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ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Elementos do estado: ordem formal e material Antes de começar a estudar sobre os elementos do Estado, é importante saber: O que é Estado? Nas palavras de Pontes de Miranda, Estado pode ser definido como “o conjunto de todas as relações entre os poderes públicos e os indivíduos, ou daqueles entre si [...] e desde que cesse qualquer possibilidade de relações de tal espécie, o Estado desaparece. Desde que surja, o Estado nasce. Esse significado de Estado não é único, pois existem diversos conceitos dependendo da acepção adotada. Na acepção filosófica, Estado foi definido por Hegel (1770 a 1831) como o valor social mais elevado e absoluto, como a realidade da ideia moral. Na acepção jurídica, Kant (1724 a 1804) definiu Estado como “a reunião de uma multidão de homens vivendo sob as leis do Direito”; Del Vecchio definiu Estado como “sujeito da ordem jurídica na qual se realiza a comunidade de vida de um povo” e Burdeau (1905 a 1988) o conceituou da seguinte forma: “o Estado se forma quando o poder assenta numa instituição e não num homem”. A acepção sociológica de Estado, por sua vez, possui definições fornecidas por vários doutrinadores, mas aqui serão apresentadas as considerações de apenas três deles: para Duguit (1859 a 1928), Estado é “grupo humano fixado em determinado território, onde os mais fortes impõem aos mais fracos sua vontade” para von Jhering (1818 a 1892), Estado é “organização social do poder de coerção”; por fim, para Oppenheimer (1904 a 1967), Estado é “instituição social, que um grupo vitorioso impôs a um grupo vencido, com o único fim de organizar o domínio do primeiro sobre o segundo e resguardar-se contra rebeliões intestinas e agressões estrangeiras”. Todas essas definições podem ser consultadas no livro de Paulo Bonavides. Pelo livro “Teoria do Direito e do Estado” de Miguel Reale, pode-se dizer, ainda, que o Estado é uma pirâmide com três faces: a social, que analisa o Estado pelos fatores socioeconômicos; a jurídica, que concebe o Estado pelo seu ordenamento jurídico; e, por fim, a política, que toma por base o governo aplicado em cada Estado e suas funções. Para Jellinek, o Estado depende de três elementos essenciais para sua existência: a soberania, a população e o território. São esses três elementos que caracterizam o Estado, já que este é organização jurídica firmada em um determinado território e com uma população certamente definida, além de ser dotado de soberania interna ou nacional e soberania externa ou internacional. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO De acordo com o que foi analisado acima, principalmente pelos conceitos de Pontes de Miranda e de Duguit, são elementos essenciais do Estado: (i) soberania/poder; (ii) população; (iii) território. Os elementos soberania/poder, população e território são divididos em duas partes: os elementos de ordem formal e os elementos de ordem material. O binômio soberania/poder constitui o elemento da ordem formal. Os elementos que representam a ordem material são a população e o território (elemento humano). Poder/soberania Poder é um elemento essencial do Estado e significa a energia, a força, a autoridade, a legitimidade e a competência do Estado em relação à população e ao território. O poder será de fato ou de direito. O poder de fato é aquele por meio do qual o Estado domina tudo e todos pela força, pela dominação, pela violência. Pelo poder de direito, o Estado legitima suas ações, baseia-se, predominantemente, na competência e não na força, ou seja, em uma autoridade aprovada pela coletividade. O poder possui as seguintes características: Imperatividade, isto é, a obrigatoriedade da participação do povo no Estado; Capacidade de auto-organização, traduzida na possibilidade de o Estado se organizar administrativamente; Unidade e indivisibilidade do poder, isto é, somente o Estado é dotado de poder; Legalidade e legitimidade do poder; Soberania. O poder, então, pode ser definido nas palavras de Afonso Arinos como “a faculdade de tomar decisões em nome da coletividade”. O que é soberania? A soberania é uma das características essenciais do poder estatal. Ela traduz o poder supremo de um Estado designar-se com independência de outros Estados no cenário internacional e impor sua vontade em âmbito interno. A soberania interna é o poder supremo que o Estado possui sobre a população e sobre o território. É a vontade suprema e soberana. Ainda, a soberania interna possui o poder político, o qual é superior aos demais poderes, que necessitam se sujeitar a ele para que o Estado caminhe. Logo, na soberania interna, Estado se ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO equivale à soberania, ou seja, quem nega a soberania do Estado está negando o próprio Estado, como o faz o anarquismo. Já a soberania externa é o poder do Estado sobre outros Estados. É importante saber que a soberania possui limites, isto é, cada Estado possui sua soberania internacional, sendo que Estado algum pode, em tempos de paz, opor sua vontade contra outro. São características da soberania: a. A unidade: é inconcebível que haja mais de uma autoridade soberana dentro de um mesmo território, pois, entre outras repercussões, o Estado não progrediria em meio à dualidade de vontades equivalentes e seria impossível otimizar o serviço público atendendo a vontades opostas; b. A indivisibilidade: de certa maneira decorre da unidade, pois, do mesmo modo, não é razoável que o Estado divida sua soberania. O poder estatal divide competências, mas não a soberania. Tampouco a divisão em três poderes pode ser considerada divisão da soberania, pois representa apenas a segregação em facetas do mesmo poder soberano. c. A inalienabilidade: a soberania, em última instância, retrata a vontade da coletividade e tal vontade não pode ser transferida. Os representantes eleitos pelo povo exercerão a representação nos limites dos anseios que lhe foram entregues para serem efetivados. E a vontade popular se expressará nas leis e na Constituição Federal. d. A indelegabilidade: isto é, não se delega o exercício da soberania que deve ser realizada única e exclusivamente pelo Estado. e. A irrevogabilidade: refere-se à estabilidade política. Na época da monarquia, a irrevogabilidade era utilizada no sentido de que o povo não podia retirar o poder político do soberano. f. A perpetuidade ou a imprescritibilidade: Por fim, é importante ressaltar que a soberania não é limitada no tempo, ou, em outras palavras, a legitimidade de seu uso não se perde com o passar do tempo. Não há soberania a prazo fixo. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO População/povo É importante ressaltar que população é diferente de povo. População é o conjunto de pessoas de um mesmo território, de um mesmo espaço geográfico, inclusive estrangeiros e apátridas, não possuindo, necessariamente, vínculo com o Estado. Esse é um conceito quantitativo, demográfico e estatístico. Povo é o conjunto de pessoas que possui um vínculo com determinado Estado, seja pela cidadania, seja pela nacionalidade. Em outras palavras, povo é o elemento humano na formação do Estado, posto que não há Estado sem pessoas. Povo também pode ser definido por três acepções: política, jurídica e sociológica. Pela acepção política, Aurelino Leal entende que povo “indica a massa geral dos habitantes de um país e a parte dela a que se atribui capacidade de concorrer para a investidura do poder público”, isto é, o corpo eleitoral. Desse significado, pode-se dizer que população faz parte do povo, já que ela é “a massa geral dos habitantes de um país”. Pela acepção jurídica, povo é todo cidadão ou nacional de determinado Estado, já que a cidadania e a nacionalidade são vínculos entre uma pessoa e determinado Estado. Oreste Ranelletti diz que povo é “o conjunto de pessoas que pertencem ao Estado pela relaçãode cidadania”. E, por fim, considerando a acepção sociológica, povo é o conjunto de pessoas relacionadas pela história das gerações, pela cultura, pelos valores comuns, por exemplo: judeus, hebreus, entre outros. Território Território é a base fixa e geográfica de cada Estado, o solo, as águas, a plataforma continental, o espaço aéreo, o mar territorial, o subsolo, onde está presente a população e onde o Estado exerce o seu poder/soberania. Como definição, pode-se utilizar a de Ferruccio Pergolesi: território é “a parte do globo terrestre na qual se acha efetivamente fixado o elemento populacional, com exclusão da soberania de qualquer outro Estado”. Qual a relação entre Estado e Nação? Como você estudou, o Estado somente existe por vontade das pessoas, pela existência de vínculo jurídico e existência de poder. A nação, por outro lado, é o conjunto de aspectos étnicos, históricos, sociológicos e ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO psicológicos de um povo, como a língua, a etnia, a cultura, a religião, sem vínculos jurídicos, inexistência de poder, sentimento de preservação, é a ideia de comunidade. O Estado pode ser considerado como a organização jurídica da nação. Uma nação, assim, pode se formar como um Estado, detentor de poder político. Exemplificando, os judeus eram perseguidos e foram politicamente destruídos como Estado, sobrevivendo como nação. Del Vecchio afirma que “um Estado que não corresponde a uma Nação é um Estado imperfeito; um Estado que não defende e promove justamente o caráter nacional é um Estado ilegítimo”. Dessa forma, você estudou sobre o conceito de Estado nas mais diversas acepções doutrinárias, a relação entre Estado e Nação, e sobre os elementos essenciais da formação do Estado: poder/soberania, população e território. Para estudar mais sobre os temas dessa aula, é importante você ler o artigo a seguir: https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/artigo/746/o-estado-povo-soberania Fonte: Istock ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Sociedade e formação. Governo O que é sociedade? No dicionário DICIO, sociedade apresenta diversos significados: Reunião de homens e/ou animais que vivem em grupos organizados; corpo social; Conjunto de membros de uma coletividade subordinados às mesmas leis ou preceitos; Cada um dos diversos períodos correspondentes à evolução da espécie humana: sociedade primitiva, feudal, capitalista; União de várias pessoas que acatam um estatuto ou regulamento comum: sociedade cultural. Sociedade, ademais, apresenta um significado sociológico, como esta acepção retirada da Encyclopaedia of Social Sciences: todo o complexo de relações do homem com seus semelhantes. É importante saber que existem duas teorias que tratam da sociedade, a teoria orgânica e a teoria mecânica. A teoria orgânica foi proposta pelos filósofos gregos do século V a.C., como Platão e Aristóteles, e avalia que a sociedade é o valor fundamental, pois é por meio dela que a vida é mantida. A teoria orgânica propõe que o indivíduo sozinho não existe. Para ela, há a necessidade de haver autoritarismo, hierarquia e dependência, para proteger o indivíduo em sociedade, já que esta é a organização superior onde o ser humano vive e sobrevive de geração para geração. Uma geração pode se encerrar, os indivíduos podem morrer, mas a sociedade sempre estará presente para abrigar novas gerações e novos indivíduos. De outra parte, a teoria mecânica acredita que o indivíduo é o centro das relações e não a sociedade; a propósito, para essa teoria a sociedade é considerada como simples junção de indivíduos. Ainda, defende que a base da sociedade não é o autoritarismo como preceitua a teoria orgânica, mas sim o assentimento e a vontade livre dos indivíduos. Sociedade e comunidade Sociedade e comunidade são formas distintas da convivência humana, de modo que esta surgiu primeiro que aquela. Essa distinção é mais conhecida pelo estudo de Toennies. Na sociedade, os indivíduos vivem conjuntamente, mas permanecem separados. A vontade aqui é arbitrária, governada pela razão. Trata-se de uma organização. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO A comunidade, por sua vez, é feita de solidariedade entre os indivíduos do mesmo grupo. Ou seja, preponderam nela os vínculos afetivos. Como se percebe, então, aqui, a vontade, governada pelos instintos, é essencial. Concluindo, a comunidade forma um organismo. Sociedade e estado Sociedade e Estado podem se confundir em muitas vezes, mas é importante saber que primeiro surge a sociedade e depois surge o Estado. Sociedade pode ser considerada o conjunto dos fenômenos da convivência humana ocorridos fora do Estado. Norberto Bobbio definiu sociedade como “Conjunto de relações humanas intersubjetivas, anteriores, exteriores e contrárias ao Estado ou sujeitas a este”. Governo Governo é a organização do poder do Estado e seu funcionamento, ou seja, é a forma pela qual o Estado irá se regrar e funcionar. Assim, as formas de governo foram evoluindo no decorrer dos séculos, por contribuições teóricas encabeçadas por grandes filósofos e doutrinadores. Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.) classificou as formas de governo em: monarquia, aristocracia, democracia e governo misto. Além disso, Aristóteles adotou o termo governo puro e governo impuro. O governo puro é aquele em que há a preocupação com o interesse comum. Já o governo impuro é aquele em que há a preocupação com os interesses pessoais dos governantes e não com o interesse da coletividade. Maquiavel (1469 a 1527) dividiu as formas de governo em duas: a Monarquia e a República, que abrange a Democracia e a Aristocracia. Montesquieu (1689 a 1755), por sua vez, estabelece, em sua grande obra “Espírito das Leis”, três formas de governo: República, Monarquia e Despotismo. Para ele, a República também é a junção da Democracia e Aristocracia. Bluntschli (1808 a 1881) entende que as formas de governo são divididas em fundamentais e secundárias. As fundamentais são: ideocracia (ou teocracia), monarquia, democracia e aristocracia. As secundárias são: governos livres, despóticos e semilivres. É importante analisar cada uma das formas de governo acima mencionadas. Veja o quadro abaixo: ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO MONARQUIA A monarquia, como governo puro, é aquele comandado pelo monarca, isto é, nessa forma de governo, somente uma pessoa detém o poder. São características fundamentais da monarquia: vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade. Tratando-se de governo impuro, a monarquia se transforma em tirania. ARISTOCRACIA A aristocracia é o governo de alguns, é o governo dos melhores. O governo aristocrático seleciona os melhores, aqueles que possuem mais força em relação à inteligência para comandar o governo. É um governo autoritário, de poder absoluto, que atua conforme sua arbitrariedade em todos os níveis administrativos. A gestão é exercida por meio do soberano ou de delegações arbitrárias feitas pelo mesmo. A aristocracia será um governo impuro, no momento em que se transformar em oligarquia. DEMOCRACIA A democracia é a forma de governo cuja finalidade é atender a sociedade e suas necessidades, norteada pelos princípios da igualdade e da liberdade. Em seu âmbito, o poder emana do povo. Nela, é proporcionado o direito à voz e ação da população é estimulada, por meio da participação em criação de leis, da fiscalização (remédios constitucionais), da escolha dos representantes, direta ou indiretamente. Na hipótese de ser um governo impuro, a democracia se convola em demagogia. GOVERNO MISTO O governo misto foi uma forma de governo acrescida por pensadores romanos, como Cícero. No governo misto há uma agregação de formas de governo. Como exemplo, temos a Inglaterra, governada por uma rainha e cujo Poder Legislativo é constituído por duas Câmaras: a dos Lordes e a dos Comuns. Dessa forma, percebe-se nela a presença da monarquia, daaristocracia e da democracia. REPÚBLICA A República é a forma de governo no qual o governante atua no interesse do próprio povo. Governante é um representante do povo, por ele escolhido, para um mandato determinado, podendo ser responsabilizado por seus atos, na medida em que é um gestor da coisa pública. DESPOTISMO O despotismo é a forma de governo pela qual o representante do poder governa pelo impulso das suas vontades, sem obedecer qualquer ordem jurídica. É o governo que não está adstrito a leis, que nega liberdade, tornando-se temido pelo o povo. IDEOCRACIA OU TEOCRACIA A ideocracia ou teocracia é a forma de governo que possui como base a soberania com apelo à uma determinada divindade ou concepção religiosa. Em outros termos, o governo e seu poder político possuem como fundamentos a teologia. Essa ideocracia ou teocracia, caso seja pervertida, gera a idolocracia, a idolatração cega da religiosidade. No século XIX, surgiram outras formas de governo com base na separação dos poderes. São elas: governo parlamentar, governo presidencialista e governo convencional, também chamado de governo da assembleia. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO É muito comum, atualmente, essas formas de governo serem denominadas de sistemas de governo, pois se referem às relações entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo, no exercício das funções governamentais. PARLAMENTARISMO O Parlamentarismo se fundamenta na colaboração do Poder Legislativo e Poder Executivo, na distinção entre chefe de Estado e chefe de Governo, na possibilidade de dissolução do parlamento, na responsabilidade política da chefia do governo. O chefe de governo tem um mandato determinado, permanecendo no cargo enquanto possuir a maioria parlamentar. PRESIDENCIALISMO O Presidencialismo apresenta a separação mais rígida entre três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Nesse sistema, o chefe do Poder Executivo está subordinado à lei. O presidente da República é chefe de Estado e chefe de Governo. A chefia do Executivo é unipessoal. Por fim, o presidente da República é escolhido pelo povo, com mandato determinado e tem poder de veto. CONVENCIONAL OU GOVERNO DE ASSEMBLEIA OU GOVERNO DIRETORIAL No governo Convencional ou de Assembleia, a assembleia representativa é mais preponderante no governo. Todo o poder de Estado se concentra no parlamento, sendo a função executiva exercida por uma junta governativa por delegação do mesmo parlamento. SEMIPRESIDENCIALISMO OU SISTEMA MISTO No Semipresidencialismo, há dois órgãos eleitos pelo sufrágio direto: o Presidente e o Parlamento. Da mesma forma, há dupla responsabilidade do governo (do gabinete) perante o Presidente da República e perante o Parlamento. O que são formas de Estado? As formas de governo são diferentes das formas de Estado. Se, de um lado, aquelas se referem ao funcionamento do Estado, estas são formas da organização do Estado de forma política, como a unidade ou pluralidade do ordenamento estatal, na presença de um poder central, a cúpula e o centro do poder político. São três formas de Estado: Estado Unitário, Federação e Confederação. Estado Unitário pode ser puro/centralizado ou descentralizado. O puro/centralizado corresponde à centralização do poder e o descentralizado corresponde à descentralização administrativa, ou seja, as decisões políticas são concentradas no poder central, mas a execução das decisões é realizada de forma delegada e não por aquele. Percebe-se que, em momento algum, há a descentralização do poder político, mas somente da administração. Dependendo do autor, o Estado Unitário possui, ainda, formas diversas. Para Burdeau, as formas são: centralização política e centralização administrativa. A centralização política é a centralização do ordenamento jurídico do país, que ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO deve seguir somente uma lei e um só direito. A centralização administrativa é a centralização da aplicação da lei pelos agentes públicos também chamados de agentes do poder. Para Dabin, as formas são: centralização territorial e centralização material. Na centralização territorial, o poder do Estado se espalha para todo o território. A competência material é a expansão da competência estatal, possuindo autonomia. Para outros autores, as formas são centralização concentrada e centralização desconcentrada. A centralização concentrada é a centralização do poder e sua execução de cima para baixo, sem desvios, isto é, há somente uma única autoridade estatal ou um único centro de decisão, assim como um instrumento de execução pelos servidores que dependem direta ou indiretamente do poder central. A centralização desconcentrada é a existência da competência de poder não somente central, mas também dos agentes estatais que possuem poderes de decisão, mas, do mesmo modo, mantendo a dependência do poder central do Estado. A centralização desconcentrada nada mais é do que a delegação de poder para agentes estatais. Nas palavras de Paulo Lopo Saraiva, Estado Unitário “é, por conseguinte, rigorosamente centralizado, no seu limiar, e identifica um mesmo poder, para um mesmo povo, num mesmo território”. Diferentemente do Estado Unitário, a Federação é a forma de Estado em que há a descentralização político-administrativa; o Estado deve seguir as regras previstas por uma Constituição com diversos princípios. Os poderes possuem autonomia e é indissolúvel. Isso quer dizer que em um mesmo território há ordens estatais que devem ser obedecidas: a do Estado Federal, por exemplo o Brasil, e a dos Estados federados, por exemplo os Estados brasileiros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, entre outros. O Brasil, a propósito, é constituído por 26 Estados federativos e pelo Distrito Federal. Nas palavras de Dalmo de Abreu Dallari, a Federação se forma quando “os Estados que ingressam na federação perdem sua soberania no momento mesmo do ingresso, preservando, contudo, uma autonomia política limitada”. A Confederação é bem polêmica, pois alguns autores dizem que é uma forma de Estado e outros dizem que é um acordo entre Estados soberanos. É importante saber algumas características da Confederação: Estados soberanos celebram tratado formando uma união dissolúvel. Preservam o direito de secessão (direito de se separar) e podem criar um órgão central para estabelecer as obrigações de cada Estado e executar as decisões pensadas pelos Estados participantes da Confederação. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Quais os objetivos da Confederação? Entre eles, devemos citar: defesa dos Estados soberanos que se unem (tornam-se mais fortes se estão unidos); proteção e manutenção da paz entre esses Estados. Um grande exemplo de Confederação é a americana que existiu entre 1781 e 1789. Por fim, “governar… não é somente ‘executar’ ou aplicar as leis; governar é dar impulso à vida pública, tomar iniciativa, preparar as leis, nomear, revogar, punir, atuar. Atuar sobretudo”. Faça os exercícios após assistir ao vídeo da aula e fazer leitura do material complementar. Bons estudos. Fonte: Istock ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Função de governo: poderes executivo; legislativo; e judiciário Breve histórico O século XVII pode ser considerado como o do apogeu da soberania no viés da monarquia, isto é, somente um único indivíduo possuía o poder: o rei. A monarquia foi uma resposta e uma solução à época da Idade Média, também conhecida como Idade das Trevas, que durou, aproximadamente, do século V ao XV. O que parecia ser a solução de uma época mostrou-se, contudo, na replicação dela. Em outros termos, se, na Idade Média, a Igreja possuía o monopólio do poder, na época da monarquia, essa condição se repetiu, mas, desta feita, o monopólio do poder foi transferido para o monarca. No século XVIII, então, a monarquia começou a ser vista como ultrapassada para a época. Isso aconteceu porque,com o crescimento do comércio e do capitalismo, fez-se necessário um Estado mais liberal, para que a burguesia conseguisse a expansão de seus negócios, tão desejada naquele momento. Com a monarquia ainda presente como forma de governo, essa liberdade, todavia, não seria alcançada tão cedo, pois, com o passar do tempo, o monarca se tornava mais autoritário, mais absoluto e continuava a comandar os passos de toda a sociedade, a fim de que não houvesse possibilidade de retirada do poder. A melhor forma de governo, portanto, seria a menos impessoal, em que não haveria confusão da figura do rei com a do Estado. Não somente isso, em que houvesse, também, a limitação do poder estatal, contendo-se o autoritarismo e adotando-se formas liberais de atuação econômica. Dentro desse caldo cultural, no intuito de alcançar os objetivos acima, ocorreram as Revoluções Burguesas: a Francesa, de 1789, impulsionada pelo lema “liberdade, igualdade e fraternidade” e as inglesas do século XIX. A separação de poderes Quando se fala em “separação de poderes”, a primeira obra que vem à mente é “Do Espírito das Leis”, de Montesquieu, não é mesmo? Apesar de Montesquieu ter utilizado a separação de poderes de forma mais nítida, é importante saber ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO que ela já era bastante utilizada na Antiguidade e na Idade Média. Exemplificando, na Antiguidade, Aristóteles distinguia os poderes da assembleia-geral, do corpo judiciário e do corpo de magistrados. Locke (1632 a 1704), na Inglaterra, um pensador contrário ao absolutismo da monarquia, também tratou sobre a separação dos poderes no “Segundo Tratado do Governo Civil”, cap. XIV, dividindo o poder em quatro: executivo, legislativo, judiciário e a prerrogativa. Esta era entendida como a função do príncipe em preencher as lacunas e omissões da lei, visando o bem comum. Deve-se abrir um parêntese aqui para comentar que o Brasil, na época do Império, utilizava quatro poderes: Legislativo, Judiciário, Executivo e Moderador, este previsto no artigo 98 da Constituição de 25.03.1824, dessa forma: “O Poder Moderador é a chave de toda a organização Política, e é delegado privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia dos demais Poderes Políticos”. O Poder Moderador, também chamado de Poder Real, era um poder neutro, era o “juiz” dos outros Poderes, com o propósito de manter o equilíbrio, a estabilidade e evitar os abusos de poder. Em relação a Montesquieu (1869 a 1755) e sua obra “Do Espírito das Leis”, a separação dos poderes foi vista como um princípio que deveria estar presente em todo o Estado, tornando as Constituições do mundo, primeiro as europeias, tomando como modelo a da Inglaterra, instrumentos mais fortes com a presença de tal separação, o que viria a se tornar um princípio de garantia das liberdades individuais. Montesquieu não acreditava apenas na liberdade e na necessidade de sua proteção, entendia, ademais, que todo indivíduo que possui poder, possui, conseguintemente, a tendência de abusar dele. Nesse prisma, para evitar qualquer abuso do poder político, Montesquieu dizia que a sociedade política precisava ser organizada para que um poder fosse o freio de outro poder, havendo a limitação do poder por ele próprio. Essa é a ideia da separação dos poderes, que para Ives Gandra da Silva Martins: “[...] com a tripartição equilibrada de poderes de Montesquieu, chega-se à discussão do sistema de governo, já a esta altura, após a Revolução Francesa, eliminando-se de vez a possibilidade de se discutir a permanência de monarquias absolutas”. Montesquieu, assim, determinava que o Estado possui três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, os quais possuem funções diferentes. Exemplos de sistemas em que há a utilização da separação dos três poderes são justamente o parlamentarismo, como na Inglaterra, e o presidencialismo, como no Brasil. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Você vai estudar cada poder separadamente nas próximas aulas, mas somente para verificar o que Montesquieu conceituava sobre cada poder, tem-se que: • Poder Legislativo era o determinado para fazer as leis, aperfeiçoar ou revogar as já existentes; • Poder Executivo era o determinado para estabelecer a segurança e prevenir invasões; • Poder Judiciário era o determinado para julgar e punir. Kant (1724 a 1804) definia os três poderes da seguinte forma: o Judiciário é o inapelável, ou seja, aquele ao qual não se pode recorrer, apelar; o Legislativo é o irrepreensível, é impecável, perfeito; o Executivo, por fim, é o irresistível, que seduz, que encanta. Eram esses três poderes que limitavam os próprios três poderes, isto é, o Executivo limita a atuação do Judiciário, que limita a do Legislativo, e assim por diante, com a finalidade de evitar abuso de poderes e restrição da liberdade política. Para Montesquieu, a liberdade política estará presente quando a sociedade não possui temor em relação ao governante e quando os poderes forem independentes um dos outros. Exemplificando, se uma mesma pessoa detém o poder legislativo e o poder executivo, a liberdade política deixa de existir, já que a mesma pessoa que cria as leis também irá executá-las. E o mesmo ocorre quando somente um possui o poder judiciário e legislativo ou o poder judiciário e executivo ao mesmo tempo. No momento em que os três poderes se concentram na mão de um ou de alguns, gera- se a perda da liberdade política e instaura-se o despotismo e o abuso de poder. A Constituição da Inglaterra é a modelo, como dito acima, pois utilizou a liberdade política como objeto da sua Constituição e a separação dos poderes. Outro exemplo é a Constituição Francesa de 03.09.1791, que dizia “Toda sociedade na qual não esteja assegurada a garantia dos direitos do homem nem determinada a separação de poderes não possui constituição”. Também está escrito na Constituição de 04.11.1848: “A separação de poderes é a primeira condição de um governo livre”. No Brasil, as Constituições de 1891, 1934, 1964, 1967 e 1988 consagram a separação de poderes. Veja a letra de duas Constituições: a de 1891 determinava: “São órgãos da soberania nacional o poder legislativo, o executivo e o judiciário, harmônicos e independentes”. E a de 1988, em vigor até os dias de hoje, determina em seu artigo 2º: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO As técnicas de controle servem para trazer o equilíbrio, a harmonia entre os poderes. Apesar de um poder interferir no outro, essa intervenção não é feita para que este perca sua independência, mas sim para regular situações e evitar o abuso de poder. Assim como o Executivo interfere no Legislativo, ele também interfere no Judiciário, no momento em que nomeia membros para o Poder Judiciário; o Presidente, por exemplo, nomeia ministros do Supremo Tribunal Federal. O mesmo ocorre com o Poder Legislativo, que interfere no Poder Executivo e no Poder Judiciário. Em relação ao Executivo, o Legislativo pode rejeitar o veto presidencial, pode iniciar o impeachment de autoridade do Executivo, como o Presidente, entre outros. Em relação ao Judiciário, o Legislativo determina o número de membros, determina o território onde o juiz exercerá as suas atribuições e competências e fixa as despesas dos Tribunais. O Poder Judiciário interfere no Poder Legislativo para instituir regras de funcionamento, como horários, dias etc. e para decidir sobre a inconstitucionalidade de atos do Legislativo. E interfere no Poder Executivo para organizar o quadro de servidores e para analisar ilegalidades nos atos administrativos cometidos pelo Executivo. Ainda falando sobre o Brasil, a Constituição Federal de 1988 não se limitou à utilização da teoria da separação dos Poderes,mas a alterou para acrescentar a presença do Ministério Público como o fiscalizador da atuação dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, bem como o defensor dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988. Assim, o Ministério Público também faz parte da teoria dos freios e contrapesos acima descrita. Com essa interferência de um Poder sobre o outro, demonstra-se que a separação de poderes não é uma separação para que cada um deles desempenhe suas funções sem ajudar o outro; na verdade, trata-se de uma separação de funções, de forma que deve haver harmonia, comunicação, cooperação, equilíbrio entre os três Poderes, haja vista ser o poder Estatal uno, indivisível, como você estudou anteriormente. É sempre bom lembrar que o princípio da separação de poderes se tornou muito importante para encerrar o período do absolutismo, em que somente uma pessoa, o rei, detinha todo o poder do Estado. A separação de poderes surgiu para modificar essa estrutura e garantir a liberdade. Logo, pode-se concluir que a divisão dos poderes foi necessária para encerrar o absolutismo e evitar a concentração de poder em uma só pessoa. Alguns autores, no entanto, acreditam que tal separação não é mais necessária, pois a época mudou e os princípios também devem ser alterados, o que deve existir não é a ideia ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO da separação de poderes (doutrina liberal), mas sim a separação de funções do Estado (constitucionalismo moderno): a função legislativa, judiciária e executiva, mantendo a relação harmônica já mencionada. Um desses autores é Coste-Floret que assim escreveu: “Pois que é indubitável que a soberania é una, é impossível admitir com o sistema presidencial que existem três poderes separados. Mas porque a soberania é una, não é preciso concluir que todas as funções do Estado devem ser necessariamente confundidas. Para realizar uma organização harmônica dos poderes públicos, é preciso ao contrário construí-los sobre o princípio da diferenciação das três funções do Estado: legislativa, executiva, judiciária. Para tomar de empréstimo uma comparação simples à ordem biológica, é exato por exemplo que o corpo humano é uno e todavia o homem não faz com os olhos o que tem o hábito de fazer com as mãos. É preciso que ao princípio da unidade orgânica se junte a regra da diferenciação das funções. Há muito tempo que a regra da separação dos poderes, imaginada por Montesquieu como um meio de lutar contra o absolutismo, perdeu toda a razão de ser”. E o que você acha? Faça as suas pesquisas sobre o tema e resolva os exercícios referentes à aula para medir os seus conhecimentos. Bons estudos. Fonte: Istock ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Organização do estado: o poder legislativo Como você já estudou, o Brasil adotou o princípio da separação de poderes formulado por Montesquieu, o que está bem cristalino no artigo 2º da Constituição Federal de 1988: “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. A Constituição Federal de 1988, em sintonia com o princípio da separação de poderes, apresentou dispositivos sobre a organização deles, de tal forma que, entre os artigos 44 e 75 da Carta Magna, consta toda a análise das funções, atribuições e responsabilidades do Poder Legislativo, que será estudado nesta unidade. A soberania do Estado é una, o que, entretanto, não impede a separação dos poderes/funções, e vice-versa. Justamente para consagrar essa soberania estatal, cada Poder apresenta funções típicas e atípicas a serem realizadas em prol do Estado e da coletividade. Quais são as funções do Poder Legislativo? As funções típicas do Poder Legislativo são fiscalizar e legislar. Exemplificando: o Congresso Nacional pode legislar, quer dizer, elaborar novas leis, mas também é sua incumbência fiscalizar a situação financeira e orçamentária do Poder Executivo. As funções atípicas são a de administrar e julgar. O Poder Legislativo administra e organiza a sua operação interna, os cargos de seu quadro de servidores e julga o Presidente da República, quando acusado de cometer crime de responsabilidade. Para exercer as funções típicas e atípicas, o Poder Legislativo está dotado de prerrogativas e imunidades. Veja: • Deputados e Senadores são invioláveis penal e civilmente quanto a emissão de opiniões, palavras e votos; • São julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF); • Somente serão presos por flagrante de crime inafiançável. Em relação aos outros crimes, o Congresso Nacional decidirá sobre a prisão do congressista; • Além disso, não são obrigados a servirem de testemunha sobre as informações recebidas durante o mandato legislativo. Como Deputados e Senadores podem perder o mandato? O artigo 55, da CF, traz algumas hipóteses de perda de mandato. São elas: a) congressista cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; b) que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; c) que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; d) quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição; que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. Sem embargo dessas hipóteses, importante salientar que o art. 54 do texto constitucional também prevê hipóteses de perda do mandato parlamentar. Congresso nacional O Congresso Nacional é o primeiro tema a ser tratado no capítulo da CF/1988 que dispõe sobre o Poder Legislativo. Ele é a representação do exercício do poder pelo Legislativo Federal e é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal (artigo 44 da Constituição Federal de 1988). Cada legislatura possui duração de quatro anos, conforme Parágrafo Único do artigo 44 da Constituição Federal de 1988. Veja mais sobre ele no site: https://www.congressonacional.leg.br/pt. Por ser composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, o Congresso Nacional é considerado bicameral, o que difere totalmente do Poder Legislativo Estadual, Distrital e Municipal, que são considerados como unicamerais, o que pode ser analisado nos artigos 27, 29 e 32 do texto constitucional. Nesse sistema bicameral, uma Casa não predomina sobre a outra. Possuem competências diferenciadas. Câmzra dos deputados As disposições sobre a Câmara dos Deputados constam do artigo 45 da Constituição Federal de 1988. É composta por representantes do povo que devem ser eleitos em cada Estado, Território e Distrito Federal. É interessante saber que o número de representantes eleitos deve ser proporcional à população de cada Estado e do Distrito Federal, sendo o mínimo de oito representantes e máximo de setenta representantes (§1º do artigo 45 da Constituição Federal de 1988). Para os Territórios está prevista a eleição quatro deputados. O número máximo de deputados federais não poderá ultrapassar a quantia de quinhentos e treze representantes, conforme artigo 1º da Lei Complementar 78/2013 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp78.htm). O Estado que terá setenta representantes é o mais populoso. Exemplificando, para o Estado do Acre há oito deputados; a Bahia possui 39. Minas Gerais, 53 deputados e São Paulo, 70. Essas informações podem ser consultadas no link a seguir: https:// especiais.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2018/resultados/deputados-federais- ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO eleitos/. Essa representação proporcional do povo de um Estado na Câmara dos Deputados é importante, no intuito de atender o interesse da grande a maioria da população. Para ficar mais fácil visualizar o sistema proporcional, transcreve-se a lição ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes: “A aplicação do sistema proporcional deve ser disciplinada pela legislação ordinária, queadotou o método do quociente eleitoral, consistente na divisão do total de votos válidos dados em candidatos pelo número de cargos em disputa. O resultado dessa operação aritmética denomina-se quociente eleitoral. A partir disso, divide-se o total de votos obtidos por cada uma das legendas pelo quociente, chegando-se, consequentemente, ao número de cadeiras obtidas por cada legenda. O sistema proporcional acarreta o difícil e importante problema das sobras eleitorais, resultantes das referidas operações aritméticas. A legislação brasileira atual dotou para solução desse problema o critério da melhor média. Assim, após a definição do quociente eleitoral, esse critério consiste, primeiramente, na realização do cálculo real do número de votos que o partido necessitou para obter cada cadeira. Obtidas as médias que cada partido necessitou para eleger seus representantes, distribuem-se as cadeiras faltantes às melhores médias”. Quais são as atribuições da Câmara dos Deputados? As atribuições privativas da Câmara dos Deputados estão descritas no artigo 51 da Constituição Federal de 1988. São elas: a) autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; b) proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; c) elaborar seu regimento interno; d) dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; e) eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. Por fim, é essencial saber que no caso de renúncia do mandato ou da perda deste pelo deputado federal, o suplente será convocado para assumir a vaga deixada em aberto, desde que o suplente ainda esteja filiado ao partido pelo qual ele se elegeu, isso porque os mandatos pertencem aos partidos políticos e não ao político eleito, possuindo, o partido, o direito de preservar o mandato em caso de desfiliação do parlamentar ou de sua transferência para outra legenda, sem justo motivo. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Senado federal O Senado Federal está previsto no artigo 46 da CF de 1988. Ele é composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal, sendo que cada um pode eleger três senadores de forma majoritária, com mandato de oito anos (§1º do artigo 46 da Constituição Federal de 1988). A forma majoritária de eleição simplesmente significa que será eleito senador aquele que possuir maior número de votos dentro do ente federativo respectivo (maioria simples). Importante saber que essa representação é renovada de quatro em quatro anos, como ocorre na renovação do mandato de Presidente da República, com a distinção de que será renovada alternadamente, por um e dois terços, a cada legislatura, ou seja, em determinado pleito nacional, o eleitor votará em um Senador somente. Na eleição seguinte, depois de outros quatro anos, os eleitores poderão dar seu voto para dois Senadores e assim sucessivamente (§2º do artigo 46 da Constituição Federal de 1988). “Exemplificando: na eleição de 1990 todos os Estados-membros e o Distrito Federal elegeram um senador, permanecendo no Senado Federal dois Senadores da República de cada unidade da federação que haviam sido eleitos em 1986 (renovação de ⅓). Na eleição de 1994, diferentemente, foram eleitos dois Senadores da República por Estado-membro e Distrito Federal, permanecendo na Casa Legislativa somente os parlamentares que haviam sido eleitos em 1990 (renovação de ⅔). Quais são as atribuições do Senado Federal? As atribuições privativas do Senado Federal estão descritas no artigo 52 da CF de 1988. São quinze, aqui mencionaremos algumas, as restantes você poderá verificar na íntegra, no texto de Nossa Carta Magna: a) processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; b) aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente; c) autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; d) fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; e) suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; f) aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato; g) eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Por fim, é essencial saber que no caso de renúncia do mandato ou da perda deste pelo Senador, o primeiro suplente será convocado para assumir a vaga deixada em aberto, e em caso de impedimento, será chamado o segundo suplente. Todos devem estar filiados ao partido pelo qual se elegeram. Isso porque os mandatos são dos partidos políticos e não das pessoas que foram eleitas, possuindo, o partido, o direito de preservar o mandato, em caso de desfiliação ou transferência da legenda sem justo motivo. Do funcionamento do congresso nacional A Emenda Constitucional (EC) 50/06 determinou o período legislativo, que se refere às épocas em que ocorrerão as sessões legislativas, votações e outras atividades parlamentares previstas previsto no artigo 57 da Constituição Federal de 1988: as sessões legislativas se iniciam em 02 de fevereiro e se encerram em 17 de julho, reiniciando-se em 1°de agosto e encerrando-se em 22 de dezembro. Antes da Emenda Constitucional (EC) 50/06, as sessões legislativas se iniciavam em 15 de fevereiro e se encerravam em 30 de junho, retomando as atividades em 1° de agosto e encerrando-se em 15 de dezembro. Ou seja, percebe-se que os recessos de meio de ano e final de ano foram encurtados com a EC 50/06. A sessão legislativa se inicia em 02 de fevereiro, mas no dia 1° deste mês os representantes do povo e do Estado se reúnem em sessões preparatórias para a posse dos membros e para a eleição da Mesa do Congresso Nacional, de modo que os eleitos terão mandato de dois anos na Mesa e não podem ser reeleitos para o mesmo cargo na eleição seguinte (§4º do artigo 57 da Constituição Federal de 1988). A Mesa do Congresso Nacional é o órgão administrativo que o dirige. Ela é presidida pelo Presidente do Senado Federal e preenchida pelos eleitos na sessão preparatória do dia 1° de fevereiro, ficando composta da seguinte forma: Presidente do Senado; 1ª Vice-Presidente da Câmara; 2ª Vice-Presidente do Senado, 1º Secretário da Câmara; 2º Secretário do Senado; 3º Secretário da Câmara e 4º Secretário do Senado. É imperioso saber que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal se reunirão em sessão conjunta para, entre outros: (i) inaugurar a sessão legislativa; (ii) elaborar regimento comum e regular a criação de serviços comuns à Câmara e ao Senado; (iii) receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; (iv) conhecer do veto e sobre ele deliberar. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Além disso, poderá haver convocação extraordinária do Congresso Nacional que pode ser feita da seguinte forma, conforme 57, §6º, I e II, da Constituição Federal de 1988: Pelo Presidente do Senado Federal nos casos: - Decretação de estado de defesa ou de intervenção federal; - Pedido de autorização para a decretação de estado de sítio; - Para compromissoe posse do Presidente e Vice-Presidente da República. Pelo Presidente da República Pelo Presidente da Câmara dos Deputados Pelo Presidente do Senado Federal Pelo requerimento da maioria dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal nos casos: - De urgência ou interesse público relevante e em todas as hipóteses mencionadas desde que tenha aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. O conjunto de motivações elencadas na segunda coluna do quadro foi uma novidade trazida pela EC 50/06, pois, antes dela, os presidentes da República, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderiam, monocraticamente, convocar o Congresso Nacional sem necessidade de votação e aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. Assim, após a EC 50/06, as convocações do Congresso Nacional precisam ser aprovadas por maioria absoluta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, exceto quando for hipótese descrita na primeira coluna. Se as convocações forem aprovadas, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para qual ele foi convocado, além das medidas provisórias em vigor na data da convocação extraordinária do Congresso. Nada mais deverá ser discutido nesta sessão legislativa extraordinária (§7º e §8º do artigo 57 da Constituição Federal de 1988). Das atribuições do congresso nacional As atribuições do Congresso Nacional estão dispostas nos artigos 48 e 49 da Constituição Federal de 1988. As quinze atribuições do artigo 48 devem passar sob o crivo e a sanção do Presidente da República, ao contrário das dezessete ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO atribuições do artigo 49, que não necessitam de sanção dele, pois são exclusivas do Congresso Nacional. Como se percebe, no total são 32 atribuições, que não serão todas inseridas aqui, mas, abaixo, apontaremos algumas. É importante que você consulte as restantes no próprio texto da Constituição Federal de 1988. São algumas atribuições do Congresso Nacional que precisam ser sancionadas pelo Presidente da República: Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; Transferência temporária da sede do Governo Federal; Organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; Matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações; São atribuições exclusivas do Congresso Nacional: Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; Mudar temporariamente sua sede; Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; Das comissões do congresso nacional No Congresso Nacional existem comissões permanentes e temporárias. Essas comissões possuem seis funções, previstas no §2º do artigo 58 da Constituição Federal de 1988: ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; Realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; Convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; Receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; Solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; Apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. No §3º do artigo 58 da Constituição Federal de 1988, estão previstas as Comissões Parlamentares de Inquérito, que são utilizadas como o primeiro controle do Poder Legislativo. Com esse controle, o Poder Legislativo pode questionar os atos do Poder Executivo, analisando a gestão do que é público. As Comissões Parlamentares de Inquérito servem justamente para investigar esses atos, apurar fatos ocorridos e estabelecer conclusões que podem ser enviadas ao Ministério Público, a fim de se promover a aferição buscando a responsabilidade civil e criminal dos possíveis infratores. Essas Comissões possuem poderes investigatórios e podem: Quebrar sigilo bancário, fiscal, telefônico do investigado; Ouvir testemunhas, inclusive com a possibilidade de condução coercitiva; Ouvir investigados ou indiciados, sempre respeitado o direito ao silêncio de quem está sendo ouvido; Realizar perícias e exames necessários para constituir provas, bem como determinar busca de documentos e dados; Determinar buscas e apreensões. E o que as Comissões Parlamentares de Inquérito NÃO podem fazer? Decretar prisão, salvo as de flagrante; Determinar a aplicação de medidas cautelares, como indisponibilidade de bens, sequestro, arresto, proibição de se ausentar da comarca ou do país; Proibir ou restringir assistência jurídica aos investigados. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO O segundo controle realizado pelo Poder Legislativo é o da fiscalização contábil, financeira e orçamentária da União, previsto nos artigos 70 a 75 da Constituição Federal de 1988. Essa fiscalização compreende a prestação de contas por parte de pessoa jurídica (pública ou privada), pessoa física que administre dinheiro ou bens públicos ou, ainda, que possuam relação com a União ou que assumam obrigações pecuniárias em nome desta. Essa fiscalização, conforme determina o artigo 70 da Constituição Federal de 1988, é realizada por controle externo pelo Congresso Nacional e pelo controle interno de cada Poder: Executivo, Legislativo e Judiciário. O controle externo é feito, como dito, pelo Congresso Nacional com auxílio do Tribunal de Contas da União. Agora que você já estudou sobre os aspectos mais essenciais do Poder Legislativo, é interessante se aprofundar no conteúdo, lendo livros, artigos e fazendo as suas pesquisas. Além disso, resolva todos os exercícios após a aula. Bons estudos. Fonte: Istock ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Organização do estado: o poder executivo O que é Poder Executivo? É um poder constitucional independente, que atua em conjunto com os demais Poderes, Legislativo e Judiciário, ou independentemente deles, mas, de toda forma, sempre mantendo a harmonia, em um ou noutro caso. Ele está previsto nos artigos 76 a 91 da Constituição Federal de 1988. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, escreveu: “Aponte-se que Montesquieu concebeu o Poder Executivo como definidor e realizador constante da política de ordem interna e das relações exteriores”. Quais as funções típicas do Poder Executivo? A principal função típica do Poder Executivo é praticar atos de comando e chefia estatal, chefia de governo e de administração. Por isso, o titular do Poder Executivo é considerado Chefe de Estado e Chefe de Governo. Além desta, o Poder Executivo é incumbido de: administrar interesses públicos, governar o povo e cumprir a Constituição. Tal como o Poder Legislativo, que você estudou anteriormente, o Poder Executivo apresenta, além das funções típicas (administração da coisa pública), funções atípicas, como o ato de legislar previsto no artigo 62 da Constituição Federal/1988: “Em caso de relevância e urgência, o Presidenteda República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional” e de julgar, nos casos de processos administrativos. No Brasil, o Presidente da República é quem exerce o Poder Executivo, pois a forma de governo adotada aqui é a do presidencialismo. Relembrando: o presidencialismo foi utilizado pela primeira vez em 1787 pela Constituição norte-americana. Neste ponto, é importante elencar algumas características do presidencialismo: (I) separação mais rígida dos três poderes: o poder de Estado é partilhado entre Legislativo, Executivo e Judiciário, com base no modelo da separação de poderes criado por Montesquieu, como você aprendeu em unidades anteriores; (II) A chefia estatal e do governo permanecem nas mãos de uma só pessoa, configurando a unipessoalidade idolatrada pelo presidencialismo e, devido a isso, o Chefe de Estado/Governo deve ter sua atuação livre, imparcial, respeitando os princípios constitucionais. O Chefe do Poder Executivo, escolhido pelo povo, é subordinado à lei, cumpre mandato determinado (4 anos, com direito a concorrer a uma reeleição) e tem poder de veto. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Na condição de chefe de Estado, a função do presidente é representar o país em âmbito internacional, consoante os artigos 84, VII, VIII e XIX da Constituição Federal/1988. De outro lado, como chefe de Governo, o Presidente exerce liderança da política nacional e representa o país internamente. Pratica atos administrativos, o que pode ser conferido no artigo 84, I, II, III, IV, V, VI, IX a XXVII da Constituição Federal/1988. Para fazer uma comparação, no parlamentarismo, a chefia do estado e de governo não ficam na mão de uma mesma pessoa, mas é dividido: enquanto o Chefe de Estado é o Presidente ou Monarca, o Chefe de Governo é o Primeiro Ministro. (III) promove a independência entre os Poderes Executivo e Legislativo, pois são poderes iguais, harmônicos, de modo um não pode extinguir o outro ou interferir no funcionamento do outro. O Poder Legislativo, por exemplo, não pode influenciar a escolha dos auxiliares do Presidente (ministros e secretários); o Poder Executivo, a seu turno, não pode dissolver o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal); (IV) responsabilização do Presidente da República, de forma política e penal, por crime de responsabilidade. Como dito, esse é o sistema de governo vigente no Brasil, desde a primeira constituição republicana, promulgada em 24.02.1891. A Constituição de 1824 não adotou o sistema de governo presidencialista, mas sim a monarquia hereditária e constitucional. Apesar disso, o Poder Executivo estava presente na época do Brasil Império, juntamente com outros três: Legislativo, Judiciário e Moderador, os quais você visualizou em aula anterior. COMPOSIÇÃO DO PODER EXECUTIVO FEDERAL O Poder Executivo Federal é composto pelo Presidente e pelo Vice-Presidente da República, escolhidos pelo sistema majoritário, dividido em dois: puro ou simples e o de dois turnos. O Brasil adota essas duas divisões, veja: Sistema majoritário simples ou puro: neste, será eleito o candidato que obtiver maior número de votos. No Brasil, é utilizado para a eleição de prefeitos municipais em Municípios com a presença de menos de duzentos mil eleitores e para a eleição dos Senadores da República, o que pode ser visto, respectivamente, nos artigos 29, II e 46 da Constituição Federal/1988. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Sistema majoritário de dois turnos: por meio dele, será eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos, não sendo computados os brancos e nulos. Se isso não ocorrer em primeiro turno (que ocorre no primeiro domingo de outubro de anos eleitorais), deverá ser realizado o segundo turno (no último domingo de outubro daqueles anos). Em nosso país, esse sistema é utilizado para a eleição de Presidente da República, Governadores e Prefeitos de Municípios que possuam mais de duzentos mil eleitores, o que pode ser comprovado no artigo 77 da Constituição Federal/1988. Deve-se ter atenção ao seguinte: o dispositivo que prega o último domingo de outubro para a realização da votação em segundo turno foi inserido pela Emenda Constitucional nº16/1997. O §3º do artigo 77, entretanto, não fez a alteração correspondente, permanecendo no texto constitucional que “[...] far-se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado […]”. Prevalece, a despeito disso, a alteração realizada pela Emenda Constitucional nº16/1997. REQUISITOS DO PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE Para que o Presidente e, consequentemente, o Vice-Presidente sejam eleitos pelo voto universal, direto e secreto, precisam preencher alguns requisitos previstos na Constituição Federal/1988. São eles: Ser brasileiro nato, conforme o previsto no artigo 12, §3º, I, da Constituição Federal/1988; ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Ter mais de 35 anos de idade, em obediência ao disposto no artigo 14, §3º, “a” da Constituição Federal/1988; Estar no pleno gozo dos direitos políticos, consoante o artigo 14, §3º, II da Constituição Federal/1988; Ser elegível, respeitando o disposto no artigo 14, §4º e §7º da Constituição Federal/1988; Possuir filiação partidária, nos moldes do artigo 14, §3º, V da Constituição Federal/1988; Realizar alistamento eleitoral, conforme o previsto artigo 14, §3º, III da Constituição Federal/1988; Possuir domicílio eleitoral na circunscrição, de acordo com artigo 14, §3º, IV da Constituição Federal/1988; O Presidente da República, como ressaltado acima, possui mandato de quatro anos (artigo 82 da Constituição Federal/1988), mas pode ser reeleito para um único período subsequente. À mesma regra estão sujeitos os Governadores e Prefeitos, nos ditames do artigo 14, §5º da Constituição Federal/1988. As atribuições do Presidente da República estão descritas no artigo 84 da Constituição Federal/1988 e você precisa consultá-lo. Lembre-se de que é importante acompanhar a aula com a Constituição aberta. Veja algumas delas: (I) Nomear e exonerar os Ministros de Estado; (II) Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; (III) Decretar o estado de defesa e o estado de sítio. O Vice-Presidente da República precisa preencher os mesmos requisitos previstos na Constituição Federal/1988 para o candidato à Presidência da República. A Vice- Presidência é o cargo daquele que vai substituir, eventualmente, o Presidente da República, possuindo algumas funções, como: substituição prevista no artigo 79 da Constituição Federal/1988; participação nos Conselhos da República e de Defesa Nacional, prevista nos artigos 89, I e 91, I da Constituição Federal/1988, respectivamente; sucessão do Presidente da República, disposta no artigo 80 da Constituição Federal/1988, entre outras. A figura do Vice-Presidente da República é muito questionada no mundo inteiro, por ser considerada somente simbólica, ou seja, por não possuir “importância política” no momento da eleição, tanto que, em muitas ocasiões, as pessoas acabam ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO esquecendo de analisar o currículo do candidato à Vice-Presidência, focando somente na figura do Presidente da República. Como dito, contudo, o Vice-Presidente é aquele que pode substituir o Presidente em alguns momentos políticos (impedimento, vacância, etc.), os quais você verá a seguir. Muitos críticos dizem que o cargo de Vice-Presidente poderia ser extinto, substituindo-se a chapa dupla por chapa única, de forma que esta contenha tão- somente o candidato à Presidente da República. Na hipótese em que o presidente tivesse de ser substituído definitivamente, poder-se-ia estabelecer uma eleição extemporânea, para a escolha de um novo Chefe de Estado e de Governo. Há, todavia, argumentos contrários à crítica dos que desejam a extinção do cargo de Vice-Presidente daRepública, entre eles, os ressaltados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes: “A manutenção do cargo de Vice-Presidente da República possibilita, por um lado, maiores composições políticas na formação da chapa presidencial que acarretarão, consequentemente, maiores condições de governabilidade ao presidente eleito, e, por outro lado, evita instabilidade institucional gerada pela necessidade de eleição extemporânea na hipótese de vacância definitiva do cargo presidencial, sem que houvesse um substituto definitivo para exercê-lo”. MORTE, DESISTÊNCIA OU IMPEDIMENTO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA O que ocorre em caso de morte do Presidente da República? Em relação à morte do Presidente da República, existem algumas possibilidades descritas no quadro abaixo que se aplicam à desistência e impedimento do candidato eleito ou ainda não eleito: MORTE, DESISTÊNCIA OU IMPEDIMENTO CONSEQUÊNCIA Morte, desistência ou impedimento do candidato à Presidência da República, antes do primeiro turno das eleições Gera a extinção da candidatura, mas o partido pode fazer a substituição do candidato. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Morte, desistência ou impedimento do candidato à Presidência da República, depois do primeiro turno e antes do segundo turno das eleições Gera a convocação do candidato que teve mais votos no primeiro turno, depois do candidato que faleceu, desistiu ou apresentou impedimento. Morte, desistência ou impedimento do candidato eleito Presidente da República, antes da diplomação. A diplomação é “ato pelo qual a Justiça Eleitoral atesta que o candidato foi efetivamente eleito pelo povo e, por isso, está apto a tomar posse no cargo” . Gera a manutenção da eleição, assumindo a Presidência da República, o Vice-Presidente, que deverá ser diplomado como titular do cargo de chefe do Poder Executivo. Morte, desistência ou impedimento do candidato eleito como Presidente da República e devidamente diplomado. Gera a manutenção da eleição e diplomação, assumindo a Presidência da República o Vice- Presidente como titular do cargo e chefe do Poder Executivo. A posse do Presidente da República deve ser realizada no dia 1º de janeiro, em sessão conjunta do Congresso Nacional (artigo 82 da Constituição Federal/1988). Caso o Presidente não assuma o cargo dentro de dez dias da data da posse, os cargos serão declarados vagos, exceto por motivo de força maior, denominando-se vacância, a qual deverá ser declarada pelo Poder Legislativo. Se o Vice-Presidente assumir sozinho, este assumirá não mais a Vice-Presidência, mas sim a Presidência da República. Em caso de impedimento, como doença, férias, licença, ou na vacância do Presidente da República, o Vice-Presidente o substituirá. Em caso de impedimento ou vacância dos dois cargos, entretanto, deve prevalecer o disposto no artigo 80 da Constituição Federal/1988, deste modo: “Em caso de impedimento do Presidente e do Vice- Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal”. O que ocorre em caso de vacância permanente do cargo de Presidência da República? A única pessoa que pode suceder o Presidente de forma definitiva é o Vice-Presidente, complementando o mandato (artigo 79 da Constituição Federal/1988). ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Supremo Tribunal Federal somente substituirão o Presidente e o Vice-Presidente da República em casos temporários da seguinte forma: se a vacância for nos dois primeiros anos de mandato, terá de ser realizada eleição direta, depois de 90 dias da última vaga deixada em aberto (artigo 81, §1º da Constituição Federal/1988); se a vacância for nos dois últimos anos de mandato, terá de ser realizada eleição pelo Congresso Nacional, após 30 dias da última vaga deixada em aberto (artigo 81, §2º da Constituição Federal/1988). Nos dois casos, os eleitos apenas completarão o mandato restante. ÓRGÃOS AUXILIARES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA Os órgãos auxiliares do Presidente da República são os Ministros, o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. MINISTROS DE ESTADO O cargo de Ministros de Estado está previsto nos artigos 87 e 88 da Constituição Federal/1988. Eles são nomeados e demitidos pelo Presidente da República e exercem funções auxiliares ao chefe do executivo, que estão descritas no parágrafo único do artigo 87 da Constituição Federal/1988. O artigo 88 da Constituição Federal/1988 determina que a lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios (como exemplo, as seguintes leis: 13.341/2016 e 13.690/2018. Quem pode ser ministro? Brasileiros natos, naturalizados ou os portugueses equiparados (artigo 12, §1º da Constituição Federal/1988), maiores de vinte e um anos e em pleno exercício dos direitos políticos; essa é a inteligência do artigo 87, caput, da Constituição Federal/1988. Em relação ao Ministro de Estado da Defesa, o cargo é privativo de brasileiros natos (artigo 12, §3º, VII da Constituição Federal/1988). CONSELHO DA REPÚBLICA O Conselho da República, previsto nos artigos 89 e 90 da Constituição Federal/1988, é o órgão superior de consulta do Presidente da República. A composição do Conselho da República é a seguinte: Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados, líderes da maioria e da minoria no Senado Federal, Ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros natos com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO mandato de três anos, vedada a recondução. As funções do Conselho da República estão dispostas no artigo 90 da Constituição Federal/1988, são elas: opinar sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio, questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. O artigo 90, §2º da Constituição Federal/1988 estabelece que existirá uma lei para regular o funcionamento e a organização do Conselho da República. Tal lei a nº 8.041/1990 que possui nove artigos, é interessante você ler: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8041. htm. CONSELHO DE DEFESA NACIONAL O Conselho de Defesa Nacional está previsto no artigo 91 da Constituição Federal/1998, o qual menciona que o Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos que envolvem a soberania nacional e a defesa do Estado democrático. São membros do Conselho de Defesa Nacional: Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro da Justiça, Ministro de Estado da Defesa, Ministro das Relações Exteriores, Ministro do Planejamento, Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. As funções do Conselho de Defesa Nacional são as descritas no artigo 91, §1º da Constituição Federal. Por fim, o artigo 91, §2º da Constituição Federal/1988 prevê que existirá uma lei para regular o funcionamento e organização do Conselho de Defesa Nacional. A lei respectiva é a nº8.183/91, que também possui nove artigos; do mesmo modo, é importante que você a consulte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8183.htm. RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA Na época da monarquia, não havia responsabilidade do Rei pelos atos cometidos em função do cargo, com fundamento no princípio da absoluta irresponsabilidade. O Presidente da República (forma de governo presidencialista), em contrapartida, pode ser responsabilizado por infrações penais comuns e político-administrativas. O que são crimes comuns? Crimes comuns são aqueles previstos no Código Penal. “[...] o Supremo TribunalFederal já assentou, pacificamente, abranger todas as modalidades de infrações penais, estendendo-se aos delitos eleitorais, alcançando, até mesmo, os crimes contra a vida e as próprias contravenções penais. É a mesma posição pacificamente adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral, em relação ao cometimento de crimes eleitorais pelas autoridades que tenham foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal”. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO O que são crimes de responsabilidade? Trata-se de infrações político-administrativas descritas no artigo 85 da Constituição Federal/1988, consubstanciadas em atos praticados pelo Presidente da República contra (I) a Constituição Federal; (II) o livre exercício dos Poderes do Estado; (III) a segurança interna do País; (IV) a probidade da Administração; (V) a lei orçamentária; (VI) o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais e (vii) o cumprimento da leis e das decisões judiciais. Além disso, os crimes de responsabilidade também estão definidos na Lei nº1.079/1950, explicando todos os crimes acima listados, acrescidos do ato contra a guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos. Veja a Lei para completar seus estudos: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1079.htm. Importante notar que o Presidente somente será processado por crime comum e/ ou por crime de responsabilidade, após autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços de seus membros, conforme previsto no artigo 86, caput, da Constituição Federal/1988. Também está previsto no artigo 86, caput, da Constituição Federal/1988 que, caso haja autorização da Câmara dos Deputados, o Presidente será julgado pelo Supremo Tribunal Federal pelas infrações penais comuns cometidas ou pelo Senado Federal pelos crimes de responsabilidade cometidos. Isso se chama prerrogativa de foro. Veja os pertinentes artigos da Constituição Federal/1988 sobre o tema (sem grifos no original): Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; O Presidente ficará suspenso de exercer suas funções quando o Supremo Tribunal Federal receber a denúncia ou queixa-crime em relação às infrações penais comuns e/ou quando o Senado Federal instaurar processo em relação aos crimes de responsabilidade (artigo 86, §1º da Constituição Federal/1988). Essa suspensão será cessada quando o julgamento não for concluído em até cento e oitenta dias, não impedindo o regular prosseguimento do processo (artigo 86, §2º da Constituição Federal/1988). ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Também é importante saber que o Presidente da República não será preso enquanto não for proferida sentença condenatória (artigo 86, §3º da Constituição Federal/1988). E, ainda, o Presidente da República não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções durante o seu mandato (artigo 86, §4º da Constituição Federal/1988). Para encerrar, saiba que o Poder Executivo Estadual é chefiado pelo Governador e pelo Vice-Governador, com mandato igual ao do Presidente da República e mesma forma de eleição. O Poder Executivo Municipal, por sua vez, é exercido pelo Prefeito e pelo Vice-Prefeito. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Organização do estado: O poder judiciário O poder judiciário é um poder constitucional independente, uno e indivisível, isto é, nacional, que atua em conjunto com os demais Poderes, Legislativo e Executivo, ou de forma independente deles, mas sempre prezando pela harmonia entre ele e estes entes. O Poder Judiciário é composto por diversos órgãos, previstos nos artigos 92 a 126 da Constituição Federal de 1988. Quais as funções do Poder Judiciário? As funções do Poder Judiciário estão previstas no 96 da CF. Em simetria com os Poderes Executivo e Legislativo, que você estudou anteriormente, o Poder Judiciário apresenta, além das funções típicas (exercício da jurisdição, julgar), as funções atípicas de natureza administrativa como as previstas no artigo 96, I, “b”, “c”, “e” e as funções atípicas de natureza legislativa como a prevista no artigo 96, I, “a”. Ou seja, além de julgar, o Poder Judiciário administra e legisla. ATIVIDADE JURÍDICA PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA Para o exercício da magistratura, é necessário o cumprimento de alguns requisit- os: (I) ser bacharel em Direito, (II) ser aprovado em concurso público de provas e títulos; (III) ter exercido três anos de atividade jurídica, tempo que deve ser com- provado na data da inscrição definitiva. É o que está disposto no artigo 93, I, da Constituição Federal/1988. O que é considerado como atividade jurídica? Qualquer trabalho ou função, para cujo desempenho satisfatório se exija conhecimento jurídico. No caso da magistratura, em especial, é importante analisar a função que o candidato exerce e não somente o cargo. O Conselho Nacional de Justiça, no artigo 59 da Resolução 75/2009, determina que atividade jurídica é: “I - aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito; II - o efetivo exercício de advocacia, inclusive voluntária, mediante a participação anual mínima em 5 (cinco) atos privativos de advogado (Lei nº 8.906, 4 de julho de 1994, art. 1º) em causas ou questões distintas; III - o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a utilização preponderante de conhecimento jurídico; IV - o exercício da função de conciliador junto a tribunais judiciais, juizados especiais, varas especiais, anexos de juizados especiais ou de varas judiciais, no mínimo por 16 (dezesseis) horas mensais e durante 1 (um) ano; V - o exercício da atividade de mediação ou de arbitragem na composição de litígios. ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO Adiante, o §2º do artigo 59 da Resolução em questão determina que a comprovação do período de três anos de atividade jurídica deve ser realizada por certidão circunstanciada, expedida por órgão competente. Essa certidão deve conter as atividades preponderantes de conhecimento jurídico exercidas pelo candidato, a qual será analisada pela Comissão de Concurso. Continuando o assunto sobre o ingresso na magistratura, você sabia que um quinto dos tribunais do Poder Judiciário devem ser compostos por membros que não são da magistratura? O artigo 94, caput e parágrafo único dispõe sobre essa questão. Assim, podem compor um quinto dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, Distrito Federal e Territórios, Tribunal Superior do Trabalho (artigo 111-A, I da Constituição Federal/1988), Tribunais Regionais do Trabalho (artigo 115, I da Constituição Federal/1988) cidadãos das seguintes carreiras: (I) membro do Ministério Público com mais de dez anos de carreira; (II) advogados de notório saber jurídico e reputação ilibada, do mesmo modo, com mais de dez anos na advocacia. São seis indicados pelos órgãos de cada classe, restando três escolhidos pelo Tribunal e o vencedor para compor esse um quinto, chamado de quinto constitucional, é escolhido pelo Presidente da República. Interessante saber que no Superior Tribunal de Justiça também há lugar reservado para membros do Ministério Público e advogados, reserva que, no caso, é de um terço (artigo 104, parágrafo único, II da Constituição Federal/1988). GARANTIAS O Poder Judiciário possui garantias institucionais que são conhecidas como autonomias, que possuem o condão de garantir a imparcialidade e a independência deste Poder. As autonomias
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