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Adam Smith (1723-1790)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
WENDELL DA COSTA MAGALHÃES
ADAM SMITH (1723-1790)
Belém-2011
WENDELL DA COSTA MAGALHÃES 
ADAM SMITH (1723-1790)
Trabalho para obtenção de nota 
na disciplina de Economia 
Clássica ministrada pelo
 professor Maurício Sena do 
curso de Ciências Econômicas 
da Universidade Federal do Pará.
Belém-2011
Contexto histórico
Adam Smith nasce na Escócia em 1723 e morre em 1790. Viveu em um período conturbado por inúmeras transformações econômicas, políticas, sociais, culturais, etc. Um período, por assim dizer, de transição em que após o rompimento com o antigo modo feudal de produção, o capitalismo se estabelece como modo de produção dominante e sofre transformações por conta de estar se desenvolvendo. Daí termos a transição do capitalismo comercial – mercantilismo - para o capitalismo industrial.
No período em que vive Adam Smith, o mercado externo inglês amplia-se absurdamente. Tal fato virá ocasionar a necessidade de inovações das técnicas produtivas, para que se cresça a quantidade de produtos ofertados em um determinado tempo e assim supra o mercado consumidor em expansão. Disto decorrerá o que chamaremos de Revolução Industrial, algo que revolucionou a história da humanidade.
A Revolução Industrial ocasionou o aumento da oferta de produtos industrializados a um custo cada vez menor, representado lucros crescentes para os bolsos dos donos dos meios de produção. Consequente a isso, temos uma busca constante por parte dos capitalistas em vista a se obter lucros cada vez maiores, investindo-se em técnicas produtivas e em máquinas cada vez mais avançadas que corresponderiam a uma maior capacidade produtiva.
Temos por então o rompimento não só econômico com o modo de produção feudal, mas também um rompimento ideológico, pois a partir da busca incessante por lucros no ato da troca, deixa-se para trás a velha ideologia da igreja que via o comércio de forma preconceituosa, interferindo nas questões comerciais com aspectos morais da conduta, do que era chamado, de uma conduta cristã. A obstinação por se vender por mais do que foi necessário consumir para obter o produto final é regra em uma sociedade capitalista, em que seus agentes são movidos pelo desejo do lucro, ou seja, a troca, antes vista somente como um ato em que um produto era trocado por outro de idêntico valor, agora cede lugar para a visão de que o ato de troca serve-se pra tirar vantagem, recebendo-se um ganho extra por aquilo que se troca. 
Dentro deste contexto, a indústria têxtil ocupa um lugar de destaque no início da Revolução industrial, pois o avanço do maquinário que foi necessário para elevar a produtividade dentro desta indústria foi de extrema importância, já que tanto a demanda interna quanto a demanda externa pelos produtos ingleses cresciam, sendo esta última em proporções bem maiores. Diante disso a invenção da máquina a vapor virá a ser um dos destaques responsáveis pelo impulso da produção, fruto da necessidade do avanço do maquinário para dá conta deste mercado consumidor em expansão. 
Outra que teve um papel importantíssimo neste processo de produção mecanizada foi a indústria siderúrgica, com ela seguiu-se uma série de inovações como a usina de laminados, o alto-forno, o martelo a vapor e os tornos de trabalhar metais. Com estas invenções houve uma rápida expansão das indústrias siderúrgicas e de mineração de carvão, permitindo deste modo o uso generalizado das máquinas de ferro em uma grande variedade de indústrias.
Agora há de se destacar que não houve invenção mais importante que o motor a vapor, com ele conseguiu-se substituir a água pelo vapor como principal fonte de energia na indústria. Com isso, não era mais necessário preocupar-se com a localização geográfica das fábricas e nem com os recursos locais próximos a fábrica, bastava ter carvão e poderia construir-se uma máquina a vapor. Com isso as indústrias começaram a instalarem-se mais próximas dos seus mercados em que poderiam tanto comprar matéria prima como vender seus produtos finais. Assim foi-se criando um amontoado de indústrias pelas cidades que poderiam contar com maior disponibilidade de mão-de-obra e maior mercado consumidor.
As cidades industriais foram, por assim, crescendo cada vez mais. Só a produção de industrializados quase que duplicou na segunda metade do século XVIII, e cresceu mais ainda no início do século XIX. O resultado do aumento constante da produtividade e do surgimento destas grandes cidades indústrias foi a elevação da Inglaterra como grande potência econômica e política do século XIX. 
Adam Smith, como sendo fruto do seu tempo, observou atentamente o que a Revolução Industrial estava ocasionando nas cidades e reproduziu com profunda perspicácia o que via. Afinal, muitas das características que constam nas cidades industriais do século XIX podem ser vistas em cidades inglesas e escocesas do século XVIII. A genialidade da obra smithiana está em perceber já no início da industrialização e da formação de grandes cidades, aquilo que se perpetuaria ao longo do desenvolvimento do modo de produção capitalista.
Podemos constatar a importância da obra de Smith, por exemplo, quando atentamos para sua análise sobre as manufaturas, sendo estas centros de produção em que o capitalista, sendo dono do prédio, dos equipamentos de produção e da matéria prima, contratava assalariados para fazer o trabalho. Na análise das manufaturas, Smith destaca a importância da divisão do trabalho, dizendo que a mesma seria a grande responsável pelo aumento da produtividade e assim pelo desenvolvimento da produção e reprodução humana.
É importante destacar que a grande diferença entre as manufaturas e as indústrias compostas pelo maquinário moderno é que nas manufaturas, o ritmo da produção ainda depende da capacidade técnica e da destreza do trabalhador, enquanto nas grandes indústrias a máquina virá a impor tal ritmo de produção, em que o trabalhador é submetido a uma linha de montagem adaptando-se ao ritmo das máquinas.
Entre os grandes feitos da obra de Smith, podemos destacar a sua distinção entre os lucros do capital industrial, salários, aluguéis, e lucros do capital comercial. Também avaliou a composição da renda, dizendo que ela pertencia às três classes mais importantes de uma economia que são os proprietários de terra, trabalhadores assalariados e capitalistas, pois estes se apossavam respectivamente dos aluguéis, dos salários e dos lucros. Além de elaborar uma teoria histórica que corresponderia à evolução desta sociedade de classes e uma teoria sociológica que falaria dos poderes que se dividiam entre essas classes.
A circunstância da obra “A Riqueza das Nações”
Dentro de todo este contexto de transformação que a sociedade vinha sofrendo, com a luta da classe dos comerciantes em alcançar prestígio político por estarem tomando as rédeas da situação econômica e pelas suas práticas estarem se alargando por todo continente europeu, a obra de Adam Smith denominada “A Riqueza das Nações” vem a criar os contextos de uma nova ciência, pois é notória a necessidade de uma ciência autônoma que desse conta das explicações acerca do desenvolvimento que o capitalismo vinha passando e da posição que a prática mercantil ocupava na sociedade.
Entretanto, é preciso destacar que Adam Smith não deixa de ser um filósofo. A publicação do “Riqueza das Nações”, apesar de tratar de assuntos estritamente econômicos como as questões dos preços, do câmbio, da moeda e do valor, mesmo assim não deixa de trazer consigo uma imensa gama de assuntos dos mais variados tipos que se aplicariam a história, ao direito, a política, a ética, a moral, a teologia e tantos outros que referendariam por demais a filosofia. É preciso dizer que isso se deu por conta do próprio estágio que o capitalismo estava, não podendo ter um autor que desenvolvesse a Ciência Econômica aos moldes acadêmicos que temos hoje, ou seja, de forma tão subdividida e separada de outras ciências.Deste modo, surgia então a Economia Política, tendo como pedra fundamental a obra de Smith, destacando-se dos demais tratados sobre assuntos econômicos que foram feitos durante o século XVIII, por ser a única que traz de maneira sistematizada os diversos assuntos que se relacionavam a prática econômica, vendo em todos eles uma identidade que fazia com que tudo dependesse de tudo e não de maneira segmentada, tal qual fizeram tantos outros filósofos antes de Smith.
Na obra, Smith demonstra a sua defesa ao liberalismo econômico, sendo este, fruto da tradição renascentista e iluminista constituída pelo liberalismo político. Virar a trazer de sua formação filosófica iluminista, o pensamento da existência de uma natureza humana e da ordem natural existente entre todas as coisas, e virá aplicá-la ao estudo da economia. Nisso, dirá que qualquer interferência que viesse a ocorrer nas relações dos indivíduos, por via governamental, alteraria de maneira prejudicial a ordem natural das relações humanas. Pregava deste modo a liberdade de atuação do indivíduo na esfera econômica, pois as ações dos indivíduos, dizia Smith, eram frutos da natureza egoísta do ser humano em alcançar o seu bem estar, porém a própria natureza egoísta do ser humano manifestada de forma individualista ocasionaria o bem estar da sociedade como um todo.
Apesar de apresentar um paradoxo, a teoria do liberalismo econômico constituirá um estudo sobre as relações humanas de maneira extremamente lógica, com o encadeamento de suas ideias de forma bastante objetiva e precisa. Pode até parecer estranho que a atitude egoísta do ser humano venha ocasionar o bem estar social, mas Smith explicita isso dizendo que na sociedade capitalista, onde a busca do lucro é constante, os responsáveis por levarem a produção ao mercado necessitam vendê-la para a obtenção do lucro. Porém, para que se consiga vender determinado produto, é preciso que este produto seja objeto de desejo para os consumidores que querem satisfazer suas necessidades consumindo. Nesta situação, Smith diria que a vontade individualista do ser humano em obter lucro levou-o a ofertar no mercado aquilo que é necessário para satisfazer as necessidades da sociedade, já que ele só pode obter o lucro vendendo aquilo que a sociedade deseja consumir.
Neste contexto, Smith diria para que deixassem os indivíduos agirem conforme a sua necessidade individual, pois ele partia do pressuposto que os seres humanos são frios e calculistas e, portanto, eles sabem que só podem satisfazer os seus desejos individualistas se derem algo em troca ao restante da sociedade que também satisfaça os anseios desta sociedade.
É lógico que em uma sociedade de mercadores, em que os comerciantes vão tomando as rédeas da sociedade, tal teoria era muito bem aceita, pois servia aos interesses da classe burguesa que tentava libertar-se das imposições restritivas dos governos nacionais. Além do que, justificava a situação a que eram submetidos os trabalhadores, podendo só vender a sua força de trabalho, em troca de um salário, aos capitalistas detentores dos meios de produção e que estes, estando em busca de lucros, por conta da concorrência com outros capitalistas, reduziriam o preço de suas mercadorias a um valor acessível à classe trabalhadora, gerando assim o bem estar de toda a sociedade.
Podemos perceber, com a explanação dos principais pontos do Liberalismo Econômico, o capitalismo diante dessa ótica como mundo perfeito. Afinal, o deixar agir por si só, sem nenhuma interferência governamental, era a melhor decisão que se poderia tomar. Os capitalistas da época se valeram, deste modo, da obra como o seu grande referencial que justificava os seus interesses em detrimento da melhoria de vida dos trabalhadores, principalmente. Pois, qualquer interferência que fosse aumentar os salários do operariado, aumentando desta forma o custo de produção dos patrões, diminuindo seus lucros, era visto como interferência na liberdade econômica e prejudicial ao bem estar geral. Por um longo tempo esse discurso foi proclamado em vista da manutenção do modo de produção dominante, que só aumentava a desigualdade social, reduzindo os trabalhadores a condições de vida deploráveis, enquanto o capitalista aumentava cada vez mais seus lucros por aumentar a exploração do trabalhador tanto por via do aumento da jornada de trabalho quanto pela introdução das máquinas nas indústrias.
Assim a burguesia adota o “Riqueza das Nações” como um manifesto em seu favor, fazendo-o circular pelos meios políticos e intelectuais como a ideia dominante de uma época, que seria a mais coerente para explicar como lhe dar com a situação econômica da nação. Afinal serviria como discurso para a emancipação da burguesia à conquista do poder político.
A questão do valor
Para discernir a questão do valor em Adam Smith, necessitamos primeiramente definir o que virá ser a riqueza em sua abordagem. Diferentemente dos filósofos mercantilistas, que acreditavam na riqueza como sendo o acúmulo de metais preciosos, Smith se oporá drasticamente a essa ideia dizendo que não é o acúmulo dos metais que definem um país como rico, mas sim a sua capacidade de prover objetos úteis para a satisfação das necessidades dos indivíduos que compõem esta nação. Ou seja, quanto mais bens, seja eles de produção ou de consumo, tiver um país, mais rico esse país é.
Sendo assim, a pergunta que viria era como os indivíduos obtêm esses objetos que satisfazem suas necessidades. Smith dirá que é por meio do trabalho. Explicará que, na natureza, o ser humano não pode sobreviver se não transformar os materiais fornecidos em objetos úteis que se adequem às suas necessidades, empregando desta forma trabalho. Diferente dos outros animais que retiram diretamente da natureza tudo o que lhe e necessário para sobreviver, adaptando-se deste modo ao habitat em que nasceram.
Vê-se desta forma o trabalho como a unidade de medida do valor, aquilo que proporcionará a troca entre as mercadorias. Não esquecendo que a riqueza sendo vista sob a ótica de acumulação de mercadorias, e o trabalho como a fonte desta riqueza, sob a análise de Smith o trabalho se constituirá como uma unidade invariável de medida que possibilitará a troca entre as mercadorias por corresponder à visão do trabalhador como dispêndio de energia, de esforço. Logo a troca entre as mercadorias significaria antes de tudo troca de trabalho por trabalho de outrem.
Smith, porém só irá ver o trabalho como determinante do valor de troca das mercadorias nas economias pré-capitalistas, onde não havia acumulação de capital nem apropriação de terra. Assim, diante de um estágio rude da sociedade, seria possível perceber a troca sendo efetivada como troca entre trabalhos de produtores diferentes. Entretanto, no estágio da produção capitalista, em que percebemos facilmente a fratura entre detentores e não detentores de meios de produção, o valor de troca das mercadorias viria a ser determinado pela soma das remunerações pagas às três principais classes que formavam a estrutura capitalista, ou seja, os capitalistas, os proprietários de terra e os assalariados. Estas três classes recebiam, respectivamente, lucros, renda e salários, os três fatores que iriam determinar os preços das mercadorias.
Depois de negar que o trabalho determinaria o valor de troca das mercadorias no sistema capitalista, Smith fará a distinção entre preço natural e preço de mercado. Perceberemos nesta distinção que Smith não renegará o trabalho como determinante do valor de troca, definitivamente, às economias pré-capitalistas. Diferente disso, tentará conciliar a variação dos preços de uma economia capitalista, por conta da variação nas remunerações dos fatores de produção, com a teoria do valor trabalho.
No que tange ao preço natural, Smith continuará dizendo que ele se dá pela quantidade de trabalho contida na produção. Já o preço de mercado seria o valor que realmente o produto tem no mercado ao ser ofertado, ou seja, seria regulamentado pelas forças da oferta e da procura. Oque despertará atenção é a relação que se estabelece entre preço natural e preço de mercado, pois o preço de mercado sempre oscilaria tentando atingir a estabilidade estando de acordo com o preço natural. Adam Smith explicitará isso usando seu famoso conceito da mão invisível, em que uma força natural – poderíamos até dizer divina – ajustaria tudo ao estado do bem estar, que também seria natural, de acordo com as ações naturais dos indivíduos. Dirá que, estando o preço de mercado acima do preço natural, os capitalistas, movidos pelo seu incessante desejo em obter lucro, transfeririam seus capitais para produção que estivesse rendendo mais, ou seja, que estivesse com preços mais elevados, com isso aumentaria a oferta em relação à demanda e logo os preços tenderiam a baixar, aproximando-se do preço natural. 
Apesar do notório esforço de Adam Smith em determinar o preço das mercadorias ainda de acordo com o trabalho contido nelas, sua teoria do valor-trabalho demonstra certa incongruência em alguns pontos. Fica a cargo de David Ricardo e Karl Marx formularem uma teoria que demonstrasse uma determinada completude no que diz respeito à determinação dos preços. Uma limitação evidente na obra de Smith está na questão dos lucros dependerem por assim do trabalho empregado. Smith percebe que o lucro do capitalista não é derivado de nenhum tipo de trabalho, mas sim de quanto é empregado de capital no momento da produção. Acontece que os preços continuariam proporcionais a quantidade de trabalhado empregado na produção somente se a empregabilidade de capital fosse a mesma em todas as linhas de produção, como isso não acontece, Smith não consegue desenvolver sua teoria do valor-trabalho nessas circunstâncias.
Outro ponto de propagação de crítica à obra smithiana está na tentativa de explicar os preços das mercadorias por meio de outros preços (salários, aluguéis, lucros), já que seria inviável, pois se cairia em ciclo vicioso, em que não se conseguiria explicar de onde vieram os benditos preços que explicam os preços. Como Smith nega a viabilidade da teoria do valor trabalho em explicar a determinação última dos preços das mercadorias, pois não consegue formular situações em que o valor do capital por trabalhador diferisse em diferentes setores da economia, a obra, neste ponto, torna-se alvo de críticas.
Além desta crítica, outra ressaltada por Ricardo, diz que a teoria fundamentada nos custos de produção de Smith, na tentativa de explicar os preços, acaba por levar a conclusões sobre o nível geral de todos os preços e não aos valores relativos das diferentes mercadorias.
A contribuição de Coutinho 
Sabemos que durante a fase em que predominava o mercantilismo, muito da literatura - que ainda não era especificamente econômica - produzida, destinava-se a indicar as melhores atitudes que o soberano deveria tomar para trazer abundância para a nação. Confundia-se bastante a leitura acadêmica com leituras que mais pareciam regras a serem cumpridas pelo governante de um país. Entretanto, como já vimos, o modo como era vista a abundância, limitava-se ao maior acúmulo de metais preciosos. Com filósofos como Petty, Quesnay, Hume, até chegar a Adam Smith, o conceito de riqueza ficou sendo subordinado à afluência privada, representando a abundância de bens úteis produzidos para a satisfação dos indivíduos.
Com o largo crescimento do comércio, o estudo da economia política rompe bruscamente com a submissão que existia anteriormente aos negócios do governo, preocupado somente com as finanças públicas. Agora a economia política se preocupará em fornecer o bem estar dos indivíduos, estudando a reprodução material de suas vidas, enquanto o estado passa a ser submisso da vontade dos indivíduos, ficando com a responsabilidade de assegurar a propriedade privada.
Apesar da economia política nascer prescrevendo que a riqueza material é fruto do investimento do capital privado, ela se preocuparia tanto com a riqueza dos indivíduos quanto com o enriquecimento do governo, pois seria ele que se responsabilizaria pelo fornecimento de serviços que não viriam a representar lucros, mas seriam extremamente necessários para o desenvolvimento da propriedade privada.
Com a explanação que Coutinho faz dos estudos anteriores a “Riqueza das Nações”, feitos por Adam Smith, destacamos as Lectures, que viram constituir a base da obra principal com respeito à jurisprudência. Esta será definida como a Teoria das regras pela qual o governo civil deve ser dirigido. Neste contexto, Smith enumerará os principais objetivos do governo, o primeiro deles será garantir a propriedade privada, impedindo que os indivíduos se apropriem de coisas que não sejam suas, ou seja, impedir que eles roubem uns aos outros. Este objetivo deverá ser cumprido para que se proclame a paz interna na nação e possa posteriormente ensejar a opulência dos proprietários. A opulência viria, por ser garantida a limpeza, a segurança pública e a barateza das provisões, o que significaria resultantemente na abundância dessas provisões, já que para Smith, a barateza e a abundância seriam equivalentes e os fatores mais importantes pra que se garantam os outros desígnios governamentais.
Deste modo, ao se garantir as condições necessárias para a perpetuação da propriedade privada, o bem estar social viria a ser alcançado por meio de como os indivíduos organizam-se para sua reprodução material de vida. Ao ver o homem como animal de necessidades ilimitadas, voltado para a obtenção de conforto material e deleite espiritual, atribuir ao trabalho humano a capacidade de satisfazer as demandas crescentes, ter a ideia de que a especialização do trabalho é que garante o aumento da produtividade e subordinar a noção de progresso e bem-estar material à capacidade do homem de apropriar-se do trabalho alheio através da troca, Adam Smith elabora as bases de sustentação do seu sistema.
Vê-se que a sociabilidade humana e aquilo que conduziria o homem ao progresso está na troca, ou seja, na capacidade do ser humano em se apropriar de trabalho alheio. Com isso exalta o trabalhador moderno comparando-o ao indivíduo de sociedades pré-modernas, pois mesmo comparado a um príncipe de outros tempos, o trabalhador mais regular da era moderna ainda usufrui bem mais de uma vida abundante pela sua possiblidade de apoderar-se do trabalho alheio, já que a especialização do trabalho acaba suprimindo o esforço que necessitaria ser despendido para fabricar-se uma variedade de objetos úteis, pelo simples fato de poder se trocar trabalho nas sociedades atuais dedicando-se somente a uma esfera da produção.
A esta troca vale destacar o caráter egoísta do seu ato, pois em vista de satisfazer uma necessidade individual, acaba-se apelando para o interesse dos outros indivíduos ofertando-se bens que os interessem. Logo a minha necessidade individual só é suprida se eu satisfizer as necessidades individuais de outros, isso porque estou inserido dentro de um contexto social, em que a sociabilidade do indivíduo e o alcance do bem estar da sociedade só é atingido por meio da troca entre trabalhos e pelo apelo aos interesses egoístas de outros.
A questão da Sociabilidade
Por fim, o estudo da sociabilidade leva Adam Smith a separá-las em sociabilidade natural, sociabilidade política e sociabilidade econômica. A sociabilidade natural engloba a simpatia que seria este sentimento de transferir paixões e a imaginação, sendo o desejo de merecer aprovação o que conduzirá a uma mansuetude natural. Sendo desta forma, a sociabilidade natural, vista na ética, não limita-se à sociabilidade política que seria resultado de um cálculo da razão pelo desejo de obter aprovação, nem à sociabilidade econômica que seria o desejo de progredir, ou obter riqueza, constituído por um desejo egoísta de satisfazer unicamente as necessidades individuais. A sociabilidade natural seria sim a conciliação destas outras duas sociabilidades, passando por esses dois impulsos primários da natureza humana.

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