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Constitucionalismo Britanico Americano e

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Introdução
O presente trabalho tem como tema o constitucionalismo e os Sistemas Constitucionais Ingleses, Americano e Franceses. O nascimento efectivo do Constitucionalismo está vinculado às Constituições escritas e rígidas dos Estados Unidos da América, em 1787, após a Independência das treze Colónias, e da França, em 1791, a partir da Revolução Francesa. Porém, encontramos o esboço do Direito Constitucional em período preexistente, a partir de um processo, ainda não aperfeiçoado, de integração dos componentes território, população e governo, ou seja, a primeira noção de Estado.
A ideia moderna de constituição surge quando o homem retoma a ideia de autonomia da antiguidade substituindo as teorias de legitimidade dos medievais, percebendo que não está mais preso a uma normatividade heteronomia de Deus ou de rei omnipotente.
Assim, a Constituição deve ser entendida como a própria estrutura de uma comunidade política organizada, a ordem necessária que deriva da designação de um poder soberano e dos órgãos que o exercem.
O objectivo deste trabalho é caracterizar o constitucionalismo como um fenómeno político que emanam as várias famílias constitucionais com o destaque para o constitucionalismo inglês, americano e francês.
Julga-se ser pertinente a compreensão deste trabalho, visto que poderá permitir a compreensão dos contextos que originaram os constitucionalismos dos países em estudo e ter-se uma noção em volta dos vários modelos constitucionais em voga nesses países, no que tange a sua estrutura, composição assim como os sistemas de governo em vigor.
O trabalho encontra-se segmentado em quatro partes, a saber: (i) definição e origens históricas do constitucionalismo; (ii) constitucionalismo de matriz britânica; (iii) constitucionalismo de matriz americana; (iv) constitucionalismo de matriz francês; (v) conclusão e (vi) a bibliografia.
Para a realização do presente trabalho, recorreu-se a vários artigos publicados na internet, confrontando-os com alguns livros que abordam sobre o constitucionalismo britânico, americano e francês conforme consta no fim do presente trabalho.
O FENÓMENO CONSTITUCIONALISMO: Origem e conceitos
O constitucionalismo é um movimento de carácter político, jurídico, de cunho liberal e cultural que se desenvolveu desde a Idade Média, quando se deu a conquista normanda. Na Inglaterra, deu-se pela primeira vez na era da aristocrática e colonial, propagando-se em planos e práticas patriarcais e imperiais. Suas origens encontram-se entre 1066 e 1087 na monarquia de Guilherme I, "O Conquistador". Nesse período, foram postas em vigor novas leis com finalidade de ordenar o reino. É nesse contexto que surge uma organização política formada por Barões e membros do Clero. O Grande Conselho - como era denominada a organização - era convocado periodicamente para deliberar acerca de questões governamentais. 
Na França, o Constitucionalismo surgiu a partir das teorias iluministas e do pensamento político que serve de base à Revolução Francesa de 1789, desenvolvendo-se entre os finais do século XVIII e o término da Primeira Guerra Mundial, tendo por objectivo o estabelecimento de Estado de direito baseado em regimes constitucionais, isto é, fundados numa Constituição Democrática, que delimita claramente a actuação do Poder Público, mediante a separação dos poderes, e assegura ampla protecção aos direitos dos cidadãos, impondo o exercício, no plano político, do chamado governo das leis e não o governo dos homens. 
De acordo com Carvalho (2005, p. 38), constitucionalismo é concebido como um movimento jurídico de criação de um sistema normativo, uma Constituição, que se encontra acima do Poder; e pelo movimento social que deu sustentação às novas técnicas de limitação de Poder.
No entender de Canotilho (1997, p. 51), constitucionalismo é a teoria (ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização política, social de uma comunidade. Ele busca, pois, uma compreensão de conteúdo político e axiológico ligado a normatividade que rege uma sociedade. 
Destes conceitos, pode perceber-se que o constitucionalismo, em uma primeira acepção, é identificado com o movimento político-social que pretendia limitar o poder arbitrário. Em uma segunda acepção, com a imposição de que houvessem cartas constitucionais escritas. Assim, concluiu-se que Constitucionalismo significa um ideal de Constituição; significa a vontade do povo ser regido por uma norma fundamental que consagre em seu seio todos os anseios, todas as aspirações, sejam políticas, ideológicas, valorativas, prevalecentes em um dado momento histórico.
OS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS INGLESES, NORTE-AMERICANO E FRANCÊS
2.1 O Sistema Constitucional Inglês
A família constitucional inglesa nasce simbolicamente com a Magna Carta de 1215. Este período vai até o início do século XVII, com predomínio da Autoridade Real. No início do século XVII, devido a luta entre o Rei e o Parlamento, passa-se por uma fase de transição, ocorrendo em seguida o início da prevalência da Câmara dos Lordes que se estende até meados do século XIX, marca o período aristocrático, e, do final do século XIX até os dias de hoje ocorre o predomínio da Câmara dos Comuns, o que faz com que seja denominado de democrático. “A fase contemporânea, desencadeia-se a partir de 1832 pelas reformas eleitorais tendentes ao alargamento do direito de sufrágio”. Azambuja (2008, p. 71).
Este cenário é ilustrado pelo depoimento de Azambuja (2008) que atesta o seguinte:
“No processo de formação da Monarquia Inglesa, destaca-se o rei João Sem Terra (1199-1216), cujo mandato foi marcado por disputas contra o Rei da França, Felipe Augusto, contra o Papa Inocêncio III, e contra os nobres da Inglaterra. Foi derrotado por todos os seus adversários, sendo obrigado a assinar, em 1215, a Magna Carta (por esse documento, o monarca se comprometia a respeitar os direitos dos nobres e da Igreja, evitar os abusos da administração e da Justiça e não estabelecer impostos sem o prévio consentimento dos seus vassalos) ” (p.93)
Na primeira metade do século XVII, embora a Inglaterra não possuísse uma Constituição escrita, o Estado já se encontrava juridicamente constituído: o Poder Estatal dividido entre o Rei, a Câmara dos Lords, a Câmara dos Comuns e a Magistratura. Mas seu funcionamento dependia dos limites que esses agentes atribuíam ao alcance do poder de que dispunham, sem afectar os demais. 
Tendo em conta a acepção acima exposta, Miranda (2002, p. 76) afirma que, o Constitucionalismo inglês a partir do século XVII, começa a se construir sobre um tripé no qual a Magna Carta é apenas o início, e, este tripé é formado por:
Leis escritas como, por exemplo: a Petition of Right, de 1628; o Habeas Corpus Act, de 1679; e o Bill of Rigths de 1689. As leis constitucionais produzidas pelo parlamento são Constituição, não porque foram elaboradas por um poder constituinte originário ou derivado, ou por observarem procedimentos legislativos especiais, mas o são, por tratarem de matéria constitucional. 
Decisões judiciais: o Common Law e os Cases Law. A Common Law compreende as decisões judiciais (escritas) que incorporam costumes vigentes à época. Por Cases Law têm-se as decisões judiciais que se traduzem em interpretações e reinterpretações, leituras e releituras das normas produzidas pelo Parlamento. O Common Law – estabelecia em síntese, que a lei fundamental prevaleceria sobre a lei ordinária - podia ser completada pelo legislador, mas não, ser por ele violada, pelo que, o direito era, em grande parte, subtraído às intervenções do legislador.
É a terceira base, composta pelas Convenções Constitucionais ou Acordos “versando sobre o funcionamento do Parlamento, a relação entre as Câmaras e entre o Governo e Oposição ou o exercício dos poderes do Rei; e que parecem ser mais do que meros usos.” 
O primeiro dos textos escritos queformam a Constituição Britânica é a Magna Carta. Documento este que é assinado entre os Barões do Reino e o Rei João Sem Terra em 1215. Tinha como objectivo garantir as liberdades e direitos dos súbditos dos três Estados do Reino e limitar o poder real.
Durante o século XVII, no reinado de Carlos I travou-se uma luta entre o Parlamento e a Coroa. O parlamento, por seu lado, reivindicava a sua supremacia, o direito de criticar e de responsabilizar os Conselheiros do Reino, por outro lado, o Rei pretendia reinar só. Como resultado das divergências reais e parlamentares, surgiu por mão do Parlamento em 1628 a Petição de Direitos (Petition of Rights), que protestava conta o lançamento de impostos sem o consentimento do Parlamento, contra as prisões arbitrárias, contra o abuso da lei marcial em tempo de paz, assim como protestavam contra o aboletamento permanente de soldados nos casos dos particulares.
Outro documento deveras importância desta segunda fase é o Bill of Rights (Declaração de Direitos) de 1689 que declara que o rei não pode cometer actos ilegais, estando submetido ao Direito Comum (Common Law), tal como todos os seus súbditos; o Bill consigna também garantias políticas, dando algumas dessas as seguintes: consagra o direito da petição; assegura a liberdade e a inviolabilidade dos membros do parlamento no exercício das suas funções e a reunião regular das Câmaras, entre outras.
O Act of Settlement de 1701 estipulava que só pode subir ao trono britânico um Príncipe de religião anglicana, para além de prescrever novas disposições ao soberano sem o Parlamento, assim como prejudicar a supremacia parlamentar ou influir na consciência dos juízes.
A terceira fase é a da democratização. Essa índole democrática iniciou-se em 1832 com o Reform Act. Este acto veio aumentar o número de eleitores, para além de estabelecer novos lugares para várias cidades na Câmara dos Comuns. Posteriormente realizaram-se mais dois Reform Acts em 1667 e 1884, ficando os três conhecidos como Reform Bills.
Durante esta terceira fase, que vem até aos dias de hoje, foram elaboradas algumas leis constitucionais importantes, como o Parliament Act de 1911 que restringiu os poderes da Câmara dos Lordes e fixou o mandato da Câmara dos Comuns em 5 anos.
O órgão supremo de Governo na Grã-Bretanha é o Parlamento, é nele que reside todo o poder. A ele compete-lhe alterar a Constituição, fazer leis e orientar os ministros que formam o Gabinete, e que têm de dirigir a sua política de acordo com a maioria parlamentar. O Parlamento é composto por três elementos: a Coroa, a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns.
A Coroa é a instituição que individualiza a unidade do Estado. O seu titular é o Rei.
A Câmara dos Lordes compreende um número ilimitado de Pares Temporais, e de 26 “lordes espirituais”.
São pares do Reino Temporais:
Os titulares de títulos nobiliárquicos ingleses, escoceses ou da Grã-Bretanha;
Até 9 Lordes Judiciais – juízes aos quais é oferecido o parido vitalício para exercerem na Câmara as funções que a ela pertencem de Supremo Tribunal de Apelação do Reino Unido;
Os pares vitalícios são nomeados em número indefinido e sem discriminação de sexo.
Os lordes espirituais são dois arcebispos e 24 bispos da Igreja Anglicana.
A Câmara dos Comuns é formada por 630 membros (Member of the Parliment – MP’s), eleitos mediante sufrágio directo e universal por círculos terrestres (constituencies).
2.1.1 Organização político-administrativa do constitucionalismo do Reino Unido
O Parlamento
O Parlamento inglês evoluiu das cortes medievais. Quando o governo se tornou mais complexo deu-se uma diferenciação; certos nobres e clérigos acompanhavam o Rei, formando assim o seu Conselho (King’s Council). Para além destes, a maioria dos barões e prelados residia nas suas terras e só se pronunciavam quando o Rei os convocava para decidirem causas de maior vulto. Estas Assembleias constituíam o Magnum Concilium.
Em 1254 produz-se uma importante inovação: o Rei resolve convocar também dois cavaleiros por condado. Poucos anos mais tarde foram também chamados mais dois representantes por cada burgo ou cidade privilegiada. Em 1295 o Parlamento já reunia com os três Estados: clero, nobreza e povo.
Os comuns em breve se desinteressaram do Parlamento e passaram a reunir em Assembleia própria (Convocation). O clero decidiu alinhar com a nobreza, uma vez que os seus interesses eram comuns. Em 1332, já o Parlamento se reunia em duas casas, a dos Lordes espirituais e temporais e a dos Comuns, no entanto, todas as petições e resoluções eram apresentadas ao Rei pelo Lord Chanceler. Em 1377, os comuns resolvem eleger entre si um representante (speaker) que fosse falar ao Rei em seu nome, conquistando assim a sua autonomia. A tradição manteve-se e o Parlamento continua dividido em duas casas.
A Coroa
A Coroa, instituição monárquica, corresponde na terminologia inglesa à expressão do interesse colectivo que na linguagem continental traduzimos por Estado.
Inicialmente, o Rei era o governante supremo, o defensor de todo o poder político. À medida que o Parlamento foi evoluindo, passando de conselho de convocação irregular a órgão deliberativo regular que procurava exercer a soberania juntamente com o Rei.
A preponderância da Coroa foi contestada pelas Câmaras entre 1628 e 1688, período que foi marcado por uma série de acontecimentos políticos como a Revolução Inglesa. Em consequência dessa Revolução acabou a supremacia do poder real e a autoridade do Parlamento foi firmada. Contudo a Revolução do século XVII deixou ao rei a titularidade e o exercício de certos poderes, denominados de royal prerogative.
Ao longo do tempo as prerrogativas régias foram sendo restringidas, e a maior parte conserva-se só nominalmente na Coroa, o seu exercício efectivo passou a pertencer aos ministros ou ao Primeiro-ministro. A partir do século XVII os juízes tornaram-se independentes do poder real.
Uma vez que o Rei não podia ser responsável pelos seus actos, o Parlamento esforçou-se por encontrar quem responsabilizar pelas decisões da Coroa. E como o soberano era assistido no exercício de poder pelo Conselho Privado (Privy Council) criou-se a doutrina de que o rei não tem culpa: a culpa é de quem o aconselhou. Já no século XVIII estava assente em Inglaterra o princípio da responsabilidade política dos ministros pelos actos da Coroa.
Hoje em dia o rei de Inglaterra não decide por si coisa alguma, apenas sanciona as leis votadas no parlamento, nomeia o governo que resulta da maioria da Câmara dos Comuns; os seus actos oficiais têm de ter sempre a assinatura de um ministro (referenda ministerial). Assim, o rei na Constituição britânica actual apenas conserva dois direitos: o direito de ser informado de todos os actos e factos importantes da vida política e o direito de aconselhar o governo.
A Câmara dos Lordes
A Câmara dos Lordes é presidida pelo Lord Chanceler, membro do Governo que não tem de fazer parte dela e cujas funções o tornam no Ministro da Justiça. Ao Rei pertence criar os Lordes, em número ilimitado, conferindo títulos de nobreza com atribuição de pariato a cidadãos que se tenham distinguido nos vários campos da vida profissional, inerente à nobreza é o pariato que é hereditário.
A lei de 1957 veio permitir que a Coroa nomeie apenas pares cujo título é apenas vitalício, não se transmitindo portanto a herdeiros. Até 1963 não era permitido ao herdeiro de um título renunciar ao pariato. Como os lordes não podem ser eleitos para a Câmara dos Comuns e está estabelecido que nesta deve ser escolhido o Primeiro-ministro, isto significava ficarem vedadas aos lordes as actividades políticas mais significativas.
A Câmara tem hoje funções legislativas muito reduzidas. Em consequência dos Parliament Acts (1911, 1949) a Câmara não pode evitar a conversão em leis dos projectos que tenham sido aprovados pelos Comuns desde que contenham matéria financeira (money bills), pois que serão enviadosa sanção real independentemente da votação dos lordes se estes as não houverem votado dentro de um mês a contar da data em que foram recebidos na Câmara e à qual devem ser enviados com um mês, pelo menos, de antecedência em relação ao final da sessão legislativa.
As propostas ou projectos de Lei sobre matérias judiciais têm sempre de começar a ser discutidos na Câmara dos Lordes, dada a qualidade desta de órgão judiciário supremo. A Câmara está reduzida a um mero papel retardador. A Câmara funciona como tribuna política e como conselho técnico, mas não já como órgão de governo. 
A Câmara dos Comuns
A preponderância do Parlamento pertence hoje à Câmara dos Comuns visto que: 
Tem o direito de fazer passar as leis mesmo contra o voto dos Lordes e na certeza de que a Coroa não negará a sanção;
Só ela pode efectivar a responsabilidade política do Gabinete e fazer tombar o Ministério;
É no seu seio que se manifesta a força dos partidos políticos e se define a maioria de onde sai o Gabinete.
Esta preponderância afirma o actual carácter democrático do regime britânico e nasceu do alargamento do direito de sufrágio.
Até 1832 só podiam votar os proprietários que tivessem um rendimento anual líquido de 40 shilings. O Reform Act de 1832 operou o primeiro alargamento do direito de voto. Outras leis se seguiram no mesmo sentido, nomeadamente o Reform Act de 1867 e o de 1884. O Representation of the People Act de 1918, deu direito de voto a todos os homens com mais de 21 anos que não fossem incapazes nem lordes, e tivessem um mínimo de condições económicas, e às mulheres com mais de 30 anos. Em 1928 as mulheres passaram a ter voto nas mesmas condições que os homens. E a partir de 1948 o sufrágio deixou de defender requisitos censitários.
Para ser eleito, o interessado tem de apresentar oficialmente a sua candidatura e fazer um depósito de 150 libras que perderá se não atingir um nono dos votos emitidos no círculo.
A Câmara funciona em reunião plenária ou em comissão (committee). Há quatros comissões para o estudo de projectos. Mas a Comissão de Ways and Means (Finanças) é constituída por toda a Câmara que, ao passar a funcionar nessa qualidade é presidida pelo Chairman of Ways and Means.
Os Partidos Políticos
Os partidos políticos são uma peça essencial do sistema constitucional britânico. Em 1679 havia dois partidos: os Tories e os Whigs. Os Tories originaram o partido conservador e os Whigs o partido liberal.
No início do século XX a classe operária representava uma enorme parte da população britânica. Organizada corporativamente nas Trade Unions, ou sindicatos. A princípio mantiveram-se afastados da política, mas mais tarde tomaram a iniciativa de fundar um novo partido – o Partido Trabalhista (Labour Party) – para realizar um programa socialista. O Labour Party conseguiu eleger dois deputados em 1901 e 50 em 1960. Pela primeira vez na história de Inglaterra surgiram três partidos no Parlamento.
O Sistema Bipartidário
Os ingleses reagiram ao aparecimento de um novo partido, em consequência o Partido Liberal foi sacrificado, ficando reduzido a um número pequeno de parlamentares. Passaram assim, as forças políticas a fazer-se, sobretudo, nos partidos Conservador e Trabalhista.
Qual o motivo da preferência inglesa pelo sistema bipartidário? A preferência inglesa pelo sistema bipartidário explica-se pela forma como decorrem as eleições no Reino Unido. Os círculos territoriais (constituencies) são muito pequenos, sendo apenas eleito um deputado por círculo, o que faz com que os votos se dividam e sejam muito utilizadas a técnica do voto útil. 
O partido que alcançar a maioria nas eleições pode governar durante 5 anos, salvo o caso de dissolução que o Primeiro-ministro proponha ao Rei para consultar o eleitorado na hipótese de dúvida sobre a solidez da maioria existente. O presidente/secretário-geral do partido triunfante nas eleições passa a Chefe de Governo e do Gabinete e leva para ministros os seus colaboradores mais eminentes, desde que, sejam membros do Parlamento.
A maioria da Câmara dos Comuns obedecerá diante do chefe de partido e do Primeiro-ministro votando a legislação que o governo julgar necessária para governar. A oposição, discute, fiscaliza e interroga, já que não pode evitar.
Hoje em dia, é impossível à Câmara dos Comuns votar todas as leis de que o Governo precisa para agir, por isso, têm sido frequentes as delegações pelas quais o Parlamento autoriza o Governo a legislar sobre matérias de enunciado muitas vezes vago, com âmbito muito vasto (Delegation Legislation). Cada vez mais, a Câmara dos Comuns é o que há anos disse o autor Jennigs: “is a debating assembly and not a legislative body”.
O Governo e o Gabinete
Na Constituição Inglesa a supremacia do exercício do poder pertence ao Parlamento. No Parlamento, a autoridade efectiva é a Câmara dos Comuns; na Câmara dos Comuns manda o partido da maioria; e o partido da maioria obedece ao Primeiro-ministro, Chefe do Governo e do Gabinete. O Governo é composto por um grande número de cargos, por isso distinguem-se os Senior Ministers com funções mais importantes dos Junior Ministers que desempenham funções de menor relevo.
O chefe do Governo é o Primeiro-ministro, que também exerce as funções de Primeiro Lord do Tesouro (First Lord of the Tresury – superintendente das finanças). Segue-se o Lord Chanceler, presidente da Câmara dos Lordes e Ministro da Justiça, e o Lord Presidente do Conselho que preside ao Conselho Privado. Outros Senior Ministers são:
Chanceler do Exchequer – Ministro das Finanças;
Chanceler do Ducado de Lencastre – a cargo da informação, mas ultimamente tem sido um ministro sem pasta;
7 Secretários de Estado – entre os quais o do Inerior (Home Office) e o dos Negócios Estrangeiros (Foreign Office), sendo o último também responsável pelas relações com a Comunidade, Exército, Ar, Escócia, Serviços Sociais, Administração Geral e Planeamento Regional;
Primeiro Lord do Almirantado – Ministro da Marinha;
Presidente do Board of Trade – Ministro do Comércio;
Postmaster General – dirige os correios;
Lord do Selo Privado;
Attorney General
Solicitor-General
Outros Ministros:
Defesa;
Saúde;
Educação e Ciência;
Agricultura;
Pesca e Alimentação;
Obras Públicas;
Tecnologia;
Emprego e Produtividade.
Entre os Junior Ministers podemos encontrar os seguintes cargos:
Secretários Parlamentares;
Subsecretários de Estado Parlamentares;
Financial Secretary;
5 Junior Lords of the Treasury – são secretaries do grupo parlamentar da maioria (whips) sob a direcção do Secretário Parlamentar do tesouro que é o Chief Govenment Whip.
O Primeiro-ministro escolhe alguns dos seus Senior Ministers para formar o Gabinete, isto é, conselho restrito que discute os problemas políticos e define a orientação do governo. Há assim um número limitado de ministers in cabinet, sendo os restantes ministers not in cabinet.
O Primeiro-ministro escolhe e demite os ministros, selecciona os membros do gabinete, dirige o partido e imprime carácter à acção governamental. O Gabinete é quem responde tecnicamente pela política geral do Governo perante o Parlamento, perante a Coroa e a Nação. 
O sistema de governo parlamentar consiste no seguinte: o governo está sempre representado nas reuniões das duas Câmaras para responder às perguntas que lhe são formuladas e para tomar parte nos debates sobre os problemas ou sobre projectos de Lei. Daqui o dizer-se que o Governo é responsável perante o Parlamento.
Além do Governo e do Gabinete existe ainda o Conselho Privado (Privy Council) que conta com numerosos membros.
Sempre que se constitui um Governo é designado o Lord Presidente do Conselho que, segundo o uso, faz parte do Gabinete. Raras vezes o Conselho Privado reúne em sessão plenária: só quando um novo rei cinge a Coroa ou quando o monarca anuncia o seu casamento. Em compensação, hoje são frequentes as sessões de expediente, paraexercer as suas funções judiciais como Supremo Tribunal das Colónias (Judicial Committee) ou para a aprovação dos decretos denominados de Orders in Council.
Presididas pelo Rei, basta que nas sessões estejam presentes quatro conselheiros, que são, por via da regra, ministros ou pessoas de confiança do Gabinete, de tal modo que na realidade o Conselho Privado funciona no exercício das suas atribuições como um desdobramento do Gabinete. Este facto tem importância porque, de 1914 para cá, o Parlamento tem delegado no Rei em Conselho a faculdade de publicar Orders, que correspondem aos nossos decretos-lei. Quem prepara essas Orders in Council é o Governo; o Conselho Privado aprova-as formalmente nas suas reuniões de expediente.
2.2 O sistema constitucional Americano
A primeira Constituição formal, ainda hoje em vigor com algumas emendas, é a americana, proclamada em 1787, após a independência das treze colónias (15 de Junho de 1776) e da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América proclamada em 04 de Julho de 1776.
De acordo com Nascimento (2009, p.105), o constitucionalismo norte-americano iniciou-se em 1620 com a carta política denominada Convenant, ora conhecida como Pacto de Mayflower, assinada pelos primeiros colonizadores ingleses da Virgínia. Através desta carta, os povos puritanos, com base na igualdade de todos os indivíduos, estabeleceram o modo de organização jurídico-política nas colónias da América do Norte. 
A independência norte-americana, verdadeiramente cumpriu com o fim do absolutismo. Criou-se primeiramente os Estados soberanos, depois, uma Confederação de Estados e, por fim, o Estado Federal, cujo regimento deu-se pela Constituição de 1787, marco do Constitucionalismo Moderno que consagra a organização de governo pelos próprios governados.
Sobre este aspecto, Miranda (1988), lembra-nos que:
“O Direito constitucional norte-americano não começa apenas nesse ano. Sem esquecer os textos da época colonial (antes de mais, as Fundamental Orders of Connecticut de 1639), integram-no, desde logo, em nível de princípios e valores ou de símbolos, a Declaração de Independência, a Declaração de Virgínia e outras Declarações de Direitos dos primeiros Estados”, (p. 138).
Cappelletti (1999), ressalta que muitas das Colónias inglesas da América eram constituídas como companhias comerciais e regidas por cartas. Conforme o autor:
“Estas cartas podem ser consideradas como as primeiras constituições das Colónias, seja porque eram vinculatórias para a legislação colonial, seja porque regulavam as estruturas jurídicas fundamentais das próprias Colónias. Então, estas Constituições amiúde expressamente dispunham que as Colónias podiam, certamente, aprovar suas próprias leis, mas sob a condição de que essas leis fossem razoáveis, e, como quer que seja, não contrárias às leis do Reino da Inglaterra e, por conseguinte, evidentemente, não contrárias à vontade suprema do Parlamento Inglês [...]”, (p. 61).
Pode-se dizer então que, nos Estados Unidos houve um poder constituinte originário que produziu em 1787, um texto codificado, rígido e sintético com aspectos essencialmente princípios lógicos e inicialmente políticos, incorporando a declaração de direitos individuais fundamentais. 
Conforme Canotilho (1997, p. 70), no ordenamento político norte-americano adquire centralidade política a ideia de um poder constituinte. A conhecida fórmula preambular “we the people” indicia com clareza uma dimensão básica do poder constituinte criar uma Constituição. 
As transformações na Constituição norte-americana ocorrem principalmente através das suas mutações interpretativas, decorrentes da transformação dos valores de uma sociedade em permanente conflito. 
Miranda (2002, p. 84) afirma que, a Constituição norte-americana é “simultaneamente rígida e elástica”. Rígida porque a alteração formal de seu texto é complexa e diferenciada do processo legislativo de elaboração de uma lei ordinária. Para alterar o texto ou promover emendas aditivas ou supressivas é necessária a participação dos Estados membros da federação. Isto explica em parte o número reduzido de emendas. 
Por outro lado, o motivo da existência de poucas mudanças formais no texto, prende se ao facto deste texto ser sintético e princípio lógico o que permite mutações interpretativas ou alterações na compreensão de seu sentido e dos aspectos conceituais relacionados aos seus princípios, tornando desnecessário o recurso a mudança do texto. Muda-se a Constituição mudando o seu sentido, a sua compreensão, sem que seja necessário mudar o texto propriamente dito, daí a razão de sua elasticidade. (Ibid; p. 84)
Ressalta-se que a mudança interpretativa tem limites impostos pela própria Constituição. Assim, um texto sintético, com mais princípios que regras, possibilita maiores mudanças interpretativas, que um texto com excesso de regras. Quanto mais detalhado o texto, quanto mais regras, quanto maior a especificação, menor o espaço para as mudanças interpretativas.
Assim, a história constitucional norte-americana reforça a ideia de uma Constituição dinâmica, viva, que se reconstrói diariamente diante da complexidade das sociedades contemporâneas. Uma Constituição presente em cada momento da vida. Uma Constituição que é interpretação e não texto. A experiência norte-americana revela uma nova dimensão da jurisdição constitucional, presente em toda a manifestação do Direito. É tarefa do agente do Direito, nas suas mais diversas funções, dizer a Constituição no caso concreto e promover leituras constitucionalmente adequadas de todas as normas e factos.
2.2.1 Características do constitucionalismo americano
O constitucionalismo americano tem duas características fundamentais: a noção de Constituição e de sua superioridade sobre todos os demais actos da Federação e dos Estados-membros e a autoridade reconhecida aos tribunais na sua interpretação e concretização.
O princípio da legalidade, para os americanos, coincide com a supremacia da Constituição, conforme declarada pelos juízes e tribunais, ao passo que, para os ingleses, significa a vontade do poder legislativo, expressa nas leis votadas segundo o princípio da maioria parlamentar.
A Carta Magna americana tem sete artigos, cada um dividido em secções, nomeadamente:
O artigo I cuida do Poder Legislativo: a secção 2 trata da Câmara dos Representantes; a secção 3 trata do Senado; secção 8 cuida da competência do Congresso; a secção 10 traduz-se em vedações aos Estados;
O artigo II regula o exercício do Poder Executivo;
O artigo III o Poder Judiciário; 
O artigo IV trata de matérias referentes aos Estados;
O artigo V disciplina o processo de emendas constitucionais;
O artigo VI pro-estados da Constituição dos Estados Unidos da América.
A Constituição foi emendada vinte e sete vezes, sendo que as dez primeiras, que constituem o Bill of Rights do direito norte-americano.
As particularidades do constitucionalismo americano foram: (i) através da Revolução, os americanos pretenderam reafirmar os direitos na tradição germânica medieval e da Revolução Gloriosa; (ii) por outro lado, para evitar a falta de representação de um parlamento soberano, evitando a omnipotência do legislador, a Constituição devia garantir ao povo instrumentos efectivos de representação. Assim, o constitucionalismo americano afasta-se também do constitucionalismo francês, uma vez que a Constituição americana, ao invés de terminar em estado egocêntrico, serviu para constituir uma ordem política informada pelo princípio do governo limitado. Além disso, no constitucionalismo norte-americano alia-se um poder judiciário como verdadeiro defensor e guardião da Constituição, e consequentemente dos direitos e liberdades dos cidadãos.
2.2.2 Organização político-administrativa da República Federal dos EUA
A Constituição dos Estados Unidos garante aos seus cidadãos americanos sua liberdade religiosa, a inviolabilidade de seus lares, a manutenção dos seus direitosà privacidade, à defesa em um processo legal, bem como a um julgamento com júri, assim como a proibição da utilização de penas torturantes.
Os Estados Unidos da América são um Estado Federal, isto é, constituído por vários estados membros que fazem a união. O sistema do Governo em vigor nestes Estados é Presidencial. Prima-se nestes Estados pelo princípio de separação de poderes, onde, administrativamente, a confederação encontra-se organizada da seguinte maneira: (i) poder executivo; (ii) poder legislativo formado pelo Senado e Câmara dos representantes; (iii) poder judicial e (iv) os Estados confederados. 
Poder Executivo
O Poder executivo é confiado a um Presidente dos Estados Unidos da América. Ele exerce as suas funções durante o período de quatro anos, e juntamente com o Vice-Presidente, eleito pelo mesmo período, é escolhido da seguinte maneira: Cada Estado indicará, segundo as regras determinadas pela sua respectiva legislatura, um número de eleitores igual ao número total de Senadores e de Representantes ao qual o Estado terá direito no Congresso. Mas nenhum Senador ou Representante, ou pessoa que exerça uma função honorífica ou assalariada sob a autoridade dos Estados Unidos, poderá ser indicado como eleitor. 
Em caso de destituição, de morte, de renúncia ou de incapacidade do Presidente para desempenhar os poderes e deveres do seu cargo, estes passarão ao Vice-Presidente, e o Congresso poderá indicar, por uma Lei, em caso de destituição, morte, renúncia ou incapacidade do Presidente e do Vice-Presidente, qual o funcionário que exercerá a função de Presidente, e este funcionário preencherá o cargo até à cessação da incapacidade ou eleição de outro Presidente.
O Presidente é o chefe supremo do exército e da marinha dos Estados Unidos, assim como da milícia dos diversos Estados, quando estas forem chamadas ao serviço activo dos Estados Unidos. O Presidente, o Vice-Presidente e todos os funcionários civis dos Estados Unidos poderão ser destituídos das suas funções por motivo de acusação, e condenação, por traição, suborno ou outros altos crimes e delitos.
Poder Legislativo
a) Câmara dos Representantes é composta de membros escolhidos em cada dois anos pelo povo dos diferentes Estados, e os eleitores de cada Estado devem possuir as qualificações exigidas para os eleitores do corpo mais numeroso da legislatura do Estado. Não poderá ser um representante ninguém que não tenha cumprido a idade de 25 anos, e não seja por sete anos um cidadão dos Estados Unidos, e não esteja, quando eleito, residindo no Estado pelo qual será escolhido.
b) O Senado é composto de dois Senadores de cada Estado, escolhidos para um período de seis anos, e cada Senador tem direito a um voto. Os senadores são divididos em três classes, nomeadamente da 1ª cujos seus assentos cessam com o término do segundo ano; da 2ª cessam ao expirar do quarto ano; e as da 3ª onde os seus assentos vagam no fim do sexto ano, de modo que um terço do Senado seja renovado em cada dois anos; e caso ocorra vaga por renúncia, ou qualquer outra causa, durante o recesso da legislatura de qualquer Estado, o Poder Executivo desse Estado poderá proceder a nomeações temporárias, até à reunião seguinte da legislatura, a qual então preencherá a vaga. Não poderá ser um Senador ninguém que não tenha cumprido a idade de 30 anos, e não seja por nove anos um cidadão dos Estados Unidos, e não esteja, quando eleito, residindo no Estado pelo qual será escolhido. As épocas, lugares e modos de realizar eleições para Senadores e Representantes serão prescritas em cada Estado pela respectiva legislatura; mas o Congresso pode, em qualquer momento, através de uma Lei, fazer ou alterar tais regulamentos, excepto quanto aos lugares de eleição dos senadores.
Poder Judicial
O poder judiciário dos Estados Unidos é confiado a uma Corte Supremo e a tantas cortes inferiores quantas o Congresso venha ordenar e estabelecer, de tempos a tempos. Os juízes, tanto da Corte Suprema como inferiores, conservarão as suas funções enquanto demonstrarem boa conduta e receberão pelos seus serviços, em épocas determinadas, uma compensação que não poderá ser diminuída durante o exercício das suas funções.
O julgamento de todos os crimes, excepto nos casos que atentam à soberania dos Estados membros, deverá ser feitos por júri, e ocorrerão no Estado onde os referidos crimes tiverem sido cometidos; mas quando não cometidos em território de nenhum Estado, o julgamento deverá ocorrer no lugar ou lugares que o Congresso, por uma lei, houver indicado.
Deveres dos Estados Federados e dos seus concidadãos
 
Nenhum Estado poderá empenhar-se em tratados, alianças ou confederações; conceder cartas de trânsito e represálias; cunhar moeda; emitir papel-moeda; dar curso legal, em pagamento de dívidas, a outro valor que não ouro e prata; aprovar qualquer decreto de proscrição, lei ex: post facto, ou lei que prejudique a força dos contratos, ou conceder títulos de nobreza. Nenhum Estado poderá, sem o consentimento do Congresso, estabelecer impostos ou direitos sobre importações e exportações, excepto os que venham a demonstrar-se absolutamente necessários para executar as suas leis de inspecção; e o produto líquido de todos os direitos e impostos, exigidos pelo Estado sobre as importações e exportações, será colocado à disposição do Tesouro dos Estados Unidos; e todas essas leis deverão ser submetidas à revisão e controlo do Congresso.
Nenhum Estado poderá, sem o consentimento do Congresso, estabelecer qualquer direito de tonelagem sobre os navios, manter tropas ou navios de guerra em tempos de paz, concluir tratados ou convenções com outro Estado, ou com uma potência estrangeira, ou se empenhar numa guerra, a menos em caso de invasão presente ou de perigo iminente que não admita qualquer atraso.
Os cidadãos de cada Estado terão direito a todos os privilégios e imunidades dos cidadãos nos diversos Estados. Toda a pessoa acusada num Estado qualquer de traição, felonia ou outro crime, e que tenha fugido à justiça e seja encontrada noutro Estado, será, sob demanda da autoridade executiva do Estado do qual fugiu, presa e removida para o Estado que tiver jurisdição sobre o crime. Nenhuma pessoa empenhada num serviço ou trabalho num Estado, sob as leis deste Estado, e que se refugie num outro Estado, poderá invocar qualquer lei ou regulamento do Estado sob o qual se refugiou para se subtrair àquele serviço ou trabalho, mas deverá ser entregue a pedido da parte à qual tal serviço ou trabalho possa ser devido.
2.3 O sistema constitucional francês
Para Alexis de Tocqueville a convocação dos Estados Gerais na França (1789) é trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza em 2010 consequência da secular luta entre nobreza e monarquia. Desde o século XIV distinguiam-se as “leis do reino” das “leis do rei” (atribuindo superioridade aquelas em relação a estas), sendo que o surgimento da Constituição propriamente dita resulta da situação política vivida nos momentos que antecederam a Revolução Francesa que marcaram a ruptura com o Estado Absoluto.
Entre os anos de 1789 e 1871 a França teve 11 constituições, algumas quase sem chegarem a entrar em vigor. Esta variação de textos constitucionais se deve principalmente a diferentes perspectivas constitucionais geradas pelas ideias, de por um lado Montesquieu e por outro Rousseau, (Miranda, 2002, p. 98).
Um dos traços marcantes da França pré-revolucionária é a divisão de sua sociedade em três grupos distintos com status jurídico próprio, ou seja, a sociedade francesa era estatalmente, dividida em três grandes estados:
O primeiro Estado constituído pelo clero, proprietário de 10% das terras da França, não pagava impostos. O clero estava dividido em alto e baixo;
O segundo Estado, era formado por uma nobreza parasitária, proprietária de 20% das terras, que mantinha as relações servis de produção. Também havia a nobreza de toga, ocupante de cargos oficiais, oriunda da burguesia,que comprava títulos nobiliárquicos;
O terceiro Estado composto pela burguesia e pela massa de trabalhadores rurais e urbanos (os sansculottes). Esse sistema sustentava o Estado Absoluto Francês, por meio do pagamento de impostos.
Dessa forma, era visível que os dois primeiros subsistemas se constituíam numa minoria populacional, oprimiam o terceiro subsistema, a maioria da população, que de facto produzia a riqueza nacional e tinha de conviver com o autoritarismo do rei e os gastos excessivos da Corte.
O constitucionalismo francês foi influenciado fortemente também pelos ensinamentos do Abade Emmanuel Joseph Sieyès, o qual publicou a obra “O que é o terceiro Estado”, um manifesto contra os privilégios e o absolutismo. Afirmava que o povo francês era politicamente consciente e poderia decidir sobre a forma de Estado. Poderia ser assim, o Poder Constituinte, (Canotilho, 1997, p. 73).
Surge agora com centralidade política a nação, titular do poder constituinte. A nação não se reconduz à ideia de sociedade civil inglesa. Ela passa a deter um poder constituinte que se permite querer e criar uma nova ordem política e social [...] de ruptura com o antigo regime. [...] a imagem expressa pelo Abade E. Sieyes é esta: o poder constituinte tem um titular – a nação. Ibid,; p. 71
Sieyès havia convertido a vontade geral de Rousseau em uma manifestação singular do poder constituinte. Quando em 1789 a denominação dos Estados Gerais mudou para Assembleia Nacional, os deputados assumiram a soberania – que os Estados Gerais nunca haviam tido – a fim de que fossem aplicadas em suas decisões, (Artola, 2005, p. 19).
Ao observar a Constituição francesa de 1791, em seus primeiros artigos, vê-se estampado o pensamento de Sieyès apud Miranda (1990, p. 62):
Art. 2º - A Nação, da qual emanam todos os poderes, só os pode exercer por delegação. A Constituição Francesa é representativa: os representantes são o Corpo Legislativo e o Rei;
Art. 3º - O Poder Legislativo é delegado numa Assembleia Nacional composta de representantes temporários, livremente eleitos pelo povo, para ser exercido por ela, com a sanção do rei, da maneira que abaixo for determinado;
Art. 4º - O Governo é monárquico: o Poder Executivo é delegado ao Rei, para ser exercido sob a sua autoridade, por ministros e outros agentes responsáveis, da maneira que abaixo será determinada; e
Art. 5º - O Poder Judiciário é delegado em juízes eleitos de tempos a tempos pelo povo.
A família francesa nasce de um desejo de projectar uma sociedade geral totalmente nova num futuro realizável no presente e tornada possível pelo evento revolucionário, proclamando-se um novo início do Tempo: Numa Constituição do ano I (de 1791) em simultâneo com uma Declaração do Sujeito Jurídico Universal.
É, pois, em França, que se abre todo um novo mundo, criado qual artista, não a partir de experiências, mas a partir de princípios, numa praxis que gera uma nova poiesis política. Este não é o mundo novo das Américas, ainda por explorar de facto, e, por isso, exige um diferente poder constituinte, uma vontade que livremente se determina a si próprio, num duplo movimento, libertando-se dos preconceitos e cadáveres esquisitos que assomam o presente, le cadavre exquis, como dirão 150 anos mais tarde os surrealistas franceses, para se projectar num futuro inflectido.
Sabe-se que uma crise social e económica alastrava-se pela França, quando o rei Luís XVI decidiu por convocar o que se chamava de “Estados Gerais”, o qual possuía representantes da sociedade francesa, ora rigidamente dividida em clero, nobreza e povo. “O terceiro Estado”, liderado pela burguesia e representando a maioria da população fez-se predominar sobre o “primeiro Estado”, como também, sobre o “segundo Estado “, e neste momento, se declarou como Assembleia Nacional Constituinte, passando a redigir uma constituição para a França. 
Primeiramente, em 1789 os membros da referida Assembleia Constituinte editam a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão. Em seguida, no ano de 1791 é promulgada uma Constituição tendo a citada Declaração de Direitos como preâmbulo. Esta Constituição de 1791 estabeleceu a tripartição de poderes e implementou a monarquia constitucional, Azambuja (2008, p.156).
A ideia do Estado de direito no constitucionalismo francês assentou pelo menos em termos teóricos, na construção de uma ordem jurídica hierárquica. No vértice da pirâmide hierárquica situava-se a Déclaration de 26 de Agosto de 1789 consagrando os “droitsnaturelsetsacrés de l’homme”. Esta Déclaration era, simultaneamente, uma “supra constituição” e uma “pré-constituição”: supra constituição porque estabelecia uma disciplina vinculativa para a própria constituição (1791); pré-constituição porque, cronologicamente, precedeu mesmo a primeira lei superior. A constituição situa-se num plano imediatamente inferior à Declaração. A lei ocupa o terceiro lugar na pirâmide hierárquica e, na base, situam-se os actos do executivo de aplicação das leis.
2.3.1 Organização político-administrativa da República Francesa
De acordo com o artigo 1 da Constituição Francesa (1946), a França é uma República indivisível, laica, democrática e social. Assegura a igualdade de todos os cidadãos perante a lei sem distinção de origem, raça ou religião, cuja, a sua organização política administrativa é descentralizada.
O artigo 5 conjugado pelo artigo 7 da mesma lei, estabelece que o Presidente da República é o órgão máximo na França; e o garante da legalidade e o garante da funcionalidade normal dos poderes públicos bem como a continuidade do Estado. É eleito por uma maioria absoluta dos votos válidos. Se esta não for obtida no primeiro escrutínio, procede-se, no décimo quarto dia seguinte, a um segundo turno onde somente podem se apresentar dois candidatos que, se necessário após a desistência de candidatos mais favorecidos, tenham obtido o maior número de votos no primeiro turno. O Presidente da República nomeia o Primeiro-Ministro e extingue suas funções com a apresentação, deste último, da sua demissão do Governo. Com a proposição do Primeiro-Ministro, ele nomeia os outros membros do governo e extingue suas funções; promulga as leis no prazo de quinze dias após a recepção, pelo Governo, da lei aprovada em carácter definitivo. Nomeia cargos civis e militares do Estado, tais como: os conselheiros do Estado, o Grão-chanceler da Legião de Honra, os embaixadores e enviados extraordinários, os Conselheiros-mestres do Tribunal de Contas, os governadores civis os oficiais generais, os reitores das academias e os directores das administrações centrais são nomeados pelo Conselho de Ministros.
O artigo 20 da mesma Lei, fala sobre a Governo e as suas competências, estabelecendo que: O Governo determina e conduz a política da Nação; dispõe da administração e das Forças Armadas e é responsável perante o Parlamento, nas condições e de acordo com os procedimentos previstos nos artigos 49 e 50 da mesma Lei; O Primeiro-Ministro dirige as acções do governo e é responsável pela defesa nacional; Substitui, se necessário, o Presidente da República na presidência dos conselhos e comités previstos no artigo 15° e os actos do Primeiro-Ministro são referendados pelos ministros encarregados de sua execução.
O artigo 24 prevê a constituição e o funcionamento do Parlamento francês. O Parlamento vota as leis. Fiscaliza a acção do Governo; avalia as políticas públicas; compreende a Assembleia Nacional e o Senado; os deputados da Assembleia Nacional, cujo número não pode exceder 577, são eleitos por sufrágio directo. O Senado, cujos membros não podem exceder 348, é eleito por sufrágio indirecto. Ele garante a representação das autoridades locais e regionais da República. Os franceses domiciliados fora da França são representados na Assembleia Nacional e no Senado. 
O artigo 28 preconiza que o Parlamento reúne-se de pleno direito em uma sessão ordinária que começa no primeiro dia útil de Outubro e termina no último dia útil de Junho.O número de dias que cada Assembleia pode ter durante a sessão ordinária não pode exceder 120. As semanas de sessão são fixadas por cada Assembleia. O Parlamento é reunido em sessão extraordinária a pedido do Primeiro-Ministro ou da maioria dos membros que compõem a Assembleia Nacional, por uma agenda específica.
No capítulo V desta Lei, aborda em volta da relação que se estabelece entre o Parlamento e o Governo. O artigo 38 deste capítulo por exemplo, atesta que o Governo pode, para a execução do seu programa, pedir ao Parlamento autorização para tomar com base em portarias, durante um prazo limitado, medidas que estão normalmente no âmbito da lei. O artigo 39, preconiza que a iniciativa legislativa pertence simultaneamente ao Primeiro-Ministro e aos membros do Parlamento. Os projectos de lei são deliberados pelo Conselho de Ministros após pareceres do Conselho de Estado, e apresentados à mesa de uma das duas assembleias. A apresentação dos projectos de lei apresentados perante a Assembleia Nacional ou ao Senado responde às condições estabelecidas por uma lei orgânica.
O artigo 56, aborda sobre a organização e composição do conselho constitucional. O Conselho constitucional compreende nove membros, cujo mandato dura nove anos e não é renovável. O Conselho constitucional se renova por terços a cada três anos. Três dos membros são nomeados pelo Presidente da República, três pelo presidente da Assembleia Nacional, três pelo Presidente do Senado. O procedimento previsto no último parágrafo do artigo 13 é aplicável a essas nomeações. As nomeações efectuadas pelo presidente de cada assembleia ficam sujeitas unicamente ao parecer da comissão permanente competente da assembleia em questão. Além dos nove membros previstos acima, fazem legalmente parte do Conselho Constitucional os ex-presidentes da República em carácter vitalício. O presidente é nomeado pelo Presidente da República e tem voto preponderante no caso de empate.
Os artigos 58 e 59 desta lei, estabelecem as competências do conselho constitucional, que se resumem em: O Conselho constitucional garante a regularidade da eleição do Presidente da República; Examina as reivindicações e proclama os resultados do escrutínio; O Conselho constitucional delibera, no caso de contestação, sobre a regularidade da eleição dos deputados e dos senadores.
O capítulo VIII desta lei, preconiza as atribuições e as competências da autoridade judicial. O artigo 64 desta lei, estabelece que o Presidente da República é o garante da independência do poder judiciário e é assistido pelo Conselho Supremo de Magistratura. O Conselho Supremo de Magistratura compreende uma formação competente em relação aos magistrados da sede e uma formação competente em relação aos magistrados do ministério público. 
A formação do Conselho Supremo da Magistratura competente em relação aos magistrados da sede apresenta propostas para as nomeações dos juízes ao Supremo Tribunal, para as de primeiro presidente de Tribunal de Apelação e para as de presidente do Supremo Tribunal. Os outros juízes são nomeados mediante seu parecer favorável. A formação do Conselho Supremo de Magistratura competente em relação aos promotores do ministério público fornece o seu parecer sobre as nomeações que se referem aos promotores do ministério público.
O capítulo IX fala sobre as atribuições e competências da corte suprema. O artigo 68, estabelece que o Presidente da República pode ser destituído apenas no caso de não cumprimento de seus deveres, o que é manifestamente incompatível com o exercício do seu mandato. A destituição é pronunciada pelo Parlamento constituído na Corte Suprema. 
A proposta de reunião da Corte Suprema aprovada por uma das assembleias do Parlamento imediatamente é transmitida à outra, que se pronuncia no prazo de quinze dias. A Corte Suprema é presidida pelo Presidente da Assembleia Nacional. Delibera em um prazo de um mês, por voto secreto sobre a destituição. A sua decisão entra em vigor imediatamente.
Os membros do governo são penalmente responsáveis por actos praticados no exercício das suas funções e qualificados de crimes ou infracções no momento em que eles foram cometidos. São julgados pelo Tribunal de Justiça da República. O Tribunal de Justiça da República é vinculado pela definição dos crimes e delitos, bem como pela determinação das penalidades tais como resultam da lei.
O artigo 89º preconiza que a iniciativa da revisão da Constituição pertence conjuntamente ao Presidente da República mediante proposta do Primeiro-Ministro e dos membros do Parlamento. O projecto ou proposta de revisão deve ser considerado nas condições de prazo previsto no terceiro parágrafo do artigo 42 e votado por duas assembleias em termos idênticos. A revisão é definitiva após ter sido aprovada por referendo. No entanto, o projecto de revisão não é apresentado no referendo quando o Presidente da República decide apresentá-lo ao Parlamento, convocado em Congresso; Nesse caso, o projecto de revisão é aprovado apenas se reunir a maioria de três quintos dos votos válidos. A mesa do Congresso é a Assembleia Nacional.
Conclusão
Ressalta-se a importância de Henrique III para o sistema constitucional inglês, isto porque a Magna Carta foi revista e confirmada, mudando significativamente o Grande Conselho no que tange à sua composição que além dos membros da nobreza e do clero, passou a contar também com dois cavaleiros de cada condado e dois burgueses de cada cidade, tendo como consequência a superação entre os lordes e os comuns. Surge daí o Parlamento Inglês dividido entre as Câmaras dos Lordes e as Câmaras dos Comuns.
O constitucionalismo americano, nasceu calcado em ideais de liberdade e igualdade, apostando na concepção atómica de indivíduo – conforme faziam os iluministas - auxiliou na manutenção da desigualdade racial; nasce ainda sob influência da teoria de Estado defendido por Montesquieu, foi decidido pela organização de um poder legislativo - competência de um Congresso bicameral formado pela United States Senate e United States House of Representatives - um poder executivo - exercido pelo Presidente - e um Poder legislativo - desempenhado pela Suprema Corte e outras cortes federais. A nova organização - que consistia em uma "descentralização vertical do poder"- assegurava a autonomia das Estados para legislar e organizar-se da melhor forma possível de acordo com disposições próprias, convivendo harmoniosamente com o poder federal, mas podendo intervir na União - se preciso fosse. Nesse sistema federalista dual, no qual a esfera estadual e a federal tem competências distintas e coexistentes, todo cidadão americano estava sujeito a duas estruturas de poder, uma de sobreposição - tendo em vista que estavam sujeitos simultaneamente a dois poderes políticos e dois ordenamentos constitucionais, o federal e o estadual - e uma de participação - uma vez que o poder político central era resultado da associação de poderes políticos dos Estados federados.
O que caracteriza o modelo de constitucionalismo francês é o carácter de ruptura com o passado (antigo regime) de privilégios e direitos estatuários de grupos determinados (nobres e clero). Sendo assim, o constitucionalismo francês afasta-se de um modelo historicista (de direitos e liberdades fundados na história de um povo). A revolução americana não foi marcada por essa necessidade porque não havia nenhum “antigo regime” a derrubar, ela pretende a fundação de algo novo, mas não exclui a herança histórico-cultural de direitos e liberdades desse povo. Tal facto promove uma modificação profunda no significado dos direitos e liberdades no âmbito de ambas as revoluções.
O que essencialmente diferencia as revoluções francesas e americanas, portanto, é o facto de que, ao contrário dos revolucionários franceses, os americanos não tinham um antigo regime a destruir um sistema contra que lutar, isso não significa que a revolução americana não tenha produzido um movimento de emancipação social. Os colonos americanoslutavam contra a acção tirânica do monarca inglês (que se estendeu pelos anos de 1765-1776). Tais reivindicações, de início, tinham um carácter económico-financeiro (pesados tributos), mas após transformou-se em protestos de carácter constitucional, pois passaram a questionar a legitimidade da imposição tributária pela pátria mãe sem o consentimento dos colonos e de suas assembleias legislativas. Com isso, os colonos americanos passaram a fundamentar tais protestos com base no antigo património de direitos e liberdades, fundado historicamente, e que a própria pátria mãe inglesa havia criado (denotando aí o carácter historicista da revolução americana). Os colonos americanos chegaram a propor de início uma forma de organização política (confederação) em que o monarca inglês continuasse governando as colónias, mas a estas fossem dado a prerrogativa de formar Assembleias representativas, no modelo do parlamento inglês, buscando a instauração de um governo efectivamente legítimo, equilibrado e moderado. Tal proposta não foi aceita pela metrópole inglesa. Diante disso, a Declaração de Independência de 1776 é “la constatación de la imposibilidade continuar vivendo como súbditos del monarca inglês y bajo la protección de lasleyes de la madre pátria.
No que tange ao constitucionalismo britânico para os demais, nota-se que este diferencia-se dos outros pelo facto, o constitucionalismo possuir uma natureza dual, isto é, é natural e artificial ao mesmo tempo: artificial por ser um produto constitucional, e natural por sua formação histórica própria. Apesar dessas divergências, tanto no sistema político em vigor em cada Estado, assim como o que concerne a sua organização político-administrativa, nota-se que o constitucionalismo destes Estados tem como valores básicos a defesa dos direitos dos seus concidadãos ao nível interno assim como externos.
No que concerne ao sistema de governo em vigor nos três Estados, temos a assinalar que no Reino Unido, o sistema em vigor é o Parlamentar; na República Francesa assim como nos Estados Federados Americanos, está em vigor o sistema de Governo Presidencialista.
Bibliografia 
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CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 4ª ed. Coimbra: Almedina, 1997.
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Constituição da República da França (1946)
Constituição da República Federal da América (1788)
Constituição do Reino Unido

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