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contabilidade societária unidade 3 parte 2 ebook

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Reservas de Capital e de Lucros 
 
Autora: Profa. Me. Valquíria Pinheiro 
 
 
 
 
 
 
Olá, caros(as) alunos(as)! 
 
Sejam todos bem-vindos a esta unidade da disciplina de Contabilidade Societária. 
 
Para se concretizar o processo de ensino e aprendizagem, é fundamental a sua 
participação e dedicação em todas as etapas da disciplina, tais como: 
 
» leitura do material institucional e materiais adicionais complementares; 
 
» participação ativa das atividades interativas, por exemplo, Fórum de dúvidas e discussões; 
 
» elaboração de todas as atividades e todas as unidades da disciplina; 
 
» estudo constante. 
 
Com o empenho de todos vocês, o sucesso é certo. 
 
 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
 
 
 
 
 
 
OBJETIVO DA APRENDIZAGEM 
 
» » Promover a compreensão sobre Reservas de Capital e de Lucros para as S.As e outras sociedades. 
 
» » Distinguir os conceitos e as diferenç̧a entre provisões e reservas. 
 
» » Compreender sobre Reservas de Capital, Reservas de Lucros, Outras Contas do Patrimônio Líquido. 
 
» » Contabilizar reservas de lucro e reservas de capital. 
 
 
 
1. RESERVAS 
 
São os valores recebidos dos só́cios ou de terceiros que não representam aumento de capital 
não formal e juridicamente incorporado a ele (capital Social), exemplo: Reserva de Capital. 
 
Pode se originar també́m de lucros não distribuídos aos proprietários, exemplo: Reservas de Lucros. 
 
As Reservas não possuem qualquer característica de exigibilidade imediata ou remota. 
 
Caso ocorra uma situaç̧ão específica em que a característica de exigibilidade existir, deixam 
de ser Reservas e passam ao Passivo. Como exemplos, temos a decisão de distribuiç̧ão de 
dividendos, a utilizaç̧ão de saldo para resgate de partes beneficiárias, entre outros. 
 
 
2. PROVISÕES 
 
São “[...] reduç̧ões de ativo ou acré́scimos de exigibilidade que reduzem o Patrimônio Líquido, e 
cujos valores não são ainda totalmente definidos.” (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2007, p. 7). 
 
Representam, assim, estimativas de valores a desembolsar que, apesar de 
financeiramente ainda não efetivadas, derivam de fatos geradores contábeis já ocorridos. 
 
Utilizada somente para Passivo. 
 
Exemplos: 
» » risco por garantias oferecidas em produtos já vendidos; 
 
» » estimativas de valores a pagar a título de indenizaç̧ões relativas a tempo de serviço̧ já transcorrido; 
 
Probabilidade de ônus futuro em funç̧ão de problemas fiscais já ocorridos. 
 
O Regime de Competência e a confrontaç̧ão entre receitas e despesas e o processo operacional à 
obtenç̧ão dessas receitas representam a maior causa de constituiç̧ão de Provisões. 
 
Portanto, a quase totalidade das Provisões origina-se de uma despesa. Excepcionalmente, pode 
ocorrer de se originar de uma conta do Patrimônio Líquido, como é́ o caso de Ajustes de Exercícios 
Anteriores, debitados a Lucros ou Prejuízos Acumulados, ou ainda no caso de dividendos, outro 
exemplo, quando permitida a reavaliaç̧ão de ativos imobilizados, també́m se constituía a provisão 
para o imposto de renda diferido diretamente contra a reserva de reavaliaç̧ão. 
 
Qual é a diferença entre Provisões e Reservas? 
 
Provisões: 
» » são reduç̧ões de ativo ou acré́scimos de exigibilidades que reduzem o Patrimônio Líquido; 
 
» » os valores ainda não são totalmente definidos; 
RESERVAS DE CAPITAL E DE LUCROS 
 
 
 
 
 
 
» os valores derivam de fatos gerados já ocorridos 
(contábil). Reservas: 
 
» as reservas não têm em sua essência a característica de exigibilidade; 
 
» representam a diferença entre o Patrimônio Líquido e o capital; 
 
» se em algum momento houver a característica de exigibilidade ela deixará de 
figurar como PL e deverá constar do Passivo exigível. 
 
Não confundir Reserva para Contingências (que integra o Patrimônio Líquido) com a provisão para Riscos 
Fiscais e Outras Contingências (que é uma conta de passivo exigível), pois a provisão destina-se a dar 
cobertura a perdas ou despesas já incorridas, mas ainda não desembolsadas, e que, dentro do regime de 
competência, devem ser lançadas no Resultado, na constituição dessa Provisão. 
 
A Reserva para Contingência é, por outro lado, uma expectativa de perdas ou prejuízos 
ainda não incorridos, por ser possível antevê-los, e, por precaução e prudência 
empresariais, segrega-se uma parte dos lucros já existente, não os distribuindo para 
suportar financeiramente o período em que o prejuízo ocorrer efetivamente. 
 
 
3. TIPOS DE RESERVAS 
 
 
3.1 RESERVAS DE CAPITAL 
 
As reservas de capital são constituídas com valores recebidos pela empresa e que não 
transitam pelo resultado, por não se referirem à entrega de bens ou serviços pela empresa. 
 
As reservas de capital constituem-se grupo de contas integrantes do Patrimônio Líquido. 
 
» São constituídas com valores recebidos pela companhia e que não transitam 
pelo Resultado como Receitas. 
 
» Valores destinados a reforço de capital. 
 
» Exemplos: Reserva de Ágio na emissão de ações, Alienação de Partes Beneficiárias (títulos). 
 
 
3.1.2 RESERVAS DE CAPITAL: Base Legal 
 
As Reservas de Capital são constituídas com valores recebidos pela empresa e 
que não transmitam pelo resultado por não se referirem a contraprestação à 
entrega de bens ou serviços prestados pela empresa. 
 
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 182, da Lei nº 6.404/1976, serão 
classificadas como Reservas de Capital as contas que registrarem: 
 
a) a correção monetária do capital realizado; 
 
b) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão 
das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, 
inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; 
 
c) o produto da alimentação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; 
 
d) o prêmio recebido na emissão de debêntures; 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
 
 
 
 
 
 
e) as doaç̧ões e as subvenç̧ões para investimentos. 
 
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 182, da Lei nº 6.404/76, serão 
classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: 
 
a) Reserva de Correç̧ão Monetária do Capital Realizado; 
 
b) Reserva de Ágio na Emissão de Aç̧ões; 
 
c) Reserva de Alienaç̧ão de Partes Beneficiárias; 
 
d) Reserva de Alienaç̧ão de Bônus de Subscriç̧ão; 
 
e) Reserva de Prêmio na Emissão de Debêntures (excluídas desde 01/01/2008, 
por forç̧a da Lei nº 11.638/2007); 
 
f) Reserva de Doaç̧ões e Subvenç̧ões para investimentos (excluída desde 
01/01/2008, por forç̧a da Lei nº 11.638/2007); 
 
g) Reserva de Incentivo Fiscal. 
 
Vamos conhecer detalhadamente as Reservas de Capital 
 
Correção Monetária do Capital Realizado 
 
Na sistemática de correçã̧o monetária de balanço̧, que vigorou até́ 3112.1995, todas as contas do 
Patrimônio Líquido são corrigidas monetariamente, e essa correç̧ão é́ acrescida aos saldos das 
pró́prias contas, com exceç̧ão da correç̧ão monetária do capital realizado, que deve ser registrada 
em conta à parte daquela que registra o capital social. (PORTAL DE CONTABILIDADE, 2014). 
 
Apesar da Lei das S/A ter classificado o saldo da correç̧ão monetária do capital realizado como 
Reserva de Capital, ficaria tecnicamente mais correto se esse valor fosse apresentado dentro do 
capital social, por se tratar de sua mera atualizaçã̧o monetária. (LGN CONTÁBIL, 2014). 
 
Ágio na Emissão de Ações 
 
No caso de aç̧ões com valor nominal, na conta “Capital Social”, essas aç̧ões devem figurar 
somente pelo seu valor nominal, ou seja, a diferenç̧a entre o preç̧o que os acionistas pagam 
pelas açõ̧es e o seu valor nominaldeve ser registrada em conta de Reserva de Capital. 
 
Tratando-se de açõ̧es sem valor nominal, cujo preç̧o de emissão é́ fixado, na constituiçã̧o, pelos 
fundadores, e, nos aumentos de capital, pela assembleia geral ou pelo conselho de administraç̧ão, 
conforme dispuser o estatuto, a parte do preç̧o de emissão das açõ̧es sem valor nominal, que 
ultrapassar a importância destinada à formaç̧ão do capital social, será classificada como Reserva de 
Capital, na conta “Ágio na emissão de açõ̧es”. (LGN CONTÁBIL, 2014). 
 
Aç̧ões com valor nominal: 
 
Na conta Capital Social, as aç̧ões devem figurar somente por seu valor nominal, ou seja, 
o excedente que é́ a diferenç̧a entre o preç̧o de subscriç̧ão que os acionistas pagam à 
Companhia e seu valor nominal deve ser registrada em conta de Reserva de Capital. 
 
Exemplo: 
Na conta Capital: 
100.000.000 de aç̧ões a $1,00 ……………...........................................… $100.000.000,00 
Na conta Reserva de Capital 
(–) Ágio na emissão de aç̧ões: 100.000.000 de aç̧ões a $0,30 ………...................………$30.000.000,00 
Total recebido pela Companhia ………………………………......................................……… $70.000.000,00 
 
RESERVAS DE CAPITAL E DE LUCROS 
 
 
 
 
 
 
 
» Desdobramento de ações: é a substituição de ações de elevado valor nominal 
por maior quantidade de ações com valor nominal inferior. 
 
» Grupamento de ações: é o fenômeno inverso, ou seja, a substituição de grande quantidade de 
ações nominais por uma quantidade mais reduzida em montantes equivalentes. 
 
Ações sem valor nominal: 
 
Foi criado pela Lei nº 6.404/76, cujo preço de emissão é fixado, e também pode ser fixado 
com parte destinada à formação de Reserva de Capital. De acordo com a Lei, a parte do 
preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada 
à formação do capital social será classificada como Reserva de Capital. 
 
Alienação de Partes Beneficiárias e Bônus de Subscrição 
 
As partes beneficiárias e os bônus de subscrição são valores mobiliários que podem ser alienados e, 
nesse caso, o produto da alimentação é contabilizado em conta de Reservas de Capital específica. 
 
São valores mobiliários que podem ser alienados e, nesse caso, o produto da alienação é contabilizado 
em Reserva de Capital específica. Se forem emitidos gratuitamente, não serão contabilizados, cabendo aí 
apenas a menção em Notas Explicativas no caso das partes beneficiárias. 
 
» Cabe ressaltar que a participação das partes beneficiárias não pode ultrapassar 0,1 (um 
décimo) dos lucros e é vedado conferir a elas qualquer direito privativo de acionistas. 
 
» A emissão de bônus de subscrição está condicionada ao limite de capital 
autorizado no estatuto da empresa. 
 
Prêmio na Emissão de Debêntures 
 
Quando as vantagens dadas às debêntures forem muito boas, a empresa pode colocá-las 
no mercado por um valor pelo qual foram colocadas no mercado e será registrada em 
conta específica de Reserva de Capital, intitulada “prêmio na emissão de debêntures”. 
 
Doações e Subvenções Para Investimento 
 
I- Doações 
 
O valor das doações recebidas em bens imóveis, móveis ou direitos pela empresa 
será registrado pelo valor de mercado, em conta de reserva de capital, tendo como 
contrapartida a conta do respectivo bem ou direito recebido. 
 
Ressalte-se que, para efeitos fiscais, somente as doações recebidas do Poder Público poderão ser 
excluídas da tribulação, desde que registradas como Reserva de Capital (art. 443 do RIR/1999). 
 
II- Subvenções 
 
As subvenções mais comuns são aquelas concedidas às empresas pelo Poder Público federal, 
estadual ou municipal, como incentivo ou ajuda a setores econômicos ou regiões em cujo 
desenvolvimento haja interesse especial, geralmente na forma de isenção ou redução de impostos. 
 
As subvenções para investimentos não são computadas na determinação da base de cálculo do 
Imposto de Renda, desde que registradas como Reserva de Capital (art. 443 do RIR/1999). 
 
De acordo com o artigo 200 da Lei das S.A., as reservas de capital somente podem ser utilizadas para: 
 
a) absorver prejuízos, quando estes ultrapassarem os lucros acumulados e as reservas 
de lucros, exceto no caso da existência de lucros acumulados e de reservas de lucros, 
quando os prejuízos serão absorvidos primeiramente por essas contas; 
 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
 
 
 
 
 
 
b) resgate, reembolso ou compra de aç̧ões; 
 
c) resgate de partes beneficiárias; 
 
d) incorporaç̧ão ao capital social; 
 
e) pagamento de dividendo a açõ̧es preferenciais, quando essa vantagem lhes for assegurada. 
 
 
3.2 RESERVA DE REAVALIAÇÃO 
 
Serão classificadas como reserva de reavaliaç̧ão as contrapartidas de aumentos de valor 
atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliaçõ̧es com base em laudo feito 
por três peritos ou empresa especializada, aprovado em assembleia geral. 
 
» » Reservas de Lucros são as contas de reservas constituídas pela apropriaç̧ão de lucros da 
companhia, conforme també́m previsto pelo parágrafo 4º do art. 182 da Lei nº 6.404./76. 
» » A adequada segregaçã̧o e movimentaç̧ão (formaç̧ão e reversão) das reservas de 
lucros é́ importante, particularmente para fins de cálculo do dividendo obrigató́rio. 
 
» » Alé́m disso, é́ muito importante o conhecimento do valor dessas reservas, que 
são ou poderão vir a ser disponíveis para distribuiç̧ão futura na forma de 
dividendos, capitalizaç̧ão ou mesmo para outras destinaç̧ões. 
 
3.3 RESERVAS DE LUCRO 
 
Os tipos de reserva de lucro 
 
» » Reserva legal. 
 
» » Reservas estatuárias. 
 
» » Reservas para contingências. 
 
» » Reserva de lucros a realizar. 
 
» » Reserva de lucros para expansão. 
 
» » Reserva especial para dividendo obrigató́rio não distribuído. 
Vamos conhecer detalhadamente as Reservas de Lucro 
 
3.3.1 Reserva legal 
 
» » Esta reserva, basicamente instituída para dar proteç̧ão ao credor, é́ tratada no art. 193 da Lei nº 
6.404/76 e deverá ser constituída com a destinaçã̧o de 5% do lucro líquido do exercício. 
 
» » Esta reserva será constituída obrigatoriamente pela companhia, até́ que seu valor 
atinja 20% do capital social realizado, quando então poderá deixar de ser acrescida 
ou poderá, a crité́rio da companhia, deixar de receber cré́ditos, quando o saldo da 
reserva, somado ao montante das Reservas de Capital (exceto a reserva da 
correç̧ão monetária do Capital Realizado) atingir 30% do capital social. 
 
» » A utilizaç̧ão da reserva legal está restrita à compensaç̧ão de prejuízos e ao aumento de capital social. 
Essa incorporaçã̧o ao capital pode ser feita a qualquer momento a crité́rio da companhia. A 
compensaç̧ão com prejuízos ocorrerá obrigatoriamente quando ainda houver saldo de prejuízos, apó́s 
terem sido absorvidos os saldos de Lucros Acumulados e das demais Reservas de lucros. 
 
RESERVAS DE CAPITAL E DE LUCROS 
 
 
 
 
 
 
Limites: 
 
» 5% do Lucro Líquido do Exercício; 
 
» 20% do Capital Social; 
 
» Reserva Legal + Reserva de Capital ≤ Capital Social (facultativo). 
 
 
3.3.2 Reservas Estatutárias 
 
» As reservas estatutárias são constituídas por determinação do estatuto da 
companhia, como destinação de uma parcela dos lucros do exercício. 
 
» A empresa deverá criar subcontas conforme a natureza a que se refere, e com 
intitulação que indique sua finalidade. 
 
» Para cada reserva estatutária, todavia, a empresa terá de, no seu estatuto: 
 
» definir sua finalidade de modo preciso e completo; 
 
» fixar os critérios para determinar a parcela anual do lucro liquido a ser utilizada; 
 
» estabelecer o seu limite máximo. 
 
» Estas Reservas não podem, todavia,restringir o pagamento do dividendo obrigatório. 
 
» Outro aspecto a ser considerado é que diversas empresas têm reservas previstas em seus estatutos, 
mas cujas finalidades já estão cobertas nas demais reservas de lucros previstas pela Lei das S.As. 
Deve, nesse caso, prevalecer sempre a tratada pela lei. Dessa forma, são registradas como 
estatutárias somente as definidas pelo estatuto, que não estejam previstas em lei. 
 
3.3.3 Reserva Para Contingências 
 
O art. 195 da Lei nº 6.404 estabelece a forma para constituição de reservas para 
contingências, como segue: 
 
A Assembleia Geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar parte do lucro 
líquido a formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição 
do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser destinado. 
 
Parágrafo 1º - A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda prevista e 
justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a constituição da reserva. 
 
Parágrafo 2º - A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as 
razões que justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda. 
 
O objetivo da constituição dessa reserva é segregar uma parcela de lucros, inclusive 
com a finalidade de não distribuí-la como dividendo, correspondente a prováveis 
perdas extraordinárias futuras, que acarretarão diminuição dos lucros (ou até o 
surgimento de prejuízos) em exercício futuros. Dessa forma, com a sua constituição, 
está se fortalecendo a posição da Sociedade para fazer frente à situação prevista. 
 
No exercício em que ocorrer tal perda efetivamente – quando o lucro será, portanto, menor 
–, efetua-se a reversão da Reserva para contingências anteriormente constituídas para a 
conta de Lucros Acumulados. Como se verifica, essa prática visa evitar dividendos 
distribuídos, quando se preveem significativas baixas (ou eventualmente prejuízos) no 
lucro líquido, oriundos de fatos extraordinários por ocorrer. 
 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
 
 
 
 
 
 
Casos de contingências e perdas futuras extraordinárias 
 
É, portanto, em funç̧ão desse objetivo que sua adoçã̧o tem maior aplicaçã̧o nos casos 
em que sejam previsíveis, com certa segurança̧, perdas cíclicas. Tais perdas cíclicas 
podem ser de natureza variada, como os seguintes casos de fenômenos naturais e 
que afetam diretamente as operaçõ̧es e a rentabilidade da empresa. 
 
» » Geadas ou secas, que podem afetar empresas que tenham plantaçõ̧es, criaçõ̧es 
ou estoques nessas áreas, ou afetar empresas que dependem desses produtos 
para suas operaç̧ões, como no caso de empresas comerciais ou industriais que 
utilizem tais produtos como maté́rias-primas em seu processo produtivo. 
 
» » Cheias, inundaç̧ões e outros fenômenos naturais que podem ocorrer ciclicamente nas 
áreas onde se localizam estoques ou instalaç̧ões da empresa, gerando prejuízos 
efetivos por perda de bens, por paralisaçã̧o temporária das operaçõ̧es etc. 
» » É ainda o caso de empresas cujo produto ou operaç̧ões sejam de consumo cíclico 
ou de duraçã̧o limitada, nas quais certos períodos são muito lucrativos e os a seguir 
de menor rentabilidade ou de prejuízos, quando isso é́ previsível. 
 
» » Pode ocorrer també́m, por exemplo, na iminência de uma desapropriaç̧ão dos 
imó́veis da empresa com expectativas de perdas significativas, quer pelo valor 
da indenizaçã̧o, quer pela perda de potencial de geraç̧ão de lucros. 
 
» » É també́m cabível essa reserva quando de expectativas de paralisaç̧ões 
temporárias grandes e extraordinárias devido a substituiç̧ões anormais de 
equipamentos, perspectivas anômalas de escassez de maté́rias-primas etc. 
 
Veremos os principais fundamentos para constituiçã̧o da reserva para contingência 
 
Instruç̧ão CVM nº 59/86, que discorre sobre essa diferenciaç̧ão: 
 
Com o objetivo de dissipar eventuais dú́vidas quanto à aplicabilidade da constituiç̧ão de reserva ou 
provisão para contingências, estabelecemos a seguir as características de cada uma. 
 
Os principais fundamentos para constituição da reserva para contingência são: 
 
» » dar cobertura a perdas ou prejuízos potenciais (extraordinários, não repetitivos) ainda não 
incorridos, mediante segregaçã̧o de parcela de lucros que seria distribuída como dividendo; 
 
» » representa uma destinaç̧ão do lucro líquido do exercício, contrapartida da conta de 
lucros acumulados, por isso sua constituiç̧ão não afeta o resultado do exercício. 
 
» » ocorrendo ou não o evento esperado, a parcela constituída será, em exercício 
futuro, revertida para lucros acumulados, integrando a base de cálculo para efeito 
do dividendo e a perda, de fato ocorrendo, é́ registrada no resultado do exercício; 
 
» » é́ uma conta integrante do Patrimônio Líquido, no grupamento de reserva de lucro. 
 
 
Quanto à provisão para contingências, suas particularidades são: 
 
» » tem por finalidade dar cobertura a perdas ou despesas, cujo fato gerador já 
ocorreu, mas não tendo havido, ainda, o correspondente desembolso ou perda. 
Em atenç̧ão ao regime de competência; 
 
» » entretanto, a necessidade de se efetuar o registro contábil; 
RESERVAS DE CAPITAL E DE LUCROS 
 
 
 
 
 
 
» representa uma apropriação ao resultado do exercício, contrapartida de perdas 
extraordinárias, despesas ou custos e sua constituição normalmente influencia 
o resultado do exercício ou os custos de produção; 
 
» deve ser constituída independentemente de a companhia apresentar, ao final, 
lucros ou prejuízo no exercício; 
 
» visto que o evento que serviu de base à sua constituição já ocorreu, não há, em 
princípio, reversão dos valores registrados nesta provisão. A pena sobra ou 
insuficiência é decorrente do cálculo estimativo feito à época da constituição. 
 
» não está sujeita à atualização monetária patrimonial e sim à decorrente da 
natureza do evento que originou; 
 
» finalmente, se a probabilidade for difícil de calcular ou se o valor não for mensurável, há 
necessidade de uma nota explicativa esclarecendo, o fato e mencionando tais impossibilidades; 
 
» são exemplos: devedores duvidosos, indenizações contratuais, contingências 
fiscais ou trabalhistas etc. 
 
 
3.3.4 Reserva de lucros a realizar 
 
» Esta reserva é constituída como uma destinação dos lucros do exercício, 
sendo, todavia, optativa ou não sua constituição. 
 
» O objetivo de constituir esta reserva é evidenciar a parcela de lucros ainda não realizada financeiramente 
(apesar de contábil e economicamente realizada) pela companhia e também não distribuir dividendo 
obrigatório, fixado como porcentagem do lucro do exercício, sobre essa mesma parcela. 
 
» Como a contabilidade considera, para apuração do lucro, não somente os fatos financeiros, mas 
também os econômicos, dificilmente todo o lucro apurado da companhia resulta em um aumento 
correspondente no seu ativo circulante. Isso é mais verdade quando a perda do poder aquisitivo 
da moeda é reconhecida nas demonstrações financeiras. 
 
Reserva de lucros a realizar – o texto da lei das S.As 
 
O art. 197 da Lei nº 6.404 trata da Reserva de Lucros a Realizar, como segue: 
 
» Art. 197 – No exercício em que os lucros a realizar ultrapassam o total deduzido nos 
termos dos artigos 193 a 196, a assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da 
administração, destinar o excesso à constituição de reservas de lucros a realizar. 
 
» Parágrafo único – Para os efeitos deste artigo são lucros a realizar: 
 
» O saldo credor da conta de registro das contrapartidas dos ajustes de correção 
monetária (art. 185, parágrafo 3º). 
 
» O aumento do valor do investimento em coligadas econtroladas (art. 248, III). 
 
» O lucro em vendas a prazo realizável após o término do exercício seguinte. 
 
Dessa forma, sempre que a empresa tenha lucros já contabilizados e integrantes do lucro líquido do 
exercício, mas que não foram financeiramente realizados, a Administração poderá decidir por constituir tal 
Reserva de Lucros a Realizar. Deve, nesse caso, contabilizá-la no próprio balanço com 
 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
 
 
 
 
 
 
uma apropriaç̧ão de lucros, ou seja, a dé́bito de lucros acumulados e a cré́dito de Reserva de 
Lucros a Realizar pelo valor dos lucros a realizar que excedem as demais reservas de lucros 
já constituídas no pró́prio balanç̧o, quais sejam: Reservas Estatutárias, Reservas para 
Contingências e Reserva de Lucros para Expansão (retenç̧ão de lucros). 
 
Aumento do valor do investimento em coligadas e controladas 
 
Quando o investimento em coligadas e controladas for avaliado pelo mé́todo da equivalência patrimonial 
líquido da coligada ou controlada, equivalente à participaç̧ão societária da companhia, e for superior ao 
valor do investimento corrigido monetariamente, essa diferenç̧a deverá ser registrada como um aumento 
no valor do investimento, creditando-se uma conta de resultados. Consequentemente, o lucro do exercício 
será aumentado. Esse acré́scimo ao lucro do exercício não representa um lucro realizado financeiramente 
e, portanto, poderá ser destinado para a formaç̧ão da Reserva de Lucros a Realizar. 
 
Lucro em vendas a prazo 
 
O lucro auferido em vendas a prazo, cuja a realizaçã̧o financeira ocorrerá apó́s o té́rmino do exercício 
seguinte, poderá ser segregado també́m nessa conta de Reserva de Lucros a Realizar. 
 
Saldo credor da correção monetária 
 
» » O saldo credor da conta correç̧ão monetária é́ computado integramente na 
apuraç̧ão do lucro líquido. 
 
» » Este saldo credor é́ um ganho que a companhia está tendo, em virtude de a correçã̧o do ativo 
permanente ser superior à correç̧ão monetária do seu patrimônio líquido, e reflete os gastos 
maiores do que as perdas nos realizáveis decorrentes da inflaç̧ão. Correç̧ão Integral, é́ um erro 
achar que nesse saldo credor seja sem ligaçã̧o com a situaç̧ão financeira da empresa. Na 
verdade, somente se deveria pensar em qualquer forma de pagamento postergado do dividendo 
no caso de haver empré́stimo subsidiado (menor do que a inflaçã̧o) vinculado ao ativo de longa 
duraçã̧o. E isso praticamente não existe mais hoje no Brasil. Logo, não deveria o saldo credor 
constar normalmente como parte das reservas de lucro a realizar. 
 
Constituição da reserva e segregação por origens 
 
» » Reserva de Lucro a Realizar não é́, todavia, a soma dessas três parcelas. Antes de poder ser constituída, é́ 
necessária a formaç̧ão das outras Reservas (Legal, Estatutárias, de Contingência e de Retenç̧ões). Somente 
o valor dos Lucros a Realizar que exceder a soma das parcelas do exercício destinado àquelas outras 
Reservas é́ que poderá ser adicionado à Reserva de Lucros a realizar. Alé́m disso, a Reserva de Lucros a 
Realizar deverá estar contabilmente segregada em subcontas conforme sua origem, ou seja, se oriunda do 
saldo credor de correç̧ão, se dos investimentos ou se de lucros em vendas a prazo. 
 
» » Entretanto, deve ser mais uma vez lembrado que a criaç̧ão dessa Reserva Lucros a 
Realizar é́ optativa. Quem tiver recursos para pagar os dividendos, principalmente quando 
tenha saldo credor da Correç̧ão Monetária, pode pagá-los e não constituir a Reserva. 
 
3.3.5 Reserva de lucros para expansão (retenção de lucros) 
 
» » Para atender o projeto de investimento, a companhia poderá reter partes dos lucros do 
exercício, conforme disciplinado pelo art. 196 da Lei nº 6.404/76, que trata de reserva de 
Retenç̧ão de Lucros. Essa retenç̧ão deverá estar justificada com o orç̧amento de capital da 
companhia, ser proposta pela administraç̧ão e aprovada pela assembleia geral. 
 
RESERVAS DE CAPITAL E DE LUCROS 
 
 
 
 
 
 
» Entretanto, esta Reserva também não pode ser constituída em detrimento do pagamento do dividendo 
obrigatório. Sua finalidade é justificar a não distribuição de dividendo adicionais aos obrigatórios. 
 
3.3.6 Reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído 
 
» A companhia deve constituir essa Reserva de Lucros quando tiver dividendo obrigatório a 
distribuir, mas não tiver condições financeiras para seu pagamento, situação em que se 
utilizará do expediente previsto nos parágrafos 4º e 5º do artigo 2002 da Lei das S.As. 
 
» Nesse caso, o dividendo deixa de ser pago naquele exercício e, para tanto, já 
no balanço se deverá apurar o valor do dividendo obrigatório e apropriá-lo para 
essa reserva especial de lucros a débito de Lucros Acumulados. 
 
» Tais dividendos serão pagos aos acionistas no futuro assim que a situação financeira o permitir, 
mas desde que não tenham sido absorvidos por prejuízos dos exercícios seguintes. 
 
3.4 RESERVA DE LUCROS – BENEFÍCIOS FISCAIS 
 
» A Lei nº 7.450, de 23-12-1985, isenta do Imposto de Renda o lucro obtido pelas empresas na 
venda de imóveis do ativo imobilizado, obedecidas certas condições estipuladas na referida lei. 
Esse benefício é similar aos que foram concedidos pelo DL nº 1.892/81, assim como são 
similares os tratamentos contábeis a serem dispensados aos efeitos destas operações. 
 
» Evidentemente que, por se tratar de alienação de ativo permanente, o lucro caracteriza-se 
com um ganho de capital e, como tal, deve ser classificado, contábil e fiscalmente, como 
uma Receita Não Operacional (o incentivo fiscal dar-se à com uma exclusão no LALUR). 
 
» Entre as condições exigidas da lei fiscal para a isenção de Imposto de Renda sobre este lucro apurado, 
está obrigada a pessoa jurídica a não distribuir o resultado beneficiado, determinando no parágrafo 3º 
do art. 78 que diz que: “O lucro de que trata este artigo constituíra reserva específica, que somente 
poderá ser utilizada para incorporação ao capital ou absorção de prejuízos”. 
 
» Por se tratar de uma destinação do lucro, a reserva citada deverá ser um Reserva de 
Lucros, constituída através de uma destinação da conta de Lucros ou Prejuízos 
Acumulados, pelo mesmo montante apurado na Demonstração de Resultado, oriundo 
da operação de venda do ativo imobilizado, nas condições previstas na lei. 
 
» A utilização desta reserva limita-se a aumento de capital ou absorção de prejuízos, não 
podendo servir para pagamento de dividendos, a menos que a sociedade se 
predisponha a perder a isenção do Imposto de Renda sobre o lucro apurado. 
 
 
3.5 LIMITE DAS RESERVAS DE LUCROS 
 
» A soma dos saldos da Reserva Legal, Reservas Estatutárias, Reserva de Retenção 
de Lucros e Lucros Acumulados não poderá ultrapassar o capital social. Se isso 
ocorrer, a assembleia de acionista deverá sobre a aplicação do excesso na 
integralização ou no aumento do capital, ou na distribuição de dividendos. 
 
» Também para fins de Imposto de Renda, se os lucros acumulados e as reservas de lucros 
referidas excederem o valor do capital social realizado das sociedades anônimas, haverá 
incidência de Imposto de Renda na fonte de 25% sobre o valor do excesso. 
 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
 
 
 
 
 
 
Lucros ou prejuízos acumulados 
 
» » Essa conta representa o saldo remanescente dos lucros (ou prejuízos) líquidos das 
apropriaç̧ões para reservas de lucros e dos dividendos distribuídos, saldo esse que faz 
parte do patrimônio líquido na data do balanço̧. Esta conta representa a integraç̧ão 
entre o balanç̧o e a demonstraçã̧o do resultado do exercício. 
 
» » O plano de contas apresenta tal conta com as subcontas Lucros Acumulados (credora)e Prejuízos Acumulados (devedora), mas que podem ser mantidas em uma só́ conta. 
O importante é́ que, mesmo sendo devedor o seu saldo, ou seja, quando há prejuízos 
acumulados, deverá estar classificada no Patrimônio Líquido. 
 
» » Na realidade, a maioria das empresas, inclusive as abertas, não vinham adotando essa prática de 
destinar todo o saldo de lucros acumulados. Dessa forma, a interpretaçã̧o da lei societária pela CVM 
e sua determinaç̧ão, a partir de 1986, dessa tal destinaç̧ão dos lucros acumulados, trouxe certa 
supressa ao mercado, mas que passou a ser adotada pelas companhias abertas, em face da 
obrigatoriedade da CVM. Já as companhias fechadas na sua maioria não têm feito tal destinaç̧ão. 
 
Legalmente os acionistas tem o direito a receber, a título de dividendo obrigató́rio, 
pelo menos a parcela de lucro estabelecida no estatuto. 
 
Esse dividendo, estatutariamente estipulado, deve ser a remuneraçã̧o mínima que caberá ao acionista. 
 
A parcela de lucro remanescente, apó́s as destinaç̧ões para a reserva de lucros e 
o pagamento do dividendo obrigató́rio, també́m deverá ser destinada. 
 
Neste caso, as destinaç̧ões cabíveis seriam, a título de retenç̧ão de lucros, devidamente justificadas por 
orça̧mento de capital ou para pagamento de dividendos complementares ao mínimo obrigató́rio. 
 
Desse modo, o entendimento da CVM é́ que, no caso de o estatuto estipular dividendo mínimo 
obrigató́rio, a totalidade do lucro líquido do exercício deverá ter a sua destinaç̧ão definida, não 
cabendo quaisquer retenç̧ões indiscriminadas na conta de lucros acumulados. 
 
As destinaç̧ões normais do lucro líquido do exercício são: 
 
» » para as reservas de lucros; 
 
» » para pagamento de dividendos, inclusive complementares ao 
mínimo obrigató́rio. Reserva de Capital 
 
São recursos recebidos pela empresa que não afetaram, ou melhor, que não passaram por seu 
Resultado como Receita, por serem recursos direcionados ao reforç̧o do Capital. Isso sem ter como 
contrapartida esforç̧o da empresa, ou seja, sem a venda de bens ou prestaçã̧o de serviç̧os. 
 
Reserva de Lucro 
 
São contas de reservas formadas pela apropriaçã̧o do lucro da empresa, sendo 
este recurso consequência de esforç̧os da empresa. 
 
Ajustes da Avaliação Patrimonial 
 
[...] tem a funç̧ão de receber os valores que pertencem ao 
patrimônio da entidade e que tiveram seus valores revistos. 
 
Na prática, o ajuste de avaliaç̧ão patrimonial pode ser entendido como uma espé́cie 
de correç̧ão dos valores de ativos e passivos em relaç̧ão ao valor justo, conceito 
que veio acompanhando a nova rubrica contábil. (LUNELLI, 2014).[3] 
 
RESERVAS DE CAPITAL E DE LUCROS 
 
 
 
 
 
 
O ajuste da avaliação patrimonial é o resultado do valor da avaliação dos bens em relação ao seu 
valor justo. O valor justo é a quantia pela qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, 
por duas partes dispostas a isso e independentes entre si. O objetivo está em garantir que a 
determinação do valor justo ocorra em condições usuais de mercado, ou seja, que fatores que 
pressionem para a liquidação da transação não interfiram na definição do valor final. 
 
Mas, afinal, como posso obter o valor justo de determinado instrumento financeiro? 
 
» De acordo com o art. 183 da Lei no 6.404/76, as aplicações em instrumentos financeiros, 
inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, devem ser avaliados pelo seu valor justo, 
quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda. 
 
» Ainda segundo Lunelli (2014): 
 
Analisando os recentes pronunciamentos do CPC podemos identificar que 
para fins de constituição do ajuste de avaliação patrimonial, o valor justo dos 
instrumentos financeiros pode ser obtido em um mercado ativo, decorrente de 
transação não compulsória realizada entre partes independentes. 
 
O autor prossegue afirmando que, quando não há um mercado ativo para 
determinado instrumento financeiro, o valor justo será: 
 
1) aquele que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro 
instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares; 
 
2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos 
financeiros de natureza, prazo e risco similares; ou 
 
3) o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de 
instrumentos financeiros. 
 
Ainda segundo Lunelli (2014): 
 
Oportunamente, vale salientar a diferença entre valor justo (fair value) e valor 
presente (present value), sendo este último a estimativa do valor corrente de um 
fluxo de caixa futuro, no curso normal das operações da entidade. 
 
Após o reconhecimento como um ativo, o item do ativo imobilizado cujo valor justo possa 
ser mensurado confiavelmente pode ser apresentado, pelo seu novo valor, 
correspondente ao valor justo à data da reavaliação menos qualquer depreciação e perda 
por redução ao valor recuperável acumuladas de forma subsequente. 
O valor justo de terrenos e edifícios é normalmente determinado a partir de 
evidências baseadas no mercado, por meio de avaliações normalmente feitas por 
avaliadores profissionalmente qualificados. O valor justo de itens de instalações e 
equipamentos é geralmente o seu valor de mercado determinado por avaliação. 
 
A frequência das revisões depende das mudanças dos valores justos do 
ativo imobilizado que está sendo revisto. Quando o valor justo de um 
ativo difere materialmente do seu valor contábil, exige-se uma nova 
avaliação; assim podemos ter itens que serão analisados anualmente e 
outros que terão seus valores revisados apenas a cada 3 ou 5 anos. 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
 
 
 
 
 
 
Como decidir os crité́rios de mensuraç̧ão? 
 
» » Um dos fatores a serem analisados para a decisão da utilizaç̧ão do valor justo é́ considerar o 
fato de que toda mensuraç̧ão é́ um valor subjetivo e aproximado da realidade. Portanto, como o 
valor determinado deve ser confiável, cabe à empresa julgar se deverá ser aplicado o valor justo 
ou continuar a ser considerado o custo histó́rico por ser mais verificável. 
» » Observando outro conceito advindo da Lei no 11.638/07, a relevância, vale ressaltar que cabe à 
empresa avaliar a relevância da aplicaç̧ão deste novo conceito a seus ativos imobilizados. 
 
» » Caso julgue por crité́rios específicos que é́ irrelevante determinar seus ativos 
a valor justo, deverá ter o cuidado de disponibilizar para os usuários das 
informaç̧ões os motivos pelos quais não foi aplicativo tal conceito. 
 
Ajustes de Avaliaçã̧o Patrimonial 
 
Exemplo de lançamento na conta APP: 
 
Valor de Custo R$1.000,00 
Valor Justo R$1.100,00 
Ajuste de Avaliaç̧ão Patrimonial R$100,00 
 
Lanç̧amentos Contábeis 
D- Máquinas e Equipamentos – R$100,00 
C- Ajuste Patrimonial – R$100,00 
 
A conta Ajuste de Avaliaç̧ão Patrimonial alcanç̧a o objetivo primordial da Lei no 
11.638/07, que é́ a transparência das informaç̧ões contábeis, considerando que o 
valor justo reflete a realidade mais pró́xima das instituiçõ̧es que o valor histó́rico. 
 
Isso porque demonstra tanto a valorizaç̧ão quanto a desvalorizaç̧ão dos bens em 
determinado período, ao contrário da extinta reserva de reavaliaç̧ão, que demonstrava 
apenas valores que aumentavam o ativo. Poré́m, cabe à empresa definir embasada em 
seu histó́rico a relevância da aplicaçã̧o deste novo e subjetivo conceito. 
 
 
CONSTRUINDO O SEU DIFERENCIAL 
 
Pense já! 
 
Qual foi o principal objetivo desta aula? Qual conteú́do foi abordado? 
 
Uma empresa apresentou a seguinte composiç̧ão do Patrimônio Líquido antes do 
encerramento das Contas de Resultado. 
 
Capital Social R$480.000,00 
( – ) Capital Sociala Integralizar R$120.000,00 
Reserva de Capital R$40.000,00 
Reserva Legal R$66.000,00 
Lucros Acumulados R$2.400,00 
 
Apó́s a Provisão para Imposto de Renda, Contribuiç̧ão Social e sem outros 
destaques do lucro, o Resultado Líquido do período foi de R$180.000,00. 
RESERVAS DE CAPITAL E DE LUCROS 
 
 
 
 
 
 
Em obediência à lei das sociedades anônimas, o valor para constituição da 
Reserva Legal que a auditoria interna deverá considerar é de: 
 
R$9.000,00 
 
Lucro Líquido 180.000,00 x 5% = R$9.000,00 – Reserva Legal período 
 
66.000 + 9.000 = 75.000 
360.000 x 20% = 72.000 – Limite Capital Social 
 
Ou 
 
360.000 x 30% = 108.000 
40.000 + 66.000 = 106.000 - Limite Reserva de Capital 
 
Lei nº 6.404, de 15 de Dezembro de 1976 
 
Dispõe sobre as Sociedades por Ações. 
 
Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes 
de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá 
de 20% (vinte por cento) do capital social. 
 
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que 
o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital de que trata 
o § 1º do artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social. 
 
§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e 
somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital. 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Departamento Nacional de Registro do Comé́rcio. Instruç̧ão normativa 
DRC no 88, 2 de agosto de 2013. 
 
______. Receita Federal. Instrução normativa SRF no 93, 24 de dezembro de 1997. 
 
______. Receita Federal. Transformação, incorporação, fusão e cisão. Disponível em: <www.receita. 
fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2005/PergResp2005/pr212a231.htm>. Acesso em: 2 jul. 2014. 
 
______. Lei no 6.404, 15 de dezembro de 1976. 
 
______. Lei no 10.406, 10 de janeiro de 2002. 
 
______. Lei no 9.249, 26 de dezembro de 1995. 
 
______. Lei no 11.638, 28 de dezembro de 2007. 
 
______. Decreto no 3000, 26 de març̧o de 1999. 
 
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Instruç̧ão CVM no 319, 3 de dezembro de 1999. 
 
GRECO, A.; AREND, L. Contabilidade: teoria e prática básicas. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 
2012. IUDÍCIBUS, S. de et al. Manual de contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2010. 
 
MOYSÉS, M. B. Apontamentos sobre as normas gerais das sociedades no código civil. Dissertaç̧ão 
Mestrado em Direito Comercial. São Paulo: USP, 2010. Disponível em: <www.teses.udp.br/teses/ 
disponiveis/2/2132/tde-08092011-083405/pt-br.php>. Acesso em: 2 jul. 2014. 
 
PORTAL DE CONTABILIDADE. Cisão, fusão e incorporação de sociedades. Disponível em: 
 
<www.portaldecontabilidade.com.br/guia/cisaofusaoeincorp.htm>. Acesso em: 2 jul. 2014. 
 
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Contabilidade: 
NBC -TG - Geral Normas Completas. Brasília: CFC, 2011. Disponível em: 
<http://www.cfc.org.br/uparq/NBC_TG_COMP.doc>. Acesso em: 2. jun. 2014 
 
CASAGRANDE NETO, H. et al. Abertura de capital de empresas no Brasil: um 
enfoque prático. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
 
GLASER, A. Reorganização societária como forma de planejamento 
tributário. Dissertaç̧ão Mestrado em Economia. Porto Alegre; UFRGS, 2010. 
Disponível em: <http//hdl.handle.net/10183/30641>. Acesso em: 2 jun. 2014. 
 
SANTOS, J. L.; SCHIMIDT, P. Contabilidade societária. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
VICECONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade avançada. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

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