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Sustentabilidade e Meio Ambiente

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Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
1 
 
 
 
 
 
Gestão da Sustentabilidade 
 
Aula 1: Aspectos Gerais do Meio Ambiente 
e Sustentabilidade 
 
 
Professor Dr. Rodrigo Silva 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
2 
Conversa inicial 
O meio ambiente vem sendo alvo de inúmeras discussões, sobretudo no que 
se refere ao impacto que nós, seres humanos, podemos causar nele através de 
nossas ações positivas ou negativas. No entanto, a interdependência entre o 
homem e a natureza deve ser observada e avaliada como ponto fundamental 
para compreendermos que o bem-estar humano depende, inevitavelmente, da 
mútua colaboração e respeito de um pelo outro. 
Neste tema, iremos discutir a relação do homem com o meio ambiente e seus 
recursos, enfatizando a história da humanidade e sua relação com o meio 
ambiente, visando ao desenvolvimento econômico e à preservação ambiental. 
Além disso, estudaremos um pouco do histórico, as teorias e os conceitos que 
estão atrelados à forma como a sociedade vêm gerindo a economia e os 
recursos naturais. Assim, a grande pergunta que irá nortear nossas discussões 
é: será que podemos aliar o crescimento econômico e sua busca desenfreada 
pelo lucro e a preservação dos recursos naturais do planeta? 
 
 
 
 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
3 
Contextualizando 
Durante muitos anos foi difícil compreender a relação indissociável que existe 
entre o meio ambiente e o ser humano. Se formos buscar na história da 
humanidade e do pensamento ocidental, notaremos que essa consciência era 
implícita e que, portanto, fazia parte da (sobre)vivência do homem. Mas, parece 
que ao longo da “evolução” humana fomos perdendo essa capacidade de 
perceber tal interdependência e passamos a olhar o ambiente que nos cerca 
apenas como um fornecedor de matérias-primas, apresentando uma visão 
utilitarista e de supremacia. A consequência desse afastamento foi o grande 
pilar para a geração dos problemas ambientais que observamos na atualidade. 
Assim, é imperativo dizer que esse resgate cultural e natural às origens é 
fundamental para uma mudança de postura e paradigma, visando à garantia da 
qualidade de vida, assim como para evitar um próprio ecocídio, ou seja, sua 
própria extinção devido à escassez dos recursos naturais. Mas, será que isso é 
realmente possível de acontecer ou se trata somente de uma perspectiva 
alarmista e sem fundamentos sobre o destino dos 7 bilhões de pessoas que 
habitam o nosso planeta? Para responder a essa pergunta, eu vou te convidar 
a conhecer um pouco da história de um povo que viveu em local no Oceano 
Pacífico, distante alguns quilômetros da costa litorânea do Chile: o povo Rapa 
Nui, antigos habitantes da Ilha de Páscoa. 
Acredita-se que excessivo crescimento da população Rapa Nui – que vivia 
basicamente do cultivo da batata-doce e da criação de galinhas – associado ao 
intenso desmatamento da Ilha para obtenção de madeira utilizada na 
fabricação das moradias e canoas, e também para o transporte das 
gigantescas esculturas – os moais (Figura 01) –, bem como uma infestação 
gigantesca de roedores, tenham sido os principais fatores responsáveis pela 
extinção do povo Rapa Nui. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
4 
Figura 1: Os Moais. 
 
Fonte: <http://www.nvisible.com/nvisiblegraphics/ph/RapaNui-11.jpg>. 
Os Moais são esculturas gigantes feitas de rocha vulcânica e que representam 
a cultura Rapa Nui. A elas e ao excessivo crescimento populacional é atribuída 
a extinção de boa parte dos recursos naturais existentes na Ilha de Páscoa, o 
que levou a extinção de toda a população local. 
Após a leitura dessa breve história do povo Rapa Nui, você acredita que 
podemos fazer alguma alusão ou comparação à população que atualmente 
vive no planeta Terra? Não sabemos se é exatamente isso que acontecerá 
com os terráqueos, no entanto, notamos que o uso ineficiente dos recursos 
naturais da Ilha de Páscoa foi considerado o principal responsável pela 
extinção de toda uma civilização. Lembro a você, caro aluno, que isso não foi 
um privilégio do povo Rapa Nui, pois os povos Maias (México), os Khmer 
(Camboja) e os Moches ou Mochicas (Peru) também viveram o mesmo drama. 
Assim como nós, essas populações também eram conhecidas pela sua 
engenhosidade e pelo desenvolvimento da “tecnologia” da época, porém, não 
tinham tantas ferramentas como temos nos dias atuais. Por fim, vos deixo uma 
pergunta para reflexão: corremos o risco de a história se repetir mais uma vez, 
só que dessa vez em escala global? Será que entramos em um caminho de 
mais um processo de extinção em massa? 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
5 
Problematizando 
Os agrotóxicos (ou defensivos agrícolas) são considerados extremamente 
relevantes no modelo de desenvolvimento da agricultura no país. No entanto, a 
intoxicação de trabalhadores agrícolas (principalmente os pequenos 
produtores) com essas substâncias, é um fato é recorrente. Para se ter uma 
ideia, estima-se que grande da população brasileira esteja contaminada com 
esse tipo de substância. Além disso, aí vai mais um dado alarmante: o Brasil é 
o maior consumidor de agrotóxico do mundo, segundo o próprio Ministério do 
Meio Ambiente (MMA: <http://www.mma.gov.br/seguranca-
quimica/agrotoxicos>. Acesso em: 10 set. 2015.). Vale ressaltar que já é 
descrito pela literatura científica que essas substâncias são conhecidamente 
cancerígenas. 
Basicamente, os defensivos agrícolas são utilizados principalmente nas 
grandes commodities agrícolas (soja, milho, algodão, etc.), com a finalidade de 
controlar doenças e aumentar a produtividade, mas, de acordo com a Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), outros alimentos consumidos em 
nosso dia a dia também estão contaminados com esses produtos (veja a figura 
a seguir). 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
6 
Adicionalmente, o lixo proveniente do extensivo uso dessas substâncias 
(embalagens de agrotóxicos) é, em sua maioria, descartado inadequadamente, 
contaminando diferentes locais dos ecossistemas (solo, ar e água), mas 
também é importante ressaltar que os custos dos danos ambientais causados 
pela contaminação do maio ambiente não são internalizados na produção, o 
que faz com que o poder público arque com o prejuízo e, este, por sua vez, 
repassa ao produtor, que repassa ao consumidor final, gerando assim um ciclo 
vicioso. 
No Brasil, alguns agrotóxicos são proibidos de serem utilizados e 
comercializados, como é o caso do DDT, entretanto, mesmo assim, esse é um 
produto extensivamente utilizado nas plantações. Portanto, a presença de 
defensivos agrícolas em alimentos, aliada à contaminação dos corpos hídricos 
(rios, lagos, açudes, etc.), gera alto risco para a população em geral, o que 
configura um grave problema de saúde pública. No entanto, vemos uma alta 
demanda pela produção de alimentos que se enquadra no modelo de produção 
dominante. 
Agora, imagine que você é um gestor de uma grande multinacional responsável 
pelos processos de exportação de defensivos agrícolas e suas commodities. 
Os trabalhadores da empresa, assim como os alimentos, têm apresentado 
elevadas taxas de agrotóxicos e, por isso, a empresa tem recebido inúmeras 
notificações por parte do Ministério Público Federal. Por você fazer parte do 
comitê responsável pela gestão ambiental da empresa, suas contribuições para 
a minimização deste problema são fundamentais. Pergunta-se: qual seria a 
melhor atitude que você, gestor, tomaria no que se refere à minimização desse 
problema socioambiental? 
Opção 1: o mais adequado seria extinguir totalmente o uso de agrotóxicos, 
evitando assim a contaminação tanto do meio ambiente quanto dos 
trabalhadores. A criação de uma cooperativa também seria interessante, pois 
auxiliaria no processo de produção de alimentose inserção do grupo no 
mercado de vendas. Assim, com a produção desses produtos orgânicos, o 
grupo de produtores lucraria mais, já que esse tipo de produto possui maior 
apelo comercial que os que utilizam agrotóxicos, onde poderiam ser vendidos 
em feiras específicas. O material restante da prática deveria ser enterrado ou 
incinerado longe das residências, para evitar contaminação das famílias dos 
trabalhadores. 
Opção 2: os trabalhadores rurais deveriam ser orientados quanto ao uso 
racional e adequado dos pesticidas, adotando políticas e normas que 
diminuam, consideravelmente, o impacto desse tipo de produção na saúde 
humana e no ambiente. Deveria ser criada uma cooperativa de produtores 
rurais, onde estes seriam fiscalizados em seu trabalho quanto ao uso de 
equipamentos de proteção adequados. Palestras sobre educação ambiental, 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
7 
saúde do trabalhador, e um centro de vigilância toxicológica auxiliariam na 
minimização das contaminações pela exposição aos defensivos. Como forma 
de monitorar os danos ambientais, os córregos e rios devem ser analisados 
periodicamente para verificar o grau o seu de contaminação. 
Opção 3: deveria ser feita a distribuição de Equipamentos de Proteção 
Individual (EPIs) de última geração a todos os produtores do local. Criação de 
postos de saúde bem equipados com profissionais gabaritados para atender os 
pacientes, vítimas da exposição e da intoxicação. Os investimentos em 
pesquisas para a cura das doenças ligadas à contaminação por praguicidas, 
além da distribuição gratuita de medicamentos que aliviem os efeitos nocivos 
dos venenos. Deve haver incentivo dos governos para a compra de praguicidas 
diferentes, assim os trabalhadores não ficariam expostos ao mesmo veneno, 
evitando uma contaminação crônica. 
Comentário sobra as opções 
A opção 1 é uma resposta que, num primeiro momento, pode se apresentar 
como a melhor, mas avalie a situação: extinguir totalmente os defensivos traria 
grande prejuízo aos trabalhadores e à produção da empresa. Além disso, a 
produção de orgânicos é mais demorada, o que também traria grande prejuízo 
financeiro. Os produtos orgânicos têm um público muito restrito, sobretudo pelo 
fato de serem caros. A cooperativa seria uma alternativa interessante para 
gerenciar a produção e a venda, mas enterrar as embalagens não é a melhor 
opção, pois contaminaria o solo e a água. Nesse caso, uma lavagem adequada 
antes do descarte seria de grande valia. 
Sobre a opção 2, podemos considerá-la a melhor opção! Em um primeiro 
momento, a orientação aos trabalhadores os conscientizaria e os sensibilizaria 
a respeito dos efeitos nocivos dos agrotóxicos, tanto na sua saúde quanto na 
qualidade do ambiente em que vivem. A fiscalização desses trabalhadores 
auxiliaria no cumprimento das normas de utilização dos defensivos, bem como 
do uso dos equipamentos de proteção. O centro de vigilância seria de 
fundamental importância, pois nele o trabalhador poderia tirar suas dúvidas a 
respeito da sua saúde em relação à exposição a essas substâncias. E, por fim, 
o constante monitoramento dos mananciais de água indicaria se a qualidade 
ambiental estaria sendo afetada pelos venenos. 
Quanto à opção número 3, veja que se trata de medidas paliativas. Os 
equipamentos de última geração não têm nenhuma importância se não houve 
conscientização dos usuários sobre a importância da sua utilização. O mesmo 
pode ser dito em relação aos postos de saúde bem equipados, estes são 
necessários, mas o importante é combater a fonte de contaminação, e não a 
doença já instalada. As pesquisas em cura das enfermidades decorrentes da 
exposição e os investimentos em novos defensivos não diminuiriam a 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
8 
exposição desses indivíduos e, consequentemente, seus efeitos nocivos. 
 
Tema 01: Aspectos históricos da relação homem e o meio ambiente 
Há, basicamente, três teorias sobre a origem da vida no planeta Terra (Figura 
02). A primeira diz respeito à teoria criacionista, que atribui a criação das 
espécies existentes no planeta a um Criador Divino (a exemplo de Adão, que 
foi criado a partir do barro, e Eva, criada a partir de uma costela de Adão). A 
segunda teoria, chamada de panspermia, diz que o planeta foi colonizado a 
partir de microrganismos trazidos por meteoros vindos do espaço sideral. A 
terceira teoria, e mais aceita pela comunidade científica atual, é chamada de 
evolucionista, e diz que as primeiras formas de vida teriam surgido há 
aproximadamente 3,5 bilhões de anos, quando o planeta proporcionou 
condições ideias para o surgimento da vida como a conhecemos, após o 
grande evento do Big Bang (a grande explosão do universo). Vale ressaltar que 
trabalharemos a partir da perspectiva da última abordagem. 
Figura 02: Teorias sobre a origem da vida. 
 
Na primeira figura (superior esquerda), a pintura de Michellangelo “Criação 
Divina” (1511), simbolizando a criação do Homem a partir de um Criador - 
criacionismo. Na segunda figura (superior direita), a colonização do planeta a 
partir de microorganismos vindos de meteoros - panspermia. Na terceira figura 
(inferior), a teoria do Big Bang, onde o planeta surgiu a partir de uma grande 
explosão, e posteriormente, o surgimento da vida na forma de bactérias – 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
9 
teoria evolutiva. 
 
Há aproximadamente 4 milhões de anos, acredita-se que tivessem surgido os 
primeiros hominídeos (Figura 03). O ser humano, na sua forma atual, 
apresenta-se como o produto de um longo processo evolutivo. Supõe-se, por 
achados arqueológicos, que os primeiros hominídeos teriam habitado a África. 
Mas, foi somente a espécie Homo sapiens que conseguiu atingir a capacidade 
cerebral de cognição e raciocínio lógico como conhecemos hoje (CURI, 2011). 
Figura 03: Linha do tempo da evolução humana até os dias atuais. 
 
Fonte: <http://www.coladaweb.com/biologia/evolucao/evolucao-humana>. 
Nota-se, na figura, que muitas espécies se desenvolveram quase ao mesmo 
tempo. O grande salto evolutivo do Homem pré-histórico em relação a sua 
estratégia de sobrevivência veio quando ele passou de um ser nômade 
(indivíduo migratório sem habitação fixa) quase individualista – coletor-caçador 
-, e passou a ser gregário (que vive em grupos e em lugar fixo). Basicamente, o 
que proporcionou essa mudança foi o domínio que o ser humano passou a ter 
sobre o fogo e as plantas (agricultura) e a fabricação de utensílios, 
aproximadamente 7.000 anos a.C. No entanto, a migração continuava a 
acontecer devido, principalmente, à perda da fertilidade da terra, o que os 
obrigava a migrar para outro local. 
Embora esse impacto existisse, sua escala era quase irrelevante, pois a 
natureza era capaz de se recompor em tempo suficiente. Porém, a postura de 
sobrevivente às intempéries da época se modificou. Agora, o homem passou a 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
10 
ser um predador. 
Após longos períodos evolutivos, passando pela Idade Média (1000 anos d.C.), 
pelo período Renascentista – séculos XV e XVI – e pela Revolução Científica 
do século XVII, chegamos à segunda metade do século XVIII, época que foi 
marcada por um evento fundamental relacionado aos impactos que o ser 
humano pode causar no meio ambiente: a Revolução Industrial. 
Logicamente, a ideia aqui não é nos aprofundarmos nos aspectos históricos da 
Revolução Industrial, mas, sim, entender que ela foi um marco histórico no 
processo de superexploração dos recursos naturais (gerando impactos 
ambientais consideráveis, como poluição e desmatamento), visando ao bem- 
-estar social. Vale destacar que a sociedade também sofreu as consequências 
devastadoras da Revolução, devido à exploração da mão de obra em regimes 
de trabalho semiescravos (CASAGRANDE JR.; AGUDELO, 2012). 
 
Tema 02: Os conceitose princípios ambientais 
Até agora, falamos muito de meio ambiente, mas ainda não o definimos 
exatamente. O conceito de meio ambiente é bastante amplo e permite 
inúmeras interpretações e definições. De acordo com o professor José Carlos 
Barbieri (2007), a forma como nós definimos o meio ambiente também define a 
forma como interagimos com ele. 
No português, a palavra ambiente significa “ao redor”. Ainda, é interessante 
dizer que alguns autores acham redundante dizer “meio ambiente”, pois as 
duas palavras significam a mesma coisa. Em espanhol, inglês e francês, 
apenas uma palavra é utilizada. Um dos autores mais influentes da área 
ambiental, o professor Frijot Capra (2005), define meio ambiente como algo 
que está relacionado à ecologia (o estudo da “casa”) e que o planeta funciona 
como uma teia, isto é, está totalmente interligado. 
A legislação brasileira, com a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 
6.938/1981), define meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, 
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, 
abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). De acordo com 
o dicionário Aurélio1, meio ambiente é o “conjunto das condições biológicas, 
físicas e químicas nas quais os seres vivos se desenvolvem”. 
 
1 <http://www.dicionariodoaurelio.com/meio>. Acesso em: 07 set. 2015. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
11 
Já o ecólogo norte americano Robert Ricklefs, em seu livro A economia da 
natureza, conceitua meio ambiente como “o que contorna um ser; esse 
envoltório abrange plantas e animais” (RICKLEFS, 2003). 
Para Babieri (2007), há três tipos de meio ambiente: 
1. Ambiente natural – matas virgens e outros ambientes ainda 
inexplorados pelo homem; 
2. Ambiente domesticado – áreas de reflorestamento, açudes e lagos 
artificiais; 
3. Ambiente fabricado – centros urbanos, estradas e tudo o que foi 
construído pelo ser humano. 
Já para a Constituição Federal Brasileira (1998), essa divisão é ainda mais 
abrangente. Veja no quadro a seguir. 
Quadro 1: Os diferentes tipos de ambiente, de acordo com a Constituição Federal 
Brasileira (1998). 
Físico Cultural Artificial Trabalho 
- Flora 
- Fauna 
- Solo 
- Água 
- Atmosfera 
- Ecossistema 
- Patrimônios 
a. Cultural 
b. Artístico 
c. Arqueológico 
d. Paisagístico 
- Manifestações culturais e 
populares 
- Conjunto de 
edificações 
particulares 
ou públicas, 
principalmente 
urbanas 
- Conjunto de 
condições 
existentes no 
local de 
trabalho 
relativo a 
qualidade de 
vida do 
trabalhador 
Fonte: elaborado com base em Brasil (1998 apud ALENCASTRO, 2013). 
Analisando estas definições, é possível observar que determinadas vertentes 
assumem que meio ambiente engloba aspectos naturais e biológicos, ao passo 
que outras vertentes vão além, incluindo aspectos relacionados a cultura, 
economia e sociedade. Nesta disciplina, vamos abordar o conceito mais 
holístico possível, com a finalidade de ampliar nossas possibilidades de 
discussões sobre a gestão desse tema. 
É de senso comum que há grande necessidade de preservar o meio ambiente 
e, para isso, foram criados princípios, leis e outros instrumentos legais que 
auxiliam neste processo. Um desses princípios – e que cabe muito bem neste 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
12 
tema – denomina-se Princípio da Precaução. De acordo com o Ministério do 
Meio Ambiente (MMA), este princípio estabelece que deva haver uma relação 
respeitosa entre homem e natureza e, ainda, que esta relação deva ser 
substancialmente funcional. Este princípio também trata de ações de 
antecipação do risco, com o intuito de se preservar a saúde humana e 
ambiental. Vale destacar que, inicialmente, este princípio foi elaborado em 
resposta à poluição ambiental na Europa, na década de 1970, mas foi 
estendido, inclusive, às questões econômicas que, de alguma forma, podem 
interferir na saúde do homem e do meio ambiente. 
Outro princípio fundamental é o do Poluidor-pagador (que está baseado no 
artigo 225 da Constituição Federal). Este princípio estabelece que aquele que 
polui deve, de alguma forma, pagar pelo dano ambiental, com a finalidade de 
repará-lo. No entanto, a esse princípio cabem inúmeras discussões, pois 
alguns autores alegam que isso dá o “direito de poluir”. Por outro lado, outros 
autores afirmam que pode ser considerado um mecanismo punitivo daquele 
que promove a degradação ambiental. 
A seguir, note uma tabela com outros princípios fundamentais do direito 
ambiental (Quadro 2). Vale ressaltar que este é um assunto que discutiremos 
mais profundamente em outro momento da nossa disciplina, e, ainda, que tal 
divisão varia de acordo com o autor. Nesse caso, utilizaremos as definições de 
Farias (2006). 
Quadro 02: Princípios do Direito Ambiental. 
Princípios Definições 
Da Prevenção “É aquele que determina a adoção de políticas 
públicas de defesa dos recursos ambientais como 
forma de cautela em relação à degradação 
ambiental”. 
Da Responsabilidade “O princípio da responsabilidade faz com que os 
responsáveis pela degradação ao meio ambiente 
sejam obrigados a arcar com a responsabilidade e 
com os custos da reparação ou da compensação 
pelo dano causado”. 
Do Limite De acordo com este princípio, é dever do Estado 
“fixar parâmetros mínimos a serem observados em 
casos como emissões de partículas, ruídos, sons, 
destinação final de resíduos sólidos, hospitalares e 
líquidos, dentre outros, visando sempre promover o 
desenvolvimento sustentável”. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
13 
Da Gestão Democrática De acordo com este princípio, a gestão 
democrática deve “assegurar ao cidadão o direito à 
informação e a participação na elaboração das 
políticas públicas ambientais, de modo que a ele 
deve ser assegurado os mecanismos judiciais, 
legislativos e administrativos que efetivam o 
princípio. Esse princípio da gestão democrática diz 
respeito não apenas ao meio ambiente, mas a tudo 
o que for de interesse público”. 
Fonte: elaborado e adaptado pelo autor, com base em Farias (2006). 
 
Tema 03: Meio Ambiente: antecedentes históricos 
Nesse momento da nossa aula, você deve estar se perguntando: efetivamente, 
quando começou a preocupação com a degradação ambiental? Na verdade, 
essa pergunta não é nada simples de ser respondida, mas podemos citar 
alguns eventos ou algumas épocas muito importantes para a preservação 
ambiental. 
Apesar de parecer, a preocupação com a preservação ambiental não é tão 
recente. Na Grécia antiga, Platão (428 a.C.–348 a.C.) já mencionava 
preocupação com a devastação das paisagens da sua terra. Seu ex-discípulo, 
Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.), dizia que o homem faz parte da natureza e 
quem ambos têm as suas finalidades (CARVALHO; GRUN; TRAJBER, 2006). 
No entanto, foi somente a partir da década de 1950 que a população mundial 
passou a notar que algo estava errado. Acidentes ambientais em diferentes 
partes do mundo estavam acontecendo e todos eles estavam associados com 
ações antrópicas. Citaremos, a seguir, três casos que levantaram esse alerta. 
1. No Japão, por muitos anos, uma indústria química causou um intenso 
vazamento de mercúrio na baía de Minamata. Esse componente químico, 
extremamente neurotóxico, causou uma série de doenças neurológicas nas 
famílias locais e nos animais, que passaram a consumir o peixe que estava 
contaminado pelo mercúrio. A doença ficou conhecida como “A doença de 
Minamata”. 
2. O caso da grande fumaça que atingiu Londres, na Inglaterra, ficou conhecido 
como “o grande smog de 1952”. Esse fenômeno foi causado pela enorme 
queima de carvão e combustíveis utilizados para alimentar as fábricas do local. 
Na época, mais de 4 mil pessoas morreram em decorrência daexposição à 
fumaça, no entanto, estima-se que foram mais de 7 mil óbitos. Também, mais 
de 15 mil pessoas foram internadas devido a problemas respiratórios. Foi a 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
14 
partir desse episódio que as autoridades inglesas passaram a adotar medida 
de controle em relação à emissão de fumaça, no país (KATSOYIANNIS e 
BOGDAL, 2012). 
Figura 03: O Grande smog de 1952 em Londres/Inglaterra. 
 
Fonte: <http://edgblogs.s3.amazonaws.com/planeta/files/2013/01/london-smog.jpg>. 
3. A explosão de um navio carregado de nitrato de amônio (muito utilizado na 
fabricação de fertilizantes) explodiu no Texas/EUA. Nesse episódio mais de 
500 pessoas morreram. 
Estes três eventos, de fato, contribuíram bastante para alertar sobre os riscos 
ambientais que o planeta e seus habitantes estavam correndo, em função das 
ações humanas. Porém, nenhum deles se compara ao alerta emitido por uma 
bióloga norte-americana que denunciou os efeitos nefastos de um defensivo 
agrícola (produto utilizado nas lavouras para evitar pragas e outros males). 
Rachel Carson (1907–1964) publicou o livro Primavera Silenciosa (do inglês 
Silent Spring), em 1962. Na obra, a autora descrevia uma enorme mortandade 
de pássaros devido à exposição ao DDT, defensivo utilizado nas lavouras da 
época e que, posteriormente, seria banido de muitos países, inclusive no Brasil 
(STADLER; MAIOLI, 2011). 
Depois desse evento, a comunidade cientifica mundial juntou seu grito de alerta 
aos da bióloga. Assim, em 1968, um encontro reunindo alguns cientistas, 
políticos e alguns intelectuais de renome mundial (incluindo o ex-presidente da 
república, Dr. Fernando Henrique Cardoso), fundaram o Clube de Roma, que 
tinha por objetivo discutir e propor soluções a problemas que assolavam o 
 
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15 
planeta, inclusive os problemas ambientais. Na ocasião, o Clube solicitou ao 
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), EUA, um estudo sobre o futuro 
da humanidade, caso continuassem a degradação ambiental, daquela forma, e 
com aquela velocidade. O documento gerado ficou conhecido como Os limites 
do crescimento (do inglês, The limits of growth) ou Relatório de Meadows, 
em homenagem aos seus dois principais autores: Donnela Meadows e Dennis 
Meadows. 
A ideia central dos resultados se baseava em conceitos já pré-concebidos pelo 
economista Inglês Thomas Malthus (1766–1834) e sua teoria Malthusiana, em 
que o autor mencionava que, se a população continuasse a crescer em 
progressão geométrica (0, 2, 4, 8, 16, 32...) e a produção de alimento 
continuasse seu crescimento em progressão aritmética (0, 2, 4, 6, 8, 10...), os 
habitantes do planeta entrariam em colapso (Figura 04). O gráfico indica que o 
crescimento populacional (linha vermelha) é muito mais acelerado que a 
produção de alimento (linha azul). 
Figura 04: Gráfico representativo da Teoria Malthus. 
 
Alguns anos mais tarde, em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, foi 
realizada outra importante conferência para tratar da problemática ambiental. 
No entanto, agora, a discussão inclui os aspectos político-econômicos e suas 
consequências. A reunião ficou conhecida como Conferência de Estocolmo. 
Um importante documento produzido após a reunião foi a Declaração sobre o 
Meio Ambiente Humano, que trazia um plano de ação com uma série de 
diretrizes e recomendações visando à preservação ambiental em nível mundial. 
Além disso, foi durante esta conferência que se ouviu uma das frases mais 
 
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marcantes em relação às causas socioambientais. A então primeira Ministra da 
Índia, Indira Gandhi, filha de Mahatma Gandhi, disse: “a miséria é a maior de 
todas as poluições” (ALENCASTRO, 2013). 
Um importante legado deixado pela Conferência de Estocolmo foi a criação de 
um organismo internacional responsável pelas discussões sobre meio 
ambiente – o Programa das Nações Unidades para o Meio Ambiente (PNUMA). 
Alguns anos mais tarde, em 1983, com a criação da Comissão Mundial para o 
Desenvolvimento e o Meio Ambiente (CMDMA), propuseram uma série de 
medidas visando à preservação ambiental. Seu principal fruto foi a publicação 
de um dos mais importantes documentos relacionados ao assunto, o Relatório 
de Brundtland ou O nosso futuro comum (1987). 
As ideias desse documento são utilizadas até hoje, sobretudo aquela que está 
relacionada ao desenvolvimento sustentável (BRUNDTLAND, 1987). Esse 
conceito traz à tona a maneira como devemos seguir com o desenvolvimento 
das nações. Esse assunto será discutido mais profundamente nas próximas 
seções, assim como as conferências internacionais que aconteceram no Brasil: 
a Eco 92 e a Rio +20. 
A seguir, uma linha do tempo com resumo dos principais eventos históricos 
relacionados à preservação ambiental (Figura 05). 
 
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17 
Figura 05: Linha do tempo com os principais eventos históricos relacionados 
com as questões ambientais. 
 
Fonte: o autor (2016). 
 
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18 
Tema 04: Conferências internacionais no Brasil: Eco 92 e Rio +20. 
Após tantas reuniões e debates relacionados aos problemas ambientais, como 
saber se, de fato, a sociedade contribuiu significativamente para a preservação 
dos recursos naturais? Difícil de saber. Com o objetivo de verificar a situação 
ambiental mundial desde a conferência da Estocolmo, representantes de mais 
de 179 países de reuniram no Estado do Rio de Janeiro para discutir sobre o 
assunto. Isso só foi possível porque vários fatores favoreceram tal encontro. De 
acordo com Curi (2011), os dois principais fatores foram: 
 Fim da Guerra-fria entre os EUA e a antiga União Soviética; 
 Primeiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança 
Climática (IPCC) que dissertava sobre os efeitos dos gases tóxicos para 
atmosfera, principalmente para o agravamento do efeito estufa. 
Em 1992, os países presentes na Conferência das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como ECO-92 ou 
Rio-92, retomaram o assunto sobre o desenvolvimento sustentável e, ainda, 
debateram e elaboraram propostas e documentos, visando solucionar os 
problemas relacionados a superexploração dos recursos naturais. 
De acordo com Curi (2011), essa conferência teve uma conotação política e 
social muito mais relevante que a Conferência de Estocolmo. Ainda, como 
mencionado anteriormente, uma série de tratados, convenções e acordos 
foram estabelecidas durante a reunião. Podemos citar: 
 Declaração de princípios sobre florestas 
 Convenção sobre as mudanças climáticas 
 Convenção da biodiversidade 
 Agenda 21 
 Carta da Terra 
Dentre os documentos citados, talvez o mais importante, e o que daremos mais 
enfoque, é a Agenda 21, que, como o próprio nome dá a entender, se trata de 
uma série de compromissos e metas estabelecidos e acordados pelos 179 
países presentes durante a Rio-92. Esse plano de ação de desenvolvimento e 
foi elaborado para ser aplicado nas diferentes escalas das nações: escala 
global, nacional e local. Isso tanto é verdade que o slogan do documento é 
“Pense globalmente e haja localmente”. 
 
 
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19 
Além disso, os atores participantes dessas ações pertencem às diferentes 
esferas da sociedade. São os governos, as organizações não governamentais 
do terceiro setor (ONGs), a sociedade civil, entre outros. O documento foi 
elaborado com 40 capítulos e suas subdivisões. Para facilitar o entendimento e 
aplicação de cada item, subdividiu-se em 4 seções: 
 Dimensões Sociais e Econômicas; 
 Conservação e Gerenciamento de Recursos para o Desenvolvimento; 
 Fortalecimento do Papel dos Maiores Grupos; 
 Meios de Implantação. 
Para Alencastro (2013), a Agenda 21 “é a mais completatentativa já realizada 
de orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo 
alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica, 
presente em todas as ações propostas”. Outra proposta bastante importante da 
Agenda 21 são os oito desafios do milênio (Figura 06). 
Figura 06: Os oito desafios do milênio propostos pela Assembleia geral das Nações 
Unidas até o ano de 2015. 
 
Fonte: ONU. 
Dez anos após a Rio-92, aconteceu a Rio+10, em Joanesburgo (África do Sul), 
também conhecida como Conferência de Joanesburgo. Essa reunião teve por 
meta avaliar os avanços e as dificuldades da implementação da Agenda 21. 
Especificamente durante essa reunião, alguns documentos foram propostos 
por alguns chefes de Estado conclamando o alívio da dívida externa dos países 
em desenvolvimento e o aumento da ajuda financeira para os países pobres, 
 
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acreditando ser fatores cruciais para o desenvolvimento sustentável. A 
conclusão foi que os objetivos estabelecidos durante a Rio-92 não foram 
alcançados. Ainda, três objetivos foram estabelecidos para os próximos anos: 
 Erradicação da pobreza; 
 Mudanças dos padrões de produção e consumo; 
 Proteção dos recursos naturais (Ribeiro, 2002). 
Enfim, 20 anos após a Rio-92, na mesma cidade, aconteceu a tão esperada 
Rio+20 (Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável). 
O principal objetivo da reunião foi reafirmar o pacto estabelecido há 20 anos, e 
firmar outros tão importantes quanto. Para Alencastro (2013), o pano de fundo 
da referida conferência era: 
“a questão da estrutura de governança internacional na área do 
desenvolvimento sustentável e a construção de uma economia 
verde (grifo nosso) capaz de interromper a degradação do meio 
ambiente combater a pobreza e reduzir a desigualdade (...), ela foi 
palco de importantes discussões envolvendo temas como a 
segurança alimentar, cidades sustentáveis, erradicação da pobreza, 
inovação e tecnologia para o desenvolvimento sustentável, recursos 
hídricos, florestas e energia” (ALENCASTRO, 2013). 
O importante documento elaborado durante a reunião, intitulado O futuro que 
queremos, foi muito criticado por diferentes vertentes da sociedade. Muitos 
estudiosos do assunto afirmam que, ao invés de avanço nas discussões, houve 
retrocesso! 
 
 
Tema 05: Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável 
Como pudemos notar, durante muitos anos, a exploração dos recursos naturais 
ocorreu de forma natural, com o intuito de sustentar a população humana. 
Devido a sua abundância, criou-se uma ideia de que estes recursos eram 
infinitos e, por isso, poderiam ser explorados sem nenhum tipo de cuidado ou 
manejo2. Hoje, sabemos que se trata de uma ideia totalmente equivocada e 
que a finitude desses recursos está bem mais próxima do fim do que podíamos 
imaginar. Foi a partir desta ideia que surgiu o conceito de desenvolvimento 
sustentável. 
 
2 Manejo é o planejamento do uso de forma racional de qualquer recurso a fim de evitar sua 
degradação ou escassez. 
 
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A expressão desenvolvimento sustentável surgiu de forma embrionária na 
década de 1970, durante a Conferência de Estocolmo. Porém, somente em 
1987 este termo foi, de fato, consagrado. Através da publicação do Relatório 
de Brundtland, conhecido também como O Nosso Futuro Comum (Our 
Common Future), definiu-se desenvolvimento sustentável como "aquele 
desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer 
a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias 
necessidades" (do Relatório Brundtland, “Nosso Futuro Comum”, 1987). Assim, 
sustentabilidade é uma ação em busca do desenvolvimento sustentável. 
É importante ressaltar que para ser sustentável, uma sociedade deve levar em 
consideração não somente as questões ligadas ao meio ambiente, mas, 
também, aquelas ligadas aos aspectos sociais, econômicos e culturais. A 
sustentabilidade agrega valor e é peça fundamental na busca de novos 
mercados, isto é, ela se torna uma ferramenta competitiva para garantia de 
ingresso em mercados muito exigentes. 
Nesse sentido, muitas empresas têm incorporados em seus planos de 
negócios diferentes estratégias e ações sustentáveis em seus serviços e 
produtos para alcançar consumidores muito mais preocupados com a 
preservação ambiental (SILVA, 2012). Logo, para ser sustentável, uma 
organização deve fornecer produtos de qualidade, respeitando os recursos 
ambientais e remunerando as cadeias de produção de forma satisfatória. 
É comum a todos que estudam e pesquisam nesta área que, para alcançar a 
sustentabilidade, devemos seguir a tríade apresentada a seguir, O Triple 
Bottom Line, mostrando que nada será sustentável se não tiver a integração 
destes três quesitos (Figura 7). 
Figura 07: A tríade da sustentabilidade – Triple Bottom Line. 
 
Fonte: o autor. 
 
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Mas, apesar do grande esforço de muitas nações, fica uma pergunta crucial: a 
Sustentabilidade ainda é possível? Para Yamaki (2012), o conceito de 
sustentabilidade é bastante simples: diz respeito a um direcionamento visando 
alcançar o equilíbrio entre o homem e o meio ambiente. Ainda, para a mesma 
autora (2012), a sustentabilidade total é uma utopia, pois sempre haverá 
impacto através das atividades humanas. 
A palavra sustentabilidade e suas derivações tornaram-se um jargão modal 
muito utilizado nos dias atuais. No entanto, muitas ações relacionadas a essa 
prática têm muito pouco ou não são nada sustentáveis, apesar de levarem 
essa classificação. Há muitas fórmulas, ideias e sugestões de como construir 
uma sociedade sustentável, mas grande parte delas esbarra na questão do 
consumismo desenfreado. 
O relatório Estado do Mundo 2014 – como governar em nome da 
sustentabilidade, da ONG Worldwatch Institute Brasil (WWI), traz uma 
coletânea de artigo sugerindo que a sustentabilidade, em seu estado da arte, 
não condiz com o que realmente é feito. Ainda, o uso excessivo do termo faz 
com que ele perca a força original e passe a ser usado como um marketing 
pessoal ou empresarial (greenwashing3). Sendo assim, levanto outra questão 
para que você reflita e discuta com seus colegas: é possível desvincular o 
crescimento econômico da exploração dos recursos naturais? 
Nunca se discutiu tanto sobre este assunto, mas, ao mesmo tempo, nunca se 
avançou tão pouco. A humanidade vem retirando mais recursos do que o 
planeta pode fornecer. Dados fornecidos no ano de 2015 mostraram que no dia 
13 de agosto, a humanidade já havia consumidos todos os recursos naturais 
disponíveis para um ano inteiro. Este dia fica conhecido como O Dia da 
Sobrecarga da Terra (do inglês Earth Overshoot Day). É como se o seu 
salário tivesse terminado no dia 18 e ainda faltam 12 dias para você receber 
novamente. Assim, você (e o planeta) passa a operar no vermelho. Estes 
dados foram divulgados pela ONG Global Footprint Network, em parceira com 
a ONG WWF. 
A tabela a seguir mostra a evolução (ou involução) do dia da sobrecarga da 
Terra ao longo dos anos. Note que cada vez mais estamos adiantando essa 
data (Tabela 01). O resultado mostra que estamos utilizando cada vez mais 
rápido os recursos naturais disponíveis no planeta. 
 
3 Maquiar a realidade sob o falso conceito de "empresa verde" é a principal característica do 
greenwashing. 
 
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Tabela 01: Datas evolutivas do Dia da Sobrecarga da Terra desde o ano 2000. 
 
Fonte: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/overshootday/. 
Acesso em: 10 set. 2015. 
 
 
Na Prática 
 
Os problemas ambientaisfazem parte da História da Humanidade. 
A problemática ambiental tem sido motivo de preocupações desde a 
Antiguidade. Isso pode ser muito bem observado em manuscritos, publicações 
e arquivos históricos. A ampla falta de perspectiva histórica sobre a história 
ambiental tem suas origens na negligência e desinformação. Como resultado, 
as questões ambientais contemporâneas, muitas vezes, surgem nos meios de 
comunicação de massa, sem contexto e, em seguida, desaparecem, sem 
sabermos exatamente qual é o fim da história. 
 
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24 
Assim, a proposta dessa atividade é bastante simples: construir uma linha do 
tempo (timeline) com os principais acidentes ambientais que aconteceram no 
mundo. Para isso, as regras são bem simples: 
a) Desde a década de 1950, cada década deve ter, pelo menos, dois 
acidentes importantes. 
b) Ainda, cada acidente deve ser explicado brevemente: local, componente 
químico (se for o caso), óbitos (se houver) e os desdobramentos. 
c) A linha do tempo deve ser construída em ferramenta própria disponível 
na web. 
Mãos à obra! 
 
Protocolo de Resolução da Situação Proposta 
1. Primeiramente, você deve fazer um levantamento dos principais 
acidentes ambientais da história (não se esqueça dos requisitos que não 
podem faltar) 
2. Após a coleta das informações, você deve construir a linha do tempo. 
3. Na web, você encontrará uma série de sites que mencionam os 
acidentes ambientais mais importantes da história. 
4. Se achar necessário, leia o livro Empresa, Meio Ambiente e 
Sociedade, do professor Mário Alencastro (disponível na sua Biblioteca 
Virtual), onde há vários exemplos de acidentes ambientais. 
 
Resolução do Caso 
Ver PPT com resolução do caso. 
 
Síntese 
Neste encontro, fizemos um resgate de vários momentos históricos que 
marcaram a evolução do pensamento ecológico. Vimos que as décadas de 
1970 e 1980 foram muito importantes para o desenvolvimento de um 
pensamento ambientalista, que estava preocupado com a evolução (negativa) 
do uso dos recursos naturais do planeta. Porém, não devemos esquecer dos 
precedentes desse tempo, sobretudo os fatos relacionados aos acidentes 
 
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ambientais nos EUA, Inglaterra e Japão. Posteriormente a esses eventos, a 
bióloga Rachel Carson publica uma das mais importantes obras do 
ambientalismo moderno – Primavera Silenciosa – em que denuncia os efeitos 
nefastos do uso de uma pesticida, o DDT. 
As diversas reuniões e conferências pós-Rachel Carson foram fundamentais 
para o estabelecimento de políticas e acordos internacionais, visando conter a 
exploração desenfreada dos recursos naturais. Mereceram destaque O Clube 
de Roma (1968), Conferência de Estocolmo (1972), Rio 92 (1992) e Rio +20 
(2012). Também abordamos os conceitos básicos de sustentabilidade e 
desenvolvimento sustentável. Vimos também que o segundo é a ferramenta 
para alcançar o primeiro. E, por fim, percebemos o quanto os nossos atos 
consumistas causam sobrecarga de uso dos recursos naturais presentes no 
planeta. O dia da sobrecarga da terra mostra que estamos usando mais do que 
o planeta pode nos oferecer. 
Assim, as ferramentas aprendidas nesta aula serão utilizadas nas próximas. 
Não hesite em recorrer a esse material sempre que precisar. Bons estudos e 
até a próxima! 
 
 
Referências 
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gestão socioambiental corporativa. Curitiba: InterSaberes, 2012. 125 pg. 
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Saraiva, 2007. 
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DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. 
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Meio Ambiente. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 1981. 
BRUNDTLAND, G. H. (Org.) Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FGV, 
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ed. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Pensamento-Cultrix Ltda, 2005. 
CARVALHO, I. C. M.; GRUN, M.; TRAJBER, R. (Orgs.) Pensar o Ambiente: 
 
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2006. 
CASAGRANDE JUNIOR, Eloy F.; AGUDELO, Libia P. P. Meio ambiente e 
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CURI, D. Gestão Ambiental. 1 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. 
154 pg. 
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RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 5 ed. Rio de Janeiro: 
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STADLER, A. MAIOLI, M. R. Organizações e Desenvolvimento Sustentável. 
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YAMAWAKI, Y. Introdução à gestão do meio urbano. Curitiba: Ibpex, 2011. 
229 pg.

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