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Contabilidade orçamentaria e orçamento publico

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ADMINISTRAÇÃO 
ORÇAMENTÁRIA E 
ORÇAMENTO 
PÚBLICO
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Elementos do estado: 
ordem formal e material
Antes de começar a estudar sobre os elementos do Estado, é importante 
saber: O que é Estado? Nas palavras de Pontes de Miranda, Estado pode ser 
definido como “o conjunto de todas as relações entre os poderes públicos e os 
indivíduos, ou daqueles entre si [...] e desde que cesse qualquer possibilidade de 
relações de tal espécie, o Estado desaparece. Desde que surja, o Estado nasce. 
Esse significado de Estado não é único, pois existem diversos conceitos dependendo 
da acepção adotada. Na acepção filosófica, Estado foi definido por Hegel (1770 a 
1831) como o valor social mais elevado e absoluto, como a realidade da ideia moral. 
Na acepção jurídica, Kant (1724 a 1804) definiu Estado como “a reunião de uma 
multidão de homens vivendo sob as leis do Direito”; Del Vecchio definiu Estado 
como “sujeito da ordem jurídica na qual se realiza a comunidade de vida de um 
povo” e Burdeau (1905 a 1988) o conceituou da seguinte forma: “o Estado se forma 
quando o poder assenta numa instituição e não num homem”.
A acepção sociológica de Estado, por sua vez, possui definições fornecidas por 
vários doutrinadores, mas aqui serão apresentadas as considerações de apenas três 
deles: para Duguit (1859 a 1928), Estado é “grupo humano fixado em determinado 
território, onde os mais fortes impõem aos mais fracos sua vontade” para von 
Jhering (1818 a 1892), Estado é “organização social do poder de coerção”; por 
fim, para Oppenheimer (1904 a 1967), Estado é “instituição social, que um grupo 
vitorioso impôs a um grupo vencido, com o único fim de organizar o domínio do 
primeiro sobre o segundo e resguardar-se contra rebeliões intestinas e agressões 
estrangeiras”. Todas essas definições podem ser consultadas no livro de Paulo 
Bonavides.
Pelo livro “Teoria do Direito e do Estado” de Miguel Reale, pode-se dizer, ainda, que 
o Estado é uma pirâmide com três faces: a social, que analisa o Estado pelos fatores 
socioeconômicos; a jurídica, que concebe o Estado pelo seu ordenamento jurídico; 
e, por fim, a política, que toma por base o governo aplicado em cada Estado e suas 
funções.
Para Jellinek, o Estado depende de três elementos essenciais para sua existência: a 
soberania, a população e o território. São esses três elementos que caracterizam o 
Estado, já que este é organização jurídica firmada em um determinado território e 
com uma população certamente definida, além de ser dotado de soberania interna 
ou nacional e soberania externa ou internacional.
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
De acordo com o que foi analisado acima, principalmente pelos conceitos de Pontes 
de Miranda e de Duguit, são elementos essenciais do Estado: (i) soberania/poder; 
(ii) população; (iii) território.
Os elementos soberania/poder, população e território são divididos em duas 
partes: os elementos de ordem formal e os elementos de ordem material. O 
binômio soberania/poder constitui o elemento da ordem formal. Os elementos que 
representam a ordem material são a população e o território (elemento humano).
Poder/soberania
Poder é um elemento essencial do Estado e significa a energia, a força, a autoridade, 
a legitimidade e a competência do Estado em relação à população e ao território. 
O poder será de fato ou de direito. O poder de fato é aquele por meio do qual 
o Estado domina tudo e todos pela força, pela dominação, pela violência. Pelo 
poder de direito, o Estado legitima suas ações, baseia-se, predominantemente, na 
competência e não na força, ou seja, em uma autoridade aprovada pela coletividade.
O poder possui as seguintes características:
Imperatividade, isto é, a obrigatoriedade da participação do povo no Estado;
Capacidade de auto-organização, traduzida na possibilidade de o Estado se organizar 
administrativamente;
Unidade e indivisibilidade do poder, isto é, somente o Estado é dotado de poder;
Legalidade e legitimidade do poder;
Soberania.
O poder, então, pode ser definido nas palavras de Afonso Arinos como “a faculdade 
de tomar decisões em nome da coletividade”.
O que é soberania? A soberania é uma das características essenciais do poder 
estatal. Ela traduz o poder supremo de um Estado designar-se com independência 
de outros Estados no cenário internacional e impor sua vontade em âmbito interno.
A soberania interna é o poder supremo que o Estado possui sobre a população 
e sobre o território. É a vontade suprema e soberana. Ainda, a soberania interna 
possui o poder político, o qual é superior aos demais poderes, que necessitam se 
sujeitar a ele para que o Estado caminhe. Logo, na soberania interna, Estado se 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
equivale à soberania, ou seja, quem nega a soberania do Estado está negando o 
próprio Estado, como o faz o anarquismo.
Já a soberania externa é o poder do Estado sobre outros Estados. É importante 
saber que a soberania possui limites, isto é, cada Estado possui sua soberania 
internacional, sendo que Estado algum pode, em tempos de paz, opor sua vontade 
contra outro. 
São características da soberania: 
a. A unidade: é inconcebível que haja mais de uma autoridade soberana dentro de 
um mesmo território, pois, entre outras repercussões, o Estado não progrediria em 
meio à dualidade de vontades equivalentes e seria impossível otimizar o serviço 
público atendendo a vontades opostas;
b. A indivisibilidade: de certa maneira decorre da unidade, pois, do mesmo modo, não 
é razoável que o Estado divida sua soberania. O poder estatal divide competências, 
mas não a soberania. Tampouco a divisão em três poderes pode ser considerada 
divisão da soberania, pois representa apenas a segregação em facetas do mesmo 
poder soberano.
c. A inalienabilidade: a soberania, em última instância, retrata a vontade da 
coletividade e tal vontade não pode ser transferida. Os representantes eleitos pelo 
povo exercerão a representação nos limites dos anseios que lhe foram entregues 
para serem efetivados. E a vontade popular se expressará nas leis e na Constituição 
Federal.
d. A indelegabilidade: isto é, não se delega o exercício da soberania que deve ser 
realizada única e exclusivamente pelo Estado.
e. A irrevogabilidade: refere-se à estabilidade política. Na época da monarquia, a 
irrevogabilidade era utilizada no sentido de que o povo não podia retirar o poder 
político do soberano.
f. A perpetuidade ou a imprescritibilidade: Por fim, é importante ressaltar que a 
soberania não é limitada no tempo, ou, em outras palavras, a legitimidade de seu 
uso não se perde com o passar do tempo. Não há soberania a prazo fixo. 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
População/povo
É importante ressaltar que população é diferente de povo. 
População é o conjunto de pessoas de um mesmo território, de um mesmo espaço 
geográfico, inclusive estrangeiros e apátridas, não possuindo, necessariamente, 
vínculo com o Estado. Esse é um conceito quantitativo, demográfico e estatístico.
Povo é o conjunto de pessoas que possui um vínculo com determinado Estado, seja 
pela cidadania, seja pela nacionalidade. Em outras palavras, povo é o elemento 
humano na formação do Estado, posto que não há Estado sem pessoas. 
Povo também pode ser definido por três acepções: política, jurídica e sociológica. 
Pela acepção política, Aurelino Leal entende que povo “indica a massa geral dos 
habitantes de um país e a parte dela a que se atribui capacidade de concorrer para 
a investidura do poder público”, isto é, o corpo eleitoral. Desse significado, pode-se 
dizer que população faz parte do povo, já que ela é “a massa geral dos habitantes 
de um país”.
Pela acepção jurídica, povo é todo cidadão ou nacional de determinado Estado, já 
que a cidadania e a nacionalidade são vínculos entre uma pessoa e determinado 
Estado. Oreste Ranelletti diz que povo é “o conjunto de pessoas que pertencem ao 
Estado pela relaçãode cidadania”.
E, por fim, considerando a acepção sociológica, povo é o conjunto de pessoas 
relacionadas pela história das gerações, pela cultura, pelos valores comuns, por 
exemplo: judeus, hebreus, entre outros.
Território
Território é a base fixa e geográfica de cada Estado, o solo, as águas, a plataforma 
continental, o espaço aéreo, o mar territorial, o subsolo, onde está presente a 
população e onde o Estado exerce o seu poder/soberania. 
Como definição, pode-se utilizar a de Ferruccio Pergolesi: território é “a parte do 
globo terrestre na qual se acha efetivamente fixado o elemento populacional, com 
exclusão da soberania de qualquer outro Estado”.
Qual a relação entre Estado e Nação? Como você estudou, o Estado somente existe 
por vontade das pessoas, pela existência de vínculo jurídico e existência de poder. 
A nação, por outro lado, é o conjunto de aspectos étnicos, históricos, sociológicos e 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
psicológicos de um povo, como a língua, a etnia, a cultura, a religião, sem vínculos 
jurídicos, inexistência de poder, sentimento de preservação, é a ideia de comunidade. 
O Estado pode ser considerado como a organização jurídica da nação. Uma nação, 
assim, pode se formar como um Estado, detentor de poder político. Exemplificando, 
os judeus eram perseguidos e foram politicamente destruídos como Estado, 
sobrevivendo como nação.
Del Vecchio afirma que “um Estado que não corresponde a uma Nação é um Estado 
imperfeito; um Estado que não defende e promove justamente o caráter nacional é 
um Estado ilegítimo”.
Dessa forma, você estudou sobre o conceito de Estado nas mais diversas acepções 
doutrinárias, a relação entre Estado e Nação, e sobre os elementos essenciais da 
formação do Estado: poder/soberania, população e território.
Para estudar mais sobre os temas dessa aula, é importante você ler o artigo a seguir: 
https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/artigo/746/o-estado-povo-soberania 
Fonte: Istock
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Sociedade e formação. Governo
O que é sociedade? No dicionário DICIO, sociedade apresenta diversos significados: 
Reunião de homens e/ou animais que vivem em grupos organizados; corpo social; 
Conjunto de membros de uma coletividade subordinados às mesmas leis ou preceitos; 
Cada um dos diversos períodos correspondentes à evolução da espécie humana: 
sociedade primitiva, feudal, capitalista; União de várias pessoas que acatam um 
estatuto ou regulamento comum: sociedade cultural.
Sociedade, ademais, apresenta um significado sociológico, como esta acepção 
retirada da Encyclopaedia of Social Sciences: todo o complexo de relações do 
homem com seus semelhantes.
É importante saber que existem duas teorias que tratam da sociedade, a teoria 
orgânica e a teoria mecânica. A teoria orgânica foi proposta pelos filósofos gregos 
do século V a.C., como Platão e Aristóteles, e avalia que a sociedade é o valor 
fundamental, pois é por meio dela que a vida é mantida.
A teoria orgânica propõe que o indivíduo sozinho não existe. Para ela, há a 
necessidade de haver autoritarismo, hierarquia e dependência, para proteger o 
indivíduo em sociedade, já que esta é a organização superior onde o ser humano 
vive e sobrevive de geração para geração. Uma geração pode se encerrar, os 
indivíduos podem morrer, mas a sociedade sempre estará presente para abrigar 
novas gerações e novos indivíduos.
De outra parte, a teoria mecânica acredita que o indivíduo é o centro das relações 
e não a sociedade; a propósito, para essa teoria a sociedade é considerada como 
simples junção de indivíduos. Ainda, defende que a base da sociedade não é o 
autoritarismo como preceitua a teoria orgânica, mas sim o assentimento e a 
vontade livre dos indivíduos.
Sociedade e comunidade
Sociedade e comunidade são formas distintas da convivência humana, de modo 
que esta surgiu primeiro que aquela. Essa distinção é mais conhecida pelo estudo 
de Toennies. 
Na sociedade, os indivíduos vivem conjuntamente, mas permanecem separados. A 
vontade aqui é arbitrária, governada pela razão. Trata-se de uma organização. 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
A comunidade, por sua vez, é feita de solidariedade entre os indivíduos do mesmo 
grupo. Ou seja, preponderam nela os vínculos afetivos. Como se percebe, então, 
aqui, a vontade, governada pelos instintos, é essencial. Concluindo, a comunidade 
forma um organismo.
Sociedade e estado
Sociedade e Estado podem se confundir em muitas vezes, mas é importante saber 
que primeiro surge a sociedade e depois surge o Estado. Sociedade pode ser 
considerada o conjunto dos fenômenos da convivência humana ocorridos fora do 
Estado. Norberto Bobbio definiu sociedade como “Conjunto de relações humanas 
intersubjetivas, anteriores, exteriores e contrárias ao Estado ou sujeitas a este”.
Governo
Governo é a organização do poder do Estado e seu funcionamento, ou seja, é a 
forma pela qual o Estado irá se regrar e funcionar. Assim, as formas de governo 
foram evoluindo no decorrer dos séculos, por contribuições teóricas encabeçadas 
por grandes filósofos e doutrinadores.
Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.) classificou as formas de governo em: monarquia, 
aristocracia, democracia e governo misto. Além disso, Aristóteles adotou o termo 
governo puro e governo impuro. O governo puro é aquele em que há a preocupação 
com o interesse comum. Já o governo impuro é aquele em que há a preocupação 
com os interesses pessoais dos governantes e não com o interesse da coletividade.
Maquiavel (1469 a 1527) dividiu as formas de governo em duas: a Monarquia e a 
República, que abrange a Democracia e a Aristocracia. Montesquieu (1689 a 1755), 
por sua vez, estabelece, em sua grande obra “Espírito das Leis”, três formas de 
governo: República, Monarquia e Despotismo. Para ele, a República também é a 
junção da Democracia e Aristocracia.
Bluntschli (1808 a 1881) entende que as formas de governo são divididas em 
fundamentais e secundárias. As fundamentais são: ideocracia (ou teocracia), 
monarquia, democracia e aristocracia. As secundárias são: governos livres, 
despóticos e semilivres.
É importante analisar cada uma das formas de governo acima mencionadas. Veja 
o quadro abaixo:
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
MONARQUIA
A monarquia, como governo puro, é aquele comandado pelo monarca, 
isto é, nessa forma de governo, somente uma pessoa detém o poder. 
São características fundamentais da monarquia: vitaliciedade, 
hereditariedade e irresponsabilidade. Tratando-se de governo impuro, a 
monarquia se transforma em tirania.
ARISTOCRACIA
A aristocracia é o governo de alguns, é o governo dos melhores. O 
governo aristocrático seleciona os melhores, aqueles que possuem mais 
força em relação à inteligência para comandar o governo. É um governo 
autoritário, de poder absoluto, que atua conforme sua arbitrariedade em 
todos os níveis administrativos. A gestão é exercida por meio do soberano 
ou de delegações arbitrárias feitas pelo mesmo. A aristocracia será um 
governo impuro, no momento em que se transformar em oligarquia.
DEMOCRACIA
A democracia é a forma de governo cuja finalidade é atender a 
sociedade e suas necessidades, norteada pelos princípios da igualdade 
e da liberdade. Em seu âmbito, o poder emana do povo. Nela, é 
proporcionado o direito à voz e ação da população é estimulada, por 
meio da participação em criação de leis, da fiscalização (remédios 
constitucionais), da escolha dos representantes, direta ou indiretamente. 
Na hipótese de ser um governo impuro, a democracia se convola em 
demagogia.
GOVERNO MISTO
O governo misto foi uma forma de governo acrescida por pensadores 
romanos, como Cícero. No governo misto há uma agregação de formas 
de governo. Como exemplo, temos a Inglaterra, governada por uma 
rainha e cujo Poder Legislativo é constituído por duas Câmaras: a dos 
Lordes e a dos Comuns. Dessa forma, percebe-se nela a presença da 
monarquia, daaristocracia e da democracia. 
REPÚBLICA
A República é a forma de governo no qual o governante atua no interesse 
do próprio povo. Governante é um representante do povo, por ele 
escolhido, para um mandato determinado, podendo ser responsabilizado 
por seus atos, na medida em que é um gestor da coisa pública. 
DESPOTISMO
O despotismo é a forma de governo pela qual o representante do poder 
governa pelo impulso das suas vontades, sem obedecer qualquer ordem 
jurídica. É o governo que não está adstrito a leis, que nega liberdade, 
tornando-se temido pelo o povo.
IDEOCRACIA OU 
TEOCRACIA
A ideocracia ou teocracia é a forma de governo que possui como base 
a soberania com apelo à uma determinada divindade ou concepção 
religiosa. Em outros termos, o governo e seu poder político possuem 
como fundamentos a teologia. Essa ideocracia ou teocracia, caso seja 
pervertida, gera a idolocracia, a idolatração cega da religiosidade.
No século XIX, surgiram outras formas de governo com base na separação dos 
poderes. São elas: governo parlamentar, governo presidencialista e governo 
convencional, também chamado de governo da assembleia.
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
É muito comum, atualmente, essas formas de governo serem denominadas de 
sistemas de governo, pois se referem às relações entre o Poder Legislativo e o Poder 
Executivo, no exercício das funções governamentais. 
PARLAMENTARISMO
O Parlamentarismo se fundamenta na colaboração do Poder 
Legislativo e Poder Executivo, na distinção entre chefe de 
Estado e chefe de Governo, na possibilidade de dissolução 
do parlamento, na responsabilidade política da chefia do 
governo. O chefe de governo tem um mandato determinado, 
permanecendo no cargo enquanto possuir a maioria 
parlamentar.
PRESIDENCIALISMO
O Presidencialismo apresenta a separação mais rígida 
entre três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Nesse 
sistema, o chefe do Poder Executivo está subordinado à 
lei. O presidente da República é chefe de Estado e chefe 
de Governo. A chefia do Executivo é unipessoal. Por fim, 
o presidente da República é escolhido pelo povo, com 
mandato determinado e tem poder de veto.
CONVENCIONAL OU GOVERNO 
DE ASSEMBLEIA OU GOVERNO 
DIRETORIAL
No governo Convencional ou de Assembleia, a assembleia 
representativa é mais preponderante no governo. Todo 
o poder de Estado se concentra no parlamento, sendo a 
função executiva exercida por uma junta governativa por 
delegação do mesmo parlamento. 
SEMIPRESIDENCIALISMO OU 
SISTEMA MISTO
No Semipresidencialismo, há dois órgãos eleitos pelo 
sufrágio direto: o Presidente e o Parlamento. Da mesma 
forma, há dupla responsabilidade do governo (do gabinete) 
perante o Presidente da República e perante o Parlamento. 
O que são formas de Estado? As formas de governo são diferentes das formas de 
Estado. Se, de um lado, aquelas se referem ao funcionamento do Estado, estas 
são formas da organização do Estado de forma política, como a unidade ou 
pluralidade do ordenamento estatal, na presença de um poder central, a cúpula e 
o centro do poder político. São três formas de Estado: Estado Unitário, Federação 
e Confederação.
Estado Unitário pode ser puro/centralizado ou descentralizado. O puro/centralizado 
corresponde à centralização do poder e o descentralizado corresponde à 
descentralização administrativa, ou seja, as decisões políticas são concentradas no 
poder central, mas a execução das decisões é realizada de forma delegada e não 
por aquele. Percebe-se que, em momento algum, há a descentralização do poder 
político, mas somente da administração.
Dependendo do autor, o Estado Unitário possui, ainda, formas diversas. Para 
Burdeau, as formas são: centralização política e centralização administrativa. 
A centralização política é a centralização do ordenamento jurídico do país, que 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
deve seguir somente uma lei e um só direito. A centralização administrativa é a 
centralização da aplicação da lei pelos agentes públicos também chamados de 
agentes do poder.
Para Dabin, as formas são: centralização territorial e centralização material. Na 
centralização territorial, o poder do Estado se espalha para todo o território. A 
competência material é a expansão da competência estatal, possuindo autonomia.
Para outros autores, as formas são centralização concentrada e centralização 
desconcentrada. A centralização concentrada é a centralização do poder e 
sua execução de cima para baixo, sem desvios, isto é, há somente uma única 
autoridade estatal ou um único centro de decisão, assim como um instrumento 
de execução pelos servidores que dependem direta ou indiretamente do poder 
central. A centralização desconcentrada é a existência da competência de poder 
não somente central, mas também dos agentes estatais que possuem poderes 
de decisão, mas, do mesmo modo, mantendo a dependência do poder central do 
Estado. A centralização desconcentrada nada mais é do que a delegação de poder 
para agentes estatais.
Nas palavras de Paulo Lopo Saraiva, Estado Unitário “é, por conseguinte, 
rigorosamente centralizado, no seu limiar, e identifica um mesmo poder, para um 
mesmo povo, num mesmo território”.
Diferentemente do Estado Unitário, a Federação é a forma de Estado em que há a 
descentralização político-administrativa; o Estado deve seguir as regras previstas 
por uma Constituição com diversos princípios. Os poderes possuem autonomia e 
é indissolúvel. Isso quer dizer que em um mesmo território há ordens estatais que 
devem ser obedecidas: a do Estado Federal, por exemplo o Brasil, e a dos Estados 
federados, por exemplo os Estados brasileiros, como São Paulo, Rio de Janeiro, 
Bahia, Minas Gerais, entre outros. O Brasil, a propósito, é constituído por 26 Estados 
federativos e pelo Distrito Federal.
Nas palavras de Dalmo de Abreu Dallari, a Federação se forma quando “os Estados 
que ingressam na federação perdem sua soberania no momento mesmo do ingresso, 
preservando, contudo, uma autonomia política limitada”.
A Confederação é bem polêmica, pois alguns autores dizem que é uma forma de 
Estado e outros dizem que é um acordo entre Estados soberanos. É importante 
saber algumas características da Confederação: Estados soberanos celebram 
tratado formando uma união dissolúvel. Preservam o direito de secessão (direito 
de se separar) e podem criar um órgão central para estabelecer as obrigações 
de cada Estado e executar as decisões pensadas pelos Estados participantes da 
Confederação. 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Quais os objetivos da Confederação? Entre eles, devemos citar: defesa dos Estados 
soberanos que se unem (tornam-se mais fortes se estão unidos); proteção e 
manutenção da paz entre esses Estados. Um grande exemplo de Confederação é a 
americana que existiu entre 1781 e 1789.
Por fim, “governar… não é somente ‘executar’ ou aplicar as leis; governar é dar 
impulso à vida pública, tomar iniciativa, preparar as leis, nomear, revogar, punir, 
atuar. Atuar sobretudo”.
Faça os exercícios após assistir ao vídeo da aula e fazer leitura do material 
complementar. Bons estudos.
Fonte: Istock
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Função de governo: 
poderes executivo; legislativo; e judiciário 
 
Breve histórico
O século XVII pode ser considerado como o do apogeu da soberania no viés da 
monarquia, isto é, somente um único indivíduo possuía o poder: o rei. A monarquia 
foi uma resposta e uma solução à época da Idade Média, também conhecida como 
Idade das Trevas, que durou, aproximadamente, do século V ao XV.
O que parecia ser a solução de uma época mostrou-se, contudo, na replicação dela. 
Em outros termos, se, na Idade Média, a Igreja possuía o monopólio do poder, na 
época da monarquia, essa condição se repetiu, mas, desta feita, o monopólio do 
poder foi transferido para o monarca.
No século XVIII, então, a monarquia começou a ser vista como ultrapassada para 
a época. Isso aconteceu porque,com o crescimento do comércio e do capitalismo, 
fez-se necessário um Estado mais liberal, para que a burguesia conseguisse a 
expansão de seus negócios, tão desejada naquele momento. 
Com a monarquia ainda presente como forma de governo, essa liberdade, todavia, 
não seria alcançada tão cedo, pois, com o passar do tempo, o monarca se tornava 
mais autoritário, mais absoluto e continuava a comandar os passos de toda a 
sociedade, a fim de que não houvesse possibilidade de retirada do poder.
A melhor forma de governo, portanto, seria a menos impessoal, em que não haveria 
confusão da figura do rei com a do Estado. Não somente isso, em que houvesse, 
também, a limitação do poder estatal, contendo-se o autoritarismo e adotando-se 
formas liberais de atuação econômica.
Dentro desse caldo cultural, no intuito de alcançar os objetivos acima, ocorreram 
as Revoluções Burguesas: a Francesa, de 1789, impulsionada pelo lema “liberdade, 
igualdade e fraternidade” e as inglesas do século XIX.
A separação de poderes
Quando se fala em “separação de poderes”, a primeira obra que vem à mente 
é “Do Espírito das Leis”, de Montesquieu, não é mesmo? Apesar de Montesquieu 
ter utilizado a separação de poderes de forma mais nítida, é importante saber 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
que ela já era bastante utilizada na Antiguidade e na Idade Média. Exemplificando, 
na Antiguidade, Aristóteles distinguia os poderes da assembleia-geral, do corpo 
judiciário e do corpo de magistrados.
Locke (1632 a 1704), na Inglaterra, um pensador contrário ao absolutismo da 
monarquia, também tratou sobre a separação dos poderes no “Segundo Tratado 
do Governo Civil”, cap. XIV, dividindo o poder em quatro: executivo, legislativo, 
judiciário e a prerrogativa. Esta era entendida como a função do príncipe em 
preencher as lacunas e omissões da lei, visando o bem comum.
Deve-se abrir um parêntese aqui para comentar que o Brasil, na época do 
Império, utilizava quatro poderes: Legislativo, Judiciário, Executivo e Moderador, 
este previsto no artigo 98 da Constituição de 25.03.1824, dessa forma: “O Poder 
Moderador é a chave de toda a organização Política, e é delegado privativamente 
ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para 
que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e 
harmonia dos demais Poderes Políticos”. O Poder Moderador, também chamado de 
Poder Real, era um poder neutro, era o “juiz” dos outros Poderes, com o propósito 
de manter o equilíbrio, a estabilidade e evitar os abusos de poder.
Em relação a Montesquieu (1869 a 1755) e sua obra “Do Espírito das Leis”, a 
separação dos poderes foi vista como um princípio que deveria estar presente 
em todo o Estado, tornando as Constituições do mundo, primeiro as europeias, 
tomando como modelo a da Inglaterra, instrumentos mais fortes com a presença 
de tal separação, o que viria a se tornar um princípio de garantia das liberdades 
individuais.
Montesquieu não acreditava apenas na liberdade e na necessidade de sua proteção, 
entendia, ademais, que todo indivíduo que possui poder, possui, conseguintemente, 
a tendência de abusar dele. Nesse prisma, para evitar qualquer abuso do poder 
político, Montesquieu dizia que a sociedade política precisava ser organizada para 
que um poder fosse o freio de outro poder, havendo a limitação do poder por ele 
próprio. 
Essa é a ideia da separação dos poderes, que para Ives Gandra da Silva Martins: “[...] 
com a tripartição equilibrada de poderes de Montesquieu, chega-se à discussão do 
sistema de governo, já a esta altura, após a Revolução Francesa, eliminando-se de 
vez a possibilidade de se discutir a permanência de monarquias absolutas”.
Montesquieu, assim, determinava que o Estado possui três poderes: Legislativo, 
Executivo e Judiciário, os quais possuem funções diferentes. Exemplos de 
sistemas em que há a utilização da separação dos três poderes são justamente o 
parlamentarismo, como na Inglaterra, e o presidencialismo, como no Brasil. 
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E ORÇAMENTO PÚBLICO
Você vai estudar cada poder separadamente nas próximas aulas, mas somente 
para verificar o que Montesquieu conceituava sobre cada poder, tem-se que:
• Poder Legislativo era o determinado para fazer as leis, aperfeiçoar ou revogar as já existentes;
• Poder Executivo era o determinado para estabelecer a segurança e prevenir invasões;
• Poder Judiciário era o determinado para julgar e punir.
Kant (1724 a 1804) definia os três poderes da seguinte forma: o Judiciário é o 
inapelável, ou seja, aquele ao qual não se pode recorrer, apelar; o Legislativo é o 
irrepreensível, é impecável, perfeito; o Executivo, por fim, é o irresistível, que seduz, 
que encanta. 
Eram esses três poderes que limitavam os próprios três poderes, isto é, o Executivo 
limita a atuação do Judiciário, que limita a do Legislativo, e assim por diante, com 
a finalidade de evitar abuso de poderes e restrição da liberdade política. 
Para Montesquieu, a liberdade política estará presente quando a sociedade não 
possui temor em relação ao governante e quando os poderes forem independentes 
um dos outros. Exemplificando, se uma mesma pessoa detém o poder legislativo e 
o poder executivo, a liberdade política deixa de existir, já que a mesma pessoa que 
cria as leis também irá executá-las. E o mesmo ocorre quando somente um possui o 
poder judiciário e legislativo ou o poder judiciário e executivo ao mesmo tempo. No 
momento em que os três poderes se concentram na mão de um ou de alguns, gera-
se a perda da liberdade política e instaura-se o despotismo e o abuso de poder.
A Constituição da Inglaterra é a modelo, como dito acima, pois utilizou a liberdade 
política como objeto da sua Constituição e a separação dos poderes.
Outro exemplo é a Constituição Francesa de 03.09.1791, que dizia “Toda sociedade 
na qual não esteja assegurada a garantia dos direitos do homem nem determinada 
a separação de poderes não possui constituição”. Também está escrito na 
Constituição de 04.11.1848: “A separação de poderes é a primeira condição de um 
governo livre”.
No Brasil, as Constituições de 1891, 1934, 1964, 1967 e 1988 consagram a separação 
de poderes. Veja a letra de duas Constituições: a de 1891 determinava: “São órgãos 
da soberania nacional o poder legislativo, o executivo e o judiciário, harmônicos e 
independentes”. E a de 1988, em vigor até os dias de hoje, determina em seu artigo 
2º: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário”.
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E ORÇAMENTO PÚBLICO
As técnicas de controle servem para trazer o equilíbrio, a harmonia entre os poderes. 
Apesar de um poder interferir no outro, essa intervenção não é feita para que este 
perca sua independência, mas sim para regular situações e evitar o abuso de poder. 
Assim como o Executivo interfere no Legislativo, ele também interfere no Judiciário, 
no momento em que nomeia membros para o Poder Judiciário; o Presidente, por 
exemplo, nomeia ministros do Supremo Tribunal Federal.
O mesmo ocorre com o Poder Legislativo, que interfere no Poder Executivo e no Poder 
Judiciário. Em relação ao Executivo, o Legislativo pode rejeitar o veto presidencial, 
pode iniciar o impeachment de autoridade do Executivo, como o Presidente, entre 
outros. Em relação ao Judiciário, o Legislativo determina o número de membros, 
determina o território onde o juiz exercerá as suas atribuições e competências e 
fixa as despesas dos Tribunais.
O Poder Judiciário interfere no Poder Legislativo para instituir regras de 
funcionamento, como horários, dias etc. e para decidir sobre a inconstitucionalidade 
de atos do Legislativo. E interfere no Poder Executivo para organizar o quadro de 
servidores e para analisar ilegalidades nos atos administrativos cometidos pelo 
Executivo.
Ainda falando sobre o Brasil, a Constituição Federal de 1988 não se limitou à utilização 
da teoria da separação dos Poderes,mas a alterou para acrescentar a presença 
do Ministério Público como o fiscalizador da atuação dos Poderes Legislativo, 
Executivo e Judiciário, bem como o defensor dos direitos fundamentais previstos 
na Constituição Federal de 1988. Assim, o Ministério Público também faz parte da 
teoria dos freios e contrapesos acima descrita.
Com essa interferência de um Poder sobre o outro, demonstra-se que a separação 
de poderes não é uma separação para que cada um deles desempenhe suas 
funções sem ajudar o outro; na verdade, trata-se de uma separação de funções, 
de forma que deve haver harmonia, comunicação, cooperação, equilíbrio entre os 
três Poderes, haja vista ser o poder Estatal uno, indivisível, como você estudou 
anteriormente.
É sempre bom lembrar que o princípio da separação de poderes se tornou muito 
importante para encerrar o período do absolutismo, em que somente uma pessoa, o 
rei, detinha todo o poder do Estado. A separação de poderes surgiu para modificar 
essa estrutura e garantir a liberdade. 
Logo, pode-se concluir que a divisão dos poderes foi necessária para encerrar o 
absolutismo e evitar a concentração de poder em uma só pessoa. Alguns autores, 
no entanto, acreditam que tal separação não é mais necessária, pois a época 
mudou e os princípios também devem ser alterados, o que deve existir não é a ideia 
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E ORÇAMENTO PÚBLICO
da separação de poderes (doutrina liberal), mas sim a separação de funções do 
Estado (constitucionalismo moderno): a função legislativa, judiciária e executiva, 
mantendo a relação harmônica já mencionada. Um desses autores é Coste-Floret 
que assim escreveu:
“Pois que é indubitável que a soberania é una, é impossível admitir 
com o sistema presidencial que existem três poderes separados. Mas 
porque a soberania é una, não é preciso concluir que todas as funções 
do Estado devem ser necessariamente confundidas. Para realizar uma 
organização harmônica dos poderes públicos, é preciso ao contrário 
construí-los sobre o princípio da diferenciação das três funções do 
Estado: legislativa, executiva, judiciária. Para tomar de empréstimo 
uma comparação simples à ordem biológica, é exato por exemplo 
que o corpo humano é uno e todavia o homem não faz com os olhos o 
que tem o hábito de fazer com as mãos. É preciso que ao princípio da 
unidade orgânica se junte a regra da diferenciação das funções. Há 
muito tempo que a regra da separação dos poderes, imaginada por 
Montesquieu como um meio de lutar contra o absolutismo, perdeu 
toda a razão de ser”.
E o que você acha? Faça as suas pesquisas sobre o tema e resolva os exercícios 
referentes à aula para medir os seus conhecimentos. Bons estudos.
Fonte: Istock
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E ORÇAMENTO PÚBLICO
Organização do estado: 
o poder legislativo
Como você já estudou, o Brasil adotou o princípio da separação de poderes 
formulado por Montesquieu, o que está bem cristalino no artigo 2º da Constituição 
Federal de 1988: “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre 
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
A Constituição Federal de 1988, em sintonia com o princípio da separação de 
poderes, apresentou dispositivos sobre a organização deles, de tal forma que, entre 
os artigos 44 e 75 da Carta Magna, consta toda a análise das funções, atribuições 
e responsabilidades do Poder Legislativo, que será estudado nesta unidade.
A soberania do Estado é una, o que, entretanto, não impede a separação dos 
poderes/funções, e vice-versa. Justamente para consagrar essa soberania estatal, 
cada Poder apresenta funções típicas e atípicas a serem realizadas em prol do 
Estado e da coletividade.
Quais são as funções do Poder Legislativo? As funções típicas do Poder Legislativo são 
fiscalizar e legislar. Exemplificando: o Congresso Nacional pode legislar, quer dizer, 
elaborar novas leis, mas também é sua incumbência fiscalizar a situação financeira 
e orçamentária do Poder Executivo. As funções atípicas são a de administrar e 
julgar. O Poder Legislativo administra e organiza a sua operação interna, os cargos 
de seu quadro de servidores e julga o Presidente da República, quando acusado de 
cometer crime de responsabilidade. Para exercer as funções típicas e atípicas, o 
Poder Legislativo está dotado de prerrogativas e imunidades. Veja:
• Deputados e Senadores são invioláveis penal e civilmente quanto a emissão de opiniões, 
palavras e votos;
• São julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF);
• Somente serão presos por flagrante de crime inafiançável. Em relação aos outros crimes, o 
Congresso Nacional decidirá sobre a prisão do congressista;
• Além disso, não são obrigados a servirem de testemunha sobre as informações recebidas 
durante o mandato legislativo.
Como Deputados e Senadores podem perder o mandato? O artigo 55, da CF, 
traz algumas hipóteses de perda de mandato. São elas: a) congressista cujo 
procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; b) que deixar 
de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da 
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Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; c) que perder 
ou tiver suspensos os direitos políticos; d) quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos 
casos previstos nesta Constituição; que sofrer condenação criminal em sentença 
transitada em julgado.
Sem embargo dessas hipóteses, importante salientar que o art. 54 do texto 
constitucional também prevê hipóteses de perda do mandato parlamentar.
 Congresso nacional
O Congresso Nacional é o primeiro tema a ser tratado no capítulo da CF/1988 que 
dispõe sobre o Poder Legislativo. Ele é a representação do exercício do poder pelo 
Legislativo Federal e é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal 
(artigo 44 da Constituição Federal de 1988). Cada legislatura possui duração de 
quatro anos, conforme Parágrafo Único do artigo 44 da Constituição Federal de 
1988. Veja mais sobre ele no site: https://www.congressonacional.leg.br/pt. 
Por ser composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, o Congresso 
Nacional é considerado bicameral, o que difere totalmente do Poder Legislativo 
Estadual, Distrital e Municipal, que são considerados como unicamerais, o que pode 
ser analisado nos artigos 27, 29 e 32 do texto constitucional. Nesse sistema bicameral, 
uma Casa não predomina sobre a outra. Possuem competências diferenciadas. 
Câmzra dos deputados
As disposições sobre a Câmara dos Deputados constam do artigo 45 da Constituição 
Federal de 1988. É composta por representantes do povo que devem ser eleitos em 
cada Estado, Território e Distrito Federal. 
É interessante saber que o número de representantes eleitos deve ser proporcional 
à população de cada Estado e do Distrito Federal, sendo o mínimo de oito 
representantes e máximo de setenta representantes (§1º do artigo 45 da Constituição 
Federal de 1988). Para os Territórios está prevista a eleição quatro deputados.
O número máximo de deputados federais não poderá ultrapassar a quantia de 
quinhentos e treze representantes, conforme artigo 1º da Lei Complementar 78/2013 
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp78.htm).
O Estado que terá setenta representantes é o mais populoso. Exemplificando, para 
o Estado do Acre há oito deputados; a Bahia possui 39. Minas Gerais, 53 deputados 
e São Paulo, 70. Essas informações podem ser consultadas no link a seguir: https://
especiais.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2018/resultados/deputados-federais-
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eleitos/. Essa representação proporcional do povo de um Estado na Câmara dos 
Deputados é importante, no intuito de atender o interesse da grande a maioria da 
população. 
Para ficar mais fácil visualizar o sistema proporcional, transcreve-se a lição ministro 
do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes: “A aplicação do sistema 
proporcional deve ser disciplinada pela legislação ordinária, queadotou o método 
do quociente eleitoral, consistente na divisão do total de votos válidos dados 
em candidatos pelo número de cargos em disputa. O resultado dessa operação 
aritmética denomina-se quociente eleitoral. 
A partir disso, divide-se o total de votos obtidos por cada uma das legendas pelo 
quociente, chegando-se, consequentemente, ao número de cadeiras obtidas por 
cada legenda. O sistema proporcional acarreta o difícil e importante problema 
das sobras eleitorais, resultantes das referidas operações aritméticas. A legislação 
brasileira atual dotou para solução desse problema o critério da melhor média. 
Assim, após a definição do quociente eleitoral, esse critério consiste, primeiramente, 
na realização do cálculo real do número de votos que o partido necessitou para 
obter cada cadeira. Obtidas as médias que cada partido necessitou para eleger 
seus representantes, distribuem-se as cadeiras faltantes às melhores médias”.
Quais são as atribuições da Câmara dos Deputados? As atribuições privativas da 
Câmara dos Deputados estão descritas no artigo 51 da Constituição Federal de 1988. 
São elas: a) autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo 
contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; b) 
proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas 
ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; 
c) elaborar seu regimento interno; d) dispor sobre sua organização, funcionamento, 
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus 
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os 
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; e) eleger membros do 
Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
Por fim, é essencial saber que no caso de renúncia do mandato ou da perda deste 
pelo deputado federal, o suplente será convocado para assumir a vaga deixada em 
aberto, desde que o suplente ainda esteja filiado ao partido pelo qual ele se elegeu, 
isso porque os mandatos pertencem aos partidos políticos e não ao político eleito, 
possuindo, o partido, o direito de preservar o mandato em caso de desfiliação do 
parlamentar ou de sua transferência para outra legenda, sem justo motivo.
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Senado federal
O Senado Federal está previsto no artigo 46 da CF de 1988. Ele é composto por 
representantes dos Estados e do Distrito Federal, sendo que cada um pode eleger 
três senadores de forma majoritária, com mandato de oito anos (§1º do artigo 46 
da Constituição Federal de 1988). A forma majoritária de eleição simplesmente 
significa que será eleito senador aquele que possuir maior número de votos dentro 
do ente federativo respectivo (maioria simples).
Importante saber que essa representação é renovada de quatro em quatro anos, 
como ocorre na renovação do mandato de Presidente da República, com a distinção 
de que será renovada alternadamente, por um e dois terços, a cada legislatura, ou 
seja, em determinado pleito nacional, o eleitor votará em um Senador somente. Na 
eleição seguinte, depois de outros quatro anos, os eleitores poderão dar seu voto 
para dois Senadores e assim sucessivamente (§2º do artigo 46 da Constituição 
Federal de 1988).
“Exemplificando: na eleição de 1990 todos os Estados-membros e o Distrito 
Federal elegeram um senador, permanecendo no Senado Federal dois Senadores 
da República de cada unidade da federação que haviam sido eleitos em 1986 
(renovação de ⅓). Na eleição de 1994, diferentemente, foram eleitos dois Senadores 
da República por Estado-membro e Distrito Federal, permanecendo na Casa 
Legislativa somente os parlamentares que haviam sido eleitos em 1990 (renovação 
de ⅔).
Quais são as atribuições do Senado Federal? 
As atribuições privativas do Senado Federal estão descritas no artigo 52 da CF de 
1988. São quinze, aqui mencionaremos algumas, as restantes você poderá verificar 
na íntegra, no texto de Nossa Carta Magna: a) processar e julgar o Presidente e 
o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os 
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica 
nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; b) aprovar previamente, 
por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão 
diplomática de caráter permanente; c) autorizar operações externas de natureza 
financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios 
e dos Municípios; d) fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais 
para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios; e) suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada 
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; f) aprovar, por 
maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral 
da República antes do término de seu mandato; g) eleger membros do Conselho 
da República, nos termos do art. 89, VII.
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Por fim, é essencial saber que no caso de renúncia do mandato ou da perda deste 
pelo Senador, o primeiro suplente será convocado para assumir a vaga deixada 
em aberto, e em caso de impedimento, será chamado o segundo suplente. Todos 
devem estar filiados ao partido pelo qual se elegeram. Isso porque os mandatos são 
dos partidos políticos e não das pessoas que foram eleitas, possuindo, o partido, o 
direito de preservar o mandato, em caso de desfiliação ou transferência da legenda 
sem justo motivo.
Do funcionamento do congresso nacional
A Emenda Constitucional (EC) 50/06 determinou o período legislativo, que se refere 
às épocas em que ocorrerão as sessões legislativas, votações e outras atividades 
parlamentares previstas previsto no artigo 57 da Constituição Federal de 1988: as 
sessões legislativas se iniciam em 02 de fevereiro e se encerram em 17 de julho, 
reiniciando-se em 1°de agosto e encerrando-se em 22 de dezembro. 
Antes da Emenda Constitucional (EC) 50/06, as sessões legislativas se iniciavam 
em 15 de fevereiro e se encerravam em 30 de junho, retomando as atividades em 1° 
de agosto e encerrando-se em 15 de dezembro. Ou seja, percebe-se que os recessos 
de meio de ano e final de ano foram encurtados com a EC 50/06.
A sessão legislativa se inicia em 02 de fevereiro, mas no dia 1° deste mês os 
representantes do povo e do Estado se reúnem em sessões preparatórias para a 
posse dos membros e para a eleição da Mesa do Congresso Nacional, de modo 
que os eleitos terão mandato de dois anos na Mesa e não podem ser reeleitos para 
o mesmo cargo na eleição seguinte (§4º do artigo 57 da Constituição Federal de 
1988).
A Mesa do Congresso Nacional é o órgão administrativo que o dirige. Ela é presidida 
pelo Presidente do Senado Federal e preenchida pelos eleitos na sessão preparatória 
do dia 1° de fevereiro, ficando composta da seguinte forma: Presidente do Senado; 1ª 
Vice-Presidente da Câmara; 2ª Vice-Presidente do Senado, 1º Secretário da Câmara; 
2º Secretário do Senado; 3º Secretário da Câmara e 4º Secretário do Senado.
É imperioso saber que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal se reunirão em 
sessão conjunta para, entre outros: (i) inaugurar a sessão legislativa; (ii) elaborar 
regimento comum e regular a criação de serviços comuns à Câmara e ao Senado; 
(iii) receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; (iv) 
conhecer do veto e sobre ele deliberar.
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Além disso, poderá haver convocação extraordinária do Congresso Nacional que 
pode ser feita da seguinte forma, conforme 57, §6º, I e II, da Constituição Federal 
de 1988:
Pelo Presidente do Senado Federal 
nos casos:
- Decretação de estado de
defesa ou de intervenção federal;
- Pedido de autorização
para a decretação de estado de sítio;
- Para compromissoe posse
do Presidente e Vice-Presidente da 
República.
Pelo Presidente da República
Pelo Presidente da Câmara dos 
Deputados
Pelo Presidente do Senado Federal
Pelo requerimento da maioria 
dos membros da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal 
nos casos: 
- De urgência ou interesse público 
relevante e em todas as hipóteses 
mencionadas desde que tenha 
aprovação da maioria absoluta 
de cada uma das Casas do 
Congresso Nacional.
O conjunto de motivações elencadas na segunda coluna do quadro foi uma novidade 
trazida pela EC 50/06, pois, antes dela, os presidentes da República, da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal poderiam, monocraticamente, convocar o 
Congresso Nacional sem necessidade de votação e aprovação da maioria absoluta 
de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
Assim, após a EC 50/06, as convocações do Congresso Nacional precisam ser 
aprovadas por maioria absoluta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, 
exceto quando for hipótese descrita na primeira coluna. 
Se as convocações forem aprovadas, o Congresso Nacional somente deliberará 
sobre a matéria para qual ele foi convocado, além das medidas provisórias em 
vigor na data da convocação extraordinária do Congresso. Nada mais deverá 
ser discutido nesta sessão legislativa extraordinária (§7º e §8º do artigo 57 da 
Constituição Federal de 1988).
Das atribuições do congresso nacional
As atribuições do Congresso Nacional estão dispostas nos artigos 48 e 49 da 
Constituição Federal de 1988. As quinze atribuições do artigo 48 devem passar 
sob o crivo e a sanção do Presidente da República, ao contrário das dezessete 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
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atribuições do artigo 49, que não necessitam de sanção dele, pois são exclusivas 
do Congresso Nacional.
Como se percebe, no total são 32 atribuições, que não serão todas inseridas aqui, 
mas, abaixo, apontaremos algumas. É importante que você consulte as restantes 
no próprio texto da Constituição Federal de 1988. São algumas atribuições do 
Congresso Nacional que precisam ser sancionadas pelo Presidente da República:
Sistema tributário, 
arrecadação e distribuição de 
rendas
Plano plurianual, diretrizes 
orçamentárias, orçamento 
anual, operações de crédito, 
dívida pública e emissões de 
curso forçado
Fixação e modificação do 
efetivo das Forças Armadas;
Transferência temporária da 
sede do Governo Federal;
Organização administrativa, 
judiciária, do Ministério 
Público e da Defensoria 
Pública da União e dos 
Territórios e organização 
judiciária e do Ministério 
Público do Distrito Federal; 
Matéria financeira, cambial 
e monetária, instituições 
financeiras e suas operações;
São atribuições exclusivas do Congresso Nacional:
Autorizar o Presidente e o 
Vice-Presidente da República a 
se ausentarem do País, quando 
a ausência exceder a quinze 
dias;
Fiscalizar e controlar, 
diretamente, ou por qualquer 
de suas Casas, os atos do 
Poder Executivo, incluídos os 
da administração indireta;
Julgar anualmente as contas 
prestadas pelo Presidente 
da República e apreciar os 
relatórios sobre a execução 
dos planos de governo;
Mudar temporariamente sua 
sede; 
Aprovar iniciativas do Poder 
Executivo referentes a 
atividades nucleares;
Sustar os atos normativos 
do Poder Executivo que 
exorbitem do poder 
regulamentar ou dos limites 
de delegação legislativa;
Das comissões do congresso nacional
No Congresso Nacional existem comissões permanentes e temporárias. Essas 
comissões possuem seis funções, previstas no §2º do artigo 58 da Constituição 
Federal de 1988:
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Discutir e votar projeto de lei 
que dispensar, na forma do 
regimento, a competência 
do Plenário, salvo se houver 
recurso de um décimo dos 
membros da Casa;
Realizar audiências públicas 
com entidades da sociedade 
civil;
Convocar Ministros de Estado 
para prestar informações 
sobre assuntos inerentes a 
suas atribuições;
Receber petições, 
reclamações, representações 
ou queixas de qualquer pessoa 
contra atos ou omissões das 
autoridades ou entidades 
públicas;
Solicitar depoimento de 
qualquer autoridade ou 
cidadão;
Apreciar programas de obras, 
planos nacionais, regionais e 
setoriais de desenvolvimento 
e sobre eles emitir parecer.
No §3º do artigo 58 da Constituição Federal de 1988, estão previstas as Comissões 
Parlamentares de Inquérito, que são utilizadas como o primeiro controle do Poder 
Legislativo. Com esse controle, o Poder Legislativo pode questionar os atos do 
Poder Executivo, analisando a gestão do que é público. 
As Comissões Parlamentares de Inquérito servem justamente para investigar esses 
atos, apurar fatos ocorridos e estabelecer conclusões que podem ser enviadas ao 
Ministério Público, a fim de se promover a aferição buscando a responsabilidade 
civil e criminal dos possíveis infratores.
Essas Comissões possuem poderes investigatórios e podem:
Quebrar sigilo bancário, fiscal, telefônico do investigado;
Ouvir testemunhas, inclusive com a possibilidade de condução coercitiva;
Ouvir investigados ou indiciados, sempre respeitado o direito ao silêncio de quem 
está sendo ouvido;
Realizar perícias e exames necessários para constituir provas, bem como determinar 
busca de documentos e dados;
Determinar buscas e apreensões.
E o que as Comissões Parlamentares de Inquérito NÃO podem fazer?
Decretar prisão, salvo as de flagrante;
Determinar a aplicação de medidas cautelares, como indisponibilidade de bens, 
sequestro, arresto, proibição de se ausentar da comarca ou do país;
Proibir ou restringir assistência jurídica aos investigados.
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E ORÇAMENTO PÚBLICO
O segundo controle realizado pelo Poder Legislativo é o da fiscalização contábil, 
financeira e orçamentária da União, previsto nos artigos 70 a 75 da Constituição 
Federal de 1988. Essa fiscalização compreende a prestação de contas por parte de 
pessoa jurídica (pública ou privada), pessoa física que administre dinheiro ou bens 
públicos ou, ainda, que possuam relação com a União ou que assumam obrigações 
pecuniárias em nome desta.
Essa fiscalização, conforme determina o artigo 70 da Constituição Federal de 1988, 
é realizada por controle externo pelo Congresso Nacional e pelo controle interno 
de cada Poder: Executivo, Legislativo e Judiciário. O controle externo é feito, como 
dito, pelo Congresso Nacional com auxílio do Tribunal de Contas da União.
Agora que você já estudou sobre os aspectos mais essenciais do Poder Legislativo, 
é interessante se aprofundar no conteúdo, lendo livros, artigos e fazendo as suas 
pesquisas. Além disso, resolva todos os exercícios após a aula. Bons estudos.
Fonte: Istock
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Organização do estado: 
o poder executivo
O que é Poder Executivo? É um poder constitucional independente, que atua em 
conjunto com os demais Poderes, Legislativo e Judiciário, ou independentemente 
deles, mas, de toda forma, sempre mantendo a harmonia, em um ou noutro caso. 
Ele está previsto nos artigos 76 a 91 da Constituição Federal de 1988. O ministro 
do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, escreveu: “Aponte-se que 
Montesquieu concebeu o Poder Executivo como definidor e realizador constante 
da política de ordem interna e das relações exteriores”.
Quais as funções típicas do Poder Executivo? A principal função típica do Poder 
Executivo é praticar atos de comando e chefia estatal, chefia de governo e de 
administração. Por isso, o titular do Poder Executivo é considerado Chefe de Estado 
e Chefe de Governo. Além desta, o Poder Executivo é incumbido de: administrar 
interesses públicos, governar o povo e cumprir a Constituição.
Tal como o Poder Legislativo, que você estudou anteriormente, o Poder Executivo 
apresenta, além das funções típicas (administração da coisa pública), funções 
atípicas, como o ato de legislar previsto no artigo 62 da Constituição Federal/1988: 
“Em caso de relevância e urgência, o Presidenteda República poderá adotar medidas 
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso 
Nacional” e de julgar, nos casos de processos administrativos.
No Brasil, o Presidente da República é quem exerce o Poder Executivo, pois a forma 
de governo adotada aqui é a do presidencialismo. Relembrando: o presidencialismo 
foi utilizado pela primeira vez em 1787 pela Constituição norte-americana. 
Neste ponto, é importante elencar algumas características do presidencialismo:
(I) separação mais rígida dos três poderes: o poder de Estado é partilhado entre 
Legislativo, Executivo e Judiciário, com base no modelo da separação de poderes 
criado por Montesquieu, como você aprendeu em unidades anteriores;
(II) A chefia estatal e do governo permanecem nas mãos de uma só pessoa, 
configurando a unipessoalidade idolatrada pelo presidencialismo e, devido a isso, 
o Chefe de Estado/Governo deve ter sua atuação livre, imparcial, respeitando os 
princípios constitucionais. O Chefe do Poder Executivo, escolhido pelo povo, é 
subordinado à lei, cumpre mandato determinado (4 anos, com direito a concorrer 
a uma reeleição) e tem poder de veto. 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Na condição de chefe de Estado, a função do presidente é representar o país 
em âmbito internacional, consoante os artigos 84, VII, VIII e XIX da Constituição 
Federal/1988.
De outro lado, como chefe de Governo, o Presidente exerce liderança da política 
nacional e representa o país internamente. Pratica atos administrativos, o que pode 
ser conferido no artigo 84, I, II, III, IV, V, VI, IX a XXVII da Constituição Federal/1988. 
Para fazer uma comparação, no parlamentarismo, a chefia do estado e de governo 
não ficam na mão de uma mesma pessoa, mas é dividido: enquanto o Chefe de 
Estado é o Presidente ou Monarca, o Chefe de Governo é o Primeiro Ministro.
(III) promove a independência entre os Poderes Executivo e Legislativo, pois são 
poderes iguais, harmônicos, de modo um não pode extinguir o outro ou interferir 
no funcionamento do outro. O Poder Legislativo, por exemplo, não pode influenciar 
a escolha dos auxiliares do Presidente (ministros e secretários); o Poder Executivo, 
a seu turno, não pode dissolver o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e 
Senado Federal);
(IV) responsabilização do Presidente da República, de forma política e penal, por 
crime de responsabilidade.
Como dito, esse é o sistema de governo vigente no Brasil, desde a primeira 
constituição republicana, promulgada em 24.02.1891. 
A Constituição de 1824 não adotou o sistema de governo presidencialista, mas sim 
a monarquia hereditária e constitucional. Apesar disso, o Poder Executivo estava 
presente na época do Brasil Império, juntamente com outros três: Legislativo, 
Judiciário e Moderador, os quais você visualizou em aula anterior.
COMPOSIÇÃO DO PODER EXECUTIVO FEDERAL 
O Poder Executivo Federal é composto pelo Presidente e pelo Vice-Presidente da 
República, escolhidos pelo sistema majoritário, dividido em dois: puro ou simples e 
o de dois turnos. O Brasil adota essas duas divisões, veja:
Sistema majoritário simples ou puro: neste, será eleito o candidato que 
obtiver maior número de votos. No Brasil, é utilizado para a eleição de 
prefeitos municipais em Municípios com a presença de menos de duzentos 
mil eleitores e para a eleição dos Senadores da República, o que pode ser 
visto, respectivamente, nos artigos 29, II e 46 da Constituição Federal/1988. 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Sistema majoritário de dois turnos: por meio dele, será eleito o candidato que 
obtiver a maioria absoluta dos votos válidos, não sendo computados os brancos 
e nulos. Se isso não ocorrer em primeiro turno (que ocorre no primeiro domingo 
de outubro de anos eleitorais), deverá ser realizado o segundo turno (no último 
domingo de outubro daqueles anos). Em nosso país, esse sistema é utilizado para 
a eleição de Presidente da República, Governadores e Prefeitos de Municípios que 
possuam mais de duzentos mil eleitores, o que pode ser comprovado no artigo 77 
da Constituição Federal/1988. Deve-se ter atenção ao seguinte: o dispositivo que 
prega o último domingo de outubro para a realização da votação em segundo turno 
foi inserido pela Emenda Constitucional nº16/1997. O §3º do artigo 77, entretanto, 
não fez a alteração correspondente, permanecendo no texto constitucional que 
“[...] far-se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado […]”. 
Prevalece, a despeito disso, a alteração realizada pela Emenda Constitucional 
nº16/1997.
REQUISITOS DO PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE 
Para que o Presidente e, consequentemente, o Vice-Presidente sejam eleitos pelo 
voto universal, direto e secreto, precisam preencher alguns requisitos previstos na 
Constituição Federal/1988. São eles:
Ser brasileiro nato, conforme o previsto no artigo 12, §3º, I, da Constituição 
Federal/1988;
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Ter mais de 35 anos de idade, em obediência ao disposto no artigo 14, §3º, “a” da 
Constituição Federal/1988;
Estar no pleno gozo dos direitos políticos, consoante o artigo 14, §3º, II da Constituição 
Federal/1988;
Ser elegível, respeitando o disposto no artigo 14, §4º e §7º da Constituição 
Federal/1988;
Possuir filiação partidária, nos moldes do artigo 14, §3º, V da Constituição 
Federal/1988;
Realizar alistamento eleitoral, conforme o previsto artigo 14, §3º, III da Constituição 
Federal/1988;
Possuir domicílio eleitoral na circunscrição, de acordo com artigo 14, §3º, IV da 
Constituição Federal/1988;
O Presidente da República, como ressaltado acima, possui mandato de quatro anos 
(artigo 82 da Constituição Federal/1988), mas pode ser reeleito para um único 
período subsequente. À mesma regra estão sujeitos os Governadores e Prefeitos, 
nos ditames do artigo 14, §5º da Constituição Federal/1988.
As atribuições do Presidente da República estão descritas no artigo 84 da 
Constituição Federal/1988 e você precisa consultá-lo. Lembre-se de que é importante 
acompanhar a aula com a Constituição aberta. Veja algumas delas: (I) Nomear e 
exonerar os Ministros de Estado; (II) Manter relações com Estados estrangeiros e 
acreditar seus representantes diplomáticos; (III) Decretar o estado de defesa e o 
estado de sítio.
O Vice-Presidente da República precisa preencher os mesmos requisitos previstos 
na Constituição Federal/1988 para o candidato à Presidência da República. A Vice-
Presidência é o cargo daquele que vai substituir, eventualmente, o Presidente 
da República, possuindo algumas funções, como: substituição prevista no artigo 
79 da Constituição Federal/1988; participação nos Conselhos da República e de 
Defesa Nacional, prevista nos artigos 89, I e 91, I da Constituição Federal/1988, 
respectivamente; sucessão do Presidente da República, disposta no artigo 80 da 
Constituição Federal/1988, entre outras.
A figura do Vice-Presidente da República é muito questionada no mundo inteiro, 
por ser considerada somente simbólica, ou seja, por não possuir “importância 
política” no momento da eleição, tanto que, em muitas ocasiões, as pessoas acabam 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
esquecendo de analisar o currículo do candidato à Vice-Presidência, focando 
somente na figura do Presidente da República. 
Como dito, contudo, o Vice-Presidente é aquele que pode substituir o Presidente 
em alguns momentos políticos (impedimento, vacância, etc.), os quais você verá a 
seguir.
Muitos críticos dizem que o cargo de Vice-Presidente poderia ser extinto, 
substituindo-se a chapa dupla por chapa única, de forma que esta contenha tão-
somente o candidato à Presidente da República. Na hipótese em que o presidente 
tivesse de ser substituído definitivamente, poder-se-ia estabelecer uma eleição 
extemporânea, para a escolha de um novo Chefe de Estado e de Governo.
Há, todavia, argumentos contrários à crítica dos que desejam a extinção do cargo de 
Vice-Presidente daRepública, entre eles, os ressaltados pelo ministro do Supremo 
Tribunal Federal, Alexandre de Moraes: “A manutenção do cargo de Vice-Presidente 
da República possibilita, por um lado, maiores composições políticas na formação 
da chapa presidencial que acarretarão, consequentemente, maiores condições 
de governabilidade ao presidente eleito, e, por outro lado, evita instabilidade 
institucional gerada pela necessidade de eleição extemporânea na hipótese de 
vacância definitiva do cargo presidencial, sem que houvesse um substituto definitivo 
para exercê-lo”.
MORTE, DESISTÊNCIA OU IMPEDIMENTO DO PRESIDENTE DA 
REPÚBLICA
O que ocorre em caso de morte do Presidente da República? Em relação à morte 
do Presidente da República, existem algumas possibilidades descritas no quadro 
abaixo que se aplicam à desistência e impedimento do candidato eleito ou ainda 
não eleito:
 
MORTE, DESISTÊNCIA OU 
IMPEDIMENTO
CONSEQUÊNCIA
Morte, desistência ou impedimento 
do candidato à Presidência da 
República, antes do primeiro turno 
das eleições
Gera a extinção da candidatura, 
mas o partido pode fazer a 
substituição do candidato.
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Morte, desistência ou impedimento 
do candidato à Presidência da 
República, depois do primeiro turno e 
antes do segundo turno das eleições
Gera a convocação do candidato 
que teve mais votos no primeiro 
turno, depois do candidato que 
faleceu, desistiu ou apresentou 
impedimento.
Morte, desistência ou impedimento 
do candidato eleito Presidente da 
República, antes da diplomação. A 
diplomação é “ato pelo qual a Justiça 
Eleitoral atesta que o candidato foi 
efetivamente eleito pelo povo e, por 
isso, está apto a tomar posse no 
cargo” .
Gera a manutenção da eleição, 
assumindo a Presidência da 
República, o Vice-Presidente, 
que deverá ser diplomado como 
titular do cargo de chefe do Poder 
Executivo.
Morte, desistência ou impedimento 
do candidato eleito como Presidente 
da República e devidamente 
diplomado.
Gera a manutenção da eleição 
e diplomação, assumindo a 
Presidência da República o Vice-
Presidente como titular do cargo e 
chefe do Poder Executivo.
A posse do Presidente da República deve ser realizada no dia 1º de janeiro, em 
sessão conjunta do Congresso Nacional (artigo 82 da Constituição Federal/1988). 
Caso o Presidente não assuma o cargo dentro de dez dias da data da posse, os 
cargos serão declarados vagos, exceto por motivo de força maior, denominando-se 
vacância, a qual deverá ser declarada pelo Poder Legislativo. Se o Vice-Presidente 
assumir sozinho, este assumirá não mais a Vice-Presidência, mas sim a Presidência 
da República.
Em caso de impedimento, como doença, férias, licença, ou na vacância do Presidente 
da República, o Vice-Presidente o substituirá. Em caso de impedimento ou vacância 
dos dois cargos, entretanto, deve prevalecer o disposto no artigo 80 da Constituição 
Federal/1988, deste modo: “Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-
Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados 
ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado 
Federal e o do Supremo Tribunal Federal”.
O que ocorre em caso de vacância permanente do cargo de Presidência da 
República? A única pessoa que pode suceder o Presidente de forma definitiva 
é o Vice-Presidente, complementando o mandato (artigo 79 da Constituição 
Federal/1988). 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Supremo 
Tribunal Federal somente substituirão o Presidente e o Vice-Presidente da 
República em casos temporários da seguinte forma: se a vacância for nos dois 
primeiros anos de mandato, terá de ser realizada eleição direta, depois de 90 dias 
da última vaga deixada em aberto (artigo 81, §1º da Constituição Federal/1988); se 
a vacância for nos dois últimos anos de mandato, terá de ser realizada eleição pelo 
Congresso Nacional, após 30 dias da última vaga deixada em aberto (artigo 81, 
§2º da Constituição Federal/1988). Nos dois casos, os eleitos apenas completarão 
o mandato restante.
ÓRGÃOS AUXILIARES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
 
Os órgãos auxiliares do Presidente da República são os Ministros, o Conselho da 
República e o Conselho de Defesa Nacional. 
MINISTROS DE ESTADO
O cargo de Ministros de Estado está previsto nos artigos 87 e 88 da Constituição 
Federal/1988. Eles são nomeados e demitidos pelo Presidente da República e 
exercem funções auxiliares ao chefe do executivo, que estão descritas no parágrafo 
único do artigo 87 da Constituição Federal/1988. O artigo 88 da Constituição 
Federal/1988 determina que a lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios 
(como exemplo, as seguintes leis: 13.341/2016 e 13.690/2018. 
Quem pode ser ministro? Brasileiros natos, naturalizados ou os portugueses 
equiparados (artigo 12, §1º da Constituição Federal/1988), maiores de vinte e um 
anos e em pleno exercício dos direitos políticos; essa é a inteligência do artigo 
87, caput, da Constituição Federal/1988. Em relação ao Ministro de Estado da 
Defesa, o cargo é privativo de brasileiros natos (artigo 12, §3º, VII da Constituição 
Federal/1988).
CONSELHO DA REPÚBLICA
O Conselho da República, previsto nos artigos 89 e 90 da Constituição Federal/1988, 
é o órgão superior de consulta do Presidente da República. A composição do 
Conselho da República é a seguinte: Vice-Presidente da República, Presidente da 
Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, líderes da maioria e da 
minoria na Câmara dos Deputados, líderes da maioria e da minoria no Senado 
Federal, Ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros natos com mais de trinta 
e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois 
eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com 
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
mandato de três anos, vedada a recondução. As funções do Conselho da República 
estão dispostas no artigo 90 da Constituição Federal/1988, são elas: opinar sobre 
intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio, questões relevantes para 
a estabilidade das instituições democráticas. O artigo 90, §2º da Constituição 
Federal/1988 estabelece que existirá uma lei para regular o funcionamento e a 
organização do Conselho da República. Tal lei a nº 8.041/1990 que possui nove 
artigos, é interessante você ler: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8041.
htm.
CONSELHO DE DEFESA NACIONAL
O Conselho de Defesa Nacional está previsto no artigo 91 da Constituição 
Federal/1998, o qual menciona que o Conselho de Defesa Nacional é órgão de 
consulta do Presidente da República nos assuntos que envolvem a soberania 
nacional e a defesa do Estado democrático. São membros do Conselho de Defesa 
Nacional: Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, 
Presidente do Senado Federal, Ministro da Justiça, Ministro de Estado da Defesa, 
Ministro das Relações Exteriores, Ministro do Planejamento, Comandantes da 
Marinha, do Exército e da Aeronáutica. As funções do Conselho de Defesa Nacional 
são as descritas no artigo 91, §1º da Constituição Federal. Por fim, o artigo 91, §2º da 
Constituição Federal/1988 prevê que existirá uma lei para regular o funcionamento 
e organização do Conselho de Defesa Nacional. A lei respectiva é a nº8.183/91, que 
também possui nove artigos; do mesmo modo, é importante que você a consulte: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8183.htm.
RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Na época da monarquia, não havia responsabilidade do Rei pelos atos cometidos 
em função do cargo, com fundamento no princípio da absoluta irresponsabilidade. 
O Presidente da República (forma de governo presidencialista), em contrapartida, 
pode ser responsabilizado por infrações penais comuns e político-administrativas.
O que são crimes comuns? Crimes comuns são aqueles previstos no Código Penal. 
“[...] o Supremo TribunalFederal já assentou, pacificamente, abranger todas as 
modalidades de infrações penais, estendendo-se aos delitos eleitorais, alcançando, 
até mesmo, os crimes contra a vida e as próprias contravenções penais. É a mesma 
posição pacificamente adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral, em relação ao 
cometimento de crimes eleitorais pelas autoridades que tenham foro privilegiado 
no Supremo Tribunal Federal”.
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
O que são crimes de responsabilidade? Trata-se de infrações político-administrativas 
descritas no artigo 85 da Constituição Federal/1988, consubstanciadas em atos 
praticados pelo Presidente da República contra (I) a Constituição Federal; (II) o livre 
exercício dos Poderes do Estado; (III) a segurança interna do País; (IV) a probidade 
da Administração; (V) a lei orçamentária; (VI) o exercício dos direitos políticos, 
individuais e sociais e (vii) o cumprimento da leis e das decisões judiciais.
Além disso, os crimes de responsabilidade também estão definidos na Lei 
nº1.079/1950, explicando todos os crimes acima listados, acrescidos do ato contra 
a guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos. Veja a Lei para completar seus 
estudos: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1079.htm. 
Importante notar que o Presidente somente será processado por crime comum e/
ou por crime de responsabilidade, após autorização da Câmara dos Deputados, por 
dois terços de seus membros, conforme previsto no artigo 86, caput, da Constituição 
Federal/1988. 
Também está previsto no artigo 86, caput, da Constituição Federal/1988 que, caso 
haja autorização da Câmara dos Deputados, o Presidente será julgado pelo Supremo 
Tribunal Federal pelas infrações penais comuns cometidas ou pelo Senado Federal 
pelos crimes de responsabilidade cometidos. Isso se chama prerrogativa de foro. 
Veja os pertinentes artigos da Constituição Federal/1988 sobre o tema (sem grifos 
no original):
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: b) nas infrações 
penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do 
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente 
e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os 
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos 
crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
O Presidente ficará suspenso de exercer suas funções quando o Supremo Tribunal 
Federal receber a denúncia ou queixa-crime em relação às infrações penais comuns 
e/ou quando o Senado Federal instaurar processo em relação aos crimes de 
responsabilidade (artigo 86, §1º da Constituição Federal/1988). Essa suspensão será 
cessada quando o julgamento não for concluído em até cento e oitenta dias, não 
impedindo o regular prosseguimento do processo (artigo 86, §2º da Constituição 
Federal/1988).
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Também é importante saber que o Presidente da República não será preso 
enquanto não for proferida sentença condenatória (artigo 86, §3º da Constituição 
Federal/1988). E, ainda, o Presidente da República não poderá ser responsabilizado 
por atos estranhos ao exercício de suas funções durante o seu mandato (artigo 86, 
§4º da Constituição Federal/1988).
Para encerrar, saiba que o Poder Executivo Estadual é chefiado pelo Governador e 
pelo Vice-Governador, com mandato igual ao do Presidente da República e mesma 
forma de eleição. O Poder Executivo Municipal, por sua vez, é exercido pelo Prefeito 
e pelo Vice-Prefeito.
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Organização do estado: 
O poder judiciário
O poder judiciário é um poder constitucional independente, uno e indivisível, isto 
é, nacional, que atua em conjunto com os demais Poderes, Legislativo e Executivo, 
ou de forma independente deles, mas sempre prezando pela harmonia entre ele 
e estes entes. O Poder Judiciário é composto por diversos órgãos, previstos nos 
artigos 92 a 126 da Constituição Federal de 1988.
Quais as funções do Poder Judiciário? As funções do Poder Judiciário estão previstas 
no 96 da CF. Em simetria com os Poderes Executivo e Legislativo, que você estudou 
anteriormente, o Poder Judiciário apresenta, além das funções típicas (exercício da 
jurisdição, julgar), as funções atípicas de natureza administrativa como as previstas 
no artigo 96, I, “b”, “c”, “e” e as funções atípicas de natureza legislativa como a 
prevista no artigo 96, I, “a”. Ou seja, além de julgar, o Poder Judiciário administra e 
legisla. 
ATIVIDADE JURÍDICA PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA 
 
Para o exercício da magistratura, é necessário o cumprimento de alguns requisit-
os: (I) ser bacharel em Direito, (II) ser aprovado em concurso público de provas e 
títulos; (III) ter exercido três anos de atividade jurídica, tempo que deve ser com-
provado na data da inscrição definitiva. É o que está disposto no artigo 93, I, da 
Constituição Federal/1988.
O que é considerado como atividade jurídica? Qualquer trabalho ou função, 
para cujo desempenho satisfatório se exija conhecimento jurídico. No caso da 
magistratura, em especial, é importante analisar a função que o candidato exerce 
e não somente o cargo. O Conselho Nacional de Justiça, no artigo 59 da Resolução 
75/2009, determina que atividade jurídica é:
“I - aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito; II - o efetivo exercício 
de advocacia, inclusive voluntária, mediante a participação anual mínima em 5 (cinco) 
atos privativos de advogado (Lei nº 8.906, 4 de julho de 1994, art. 1º) em causas ou 
questões distintas; III - o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de 
magistério superior, que exija a utilização preponderante de conhecimento jurídico; 
IV - o exercício da função de conciliador junto a tribunais judiciais, juizados especiais, 
varas especiais, anexos de juizados especiais ou de varas judiciais, no mínimo por 
16 (dezesseis) horas mensais e durante 1 (um) ano; V - o exercício da atividade de 
mediação ou de arbitragem na composição de litígios.
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
E ORÇAMENTO PÚBLICO
Adiante, o §2º do artigo 59 da Resolução em questão determina que a comprovação 
do período de três anos de atividade jurídica deve ser realizada por certidão 
circunstanciada, expedida por órgão competente. Essa certidão deve conter as 
atividades preponderantes de conhecimento jurídico exercidas pelo candidato, a 
qual será analisada pela Comissão de Concurso.
Continuando o assunto sobre o ingresso na magistratura, você sabia que um quinto 
dos tribunais do Poder Judiciário devem ser compostos por membros que não são 
da magistratura? O artigo 94, caput e parágrafo único dispõe sobre essa questão. 
Assim, podem compor um quinto dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais 
dos Estados, Distrito Federal e Territórios, Tribunal Superior do Trabalho (artigo 
111-A, I da Constituição Federal/1988), Tribunais Regionais do Trabalho (artigo 115, 
I da Constituição Federal/1988) cidadãos das seguintes carreiras: (I) membro do 
Ministério Público com mais de dez anos de carreira; (II) advogados de notório 
saber jurídico e reputação ilibada, do mesmo modo, com mais de dez anos na 
advocacia. São seis indicados pelos órgãos de cada classe, restando três escolhidos 
pelo Tribunal e o vencedor para compor esse um quinto, chamado de quinto 
constitucional, é escolhido pelo Presidente da República.
Interessante saber que no Superior Tribunal de Justiça também há lugar reservado 
para membros do Ministério Público e advogados, reserva que, no caso, é de um 
terço (artigo 104, parágrafo único, II da Constituição Federal/1988).
GARANTIAS
O Poder Judiciário possui garantias institucionais que são conhecidas como 
autonomias, que possuem o condão de garantir a imparcialidade e a independência 
deste Poder. As autonomias

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