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APOSTILA DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV 8P 2018

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APOSTILA DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV – ( Reproduzidos para fins didáticos)
DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
Profa. Elizabeth Cristiane de Oliveira Futami. 
1. DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
 Aspectos introdutórios:
São espécies de procedimentos no processo de conhecimento:
a) comum
b) especiais:
 de jurisdição contenciosa – arts. 567 a 718, CPC;
 de jurisdição voluntária – arts. 719 a 770, CPC;
 em legislação especial – mandado de segurança (Lei n. 12.016/09); procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais (Leis n. 9.099/95; 10.259/01; 12.153/09); etc.
Os procedimentos especiais são aqueles “destinados a orientar a tramitação judicial de certas pretensões que não encontrariam tratamento processual condizente dentro dos parâmetros do procedimento ordinário” (Humberto Theodoro Jr.).
São medidas utilizadas para que os procedimentos especiais alcancem seus objetivos:
- alteração de prazos;
- alteração da sequência de atos;
- eliminação de atos;
- fusão de atos cognitivos e executivos;
- delimitação do tema a ser deduzido na inicial ou na contestação; etc.
Todavia, aplica-se, subsidiariamente, aos procedimentos especiais as regras do
procedimento comum (art. 318, parágrafo único, CPC).
3.2 Procedimentos especiais previstos no CPC
Os procedimentos especiais estão previstos tanto no NCPC quanto na legislação
especial (ex.: juizados especiais, mandado de segurança, etc.).
São espécies de procedimentos especiais no NCPC:
a) de jurisdição contenciosa:
 ação de consignação em pagamento (arts. 539 a 549);
 ação de exigir contas (arts. 550 a 553);
 ações possessórias (arts. 554 a 568);
 ação de divisão e da demarcação de terras particulares (arts. 569 a 598);
 ação de dissolução parcial de sociedade (arts. 599 a 609);
 inventário e partilha (arts. 610 a 673);
 embargos de terceiro (arts. 674 a 681);
 oposição (arts. 682 a 686);
 habilitação (arts. 687 a 692);
 ações de família (arts. 693 a 699);
 ação monitória (arts. 700 a 702);
 homologação de penhor legal (arts. 703 a 706);
 regulação de avaria grossa (arts. 707 a 711);
 restauração de autos (arts. 712 a 718);
Por outro lado, o CPC não prevê mais como procedimento especial de jurisdição contenciosa as ações de depósito (que foi „desprocedimentalizada‟ e transformou-se uma das hipóteses de tutela de evidência – art. 311, III); de anulação e substituição de título ao portador e de usucapião (prevendo apenas a imposição da citação por editais nestes feitos, que passaram a ser de rito comum – art. 259); além da nunciação de obra nova e venda a crédito com reserva de domínio.
b) de jurisdição voluntária:
 notificação e interpelação (arts. 726 a 729);
 alienações judiciais (art. 730)
 divórcio e separação consensuais, extinção consensual de união estável e da alteração
do regime de bens do matrimônio (arts. 731 a 734);
 testamentos e codicilos (arts. 735 a 737);
 herança jacente (arts. 738 a 743);
 bens do ausente (arts. 744 e 745);
 coisas vagas (art. 746);
 interdição (arts. 747 a 758);
 tutela e curatela (arts. 759 a 763);
 organização e fiscalização das fundações (arts. 764 e 765);
 ratificação dos protestos marítimos e dos processos testemunháveis formados a bordo
(arts. 766 a 770);
2. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO (arts. 539 a 549 do CPC e 334 a 345 do CC)
a) introdução
A lei não só obriga o devedor ao pagamento, como também assegura a ele e a qualquer interessado o direito de pagar, caso o credor se recusar a recebê-lo (mora accipiendi). A esta forma especial ou indireta de pagamento, a lei (art. 304, CC) denominou de consignação, consistente no depósito judicial ou em estabelecimento bancário da quantia ou coisa devida (portanto, o objeto será apenas obrigações de dar).
Ex: o locador se recusa a receber o aluguel, ao argumento de que o valor devido é superior ao ofertado ou por qualquer outro motivo. Nesse caso, faculta-se ao devedor manejar a ação de consignação em pagamento ou de fazer a consignação extrajudicial.
b) hipóteses de cabimento
O art. 539 do NCPC admite a consignação em pagamento “nos casos previstos em lei”, que são os previstos no art. 335, CC, ou seja, na lei civil estão elencadas as situações que podem impedir o devedor de solver a obrigação pelos meios normais, quais sejam:
I - o credor se recusa injustamente a receber o pagamento ou dar quitação => mora accipiendi quando a dívida for portável;
II - o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos => mora accipiendi quando a dívida for quesível;
III - o credor for pessoa incapaz (representante desconhecido ou se recusa a receber), desconhecido (credor antigo, já falecido, e não se conhece os herdeiros), declarado ausente (se o curador for desconhecido ou se recusar a receber) ou reside em lugar inacessível (caso de dívidas portáveis);
IV - há dúvida quanto ao credor (legitimado a receber);
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
b) modalidades: extrajudicial ou judicial.
A consignação extrajudicial ocorre quando a prestação for quantia em dinheiro e, no lugar do pagamento, existir estabelecimento bancário, oficial ou particular.
Trata-se, na verdade, de instrumento de direito material, pois visa evitar a demanda judicial. 
Consiste em depósito bancário, com AR ao credor, o qual, em 10 dias, poderá comparecer à agência bancária e levantar o depósito; ou permanecer inerte, quando então presumir-se-á a sua aceitação, liberando o devedor; ou manifestar por escrito ao estabelecimento bancário a recusa ao recebimento, quando então terá o devedor o prazo de 1 mês para ajuizar a ação consignatória (instruindo a inicial com a cópia do depósito e da recusa). Não ajuizada a ação no prazo, considera-se sem efeito o depósito, podendo o devedor levantá-lo, e, se quiser, oportunamente ajuizar a referida ação.
Já consignação judicial tem lugar quando a prestação for coisa, ou quando não for possível a via extrajudicial.
d) procedimento:
- petição inicial:
=> competência (territorial/relativa): segundo o art. 540 do NCPC, a petição inicial deverá ser dirigida ao juízo do lugar do pagamento (domicílio do autor/devedor – se a dívida for quesível, ou se o domicílio do credor for desconhecido; domicílio do réu/credor – se a dívida for portável); da situação da coisa (art. 341 do CC); ou do foro eleito. Consignação de aluguéis será ajuizada no lugar do foro contratual ou, na sua falta, no da situação do imóvel (art. 58, II, Lei n. 8.245/91).
=> pedido: de depósito da quantia ou coisa devida e da citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação (art. 542, CPC). Se tratar de prestações periódicas, o devedor pode se utilizar de um só processo para promover o depósito das diversas prestações em que se divide a obrigação (art. 541, CPC).
=> valor da causa: será o valor da prestação devida, acrescido dos juros e demais encargos, ou o valor correspondente à coisa. Se tratarem de prestações periódicas, o valor da causa corresponderá à soma das prestações até o máximo de uma anuidade (súm. 449, STF).
- despacho da inicial: ao analisar a inicial, o juiz defere o depósito, que deve ser efetuado no prazo de 5 dias (art. 893, I), sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito (art. 542, parágrafo único do CPC), pois o depósito consiste em pressuposto processual específico do procedimento consignatório.
- após o depósito: o juiz determina a citação do réu, que pode:
 levantar o depósito: acarreta a extinção do processo com resolução do mérito; OU
 oferecer resposta no prazo de 15 dias: caso não aceite o depósito. A resposta poderá
ser nas modalidades da contestação, reconvenção ou exceção. Se for contestação, nos termos
do art. 544 do CPC o réu poderá alegar, além das preliminares:
- inocorrência de recusa;
- recusa justa;
- não realização do deposito no prazo ou no lugar do pagamento;
- não integralidade do depósito (deverá indicar o montante devido). Lembrando que, neste último caso, a consignação ganhará feição de ação dúplice,ou seja, rejeitado o pedido do autor, o juiz o condenará a satisfazer o montante devido (art. 545).
 permanecer inerte: quando então será decretada a sua revelia e haverá o julgamento antecipado da lide.
- oferecida contestação, o ação segue o procedimento comum, com instrução, se necessário, culminando na sentença, que, se julgar o pedido procedente, declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 546, NCPC). O juiz fará o mesmo se o credor receber e der quitação (parágrafo único do art. 546).
e) consignação de coisa indeterminada ou incerta (art. 543): se a coisa for indeterminada ou incerta, e a escolha couber ao réu (credor), este será, antes, citado para exercer o direito de escolha, no prazo de 5 dias (salvo outro prazo na lei ou no contrato), e comparecer para receber a prestação. Caso o credor não faça a escolha no prazo legal, a faculdade é devolvida ao devedor, que deve proceder ao depósito da coisa.
f) ação consignatória como ação dúplice (art. 545, CPC):
Como visto, a ação consignatória pode se revelar como uma ação dúplice na medida em que o réu, independentemente de reconvenção, poderá alegar na contestação a insuficiência do depósito, ocasião em que o autor poderá complementá-lo em 10 dias, salvo se o inadimplemento der causa à rescisão contratual.
Assim, o réu pode levantar desde logo a quantia ou coisa depositada, o que acarreta liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida (§1º).
Se a sentença concluir que o depósito foi insuficiente, ela determina, sempre que possível, o montante devido, podendo o réu executar o autor nos mesmos autos (a sentença valerá como título executivo e poderá desde já ser cumprida) - §2º. Caso o contrário, não sendo possível, na sentença, fixar o montante devido, deverá antes ser apurado em liquidação de sentença (§2º).
g) consignação quando há dúvida a quem se deve pagar:
Nos termos do art. 547 do NCPC, se houver dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito.
Neste caso, diz o art. 548:
I - se, citados, ninguém comparece: opera-se a revelia deles, o juiz libera o devedor julgando antecipadamente a lide, e o depósito converte-se em coisas vagas, ou seja, é arrecadado como bem de ausente, perdurando indefinidamente, até que um interessado provoque o seu levantamento;
II - se comparece apenas um deles: o juiz decidirá de plano, julgando extinta a obrigação, e o credor, demonstrando o seu direito à prestação, levantará o depósito a seu favor.
III - se comparece mais de um pretendente: do mesmo modo o juiz declara efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando, porém, o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, pelo procedimento comum, para se apurar quem é o verdadeiro titular do crédito.
h) consignação incidental:
- ocorre quando outros pedidos são cumulados ao pedido consignatório (ex.: revisional);
- é cabível, desde que se observe o procedimento comum (requisitos do art. 327);
- atenção ao art. 328, §3º, NCPC, antigo art. 285-B, CPC/73.
AÇÕES POSSESSORIAS (arts. 554 a 568, CPC)
a) Juízo petitório x juízo possessório
- possessório (ius possessionis): a pretensão diz respeito à posse em si mesma, sem cogitar qualquer outra relação jurídica. O fundamento da pretensão e o pedido são a posse. Portanto, instruir tais causas com prova da titularidade do domínio é irrelevante, uma vez que basta demonstrar a posse anterior e a ofensa a esta. Seguindo o mesmo raciocínio, mas em situação diversa, é o proprietário que nunca foi possuidor do seu bem, o qual será carecedor da ação possessória, cabendo-lhe, na verdade, a imissão na posse.
- petitório (ius possidendi): a pretensão diz respeito ao direito de propriedade. O fundamento é a posse decorrente da propriedade, e o pedido é o domínio. Ex:. reivindicatória, imissão na posse, embargos de terceiro etc. O art. 557 do NCPC veda, na pendência da ação possessória, que o réu ou o autor ajuízem ação visando o reconhecimento do domínio. A tutela da posse seria inútil se fosse possível ao proprietário responder ao possuidor com a ação petitória.
b) Espécies de Possessórias (art. 1210 CC):
- ação de reintegração de posse: cabível quando há o esbulho da posse (perda violenta,
clandestina ou precária da posse);
- ação de manutenção de posse: cabível quando há turbação na posse (efetivo embaraço ao exercício da posse); e
- interdito proibitório: cabível, preventivamente, quando há ameaça ao exercício da posse, ou seja, ameaça iminente de turbação ou esbulho.
c) Fungibilidade das ações possessórias (art. 554, CPC/15): pela dificuldade em distinguir uma situação de esbulho e turbação; ou entre esta e simples ameaça a posse, o legislador previu, no art. 554, a aplicação do princípio da fungibilidade ou conversibilidade dos interditos, segundo o qual o juiz poderá conhecer de um pedido possessório, diverso do requerido pelo autor, desde que os requisitos estejam provados, outorgando-lhe a proteção adequada. Isso ocorre muito em caso da alteração da situação fática depois do ajuizamento da demanda possessória. 
Ex: ajuíza-se interdito proibitório em razão da ameaça de esbulho sofrida; porém, este, no curso do processo, se concretiza, deixando de ser simples ameaça; o juiz pode converter em ação de reintegração de posse.
O princípio restringe-se às possessórias (independente do rito), não se aplicando, portanto, entre ação petitória e ação possessória, posto que tem pedidos e fundamentos completamente diversos, o que poderia implicar num julgamento extra petita.
Também não se aplica se o novo ato espoliativo ocorreu após o trânsito em julgado da possessória, uma vez que se trata de causa de pedir para o ajuizamento de nova possessória.
d) Ações de força nova e de força velha – definição do rito (art. 558, CPC)
- ação de força nova: a ação é proposta dentro de 1 ano e 1 dia da ofensa da posse; o rito será especial . A concessão liminar será com base nos arts. 561 e 562, CPC, ou seja, basta que o autor comprove a posse, o esbulho ou a turbação, a perda ou continuação na posse, principalmente a data do ato espoliativo, independentemente de demonstração de periculum in mora, que, nas possessórias, é presumido – in re ipsa.
- ação de forca velha : a ação é proposta após esse prazo; o rito a ser observado será o comum (o pedido liminar submeterá aos requisitos previstos no art. 300, CPC, ou seja, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo), sem retirar o caráter possessório.
Obs:. O interdito proibitório é sempre ação de força nova, porque a ameaça é constante e deve ser sempre atual.
A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) cassou decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) que havia considerado impossível a concessão de antecipação de tutela em ação possessória, em caso de posse velha (com prazo superior a um ano e um dia). A disputa pela posse da Fazenda do Céu, situada na Prainha de Mambucaba, em Paraty (RJ), remonta a 1983. Segundo a ministra Isabel Gallotti, o fato de a ação possessória ser fundada em posse velha impõe que ela seja regida pelo procedimento ordinário, previsto no artigo 924, parte final, do Código de Processo Civil (CPC), e não pelo rito especial, reservado às ações intentadas com menos de ano e dia. Embora a posse velha impeça o deferimento da imissão liminar (prevista no artigo 928 do CPC), nada impede – acrescentou a ministra – que o juiz atenda ao pedido de antecipação de tutela (artigo 273), cabível em todas as ações ordinárias, desde que estejam presentes no caso específico os requisitos legais para sua concessão (Notícia STJ 08/08).
e) Objeto das ações possessórias
Só é cabível ação possessória para bens e direitos capazes de serem apreendidos fisicamente, isto é, para bens materiais (bens móveis, semoventes e imóveis).
 Sum. 228 STJ: não cabe ação possessóriapara a proteção do direito autoral.
 Sum. 415 STF: cabe possessória para defender servidão de passagem.
f) Procedimento das possessórias
 Petição inicial (arts. 319/320 e 561 CPC):
- Competência => foro do domicílio do réu, para bens móveis e semoventes (art. 46, CPC); foro da situação da coisa, quando se tratar de bem imóvel (art. 47, §2º, NCPC).
Neste último caso, ainda que se trate de ação fundada em direito pessoal, não se aplica o art. 46 do NCPC, que prevê a competência do foro do domicílio do réu, por haver previsão específica para as ações possessórias no art. 47, §2º, do mesmo diploma legal, segundo o qual a competência para a ação possessória imobiliária será proposta no foro da situação da coisa, cujo critério territorial, ali estabelecido, se reveste excepcionalmente de caráter absoluto.
Vale lembrar que, em alguns casos, a competência será do Juizado Especial. É o que ocorre nas possessórias cujo valor for igual ou inferior a 40 salários mínimos, conforme art. 3º ,IV, da Lei n. 9.099/95.
- Partes e sua qualificação:
a) capacidade de ser parte => pessoas físicas e pessoas jurídicas, de direito privado ou de direito público.
As partes devem ser identificadas com precisão, salvo no caso de invasão por um número indeterminado de pessoas (indicação apenas dos ocupantes). O CPC estabelece regramento para a citação de grande número de pessoas, afirmando que se procede a citação dos ocupantes encontrados no local, e, dos demais, por edital, devendo-se ouvir o MP e, se for o caso, a Defensoria Publica (art. 554, §§1º e 2º, NCPC).
b) capacidade de estar em juízo => apenas capazes. Se o responsável pelo ato for absolutamente incapaz, a ação é em face daquele encarregado pela sua vigilância (pai, tutor ou curador).
c) legitimidade => quem figurou na lide.
Será autor o possuidor esbulhado, turbado ou ameaçado, irrelevante se também detentor de direito real.
Os compossuidores tem a faculdade de promover a ação em conjunto ou isoladamente, sendo que, no primeiro caso, formar-se-á um litisconsórcio facultativo unitário, e, no segundo, ainda que não tenham os demais figurados como partes, serão alcançados pelos efeitos da coisa julgada, atuando o autor em legitimidade extraordinária.
Em se tratando de pessoas casadas compossuidoras, a regra é a mesma, com a diferença que, se formarem litisconsórcio facultativo, será necessária a outorga uxória/marital (art. 73, §2º, CPC).
A ação pode ser tanto contra o autor do ato como contra o seu mandante, podendo o primeiro requerer a sua substituição por este (art. 339, NCPC).
Já o legitimado passivo é o autor do esbulho, turbação ou ameaça, ainda que seja possuidor da coisa.
Observações importantes:
 sucessor a título universal ou causa mortis é também legitimado, ativa ou passivamente, porque continua na posse de seu antecessor (art. 1.207, Código Civil - CC), e o sucessor a título singular responderá pelo vício apenas se recebeu por má fé a coisa esbulhada (art. 1.212, CC).
 possuidores diretos e indiretos têm legitimidade um em face do outro, como também ambos em face de terceiros em litisconsórcio ativo facultativo.
- Causa de Pedir (fatos e fundamentos jurídicos):
No caso da manutenção e reintegração de posse, segundo o art. 561, o autor dever provar:
 a posse anterior (e não o domínio)
. Exemplos de documentos que demonstram a posse: contas de luz, correspondências, fotografias e outros);
Por essa razão que o promitente comprador não tem interesse processual para intentar ação de reintegração de posse, mas sim imissão na posse, pois pleiteara a posse com fundamento no título de propriedade.
 a ofensa ou o ato espoliativo, ou seja, turbação ou o esbulho;
 a data da turbação ou do esbulho (define o rito) – difícil de ser provada por prova documental, o que poderá ensejar a concessão da liminar por meio de audiência de justificação prévia (coleta de prova oral);
 a continuação ou a perda da posse (se manutenção ou reintegração, respectivamente).
Já no caso do interdito proibitório, conforme o art. 567, além da posse anterior, basta provar a iminência da turbação ou do esbulho, ou seja, a fundada e grave ameaça de tais atos
consumarem (se ameaça for consumada, é caso de manutenção ou reintegração de posse).
- Pedido => expedição do competente mandado (de manutenção, de reintegração ou de proibição do esbulho ou turbação).
Além do pedido principal, o art. 555 do NCPC permite a cumulação de outros pedidos sem prejuízo do rito especial, desde que tenham por fundamento a turbação ou o esbulho, como a cumulação com o pedido de condenação em perdas e danos e indenização dos frutos. Ademais, para efetivar a tutela relativa à posse, prevê o parágrafo único do art. 555 que o autor poderá requerer também a imposição de medida necessária e adequada para evitar nova turbação ou esbulho e para cumprir tutela provisória ou final.
Se o autor cumular outros pedidos, além dos previstos no art. 555, aí o rito será comum.
O pedido de concessão da liminar é possível, como já visto, se tratar de ação de força nova (art. 558 c/c art. 562, CPC), afastando, nesse caso, a aplicação da antecipação dos efeitos da tutela genericamente prevista no art. 300, CPC, pertinente apenas se a ação de força velha (art. 558, parágrafo único).
- Valor da causa => aplicação por analogia do art. 292, IV, CPC (o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido).
- Provas => todos os meios de prova hábeis a demonstrar a posse (no caso de manutenção de posse e do interdito proibitório, a atualidade da posse), a ofensa e o tempo de sua ocorrência.
- Requerimento de citação do réu => se o local for inacessível, não permitindo a aproximação do oficial de justiça, a citação será por edital. Lembrando que o art. 554, §1º, do NCPC, prevê, na ação em que figure no pólo passivo grande número de pessoas, a citação será pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e dos demais, por edital.
- Documentos indispensáveis à propositura da ação .
 Apreciação da liminar antecipatória (arts. 561 a 564 – reintegração e manutenção na posse e 567 – interdito proibitório):
Provado o esbulho ou a turbação em menos de ano e dia, o mandado de reintegração ou de manutenção é deferido liminarmente (sem ouvir o réu), conforme o art. 562, ou em audiência de justificação prévia, consoante o art. 563. No caso do interdito proibitório, o juiz determinará ao réu uma obrigação de não fazer, proibindo-o de molestar a posse do autor, sob pena de incorrer em multa pecuniária.
Mas se o ato espoliativo for mais de ano e dia (apenas se turbação ou esbulho, pois que, como visto, a ameaça é sempre nova), então, a liminar só será deferida se os requisitos do art. 300 (tutela de urgência antecipada genérica) estiverem satisfeitos.
Sendo o réu for ente público, não é cabível liminar inaudita altera pars, ou seja, depende da oitiva dos seus representantes legais (art. 562, parágrafo único).
A liminar na ação possessória tem natureza antecipatória posto que satisfativa, em nada se assemelhando com a cautelar, vez que não objetiva assegurar processo, mas restabelecer o mais rápido possível o status quo ante alterado pela ofensa à posse.
Todavia, poderá ser deferida com ou sem audiência de justificação prévia, a depender se os seus requisitos (posse anterior e o tempo da ofensa há menos de ano e dia) forem comprovados por documentos ou por provas orais.
O réu é citado para a audiência de justificação (art. 562, in fine), mas não pode produzir provas, apenas contraditar e reperguntar as testemunhas do autor. Isso porque, para o STJ, tal citação não é para defesa, mas apenas para o réu comparecer e participar da audiência, não ensejando em nulidade processual a sua ausência.
O juiz pode condicionar a manutenção da liminar à prestação de caução real ou fidejussória pelo autor, se réu provar que o autor carece de idoneidade financeira para responder eventuais perdas e danos caso venha a sucumbir na ação, dispensada se tratar de parte economicamente hipossuficiente (art. 559).
Da decisãojudicial que concede ou não a liminar é cabível agravo de instrumento.
 Respostas do réu: concedido ou não o mandado liminar, o autor promoverá, nos 5 dias subseqüentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 dias (art. 564). 
Obviamente que se houve audiência de justificação prévia, o prazo será contado da intimação (e não citação) da decisão que deferir ou não a liminar (parágrafo único do art. 564).
Se o réu quedar-se inerte e não apresentar resposta, ser-lhe-á decretada a revelia, seguindo o processo o rito comum, nos termos do art. 566.
Todavia, apresentando resposta, o réu poderá oferecer:
a) contestação: o réu pode arguir quaisquer das preliminares do art. 337, CPC (inclusive, incompetência absoluta caso a regra do art. 47, §2º, aplicada às possessórias imobiliárias, não for observada, ou incompetência relativa se a regra do art. 46, aplicada às possessórias de bens móveis, não for observada); e, no mérito, pode alegar a ausência dos requisitos do art. 561; opor, como fato extintivo ao direito do autor, o usucapião (Sum. 237, STF – não se trata de defesa petitória, porque a discussão sobre prescrição aquisitiva se assenta na posse; ademais, o objetivo na possessória não é uma sentença declaratória do domínio); e a indenização por benfeitorias feitas na coisa.
Por fim, insta registrar que as ações possessórias tem caráter dúplice , o que autoriza o réu também pleitear, mediante pedido contraposto, proteção possessória e perdas e danos pelos prejuízos decorrentes da suposta ofensa praticada pelo autor (art. 556, CPC).
b) Reconvenção ou pedido contraposto
: em razão do art. 556 prever a possibilidade de o réu formular pedido contraposto na própria contestação (por se tratar de ação dúplice), sustentou-se por muito tempo a impossibilidade de manejo da reconvenção nas possessórias por falta de interesse de agir. Porém, a jurisprudência afastou tal entendimento sob o argumento de que o pedido contraposto cinge-se às hipóteses tipificadas no art. 556 do CPC, sendo cabível a reconvenção para outras hipóteses.
 Após o prazo da resposta: todas as ações possessórias seguem o procedimento ordinário (art. 566), o qual culmina na sentença.
A sentença possessória é objetivamente complexa, uma vez que pode conter, a par do mandado possessório, o pleito cominatório e até condenatório de indenização por eventual prejuízo material.
Ações dúplices ou ambivalentes são aquelas onde autor e réu podem formular pretensões, e o deferimento do pedido de um implicará necessariamente no indeferimento do pedido do outro.
Na verdade, reconvenção e pedido contraposto são demandas do réu contra o autor no mesmo processo, formuladas na mesma peça em que se apresenta a contestação, distinguindo-se, apenas, pela amplitude: no primeiro pode ser formulado qualquer pedido, desde que conexo com a ação principal ou com os fundamentos da defesa (art. 343); já o segundo limita-se ou a causa de pedir remota ou o pedido para algo tipificado. O pedido de proteção possessória, por exemplo, deve ser considerado como pedido contraposto porque o art. 556 limita-o ao pleito indenizatório.
Ao julgar procedente o pedido principal e os cumulados, a sentença faz nascer obrigação de entregar coisa bem como de dar quantia.
No primeiro caso, a execução dar-se-á segundo a disciplina das tutelas específicas das obrigações de entrega de coisa, prevista no art. 498 (antigo art. 461-A), onde o juiz fixará prazo para a entrega da coisa, que, se desobedecido, ensejará a expedição de mandado de busca e apreensão, se coisa móvel, ou de manutenção ou reintegração na posse, se coisa imóvel.
Por outro lado, no que tange ao capítulo da sentença que condenou na obrigação de dar quantia (indenização, p.ex.), transitada esta em julgado e não cumprida voluntariamente pelo réu, o credor elaborará memória de cálculo atualizada e requererá a intimação do devedor para efetuar o pagamento no prazo de 15 dias, sob pena de multa de 10% sobre a dívida e expedição de mandado de penhora (art. 523; a que correspondia no CPC de 73 o art. 475-J).
Transcorrido o mesmo prazo, ao invés de pagar, poderá o devedor apresentar impugnação ao cumprimento da sentença, ocasião em que o feito prosseguirá perpassando pela fase expropriatória até a satisfação do credor.
Vale lembrar que, havendo pedido de desfazimento de construção, a sentença de procedência será cumprida obedecendo ao disposto no art. 497 (a que correspondia o art. 461), que estabelece a tutela específica das obrigações de fazer.
Por fim, salienta-se que da sentença das ações possessórias caberá apelação em ambos efeitos se for de improcedência, pois que, se de procedência, confirmando a liminar, obviamente se aplica a exceção do art. 1.012, V, segundo a qual a apelação será recebida apenas no efeito devolutivo se a sentença confirmar a tutela antecipada.
EMBARGOS DE TERCEIROS (arts. 674 a 680, CPC)
a) Conceito: nos termos do art. 674, é o instrumento processual para aquele que, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, requerer o seu desfazimento ou sua inibição.
b) Requisitos:
- constrição ou ameaça de constrição judicial: ou seja, pressupõe um ato de constrição realizado, como penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha etc, ou ameaçado de ser praticado, ocasião em que os embargos serão preventivos. Ex: simples descrição, em inventário, do acervo patrimonial que irá compor o espólio;
- ser o proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor do bem ou do direito apreendido ou ameaçado de apreensão (§1º art. 674): portanto, tem por finalidade a defesa não só da posse ou da propriedade de bens, mas também de qualquer direito (real ou pessoal) atingido ou ameaçado de ser atingido indevidamente por ato judicial de apreensão, como, por exemplo, quotas de sociedade, créditos e outros direitos patrimoniais, etc. Na verdade, os embargos de terceiro são um instrumento de proteção à posse, uma vez que o ato de constrição ou a sua ameaça não passam de um esbulho ou turbação, porém realizados por ato judicial.
- qualidade de terceiro em relação ao processo do qual emanou a ordem judicial: ou seja, não ter participado de conhecimento ou de execução, processo penal, trabalhista, ou falimentar.
c) Legitimidade
c.1) ativa (embargante): nos termos do at. 674, §1º, o embargante pode ser terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou o possuidor. Equipara-se a terceiro para ajuizamento dos embargos (§2º):
I - o cônjuge ou companheiro quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação (Sum. 134, STJ). Importante lembrar que se o cônjuge é co-executado, ou seja, é responsável pela dívida porque foi contraída a bem da família (art. 73, §1º, III), deve utilizar os embargos à execução, pois não será terceiro, mas executado.
II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução: por meio dos embargos, o terceiro adquirente pode demonstrar que agiu de boa-fé, caso a presunção do conluio fraudulento for relativa, admitindo prova em contrário. Se tratar de fraude contra credores, não caberão embargos de terceiro, pois tal matéria deverá ser veiculada por ação própria, a saber, ação pauliana ou revocatória (Súmula 195 do STJ).
III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte.
IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais (art. 804), dos atos expropriatórios respectivo: isso porque, caso tenha sido intimado, de acordo com o art.
799, então seria o caso de o credor com garantia real exercer o protesto pela preferência, ingressando na execução, e não embargar de terceiro.
A doutrina e a jurisprudência também reconhecem que tem também legitimidadeativa:
- o assistente que figura no processo, mas defende direito do assistido;
- o adquirente que não registrou o compromisso de compra e venda (Sum. 84, STJ). Todavia terá que arcar com os ônus sucumbenciais por ter, face à ausência do registro, possibilitado a penhora do bem (Súm. 303, STJ - em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os honorários advocatícios - princípio da causalidade);
- cônjuge ou filhos do devedor para defender bem de família, na omissão deste;
c.2) passiva (embargado): tanto aquele que se aproveita do ato de constrição quanto o seu adversário no processo principal caso a iniciativa pela constrição tenha sido deste (art. 677,
§4º). Então, por exemplo, se, numa execução, quem indicou o bem à penhora foi o próprio executado, deverão figurar no pólo passivo dos embargos, em litisconsórcio necessário, tanto o exequente, que se beneficia da penhora, como o executado que indicou o bem.
d) Prazo (art. 675)
- se decorre de processo de conhecimento, os embargos podem ser opostos enquanto a sentença não tiver transitado em julgado.
Todavia, com o advento da Lei 11.232/05, o trânsito em julgado não representa mais o fim do processo de conhecimento, vez ser possível o início da fase de cumprimento de sentença quando houver condenação em obrigação de pagar quantia. Dessa forma, deve-se admitir a oposição dos embargos de terceiro após o trânsito em julgado da sentença.
- se decorre do cumprimento de sentença e de processo de execução: os embargos poderão ser opostos até 5 dias da lavratura do auto de arrematação, adjudicação ou da alienação por iniciativa particular, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Deve-se, na verdade, fazer uma interpretação extensiva a contar o prazo a partir da inequívoca ciência do terceiro acerca do ato de constrição judicial, que não necessário coincidirá com o dia da arrematação ou adjudicação.
Aliás, o NCPC inova ao estabelecer, no art. 675, parágrafo único, a possibilidade de o juiz determinar a intimação pessoal do terceiro que seja identificado como titular do interesse em embargar o ato.
A não observância do prazo implicará apenas na perda da faculdade do terceiro se valer do procedimento especial, não o impedindo de buscar o direito material pela via ordinária.
e) Competência: será competente para o procedimento especial dos embargos de terceiro o juízo que ordenou a constrição do bem (art. 676). Portanto, trata-se de competência funcional, logo,
absoluta. Assim, serão distribuídos por dependência aos autos do processo principal, que deu origem à constrição, mas formalizados em autos apartados.
Todavia, se os embargos forem opostos pela União, autarquias ou empresas públicas federais, a competência será da Justiça Federal, ainda que a ação principal tramite na Justiça Estadual, prevalecendo o critério pessoal previsto no art. 109, I, da CF.
Por outro lado, estando os autos do processo principal no segundo grau, ante a pendência de recurso, e a constrição decorrer da execução provisória da decisão, os embargos deverão ser ajuizados perante o juízo de primeiro grau. Só serão opostos diretamente no tribunal, se a ação principal for de sua competência originária.
Por fim, vale lembrar o disposto na Sumula 33 do extinto TRF quanto às execuções
por carta: “o juízo deprecado, na execução por carta, é o competente para julgar os embargos de terceiro, salvo se o bem apreendido foi indicado pelo juízo deprecante” ou se já devolvida a carta. Este entendimento foi absorvido pelo NCPC que previu o parágrafo único no art. 676.
f) Procedimento
f.1) Petição inicial (art. 319 e art. 677, CPC):
- o pedido é para desfazer o ato constritivo (reintegrando na posse) ou inibir a sua prática
(mantendo-se na posse);
- deve estar instruída com a prova sumária da posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro no processo;
- deve conter o rol de testemunhas (se for necessária a prova testemunhal);
- valor da causa: em princípio, é o valor do bem apreendido. Segundo entendimento jurisprudencial, se o valor do bem for maior que o valor da execução, este último será o valor dos embargos de terceiro.
f.2) Liminar:
- provado o domínio ou a posse (basta verossimilhança), é possível a concessão de liminar
possessória;
- não havendo prova documental da posse é possível designação de audiência preliminar (art.
677, §1º).
- consiste na suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos (se proprietário), bem como na expedição de mandado de manutenção ou de reintegração provisória da coisa, se o embargante tiver requerido (se possuidor) - art. 678, caput;
- a ordem de manutenção ou reintegração poderá estar condicionada pelo juiz à prestação de
caução, salvo se a parte for economicamente hipossuficiente (art. 678, parágrafo único).
f.3) Citação:
- nos termos do art. 677, §3º, NCPC, a citação nos embargos será pessoal, se o embargado não tiver advogado constituído na ação principal; do contrário, será citado na pessoa do advogado mediante publicação do despacho no órgão oficial.
f.4) Resposta do réu: citado, o embargado terá um prazo de 15 dias (art. 679, NCPC) para oferecer defesa (contestação), findo o qual seguirá o procedimento comum.
O embargado poderá deduzir qualquer matéria de defesa, salvo nos embargos opostos por credor com garantia real, cujas matérias limitam-se às previstas no art. 680 (só poderá alegar que o devedor comum é insolvente; que o título é nulo ou não obriga a terceiro; ou que outra é a coisa dada em garantia).
f.5) Após o prazo da resposta, segue-se o procedimento comum: julgamento antecipado da lide em caso de revelia (com aplicação da presunção de veracidade). Caso contrário,
contestando o embargado no prazo, o juiz designará audiência de instrução e julgamento, se houver necessidade de produção de provas orais.
 Sentença (art. 681):
- acolhido o pedido principal, o ato de constrição é cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante, liberando a caução eventualmente prestada;
- da sentença caberá apelação, em ambos os efeitos devolutivo e suspensivo (há quem faça analogia com o art. 1.012, III
AÇAO MONITÓRIA (arts. 700 a 702, CPC/15).
a) Noções gerais
A ação monitória é considerada uma tutela diferenciada: para o legislador, pareceu injusto que o credor que tivesse prova escrita da obrigação tivesse que se submeter ao mesmo procedimento dos credores sem prova escrita. Por isto, criou o procedimento monitório, para permitir que o juiz pudesse, com cognição sumária formada a partir da prova escrita, determinar o cumprimento da obrigação antes da sentença final.
b) Cabimento
Segundo determina o art. 700 do NCPC, “a ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter o direito de exigir do devedor capaz:
I - pagamento de quantia em dinheiro;
II – a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III – o inadimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer”.
b.1) prova escrita: a jurisprudência brasileira é bastante liberal quanto à admissão da prova escrita para fins de ação monitória. O que importa é que o documento ofertado pelo credor sinalize, de modo verossímil, a existência da obrigação, carecendo-lhe, no entanto, de força executiva. Exemplos:
 contrato sem assinatura de duas testemunhas;
 título de crédito prescrito (sum. 299 STJ);
 documentos unilaterais emitidos pelo credor (sum. 384 STJ);
 duplicata mercantil sem comprovante de entrega da mercadoria;
 contrato de cartão de crédito.
O novo CPC, no art. 700, §1º, amplia a possibilidade de a prova escrita consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente nos termos do art. 381 (por arrolamento de bens sem finalidade de apreensão, por produção antecipada de provas e por justificação).
Portanto, nota-se que o cabimento da ação monitória está intimamente ligado àexistência de prova escrita desprovida de eficácia de título executivo; pois, do contrário, caso não haja a prova, ou, havendo-a, for dotada de eficácia executiva, não seria o caso de monitória. 
No primeiro caso (ausência de qualquer documento), restar ao autor ajuizar ação de cobrança, pelo rito comum; no segundo caso (prova com eficácia de título executivo), o interesse do credor é pela via executiva, ou seja, pela ação de execução. 
CUIDADO: o ajuizamento da ação monitória é uma faculdade do credor. Se ele quiser, pode ajuizar ação de cobrança. (art. 785)
c) Objeto
A ação monitória tem por objeto o cumprimento de qualquer obrigação, seja de dar quantia/pagar, seja de entregar coisa, móvel ou imóvel, fungível ou infungível, e até mesmo obrigação de fazer ou não fazer.
d) Procedimento
d.1) petição inicial: deve observar os requisitos genéricos dos arts. 319 e 320 do CPC, ou seja, deve conter:
- endereçamento (competência): foro do local do cumprimento da obrigação (art. 53, III, d, CPC), salvo se houver cláusula de eleição de foro no documento firmado entre as partes.
- legitimidade: ativa - o credor da obrigação; e passiva - o devedor da obrigação, desde que capaz, inclusive a Fazenda Pública (Sum. 339, STJ e art. 700, §6º, CPC).
- causa de pedir: além de narrar a lide, consistente na obrigação inadimplida, nos termos do §2º do art. 700, CPC, o autor deverá explicitar:
 a importância devida, instruindo-a com a memória de cálculo (o que já estava consagrado na doutrina), se tratar de obrigação da pagar; 
 o valor atual da coisa reclamada, em caso de obrigação de entrega de coisa; ou
 o conteúdo patrimonial em discussão ou proveito econômico perseguido, no caso de obrigação de fazer ou não fazer.
Obs: segundo o STJ, é desnecessário constar da petição inicial a origem da obrigação (causa debendi). Todavia, é obrigatório que a petição esteja acompanhada da prova escrita sem força executiva que prova a existência da obrigação, pois é por ela que o direito do autor restará evidenciado (cognição sumária do juiz para expedição do mandado monitório).
- pedido:
 expedição do mandado monitório, consistente no pagamento, na entrega da coisa ou na execução de obrigação de fazer ou não fazer;
 citação do réu para cumprir o mandado monitório, bem como pagar o valor de 5% sobre o valor da causa à título de honorários advocatícios, no prazo de 15 dias, ou oferecer embargos nos termos do art. 702, NCPC, sob pena de constituir-se de pleno direito o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em executivo e prosseguindo na forma dos artigos 513 e seguintes do Novo Código de Processo Civil;
 produção de provas, em especial a juntada da prova escrita sem força executiva, que deverá instruir a inicial.
- valor da causa: corresponderá ao valor da obrigação cujo adimplemento se busca (§3º, art. 700,CPC).
d.2) Juízo de admissibilidade: proposta a ação, o juiz proferirá um juízo de admissibilidade, verificando a existência ou não de prova escrita que evidencie o direito ao crédito, ocasião em que receberá ou indeferirá a petição inicial.
Havendo dúvida quanto à idoneidade da prova documental, o juiz intimará o autor para emendar a inicial, adaptando-a ao rito comum (art. 700, §5º, CPC), não obstante nada impede o juiz que determine a emenda por outro motivo (art. 321, CPC).
Caso o autor não emende a petição inicial ou não observe as regras do §2º (explicitação do valor da obrigação), o juiz indeferirá a petição inicial (§4º do art. 700).
Mas, recebida que seja a petição inicial, o juiz, mediante cognição sumária, analisará se há ou não verossimilhança na alegação. Sendo evidente o direito, ele deferirá a expedição do mandado monitório, determinando a citação do réu. ATENÇÃO: a decisão do juiz que admite a monitória é irrecorrível, uma vez que o devedor poderá se defender na ocasião dos embargos à monitória. Ademais, o CPC previu apenas o cabimento de ação rescisória como meio de impugnação contra tal decisão (art.701, §3º, CPC).
d.3) Citação
Nos termos do §7º do art. 700 do NCPC, a citação do réu no procedimento monitório poderá ser por qualquer dos meios permitidos no rito comum (inclusive, por edital, conforme enunciava a Súmula 282 do STJ).
Como já dito, o devedor é citado para, no prazo de 15 dias, cumprir a obrigação contida no mandado monitório, bem como pagar 5% sobre o valor da causa à título de honorários advocatícios, ou para oferecer embargos.
d.4) Possíveis reações do devedor:
- cumprimento da obrigação (art. 701, §1º): haverá sanção premial, com isenção das custas e honorários advocatícios, pondo fim ao procedimento;
- inércia (não cumprir a obrigação E não embargar- art. 701, §2º): conversão do mandado monitório em título executivo judicial, prosseguindo o processo em sua fase de cumprimento de sentença (arts. 513 e seguintes do CPC), contra a qual caberá ação rescisória, e não recurso, como já dito anteriormente.
- oferecimento de embargos: a ação prossegue pelo rito comum com a suspensão do mandado monitório até o julgamento final em 1º grau.
d.5) Embargos à ação monitória (o art. 702 do CPC apenas aperfeiçoou o lacunoso art. 1.102- C, CPC/73):
- é o meio de defesa do devedor (não cabe contestação);
- não há necessidade de garantia do juízo;
- tem efeito suspensivo: fica suspensa a conversão do mandado monitório em título judicial até o julgamento dos embargos em primeiro grau (§4º);
- a matéria de defesa é ampla (as mesmas do rito comum, ou seja, aplicam-se as mesmas regras dos embargos à execução – ex: excesso de execução – demonstrativo de débito, sob pena de rejeição liminar dos embargos se for o único fundamento de defesa; ou não examinados, caso haja outro fundamento -§3º);
- são processados nos próprios autos (mas poderão, a critério do juiz, ser autuados em apartado se parciais - §7º, convertendo em título judicial em relação à parcela não embargada);
- o autor será intimado para responder aos embargos em 15 dias (§5º);
- como, no caso de oposição de embargos a ação monitória segue o procedimento comum, é cabível reconvenção (Sum. 292 do STJ; art.702, §6º, NCPC);
- se rejeitados, também constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, seguindo as regras do cumprimento de sentença, no que for cabível;
- cabe apelação da decisão que acolhe ou rejeita os embargos (§9º);
- os §§10 e 11 do art. 702 preveem a possibilidade de aplicação de multas ao autor que, de má- fé, valeu-se indevidamente da ação monitória ou ao réu que, de má-fé, tenha apresentado embargos. Tal multa é de 10% sobre o valor da causa, a qual reverterá a favor da parte contrária.
Vale registrar que, estranhamente, o CPC, que proibiu o direito ao parcelamento de dívida no cumprimento de sentença, o admite na monitória (art. 701, §7º

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