
Curva de Oferta
P O
Q
ATENÇÃO! Quando o preço é de $ 2,00, a quantidade 
ofertada é de apenas 2.000 unidades. Quando o preço sobe 
para $11,00, a quantidade ofertada também sobe para 
11.000 unidades. Portanto, quantidade ofertada é um valor 
específico da quantidade de bens para um determinado nível 
de preços. Em outras palavras, quantidade ofertada é um 
ponto qualquer da curva de oferta, dado o nível de preço. E 
a curva de oferta é o conjunto de todos os pontos de pares 
ordenados (preço, quantidade) que formam a função oferta.
Assim, você percebe que a curva da oferta é positivamente 
inclinada, de aspecto ascendente, pois se inclina de baixo para 
cima, partindo da esquerda para a direita, demonstrando o 
comportamento diretamente proporcional entre as duas variáveis, 
preço e quantidade, coeteris paribus. 
A equação da função oferta é dada por Q
0
 = ƒ (P), onde:
Importante
70 | Economia
Q
0
 = quantidade ofertada de um bem ou serviço, 
num dado período;
P = preço do bem ou serviço.
Sob a ótica do empresário, quando há um aumento no preço 
de mercado do produto, há um estímulo para as empresas produzirem 
mais a fim de aumentar seus ganhos. Isso explica a proporção direta 
existente entre preço e quantidade ofertada, coeteris paribus:
 
Quando o preço aumenta, a quantidade ofertada 
também aumenta. Se o preço diminui, o 
empresário vê o seu lucro cair. Assim, ele tem 
menos interesse em produzir bens para serem 
ofertados ao mercado. 
• Imagine que você é um rico fazendeiro, criador de 
gado! Você consulta o mercado e vê que um Kg de filé 
mignon custa R$ 25.
• Trata-se de uma carne nobre e, a esse preço, você 
estaria disposto a ofertar apenas 1.000 cabeças de gado 
por mês para o abate.
• O que aconteceria se esse preço subisse para R$ 35?
Certamente, que você aumentaria a quantidade de cabeças 
de gado para o abate para se aproveitar do preço maior para 
maximizar os lucros! 
Nesse exemplo, você percebeu que há uma relação direta 
entre a quantidade ofertada e o preço da carne, coeteris paribus, ou 
seja, se o preço da carne aumenta, a quantidade ofertada vai aumentar, 
mas se o preço da carne diminuir, a quantidade ofertada também vai 
Economia | 71
se reduzir. A relação direta entre preço e quantidade ofertada faz parte 
da chamada Lei Geral da Oferta. O processo é bem simples e pode ser 
entendido com a ajuda desta tabela e deste gráfico:
Curva de Oferta
35,00
P
1.000 2.000
25,00
O
Q
A oferta é afetada pelo preço do bem e também por 
outras variáveis, como o custo dos fatores de produção e, nesse 
caso, a relação entre preço e quantidade é inversa, ou seja, o 
aumento no preço de algum fator de produção provoca diminuição 
na quantidade ofertada devido ao aumento dos custos. Você voltará 
a ver esse tema na Unidade 7, Inflação de custos16.
16 Saiba mais lendo o artigo “Além de caro, leite está em falta nos 
supermercados”, e entenda o porquê de os preços subirem quando há queda
na oferta de um bem. Disponível em http://www.sistemafaemg.org.br/News.
aspx?code=3860&Portal=1&PortalNews=1&ParentCode=139&ParentPath=None
&ContentVersion=R Acessado em 07/12/2014 às 16:30min.
72 | Economia
1.2 Choques de Expansão ou Contração da Oferta
Até agora, vimos que alterações nos preços fazem com que 
haja um deslocamento da quantidade ofertada ao longo da curva de 
oferta. Porém, é muito importante que você tenha em mente que 
a oferta é uma variável dinâmica, que pode ,constantemente, estar 
mudando em função de alterações nos fatores que a afetam, seja 
para que essa oferta aumente (choque de expansão), seja para que ela 
diminua (choque de contração).
Veja este exemplo de choque de expansão: imagine que 
estamos na época do ano em que se faz uma colheita de soja. O clima 
esteve perfeito durante todo o ciclo de produção, com chuva e sol 
na medidaexata. Assim sendo, a colheita se mostra promissora, e o 
governo prevê que será colocada no mercado uma safra recorde de 
grãos. Uma vez que foram produzidos os grãos, não há como estocá-
los indefinidamente, e os produtores ofertam a soja no mercado. A 
chegada dessa “super safra” ao mercado gera um choque de oferta, uma 
expansão, que desloca a curva de oferta para a direita.
Curva de Oferta
P
Q
O0
Q0
O1
Note que para a curva de oferta inicial (linha azul), o produtor 
poderia vender sua produção a um preço maior. Porém, com esse choque 
de expansão da oferta, a curva de oferta se deslocou de O
0
 para O
1
 e, agora, a 
Economia | 73
mesma quantidade será vendida a um preço menor: veja que faz todo sentido 
pois, se há maior oferta de produto, os preços caem. Basta você se lembrar do 
que acontece com os legumes e frutas na feira ou nos supermercados!
Vejamos agora uma situação oposta, de contração da oferta. 
Imagine que aconteceu um processo oposto: uma safra ruim, gerada por 
fortes variações climáticas durante o ciclo de produção, com sol de menos, ou 
em excesso, e chuva de menos, ou em excesso. Como resultado, a safra será 
ruim, decepcionante! A quantidade produzida não será suficiente para suprir 
o mercado. Haverá, portanto, um choque de contração da oferta, com a curva 
de oferta se deslocando para a esquerda17.
Q0
Curva de Oferta
P
Q
O0
O1
Você já percebeu que, nesse caso, os preços vão subir! É exatamente 
o que acontece quando há uma quebra na safra de tomates, por exemplo.
Finalizando, choques de expansão e contração de oferta acontecem 
em vários mercados, a todo tempo, e por motivos diversos: choques 
climáticos, variações nos custos de produção, mudanças tecnológicas, 
importação de bens, dentre outros.
17 Choque de expansão da oferta: leia o artigo “Produção recorde de açúcar do 
Brasil gera queda nos preços internacionais”, um exemplo clássico e recente que 
afetou a economia mundial no ano de 2013. Disponível em http://www.apla.org.
br/producao-recorde-de-acucar-do-brasil-gera-queda-nos-precos-internacionais, 
Acessado em 07/12/2014, às 17:15min. 
74 | Economia
1.3 Equilíbrio de Mercado
Quando há a interação entre consumidores e produtores 
no mercado de bens e serviços, há um entendimento entre preços 
e quantidades, um encontro da demanda (consumidores) com a 
oferta (produtores). O mercado sempre tende a esse encontro e , 
quando ele acontece, o mercado atinge o seu equilíbrio.
Você sabe como acontece o equilíbrio de mercado? 
Os consumidores conhecem os níveis de preços dos 
bens e serviços no mercado e sabem que gostariam de pagar 
menos, então, terão que procurar opções e negociar com os 
fornecedores. Da mesma forma, os produtores conhecem os níveis 
de preço e gostariam de cobrar mais, mas sabem que há empresas 
concorrentes atuando no mercado, logo, terão que procurar 
opções, negociando com os consumidores. É no mercado de bens 
e serviços que se dá esse encontro e essas negociações, e quando 
produtores e consumidores chegam a um entendimento sobre 
preço e quantidades, acontece a venda, e mais que isso: ocorre 
o equilíbrio entre oferta e demanda! As duas curvas se cruzam 
em um único ponto, e a esse preço final acordado, a quantidade 
demandada é igual à quantidade ofertada. Vejamos isso com o 
auxílio da tabela e do gráfico:
Preço ($) Quantidade Demandada Quantidade Ofertada
2,00 12.000 2.000
4,00 10.000 4.000
7,00 7.000 7.000
9,00 5.000 9.000
11.000 3.000 11.000
Economia | 75
P
O
Q
Qe= 7.000 
Pe = 11,00
Pe = 7,00
Pe = 2,00
D
E
Observe que ao preço de $ 2,00 (e mesmo ao preço de $ 
4,00), a quantidade demandada é muito maior que a quantidade 
ofertada. Você sabe por que isso acontece? Simples! Na visão dos 
consumidores, esses preços seriam ótimos, e eles gostariam de 
comprar grandes quantidades de bens. Porém, os produtores não 
se sentem empolgados em produzir e vender com esse nível de 
preços, já que suas margens de lucro serão pequenas. Há excesso 
de demanda e escassez de bens no mercado.
O oposto se observa quando os preços são de $ 9,00 (ou 
$ 12,00). Você sabe que, de acordo com a Lei Geral da Demanda, 
se o preço sobe, a quantidade demandada diminui. E, de fato, os 
consumidores reduzem as compras, ou seja, reduzem a demanda 
porque o nível de preços não é atrativo. Mas para os produtores, 
este seria o melhor cenário: vender a preços elevados e maximizar 
o lucro! A quantidade ofertada do produto é abundante, mas não 
há demanda suficiente para a compra de toda a oferta.
Por fim, a tabela de dados e o gráfico evidenciam que, 
ao preço de $ 7,00, os produtores concordam em produzir 7.000 
unidades do bem, e mais: a esse preço, os consumidores aceitam 
adquirir as 7.000 unidades produzidas. É a esse nível de preço que 
chamamos de preço de equilíbrio. Nesse ponto, as quantidades 
demandas se igualam às quantidades ofertadas, e 7.000 unidades é 
o que chamamos de quantidade de equilíbrio.
76 | Economia
O par ordenado (Q
e
 , P
e
 ) = (7.000, $ 7,00) determina, no 
gráfico, o chamado ponto de equilíbrio entre a oferta e a demanda. Nesse 
ponto, dizemos que o mercado de bens está em equilíbrio, e não há nem 
excesso nem escassez, seja de oferta, seja de demanda por bens18.
2. Elasticidades
Você já sabe que se o preço de um bem aumentar, os 
consumidores vão se sentir impelidos a diminuir o consumo, a diminuir 
a demanda por bens, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, os 
produtores vão se animar para produzir quantidade maior de bens para 
ofertar no mercado, visando maximizar o lucro. Só que você pode estar 
se perguntando: “A quantidade aumenta, mas aumenta quanto?”. Ou “A 
quantidade diminui, mas diminui quanto?”. 
A lei geral da oferta e da demanda não nos 
fornecem estas respostas. São as elasticidades que 
vão nos ajudar com estas respostas! 
Para alguns produtos, basta uma pequena alteração percentual 
no preço para provocar uma mudança bastante acentuada nas quantidades 
demandadas. Você pode ver isso diariamente nos supermercados, com os 
locutores que anunciam as promoções-relâmpago: naquele curto espaço 
de tempo em que duram as ofertas, os consumidores acorrem em grande 
número para aproveitar os descontos concedidos. Isso acontece com 
produtos que possuem elasticidade elevada, ou seja, o grau de resposta (ou a 
sensibilidade) ao preço é muito alta. 
18 Assista ao vídeo http://www.youtube.com/watch?v=gSkiQOmC-y4, com 
base em estudo recente do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, 
acessado em 07/01/2014, e veja um exemplo claro de desequilíbrio entre oferta e 
demanda por mão de obra no mercado de trabalho brasileiro. 
Economia | 77
Mas há produtos em que pode ocorrer exatamente o 
inverso: mesmo alterações muito acentuadas nos preços não 
são capazes de provocar grandes modificações nas quantidades 
procuradas. São os produtos com baixa elasticidade. E há, 
ainda, os casos em que as variações de preços e quantidades são 
rigorosamente proporcionais. 
A proporção, ou a sensibilidade, ou o grau de resposta, 
ou o “tamanho” dessas respostas são as elasticidades, ou seja, 
representam a sensibilidade das quantidades às variações de preço, 
variações na renda, ou variações nos preços de outros produtos. 
Quanto maior a sensibilidade, maior a elasticidade.
O cálculo da elasticidade pode ser utilizado para a análise da 
reação de inúmeras variáveis após alterações em outras variáveis, 
em qualquer área de conhecimento, e não apenas em economia. 
É muito útil e importante, pois pode fornecer dados para 
consumidores, produtores e governos. Vamos apresentar a você 
os conceitos de quatro tipos diferentes de elasticidade.
3. Elasticidade-Preço da Demanda (EpD)
A elasticidade-preço da demanda expressa a relação existenteentre 
as modificações relativas (ou percentuais) nas quantidades demandadas de 
um bem, dada uma alteração percentual introduzida nos preços, para mais 
ou para menos. Como você sabe, existe uma relação inversa entre preço e 
quantidade demandada, ou seja, quando um aumenta, o outro diminui. 
Assim, o valor da EpD será sempre negativo. O que importa, neste caso, 
é o resultado e não o sinal. Portanto, para que se evitem confusões com 
o sinal, o resultado da EpD é, geralmente, expresso em módulo, como 
resultado de uma razão entre duas percentagens: uma para o preço e 
outra para a quantidade. Para o cálculo das variações, utiliza-se a fórmula 
convencional a partir da relação entre a variação, percentual da quantidade 
demandada e a variação percentual do preço.
Importante
78 | Economia
 Variação percentual (Δ %) em Q
d
 
EpD = 
 Variação percentual (Δ %) em P
Veja este exemplo:
Imagine que a quantidade demandada de um bem diminui 
de 300 para 210 unidades após uma elevação no preço do bem de $ 
60,00 para $ 69,00.
Numerador: Variação percentual (Δ %) em
Q
d
 = (300 – 210)/300 = 30%
Denominador: Variação percentual (Δ %) em
P = (60 – 69)/60 = 9/60 = -15%
 Variação percentual (Δ %) em Q
d
 30%
EpD = = = -2,0
 Variação percentual (Δ %) em P -15%
Logo, tem-se que EpD = - 2,0. Nesse caso, dado um aumento 
no preço de apenas 15%, a quantidade demandada diminui 30%, ou 
seja: a quantidade demandada variou duas vezes mais que a variação do 
preço. Logo, este produto possui bastante sensibilidade às alterações no 
preço, isso é, possui uma demanda bastante elástica.
Classificação dos bens quanto à elasticidade-preço da demanda:
• Bens com demanda elástica: A EpD é maior que 1, o 
que quer dizer que a variação na quantidade demandada 
é maior que a variação do preço. |EpD| > 1, como no 
exemplo citado.
• Bens com demanda inelástica: A EpD é menor que 
1, demonstrando que uma variação no preço provoca 
uma variação com proporção menor na quantidade 
demandada. |EpD| < 1.
• Bens com elasticidade–preço unitária: A variação no 
Economia | 79
preço provoca uma variação de mesma proporção na 
quantidade demandada. |EpD| = 1.
Fatores que influenciam na elasticidade-preço da demanda
Existem alguns fatores que fazem com que determinados bens 
tenham a demanda elástica em relação ao preço, ou seja, sejam mais 
sensíveis às variações nos seus preços, enquanto outros fatores explicam 
alguns bens terem demanda inelástica.
a) Número de bens 
 substitutos: 
• Quanto mais bens substitutos 
de um determinado bem existir, 
mais facilmente seu consumo será 
diminuído, e mais elástica será sua 
demanda.
b) Essencialidade 
 do bem: 
• Sendo um bem essencial, seu consumo 
pouco depende do preço, e alterações no 
preço não provocarão grandes variações 
na quantidade demandada. Os bens 
essenciais possuem demanda inelástica. 
Exemplo: insulina.
4. Elasticidade-Renda da Demanda (ErD)
A elasticidade-renda da demanda (ErD) representa as variações 
no consumo de determinado bem após uma variação na renda do 
consumidor. O cálculo das variações é o mesmo utilizado na EpD.
 Variação percentual (Δ %) em Q
d ErD = 
 Variação percentual (Δ %) em R 
80 | Economia
Veja este exemplo: imagine que a quantidade demandada 
de um bem aumenta de 20 para 24 unidades após uma elevação na 
sua renda que sobre de $ 2.000 para $ 2.100.
Numerador: Variação percentual (Δ %) em
Q
d
 = (24 – 20)/20 = 20%
Denominador: Variação percentual (Δ %) na Renda
(R) = (2.100– 2.000)/2.0000 = 100/2.000 = 5%
 Variação percentual (Δ %) em Q
d
 20%ErD = = = 4,0
 Variação percentual (Δ %) em R 5%
Logo, tem-se que EpD = 4,0. Nesse caso, dado um aumento 
na renda do consumidor, de apenas 5%, a quantidade demandada 
aumenta 20%, ou seja: a quantidade demandada variou quatro vezes 
mais que a variação do preço. Logo, esse produto possui bastante 
sensibilidade às alterações na renda, isso é, possui uma demanda 
bastante elástica. 
Casos especiais da elasticidade-renda da demanda: 
 Se a ErD < 0, negativa, o bem é inferior. Ou seja, 
aumentos na renda provocam diminuição no consumo do bem, 
e vice-versa. Você lembra da Unidade 2? Se a sua renda aumenta, 
provavelmente você diminuirá o consumo de carne moída (bem 
inferior), e aumentará o consumo de carne de primeira. 
 ErD positiva, mas <1 (intervalo entre 0>ErD>1): Se a 
elasticidade-renda da demanda (ErD) for positiva, mas menor 
que 1, o bem é normal: aumentos na renda provocam aumento 
no consumo. No exemplo anterior, sua renda aumenta, e você 
aumenta o consumo de carne de primeira. Logo, a carne de 
primeira é um bem normal.
 ErD positiva e >1 (ErD>1) Se a elasticidade–renda 
da demanda (ErD) for positiva e maior que 1, o bem é 
Economia | 81
superior ou de luxo: aumentos na renda dos consumidores 
levam a um aumento mais que proporcional no consumo 
do bem. 
5. Elasticidade Preço Cruzada da Demanda 
(EpcD)
O conceito é muito semelhante ao da elasticidade–
preço, e a diferença está no fato de se procurar saber a mudança 
percentual ocorrida na quantidade demandada de um bem (x) após 
uma variação percentual no preço de outro bem (y). A EpcD nos 
permite tirar conclusões sobre o relacionamento entre os bens que 
estão em análise.
 Variação percentual (Δ %) em Q
dX EpcD(X,Y) = 
 Variação percentual (Δ %) em P
Y
 
Veja este exemplo: imagine que a quantidade demandada do 
bem X aumenta de 20 para 24 unidades após uma elevação no preço do 
bem Y, que sobre de $ 4,00 para $ 6,00.
Numerador: Variação percentual (Δ %) em
Q
dX
 = (24 – 20)/20 = 20%
Denominador: Variação percentual (Δ %) no preço do bem
Y = (6,00 – 4,00)/4,00 = 2,00/4,00 = 50%
 Variação percentual (Δ %) em Q
dX
 20%EpcD = = = 0,40
 Variação percentual (Δ %) em P
Y
 50%
 
Logo, tem-se que EpcD = 0,40. Nesse caso, dado um 
aumento de 50% no preço do bem Y, a quantidade demandada do 
bem X aumenta em 20%.
Casos especiais da elasticidade-preço cruzada da demanda:
82 | Economia
• Se X e Y forem bens substitutos, EpcDxy será positiva, e um 
aumento no preço de Y provocará aumento na quantidade 
demandada de X. Exemplo: se o preço da margarina 
aumenta, aumenta o consumo do bem substituto, a manteiga
• Se X e Y forem bens complementares, EpcDxy será 
negativa, e um aumento no preço de Y provocará 
diminuição na quantidade demandada de X. Você se lembra 
deste exemplo: se o preço dos carros novos se eleva, o 
consumo de carros novos vai diminuir e, com isto, também 
diminui o consumo de pneus. Carro e pneus 
• são bens complementares.
6. Elasticidade Preço da Oferta (EpO)
O cálculo para se encontrar a elasticidade–preço da 
oferta (EpO) é igual ao cálculo da EpD, ou seja, verifica-se a 
relação entre a variação percentual da quantidade ofertada e a 
variação percentual do preço. O resultado, neste caso, refere-se 
à sensibilidade dos ofertantes às variações de preço. Na EpO, o 
resultado será positivo, pois a correlação entre preço e quantidade 
ofertada é diretamente proporcional: quanto maior o preço, maior 
a quantidade ofertada.
 Variação percentual (Δ %) em Q
O
 EpO = 
 Variação percentual (Δ %) em P 
Veja este exemplo: imagine que a quantidade demandada 
de um bem aumenta de 100 para 120 unidades após uma elevação 
no preço desse bem no mercado, que sobre de $ 4,00 para $ 4,40.
Numerador: Variação percentual (Δ %) em
Q
O
 = (120 – 100)/100 = 20%
Denominador: Variação percentual (Δ %) no preço de bem 
P = (4,40 – 4,00)/4,00 = 0,40/4,00 = 0,40/4,00=10%Economia | 83
 Variação percentual (Δ %) em Q
O
 20%
EpO = = = 2,0
 Variação percentual (Δ %) em P 10%
Logo, tem-se que EpO = 2,00. Nesse caso, dado um aumento 
de 10% no preço do bem, a quantidade ofertada aumenta em 20%. Isso 
mostra que o produtor desse bem reage fortemente às variações de preços.
Economia | 85
Síntese
Nesta unidade você conheceu a oferta de mercado, o lado 
do fornecedor, e aprendeu que os produtores racionais pensam 
de forma diferente em relação aos consumidores: enquanto os 
consumidores desejam maximizar a utilidade, gerando a curva de 
demanda negativamente inclinada, por outro lado, os fornecedores 
desejam maximizar o lucro, gerando uma curva de oferta positivamente 
inclinada. Essa oferta é influenciada por alguns fatores, como o preço 
do produto, os preços de outros produtos, o preço dos fatores de 
produção, pelas preferências do empresário e pela tecnologia. 
O equilíbrio de mercado é a interação entre as curvas de 
oferta e de demanda, pela interseção entre a quantidade demandada 
e a quantidade ofertada, no instante em que se igualam tendo um 
único preço como referência, determinando o preço e a quantidade de 
equilíbrio do produto em um determinado mercado.
A elasticidade representa a sensibilidade ou o grau de resposta 
de uma variável (quantidades demandadas ou ofertadas) às alterações 
ocorridas em outras variáveis que as afetam (preço, renda, preço de 
outro bem), coeteris paribus. A elasticidade-preço da demanda (EpD) 
nos indica a reação das quantidades demandadas, dada uma variação 
no preço do bem. A elasticidade-renda da demanda (ErD) indica 
como a demanda reage frente às alterações na renda do consumidor. 
A elasticidade–preço cruzada da demanda (EpcD) verifica a mudança 
na quantidade demandada de um bem, dada uma variação no preço de 
outro bem. E a elasticidade–preço da oferta (EpO) verifica a relação 
entre a variação da quantidade ofertada e a variação percentual do preço.
Economia | 87
Leitura Complementar
Saiba mais lendo o artigo “Além de caro, leite está em falta nos 
supermercados”, e entenda o porquê os preços subirem quando há queda na 
oferta de um bem. Disponível em http://www.sistemafaemg.org.br/News.
aspx?Code=3860&Portal=1&PortalNews=1&ParentCode=139&ParentPath=
None&ContentVersion=R , acessado em 07/12/2014 às 16:30min.
Choque de expansão da oferta: leia o artigo “Produção 
recorde de açúcar do Brasil gera queda nos preços internacionais”, 
um exemplo clássico e recente que afetou a economia mundial no ano 
de 2013. Disponível em http://www.apla.org.br/producao-recorde-de-
acucar-do-brasil-gera-queda-nos-precos-internacionais, acessado em 
07/12/2014, às 17:15min.
Assista ao vídeo http://www.youtube.com/watch?v=gSkiQ 
OmC-y4, com base em estudo recente do IPEA – Instituto de Pesquisa 
Econômica e Aplicada, acessado em 07/01/2014 às 18:30min, e veja um 
exemplo claro de desequilíbrio entre oferta e demanda por mão de 
obra no mercado de trabalho brasileiro. 
Economia | 89
Referências Bibliográficas
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