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Tema 3 - Poder Executivo e Legislativo

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Tema 3 - Poder Executivo e Legislativo 
 
DESCRIÇÃO: A organização dos Poderes Legislativo e Executivo e sua importância na perpetuidade da 
democracia brasileira. 
 
PROPÓSITO: O estudo da organização dos Poderes Legislativo e Executivo é um dos temas mais fascinantes 
da teoria constitucional, uma vez que mescla conceitos como a teoria tripartite de Montesquieu, mecanismos 
de freios e contrapesos, democracia e direitos fundamentais, os quais são pilares para a manutenção de um 
Estado democrático de direito. 
 
PREPARAÇÃO: Antes de iniciar este conteúdo, tenha à mão a Constituição Federal para entender os termos 
específicos da área. 
 
OBJETIVOS: 
 
MÓDULO 1 MÓDULO 2 MÓDULO 3 
Listar as Teorias do Poder e a 
Divisão das Funções Estatais 
Identificar as atribuições, a 
estrutura, o funcionamento do 
Poder Legislativo e seus 
mecanismos de controle 
Reconhecer os sistemas de 
governo, os processos e as 
classificações conceituais em 
torno do Poder Executivo 
 
INTRODUÇÃO 
A palavra “poder” vem do latim potere, que se relaciona a termos que exprimem força, controle, 
autoridade, dispondo, ao longo de séculos, de várias interpretações, conforme o cenário histórico, político e 
social de cada época. Dentre os conceitos, destaca-se o de poder político, sendo uma preocupação permanente 
dos seres humanos o controle de seu exercício abusivo. 
A importância da limitação do poder político tem sido objeto de estudo durante a história por grandes 
sociólogos, filósofos e jurisconsultos, com destaque a Aristóteles, Locke, e Montesquieu, culminando no 
clássico modelo tripartite, bastante difundido nas democracias ocidentais, a partir das revoluções americana e 
francesa, e consagrado, na Constituição Federal de 1988, como princípio fundamental, considerado como 
cláusula pétrea. 
O modelo tripartite atual consiste em atribuir a três órgãos independentes e harmônicos entre si as 
funções Legislativa, Executiva e Judiciária, com função típica e atípica, materializando a fórmula dos "freios 
e contrapesos" (check and balances), como garantia da perpetuação do Estado democrático de direito. 
Nesse contexto, os Poderes Legislativo e Executivo exercem um importante papel na consolidação da 
jovem democracia brasileira. Assim, resta-se fundamental o estudo das atribuições, estrutura e funcionamento 
desses Poderes, bem como as prerrogativas dos seus titulares, que lhes asseguram liberdade para promoverem 
a satisfação do bem comum. 
 
MÓDULO 1: Listar as Teorias do Poder e a Divisão das Funções Estatais 
 
TEORIA DO PODER E DIVISÃO DAS FUNÇÕES ESTATAIS 
 
O QUE É PODER? 
O vocábulo poder (potere) relaciona-se à capacidade de fazer algo, à faculdade de exercer a autoridade, 
de impor a vontade. Etimologicamente, é um termo que sempre remete à: 
 
Força Persuasão Controle Regulação 
 
O Direito, a Sociologia e a Filosofia têm discutido, ao longo de séculos, modos e teorias sobre o poder, 
apresentando diferentes definições, conforme o cenário histórico, político e social de cada época. 
O poder constitui uma força que intervém nas relações sociais desde o início da sociedade humana. É 
algo tão natural e necessário que não se pode compreendê-la sem que essa esteja sustentada sobre as bases da 
obediência civil e do poder. 
 
MAX WEBER (2009, P.33) 
Sociólogo alemão, para ele, o poder consiste na imposição da vontade de uma pessoa ou instituição 
sobre os indivíduos. Essa imposição é direta e deliberada e pode ter aceitação como força de ordem ou não. 
Quando as pessoas que são sujeitas ao poder de alguém aceitam a ordem, existe uma transição de forças da 
esfera do poder para a esfera da dominação, isto é, a pessoa que aceita a imposição de ordem se subjuga à 
autoridade da outra. 
 
KARL MARX (2010, P.16) 
Filósofo e economista, para ele o poder assenta naquele que tem os meios materiais de produção 
de capital, o que, em sua época, consistiam nas fábricas e nas terras. Através da posse dos meios de produção, 
o proprietário sujeita seus empregados ao seu poder. 
 
PIERRE BOURDIEU (2004, P.349) 
Por sua vez, o sociólogo francês Pierre Bourdieu (2004, p.349) entende o poder dentro de uma esfera 
social e coletiva circundada pelo que chamou de habitus, o qual é um conjunto de valores, normas, regras, 
gostos e elementos culturais, como religião, arte etc., que influenciam a sociedade e possui a capacidade de 
unir e de separar indivíduos. 
 
NORBERTO BOBBIO (1999, P.11) 
O jurista classificou o poder em três formas: 
 
a) Poder econômico: Desempenhado por quem tem posse dos bens materiais e da riqueza. 
b) Poder ideológico: Empreendido por aquele que possui a capacidade de criar ideias e ideologias e, assim, 
influenciar os outros. 
c) Poder político: Poder oficial que controla o Estado e ostenta o direito de uso da força física contra os 
membros de uma comunidade política. O poder político é legítimo, desde que procure atingir os fins de uma 
comunidade política. 
 
Sem dúvida, o campo em que o poder ganha seu papel mais crucial é o da política. É esse modelo que 
será estudado no próximo tópico, o qual compete coordenar e impor regras e limites em função dos fins 
pretendidos pelo Estado, fundamentando-se em sua soberania. Em outras palavras, o Estado é a 
institucionalização do poder político para satisfação do bem comum. 
 
Aristóteles e Locke: bases teóricas da separação dos Poderes 
O controle da potencial utilização abusiva e autoritária do poder político desempenhado pelo Estado 
tem sido uma preocupação permanente dos seres humanos. Desde a antiguidade, surgem inúmeras teorias com 
o propósito de limitar os poderes, como garantia de proteção de direitos e liberdades das pessoas contra o 
arbítrio estatal. 
A origem da teoria da separação dos Poderes encontra-se em Aristóteles (1991, p. 93). Na sua obra, A 
Política, o pensador compreendia que o poder soberano se manifestava através de três funções distintas: 
 
• Função deliberativa: Editar normas gerais de observância para todos. 
• Função executiva: Aplicar essas normas ao caso concreto. 
• Função julgadora: Resolver os conflitos advindos da execução das aludidas normas. 
 
Observa-se que tais funções, apesar de diferentes, ainda se concentravam, para o pensador, na figura 
de uma única pessoa, o soberano. 
Aristóteles já profetizava a necessidade de novas mudanças e aperfeiçoamentos na arte de se fazer 
política e governo. Contudo, ele não cuidou da funcionalidade dessa separação, isto é, não formulou a 
independência entre Poderes, o que só fora feito posteriormente por Montesquieu. 
 
L´etat c´est moi (O Estado sou eu) 
A famosa frase de Luís XIV traduz claramente o poder ilimitado que se encontrava nas mãos dos 
monarcas à época. 
Locke (1994, p. 171), pensador inglês, influenciado pelos importantes eventos ocorridos nas 
revoluções do século XVII, também cuidou da evolução da teoria, através da obra Segundo Tratado do 
Governo Civil, publicada em 1690, delineando de forma mais precisa, a ideia em torno de uma demarcação 
sobre os Poderes do Estado. 
Na sua ótica, não existia poder deliberativo, mas sim Poder Legislativo, o qual tinha a incumbência de 
editar leis, as quais não poderiam ser feitas em benefício próprio nem com intervenção da propriedade. 
Incluía também, dentro das funções do legislativo, a de resolver os conflitos, como julgador. 
Mencionava ainda a presença do Poder Executivo, o qual aplicava a força pública para fazer cumprir as 
normas, e o Poder Federativo, que mirava as relações com outros Estados, especialmente, por meio de alianças. 
Segundo esse teórico, esses últimos Poderes, embora distintos, não poderiam ser divididos, uma vez 
que uma possível separação constituiria uma perigosa fonte de conflitos, por ambos utilizarem a força armada. 
O pensador ainda reconhece o poder da prerrogativa como sendo uma das funções também do Poder 
Executivo, o qual o incumbiria de decidir como atuar nos casos de omissões legislativas ou em situações 
extraordinárias. 
Por fim, para Locke, o legislativoera o poder supremo, de forma que os demais Poderes dele derivam 
e a ele estão subordinados. 
Ao identificarem as três funções distintas desempenhadas pelo Estado, Aristóteles e Locke 
apresentaram um grande contributo para o pensamento político, construindo as bases teóricas da chamada 
separação de Poderes. 
 
Montesquieu: a consolidação da tripartição de poderes 
É com Montesquieu, na consagrada obra, Espírito das Leis, no século XVIII, que efetivamente 
inaugura a doutrina da separação dos Poderes, marcada pela ideia de uma divisão funcional do Poder em prol 
da liberdade e segurança individuais, contrapondo-se ao absolutismo. 
Em sua teoria, identifica-se, não só a existência das três funções estatais, mas sua autonomia e 
independência entre si. Cada função corresponderia a um órgão, não mais se concentrando nas mãos únicas 
do soberano (MONTESQUIEU, 2000, p. 168). 
Na estrutura de sua teoria da separação dos Poderes, haveria divisão em três esferas, quais sejam: 
 
Poder Legislativo Poder Executivo Poder Judiciário 
Tem a função de fazer as leis. Tem a prerrogativa de julgar as 
demandas e os conflitos entre 
particulares. 
Fica com a aplicação das leis e 
resoluções geradas pelo segundo. 
 
Para Montesquieu, todo aquele que se encontra nesses Poderes tende a deles abusar. 
O exercício dessas três funções precisa ser confiado a órgãos e pessoas diferentes, para que cada Poder 
freie o outro, impedindo, assim, a arbitrariedade. É a fórmula dos “freios e contrapesos” (check and balances), 
segundo a qual a cada poder, além de sua função típica, caberia uma função atípica de controle do outro. 
Nota-se ainda que Montesquieu insere, entre os Poderes, o de julgar, o que não fazia Locke. Mas o faz 
reconhecendo, neste poder, nulidade, uma vez que não se tem como atribuir permanentemente a função de 
julgar a qualquer pessoa. 
Em resumindo, Montesquieu idealizou a construção de modelo de separação de Poderes que garantisse 
a moderação no exercício do poder político, evitando sua utilização abusiva e, principalmente, assegurando a 
liberdade e os direitos dos indivíduos. 
Atualmente, há uma crítica nessa divisão tripartite de Poderes de Montesquieu, visto que o Poder é 
uno e indivisível, porém, quem o detém é o Estado, e não os Órgãos que executam as diferentes funções. Em 
última análise, seu titular é o povo que o delega por contrato a um governo em troca de segurança e de 
sobrevivência de sua espécie. 
Apesar disso, é inegável a importância da teoria de Montesquieu para o desenvolvimento de diversos 
movimentos, como as revoluções americana e francesa, constituindo ainda hoje a base da organização do 
governo nas democracias ocidentais, inclusive, a brasileira, tema do próximo tópico. 
 
Divisão das funções estatais na Constituição Federal de 1988 
A Constituição Federal de 1988, objetivando, especialmente, evitar o abuso e o desrespeito aos direitos 
fundamentais do homem, contemplou a existência dos Poderes do Estado como independentes e 
harmônicos entre si, repartindo entre eles as funções estatais e dispondo prerrogativas e imunidades para que 
bem pudessem desempenhá-las, bem como criando instrumentos de controles recíprocos, como garantia da 
manutenção do Estado democrático de direito. 
Assim, foram atribuídas as funções estatais de soberania aos três tradicionais Poderes de Estado: 
Legislativo, Executivo e Judiciário. Resgatando a ideia da tripartição de poderes de Montesquieu, o art. 2º da 
Carta da República dispõe que: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário”. 
Além disso, no Brasil, a separação de Poderes é cláusula pétrea prevista no art. 60, § 4º, III, da CF/88, 
logo, não pode ser objeto de emenda tendente a abolir essa garantia. 
As atribuições asseguradas não poderão ser delegadas de um Poder (órgão) a outro. É o princípio da 
indelegabilidade de atribuições. Um órgão só poderá desempenhar as funções de outro, ou da natureza típica 
de outro, quando tiver expressa previsão e, diretamente, quando existir delegação pelo poder constituinte 
originário, como ocorre, por exemplo, com as leis delegadas do art. 68 da CF/88, cuja atribuição é transmitida 
do Legislativo ao Executivo. 
Cada Poder, além do exercício de funções típicas, inerentes à sua natureza, exercem outras 
denominadas de funções atípicas, as quais são próprias de outros Poderes. Essa repartição de tarefas é feita de 
maneira equilibrada, impedindo que um Poder avance sobre as atribuições dos demais e exceda os limites 
fixados pela Constituição sem que haja contenção. Existe, assim, um controle recíproco entre os diferentes 
Poderes, materializado no sistema de freios e contrapesos. 
 
Funções típicas do Poder Legislativo: 
• Função legislativa: Integra todas as espécies normativas previstas no art. 59 da CF/88, à exceção das 
medidas provisórias e das delegadas. 
• Função fiscalizadora: Atuando no campo da fiscalização das atividades dos outros Poderes, 
sobretudo do Executivo, seja mediante as Comissões Parlamentares de Inquérito – CPIs – seja pela 
fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial prevista no arts. 70 a 75 da CF/88, 
auxiliando o Tribunal de Contas da União. 
• Função de fiscal da constitucionalidade dos atos normativos: Desempenhada pelo Senado Federal 
quando suspende a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional em decisão 
definitiva do Supremo Tribunal Federal (art. 52, X, da CF/88). 
 
Funções atípicas do Poder Legislativo: 
• Função administrativa: Desempenhada pelo Legislativo ao dispor acerca de sua organização, polícia, 
provendo cargos e serviços, concedendo férias aos seus servidores etc. (art. 51, IV e art. 52, XIII, da 
CF/88). 
• Função de julgar: A ser exercida pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade, o presidente 
da República e o vice-presidente da República, além dos ministros de Estado em crimes conexos, o 
ministro do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional do Ministério Público e do 
Conselho Nacional de Justiça, o advogado-geral da União e o Procurador Geral da República (art. 52, 
I e II, da CF/88). 
 
Funções típicas do Poder Executivo: 
• Função de chefe de Governo: Refere-se à representação interna e à gerência dos negócios internos, 
tanto de natureza política (participação no processo legislativo), como de natureza predominantemente 
administrativa, além de desempenhar a liderança da política nacional. Nessa função, nomeia e exonera 
ministros; sanciona, veta promulga e faz publicar as leis; decreta estado de defesa, estado de sítio e 
intervenção federal, dentre outros. (A título de exemplo: art. 84, I, III, IV, V, IX, XXIII e XXIV). 
• Função de chefe de Estado: Engloba o papel de representar o país nas relações internacionais, 
mantendo relações com Estados estrangeiros e acreditando seus diplomatas; celebrando tratados, 
convenções; exercendo o comando supremo das forças armadas; celebrando a paz e declarando guerra 
no caso de agressão estrangeira, dentre outros. (A título de exemplo: art. 84, VII, VIII, XIX, XXI e 
XXII da CF/88). 
• Função de chefe da Administração: Corresponde à gerência dos atos internos de cunho 
administrativo. Exerce ainda, com o auxílio dos ministros de Estado, a direção superior da 
administração federal. Mediante decreto, pode dispor sobre organização e funcionamento da 
administração pública, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos 
públicos. Nessa função, provê e extingue cargos públicos na forma da lei. (A título de exemplo: art. 
84, II, VI e XXV, da CF/88). 
 
Funções atípicas do Poder Executivo: 
a) Função legislativa: Ao editar medidas provisórias e as leis delegadas (arts. 62 e 68 da CF/88). 
b) Função de julgar: Quando decide contencioso administrativo. 
 
O Poder Judiciário, ao lado do Legislativo e Executivo, compõe o clássico princípio da tripartição de 
Poderes. 
 
Função típica do Poder Judiciário: 
É a judicial, caracterizadapor aplicar o direito aos casos concretos, de modo imparcial, através de 
processo, substituindo a vontade das partes na resolução de conflitos. Nessa função, o Judiciário ainda protege 
os direitos fundamentais e defende a normatividade da constituição. 
 
Funções atípicas do Poder Executivo: 
• Função administrativa: Quando o Judiciário concede férias, licenças aos seus membros e 
serventuários ou ainda quando procede ao provimento de cargos dos juízes. É o denominado 
autogoverno dos tribunais. Nessa função, o próprio poder judiciário exerce seus órgãos diretivos. (ex.: 
art. 96, I, “f” e “c”, da CF/88). 
• Função legislativa: Exercida pelo Judiciário, ao criar seus regimentos internos, disciplinando acerca 
da competência e o funcionamento de seus órgãos jurisdicionais e administrativos (ex.: art. 96, I, “a”, 
da CF/88). 
 
Feita essa introdução sobre as funções típicas e atípicas, cabe agora examinar a organização concreta 
dos Poderes e de suas competências – iniciando pelo Poder Legislativo – à luz da Constituição de 1988. 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
 
1. Em sua obra o Espírito das Leis, Montesquieu aborda um princípio que se encontra expresso na constituição 
de 1988 e tem natureza de cláusula pétrea: 
a) Soberania popular 
b) Autonomia dos estados da Federação 
c) Autonomia do Poder Judiciário 
d) Separação dos Poderes1 
e) Federação 
 
2. Em relação à organização dos poderes e do sistema de freios e contrapesos no direito constitucional 
brasileiro, assinale a alternativa correta: 
a) Utilizada em inúmeros países, entre eles o Brasil, a ideia de tripartição dos Poderes do Estado em segmentos 
distintos e autônomos entre si, Legislativo, Executivo e Judiciário, foi instituída por Aristóteles. 
b) A Constituição Federal adotou o princípio da indelegabilidade de atribuições de maneira absoluta, não 
havendo nenhuma exceção a essa regra. 
c) A elaboração de medidas provisórias pelo presidente da República constitui função atípica do Poder 
Executivo.2 
d) As funções atípicas permitem que o Poder Legislativo fiscalize o Poder Executivo. 
e) A edição de leis delegadas integra o rol de funções típicas do presidente da República. 
 
MÓDULO 2: Identificar as atribuições, a estrutura, o funcionamento do Poder Legislativo e seus mecanismos 
de controle 
 
PODER LEGISLATIVO 
 
Estrutura e composição 
Estruturalmente, o Poder Legislativo da União é um órgão bicameral, composto por duas casas 
legislativas, — a Câmara dos Deputados, que representa o povo, nos termos do art. 45 da CF/88 — e o Senado 
Federal, representando a vontade dos estados e Distrito Federal, a teor do art. 46 da CF/88, sem haver primazia 
de uma casa sobre a outra. A junção dessas duas casas forma o que se denomina de Congresso Nacional. 
 
1 A alternativa "D" está correta. O autor francófano fora pioneiro na doutrina ao defender a separação dos Poderes, juntamente com 
o sistema de freios e contrapesos no controle recíproco entre esses. E, assim, previu o constituinte brasileiro, estabelecendo tal 
separação como sendo cláusula pétrea. Vejamos: “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 4º Não será 
objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: III - a separação dos Poderes.” 
2 A alternativa "C" está correta. Aristóteles, apesar de identificar as distintas funções do estado, não cuidou da funcionalidade dessa 
separação, concentrando-as ainda na figura de uma única pessoa, o soberano; o princípio da indelegabilidade de atribuições é regra, 
mas há exceções como as funções atípicas conferidas a cada Poder; é função típica do Legislativo fiscalizar o Poder Executivo, 
sendo função atípica desse último poder a edição de medidas provisórias e leis delegadas. 
O bicameralismo federativo originou-se nos Estados Unidos, e se baseia na ideia de divisão entre os 
representantes do povo e dos estados, com o objetivo de evitar à época, que, nas colônias mais populosas, 
fosse concentrado o Poder Legislativo da federação em detrimento dos estados menores. Por isso, há uma 
forte ligação entre federação, Senado Federal e Poder Legislativo. 
 
Câmara dos Deputados 
A Câmara dos Deputados é formada por 513 deputados eleitos pelo sistema proporcional, nos estados, 
nos territórios federais e no Distrito Federal, cujo mandato é de quatro anos. O número de deputados irá variar 
conforme a população de cada unidade federativa, contudo, não será inferior a oito, nem superior a 70. 
O deputado federal deve ser brasileiro (nato ou naturalizado), maior de 21 anos e estar em pleno 
exercício dos direitos políticos. 
 
ATENÇÃO: É importante lembrar que, atualmente, não existem territórios, mas, como é possível sua 
criação mediante lei complementar (art. 18 da CF/88), se existirem, poderão eleger quatro deputados. 
 
Senado Federal 
O Senado Federal é composto de 81 senadores, sendo que cada estado e o Distrito Federal possuem o 
número fixo de três senadores e dois suplentes, os quais serão renovados parcialmente a cada quatro anos na 
proporção de 1/3 e 2/3, resultando em um mandato total de oito anos. 
Os senadores são eleitos pelo sistema majoritário simples, que determina a vitória de quem recebeu o 
maior número de votos na eleição. Cada senador deve ser brasileiro (nato ou naturalizado), maior de 35 anos 
e estar no gozo pleno dos direitos políticos. 
Os territórios federativos e municípios não possuem representantes no Senado. 
 
Poder Legislativo nos Estados e Distrito Federal 
Nos Estados, diferentemente do que ocorre na União, o Poder Legislativo é unicameral, pois é 
formado por apenas uma casa, que é a Assembleia Legislativa, conforme previsão do art. 27 da CF/88. No 
Distrito Federal (DF), o Poder Legislativo também é unicameral. O órgão legislativo do DF é chamado de 
Câmara Legislativa, conforme prevê o art. 32 da CF/88. 
O número de deputados desses órgãos equivale ao triplo da representação do Estado na Câmara dos 
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os deputados federais 
acima de doze. 
SAIBA MAIS: Será de quatro anos o mandato dos deputados estaduais e distritais, aplicando-lhe as 
regras da Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, 
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. 
 
Poder Legislativo nos municípios 
Seguindo essa linha, nos municípios, o Poder Legislativo repete o modelo unicameral, cuja 
representação é feita pela Câmara Municipal ou Câmara de Vereadores. 
SAIBA MAIS: O número de vereadores será fixado conforme o número de habitantes de cada município, 
até os limites máximos prescritos no art. 29, IV, nos termos da redação dada pela EC n. 58/2009. 
 
Funcionamento e atribuições da Câmara dos Deputados e Senado Federal 
Conforme o art. 57 da CF/88, o Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, de 2 de fevereiro a 17 de 
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Esse período anual é denominado de sessão legislativa. 
Já a legislatura corresponde ao período de 4 anos de funcionamento do Poder Legislativo, nos termos 
do art. 44 da CF/88. Assim, a legislatura é composta de quatro sessões legislativas ordinárias. 
Nos períodos de 18 a 31 de julho e 23 de dezembro a 1º de fevereiro, há o recesso parlamentar, quando 
poderá ocorrer a convocação extraordinária do Congresso Nacional, a teor do art. 57, §6º, da CF/88. Nesse 
chamamento, o Congresso apenas poderá deliberar sobre a matéria para a qual foi convocado, salvo se houver 
medidas provisórias em vigor, que serão automaticamente incluídas na pauta da convocação. 
Dentre os assuntos da sessão extraordinária, destacam-se a intervenção federal, estado de defesa, de 
pedido de autorização para estado de sítio e para o compromisso e a posse do presidente e do vice-presidente 
da República. Na hipótese de urgência ou de interesse público relevante, ainda é possível que o presidente da 
República, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e ainda, a requerimento da maioriados membros de ambas as Casas, a sessão seja convocada (art. 57, § 8º da CRFB/88). 
Em razão da Emenda Constitucional 50/2006, não há mais pagamento de parcela indenizatória nas 
sessões extraordinárias, como se vê no art. 57, § 7º da CRFB/88. 
As sessões serão regidas consoante aos regimentos (regulação interna) das Casas. O Congresso 
Nacional possui três regimentos: 
• O dele próprio. 
• O regimento da câmara. 
• O do senado, sendo o primeiro adotado nas hipóteses em que as duas casas se reúnem conjuntamente. 
Em relação aos órgãos diretivos, a mesa do Congresso nacional, na forma do art. 57, § 5º da CF/88, 
será presidida pelo presidente do Senado Federal (que também preside a mesa do Senado Federal), e os 
demais cargos serão desempenhados alternadamente pelos ocupantes de cargos assemelhados na Câmara dos 
Deputados e no Senado Federal. 
ATENÇÃO: Vale registrar que cada uma das Casas também tem o seu próprio órgão diretivo, formado 
por seus respectivos pares. Tradicionalmente, os regimentos das Casas e do Congresso estabelecem os 
seguintes cargos: um presidente, dois vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes de secretários. 
No total, são sete membros titulares e quatro suplentes. 
 
Em relação às atribuições, as atividades legislativas do Congresso Nacional estão regidas no art. 48 
da CRFB/88 (em rol não exaustivo), mas exigem a coparticipação do Executivo (mediante a sanção) para a 
formação das leis. A atividade deliberante, que dispensa a participação do Poder Executivo, está presente nos 
arts. 49 da CF/88 (matérias de competência do Congresso Nacional). 
 
Atribuições da Câmara dos Deputados 
O art. 51 da CF/88, dispõe sobre a competência privativa da Câmara dos Deputados, reguladas por 
meio de Resolução, dispensando sanção e o veto do chefe do Executivo: 
 
• Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o presidente e o vice-
presidente da República e os ministros de Estado. Nesse caso, a Casa do povo faz o juízo de 
admissibilidade das acusações contra o presidente da República, seja em razão de crime comum ou de 
responsabilidade (art. 86 da CF/88). 
• Proceder à tomada de contas do presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso 
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa. Este dispositivo está em 
conformidade ao art. 84, XXIV da CF/88 que obriga o presidente da República à prestação de contas. 
• Elaborar seu regimento interno. Cada uma das Casas, dentro da estrutura de sua autonomia, poderá se 
auto-organizar, sem intromissão uma da outra, ou de outro âmbito de do poder. 
• Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, 
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, 
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Essa matéria é também fruto 
da autonomia da Casa Legislativa. 
• Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII da CF/88. 
 
Frise-se que essas matérias acima são reguladas por meio de Resoluções, que dispensam sanção e o 
veto do chefe do Executivo. 
 
Atribuições do Senado Federal 
Já os assuntos de competência privativa do Senado encontram-se no art. 52, I a XV da CF/88, as quais, 
da mesma forma que a Câmara dos Deputados, dispensam a participação do Poder Executivo, senão vejamos: 
 
1. Processar e julgar o presidente e o vice-presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem 
como os ministros de Estado e os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes 
da mesma natureza conexos com aqueles. Vale notar que os ministros de Estado e comandantes das 
Forças Armadas somente serão processados e julgados pelo Senado Federal caso estejam envolvidos 
nos mesmos atos praticados pelo presidente da República, pois, caso não haja conexão, serão julgados 
pelo STF, nos termos do art. 102, I, c da CF/88. 
 
2. Processar e julgar os ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de 
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o procurador-geral da República e o advogado-
geral da União nos crimes de responsabilidade. Esse dispositivo foi inserido pela EC 45/2004. 
 
3. Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de: i) magistrados, nos casos 
estabelecidos na Constituição; ii) ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo presidente 
da República; iii) governador de território; iv) presidente e diretores do Banco Central; v) procurador-
geral da República; vi) titulares de outros cargos que a lei determinar. O rol não é taxativo, assim, é 
permitida a ampliação acerca da nomeação de outros cargos na esfera federal. 
 
4. Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de 
missão diplomática de caráter permanente. Nota-se que a atribuição é para nomeação de embaixadores, 
responsáveis pelas embaixadas. Os demais agentes diplomáticos são nomeados sem a necessidade 
desta formalidade. 
 
5. Autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito 
Federal, dos territórios e dos municípios. Este dispositivo contempla empréstimos, financiamentos, 
acordos financeiros, sem necessidade de ouvir o presidente da República. 
 
6. Fixar, por proposta do presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada 
da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Dívida consolidada tem o mesmo 
fundamento de “dívida fundada”, isto é, o compromisso de exigibilidade que ultrapasse doze meses, 
em contraposição às operações de crédito por antecipação da receita, que são de curto prazo. 
 
7. Dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos 
estados, do Distrito Federal e dos municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo 
Poder Público Federal; dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em 
operações de crédito externo e interno e estabelecer limites globais e condições para o montante da 
dívida mobiliária dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Nesses dispositivos, o legislador 
conferiu ao Senado Federal a fiscalização das operações financeiras das demais unidades da federação. 
 
8. Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do 
Supremo Tribunal Federal. 
 
9. Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do procurador-geral da 
República antes do término de seu mandato. A exoneração de ofício não demanda justificada uma vez 
que denota somente da confiança, diante da natureza da função de nomeação. 
 
10. Elaborar seu regimento interno; dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, 
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para 
fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes 
orçamentárias. Cada uma das Casas, como já estudado, dentro da estrutura de sua autonomia, poderá 
se auto-organizar, sem ingerência uma da outra, ou de outra esfera do poder. 
 
11. Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII da CRFB/88. 
 
12. Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus 
componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos estados, do Distrito Federal 
e dos municípios. 
 
COMISSÕES 
As comissões são subconjuntos de parlamentares organizados com o objetivo de tratar de um tema 
específico, as quais são constituídas na forma e atribuições dispostas nos regimentos do Congresso Nacional, 
da Câmara dos Deputados e do Senado ou no ato que resultar sua instituição. 
Para fins de classificação, há as seguintes comissões: 
a) ComissõesTemporárias: Como as Comissões Parlamentares de Inquérito (art. 58,§3º, da CF/88). 
b) Comissões Permanentes: Aquelas cujo início se dá com o começo de cada legislatura, como as 
comissões temáticas e a de Constituição e Justiça. 
c) Comissões Mistas: Compostas de deputados e senadores, a exemplo da Comissão Mista para 
deliberação das medidas provisórias (art. 62, §9º, da CF/88). 
d) Comissão Representativa do Congresso Nacional: Atuará durante os recessos parlamentares, com 
atribuições dispostas no regimento (art. 58, §4º, da CF/88). 
 
Comissões Parlamentares de Inquérito 
As Comissões Parlamentares de Inquérito consistem no principal instrumento de fiscalização político-
administrativa a ser desempenhada pelo Poder Legislativo e estão dispostas no art. 58, §3º, da CF/88. 
Para a criação, necessita preencher os seguintes requisitos: 
a) Requerimento de um terço dos membros da Câmara e/ou um terço das assinaturas de senadores; 
podendo ser a CPI instaurada em uma das Casas ou nas duas, desde que o requerimento seja subscrito 
por deputados e senadores. 
b) Apuração de fato determinado, isto é, tem que tratar de alguma situação específica; nada impede que 
os fatos surgidos durante as investigações que tenham relação com o fato principal também sejam 
apurados. 
c) Prazo certo, mas conforme orientação do STF são admissíveis prorrogações sucessivas do prazo 
inicialmente fixado para uma CPI, desde que durante o período relativo à legislatura em que se iniciou. 
 
ATENÇÃO: São conferidos às Comissões Parlamentares de Inquérito poderes para ampla investigação, 
bem como meios de torná-los efetivos, devendo, no entanto, o seu exercício ocorrer com a devida observância 
aos direitos e garantias individuais, isto é, respeitando os direitos. 
 
Tomando como base a Constituição Federal e a jurisprudência do STF, a CPI pode, por autoridade 
própria, ou seja, sem a necessidade de qualquer intervenção judicial, desde que haja fundamentação, 
observadas todas as formalidades legais: 
a) Autorizar quebra de sigilo de dados bancário, telefônico e fiscal dos indiciados. Nesse ponto, é 
importante o “sigilo das comunicações telefônicas” e o sigilo dos dados telefônicos. O primeiro refere-
se à captação e gravação de conversas telefônicas de um indivíduo (conhecida como interceptação 
telefônica ou “grampo”, a qual depende de ordem judicial). Já a quebra do sigilo de dados telefônicos 
constitui o acesso ao histórico de chamadas, data, horário, duração, enfim, ao extrato impresso da conta 
telefônica de um indivíduo, o qual pode ser quebrado pela CPI. 
b) Requisitar aos órgãos públicos documentos e informações necessárias para a investigação. 
c) Ouvir testemunhas, sob pena de condução coercitiva. As testemunhas prestarão compromisso de dizer 
a verdade, sob pena de falso testemunho. A elas é também garantida a prerrogativa contra a 
autoincriminação, garantindo-se o direito ao silêncio, ou quando deva guardar sigilo em razão de 
função, ministério, ofício ou profissão, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o 
seu testemunho (arts. 207 do CPP e art. 388, II, do CPC/2015 — cf. HC 79.598/STF). 
d) Ouvir investigados ou indiciados. A CPI, contudo, deverá respeitar o direito ao silêncio do investigado 
ou indiciado, que poderá deixar de responder às perguntas que possam incriminá-lo (HC 80.584-PA, 
Rel. Min. Néri da Silveira, 08.03.2001). 
e) Convocação de autoridades como ministros de Estado para prestar esclarecimentos, a teor do art. 50 
da CF/88. 
 
Por outro lado, a CPI não possui poderes ilimitados, há temas que estão protegidos pela chamada 
cláusula de reserva de jurisdição, isto é, apenas por ordem judicial tais atos podem ser determinados. Desse 
modo, a CPI não pode: 
a) Realizar Atos de Natureza Cautelar: Como exemplos, podem ser citados: arresto, sequestro, 
proibição de se ausentar da comarca ou do país, indisponibilidade de bens; ambos necessitam de ordem 
judicial. 
b) Determinar a Interceptação Telefônica: Os “grampos” apenas podem ser autorizados por ordem 
judicial, a teor do art. 5º, XII, da CF/88. 
c) Determinar Busca e Apreensão de Documentos com Violação Domiciliar: Somente a autoridade 
judicial poderá determinar a violação de um domicílio (desde que durante o dia), sendo essa, outro 
caso de matéria sujeita à reserva do Poder Judiciário. 
d) Decretar a Prisão do Investigado: Salvo no caso de flagrante delito, no entanto, não tem autoridade 
para determinar prisão definitiva ou provisória (temporária, preventiva). 
 
Vale ainda registar que as CPIs não têm atribuição para investigar fatos de competência dos estados, 
Distrito Federal e dos municípios, tendo em vista o princípio federativo, devendo tais fatos serem investigados 
por CPIs estaduais, distrital ou municipais. 
Eventuais abusos ou ilegalidades realizadas por essas comissões poderão ensejar demanda no Supremo 
Tribunal, nos termos do art. 102, I, “i”, da CF/88. 
 
 
 
IMUNIDADES 
As imunidades parlamentares são prerrogativas conferidas aos congressistas pela Constituição, 
asseguradoras do exercício do mandato com plena liberdade. Constituem verdadeiros instrumentos de 
independência do Poder Legislativo e de garantia da democracia. 
Tais prerrogativas não são privilégios nem violam o princípio de igualdade, pois não são concedidas 
em virtude da pessoa do parlamentar, mas em razão da importante função por ele exercida. 
Tanto é que subsistem durante o estado de defesa e o estado de sítio, somente podendo ser suspensas, 
no último caso, pelo voto de dois terços dos membros da Casa respectiva e para atos incompatíveis com a 
execução daquela medida (art. 53, §8º, CF/88). 
As imunidades podem ser de dois tipos: imunidade material e imunidade formal. 
 
Imunidade material (Freedom of Speech) 
Conforme o art. 53 da Constituição Federal dispõe, os deputados e os senadores são invioláveis por 
suas opiniões, palavras e votos. 
Trata-se da chamada imunidade material, também chamada de inviolabilidade parlamentar, que enseja 
a irresponsabilidade civil e penal do parlamentar por suas palavras, opiniões e votos, assegurando que o 
congressista desempenhe sua atividade com ampla liberdade de manifestação. Não abrange agressão física. 
SAIBA MAIS: O Supremo Tribunal Federal, contudo, tem atribuído um tratamento diferente entre 
opiniões, palavras e votos prolatados dentro e fora do recinto parlamentar. Dessa forma, para as manifestações 
realizadas fora da Casa Legislativa, a Corte maior tem exigido que sejam realizadas no exercício do mandato 
ou em razão dele, ou seja, deve ter relação com o mandato parlamentar. Já aquelas dentro do recinto 
parlamentar, estão presumivelmente amparadas pela imunidade, independentemente de qualquer 
comprovação de conexão com o mandato. 
 
Cumpre ter presente que as opiniões ofensivas proferidas por deputados federais e veiculadas por meio 
da imprensa, em manifestações que não guardam nenhuma relação com o exercício do mandato, não estão 
abarcadas pela imunidade material prevista no art. 53 da CF/88 e são aptas a gerar dano moral. 
Registre-se, ademais, que a imunidade material é de ordem pública, não podendo existir renúncia pelo 
parlamentar. 
 
Imunidade formal (Freedom from arrest) 
A imunidade formal divide-se em três espécies: 
 
• Imunidade em relação à prisão: 
Desde a expedição do diploma, os parlamentares federais não poderão ser presos, salvo em flagrante 
delito de crime inafiançável. Diante disso, os congressistas não poderão sofrer prisão preventiva, temporária, 
bem como de natureza civil. 
ATENÇÃO: No caso da prisão em flagrante, os autos deverão ser remetidos à Casa Parlamentar 
respectiva no prazo de 24 horas, para que, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, resolva sobre a 
prisão. Então, a aprovação pela Casa é condição indispensável para a manutenção da prisão em flagrante 
delito de crime inafiançável (prisão processual ou cautelar) já realizada. 
 
Quanto às medidas cautelares, o STF entende ser possível a aplicação delas contra os congressistas. 
Se houver restrição diretaou indiretamente do mandato, estas devem ser encaminhadas também à Casa 
respectiva para deliberação (ADI 5526/DF, 2017). 
É importante afirmar que a votação dos congressistas não mais será secreta, consoante regra anterior 
à EC n. 35/2001, e sim pelo voto aberto, implementando-se, por meio dessa nova sistemática, a transparência 
que deve sempre imperar nesse tipo de apreciação. 
Além disso, é possível a prisão de parlamentares federais em razão da sentença judicial 
transitada em julgado (ou seja, quando não mais couberem recursos), o Tribunal entendeu que as penas 
impostas poderão ser executadas imediatamente. 
 
• Imunidade em relação ao processo: 
Atualmente, a partir da Emenda Constitucional 35/2001, para a instauração de processo criminal contra 
parlamentares federais, não há mais necessidade de autorização legislativa. 
Desse modo, oferecida a denúncia, o processo contra parlamentares tramita normalmente, podendo a 
casa a que pertence o denunciado deliberar sobre a sua sustação. Conforme o texto constitucional, a 
deliberação pode ser feita até a decisão final do processo (trânsito em julgado) e deve, obrigatoriamente, ser 
apreciada no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias a contar do recebimento do pedido pela Mesa Diretora. 
Os legitimados para solicitarem a sustação de ações criminais contra parlamentares são quaisquer 
partidos políticos com representação na Casa do denunciado do parlamentar acusado. 
Cumpre ressaltar que somente há imunidade em relação a processo acerca de crimes praticados, após 
a diplomação, porém aqueles praticados anteriormente não gozam de imunidade. 
 
Prerrogativa de função 
De acordo com o art. 53, §1º, da CF/88, os deputados e senadores, desde a diplomação, estão sujeitos 
a julgamento, em relação aos processos penais, perante o Supremo Tribunal Federal. 
No entanto, na Ação Penal 937, o Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, decidiu que o foro 
por prerrogativa de função atribuído aos deputados federais e senadores se aplica somente aos crimes 
cometidos durante o exercício do cargo e em razão das funções a ele relacionadas. 
Nesse julgamento, definiu-se ainda que, após o final da instrução processual pela Corte, com a 
publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e 
julgar as ações penais não será mais modificada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou 
deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo, ocorrendo a perpetuação do foro perante o STF. 
A prerrogativa, no entanto, não se estende à improbidade administrativa. Atualmente, não há dúvida 
de que a competência é do juízo de 1º grau (ADI 2860 e 2797). 
 
• Imunidades dos deputados estaduais, distritais e vereadores 
Segundo o STF, os deputados estaduais e distritais gozam das mesmas imunidades formais e materiais 
previstas para os parlamentares federais no art. 53 da CF/88 (ADI 5823 MC/RN, julgado em 8/5/2019 (Info 
939). 
Já para os vereadores, a imunidade material somente é configurada se a manifestação tiver sido 
praticada in officio ou propter officium e na circunscrição municipal (art. 29, VIII, da CF/88 e RE 600063/SP, 
STF, rel. Min. Barroso). 
 
Obrigação de testemunhar e Forças Armadas 
Os parlamentares federais não serão obrigados a testemunhar acerca de informações recebidas ou 
prestadas em razão do exercício do mandato, tampouco sobre pessoas que lhe confiarem ou deles receberam 
informações (art.53, §5º, da CF/88). Cuida-se de ato discricionário atribuído ao congressista (não é obrigado 
a testemunhar) e não engloba o direito de testemunhar na qualidade de cidadão comum, uma vez que nessa 
modalidade é obrigado a testemunhar. 
A incorporação às Forças Armadas de deputados e senadores, embora militares e ainda que em tempo 
de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. 
Perda do mandato 
O art. 55 lista as hipóteses de perda do mandato do parlamentar, dentre os casos, a doutrina distingue 
as situações de cassação e extinção do mandato. A cassação refere-se à perda do mandato em razão do 
parlamentar ter cometido falta funcional, já a extinção do mandato diz respeito à ocorrência de ato ou fato que 
torne automaticamente inexistente o mandato, como morte, renúncia etc. 
 
Hipóteses de Cassação (art. 55, I, II e VI) 
a) Violação das proibições determinadas no art. 54 da CF/88. 
b) Falta de decoro parlamentar.3 
c) Condenação transitada em julgado. 
 
Nesses casos, a perda do mandato dependerá da deliberação por maioria absoluta da respectiva Casa 
Legislativa, através de voto secreto (art. 55, §2º, da CF/88). 
 
Hipóteses de Extinção (art. 55, III, IV e V) 
a) Deixar de comparecer injustificadamente a 1/3 das sessões ordinárias em cada sessão legislativa. 
b) Perder ou tiver suspensos os direitos políticos e por decisão da Justiça Eleitoral. 
c) Por determinação da Justiça Eleitoral, nos casos previstos na Constituição. 
 
Nessas situações, a perda do mandato independe de votação da Casa, sendo declarada pela Mesa 
respectiva de ofício ou por provocação de qualquer dos seus membros ou de partido político representado no 
Congresso Nacional (art. 55, §3º, da CF/88). 
Em todos os casos, serão assegurados a ampla defesa e o contraditório. 
ATENÇÃO: Por fim, registre-se que a renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa 
levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais. 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. Pedro, deputado federal, após iniciar um debate para defesa de um projeto de lei acabou por agredir a honra 
de Carlos, senador da república, ao acusá-lo de fato descrito como crime. Carlos, que, além de político, é 
jornalista, acabou por utilizar o espaço do seu programa de tv semanal para ofender a honra de Pedro, com 
acusações que, igualmente, não guardam relação com o mandato parlamentar. Com base no caso hipotético e 
das imunidades parlamentares conforme a jurisprudência do STF, assinale a opção correta. 
a) Não há imunidade material na conduta praticada por Pedro. 
b) Não há imunidade material na conduta praticada por Carlos.4 
c) A imunidade material para o crime não se estende para a ação de reparação civil. 
d) O regime jurídico das imunidades dos parlamentares federais não se estende aos deputados estaduais. 
e) A imunidade material engloba agressão física. 
 
 
3 Falta de decoro parlamentar é incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso 
das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas, por exemplo. 
 
4 A alternativa "B" está correta. As manifestações realizadas fora da Casa Legislativa, para que sejam protegidas pela imunidade, 
exigem que sejam realizadas no exercício do mandato ou em razão dele, ou seja, deve ter relação com o mandato parlamentar. Já 
aquelas dentro do recinto parlamentar, estão presumivelmente amparados pela imunidade, independentemente de qualquer 
comprovação de conexão com o mandato, razão pela qual Carlos não tem imunidade. Não há imunidade em agressão física. Por 
fim, segundo o STF, os deputados estaduais e distritais gozam das mesmas imunidades formais e materiais previstas para os 
parlamentares federais no art. 53 da CF/88. 
2. (FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVII - Primeira Fase). Ocorreu um grande escândalo 
de desvio de verbas públicas na administração pública federal, o que ensejou a instauração de uma comissão 
parlamentar de inquérito (cpi), requerida pelos deputados federais de oposição. Surpreendentemente, os 
oponentes da cpi conseguem que o inexperiente deputado m seja alçado à condição de presidente da comissão. 
Por não possuir formação jurídica e desconhecer o trâmite das atividades parlamentares, o referido presidente, 
sem consultar os assessores jurídicos da casa, toma uma série de iniciativas, expedindo ofícios e requisitando 
informações a diversos órgãos. Posteriormente, veio à tona que apenas uma desuas providências prescindiria 
de efetivo mandado judicial. Assinale a opção que indica a única providência que o deputado m poderia ter 
tomado, prescindindo de ordem judicial. 
a) Determinação de prisão preventiva de pessoas por condutas que, embora sem flagrância, configuram crime 
e há comprovado risco de que voltem a ser praticadas. 
b) Autorização, ao setor de inteligência da Polícia Judiciária, para que realize a interceptação das 
comunicações telefônicas (“escuta”) de prováveis envolvidos. 
c) Quebra de sigilo fiscal dos servidores públicos que, sem aparente motivo, apresentaram público e notório 
aumento do seu padrão de consumo.5 
d) Busca e apreensão de documentos nas residências de sete pessoas supostamente envolvidas no esquema de 
desvio de verba. 
e) Nenhuma das alternativas. 
 
MÓDULO 3: Reconhecer os sistemas de governo, os processos e as classificações conceituais em torno do 
Poder Executivo 
 
PODER EXECUTIVO 
 
Sistemas de governo: Presidencialismo e Parlamentarismo 
A chefia do Poder Executivo foi confiada pela Constituição Federal ao presidente da República, a 
quem compete seu exercício, auxiliado pelos ministros de Estado, compreendendo, ainda, o braço civil da 
administração (burocracia) e o militar (Forças Armadas), concentrando na figura de uma única pessoa a chefia 
dos negócios do Estado e do Governo. 
Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função precípua é a prática dos atos de chefia de 
Estado, de Governo e de Administração. A acumulação dessas funções revela que o legislador constituinte 
adotou o sistema de governo denominado de presidencialismo, tema que será tratado a seguir. 
No sistema de governo, há uma preocupação de como se dá a relação entre os Poderes Executivo e 
Legislativo, subdividindo-se em duas espécies: 
• Sistema Presidencialista 
Nesse sistema, há uma maior independência entre o Poder Executivo e o Legislativo. 
É característica do presidencialismo o presidente da República acumular as funções de chefe de Estado 
(na esfera internacional) e chefe de Governo (na esfera interna), além de ser o chefe da Administração Pública 
Federal. Assim, a chefia do Executivo é unipessoal. 
Além disso, o governante tem um mandato com prazo certo, sendo que a principal vantagem desse 
sistema de governo é a maior legitimidade do chefe do Executivo. 
 
 
 
5 A alternativa "C" está correta. A Comissão Parlamentar de Inquérito poderá: Determinar as diligências, as perícias e os exames 
que entenderem necessários, bem como requisitar informações e buscar todos os meios de prova legalmente admitidos; determinar 
a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do investigado. Cabe ressaltar que a quebra do sigilo telefônico não se confunde 
com as interceptações telefônicas. A quebra do sigilo telefônico incide sobre os registros telefônicos da pessoa. Além disso, não 
tem poder de decretar preventiva nem busca e apreensão, uma vez que são medidas que estão na reserva de jurisdição, necessitando 
de ordem judicial. 
• Sistema Parlamentarista 
Aqui, há uma colaboração entre o Executivo e o Legislativo. O chefe do Executivo, que é chefe do 
Estado, escolhe o primeiro-ministro, o qual exercerá a função de chefe de Governo, permanecendo na chefia 
enquanto obtiver a maioria parlamentar, pois depende do apoio do Parlamento. Ao perdê-los, será destituído 
do cargo, havendo, por consequência, a necessidade de se construir um novo governo. 
A principal vantagem desse sistema de governo é a propensão da construção de uma relação 
harmoniosa entre o Legislativo e o Executivo. 
 
Eleição e mandato do presidente da República 
De acordo com o art. 77 da CF/88, a eleição do presidente e do vice-presidente da República serão 
realizadas simultaneamente no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de 
outubro, em segundo turno (se houver) do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. 
Para concorrer ao cargo de presidente, o indivíduo precisa ser brasileiro nato, contar com idade mínima 
de 35 anos, ter filiação partidária e estar em gozo dos direitos políticos (art. 14, §3º, VI, “a”, da CF/88). 
Será considerado eleito presidente o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos, não 
computando os em branco e os nulos (art. 77, §2º, da CF/88). O presidente e o vice são eleitos pelo sistema 
eleitoral majoritário, isto é, ganha quem obtiver a maioria dos votos válidos. 
ATENÇÃO: Se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta dos votos válidos no primeiro turno, será 
realizar nova eleição em até 20 dias (segundo turno), concorrendo os dois candidatos mais votados e 
considerando-se eleito aquele que alcançar maioria dos votos válidos. Caso haja empate, vencerá o mais idoso. 
 
A posse ocorrerá, segundo o art. 78 da CF/88, do presidente e do vice-presidente da República em 
sessão solene, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, 
promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. 
 
Impedimento e vacância 
Ao vice-presidente compete substituir o presidente nas situações de impedimento (licença, férias etc.) 
e lhe suceder na hipótese de morte, renúncia e impeachment, bem como auxiliá-lo sempre que for convocado 
para missões especiais, como outras atribuições outorgadas por lei complementar. 
 
Impedimento: 
 
O impedimento tem natureza 
temporária, por exemplo, 
necessidade de se afastar em 
virtude de uma viagem ou 
tratamento para a saúde. 
 
 
Vacância: 
 
Já a vacância é ocasionada por 
uma impossibilidade permanente. 
 
Na situação de impedimento do presidente e do vice-presidente ou vacância dos cargos, serão 
sucessivamente convocados ao exercício da presidência: 
 
1. PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS à 2. PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL à 
3. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
 
Registre-se que somente o vice-presidente da República possui legitimidade para suceder o presidente, 
ou seja, ocupar esse cargo de forma definitiva, as autoridades acima elencadas deverão assumir o cargo apenas 
de maneira provisória. 
Desse modo, ocorrendo de ambos os cargos ficarem abertos temporariamente (presidente está em 
viagem e o vice está licenciado para tratamento médico, por exemplo), as autoridades listadas ocuparão o 
cargo temporariamente, até que o presidente retome ou o vice esteja liberado para assumir interinamente a 
vaga. 
Da mesma forma, se ambos os cargos ficarem definitivamente vagos (vacância permanente dos cargos 
de presidente e de vice-presidente da República), os residentes da Câmara, do Senado ou do Supremo Tribunal 
Federal, somente assumirão a presidência provisoriamente, até que ocorra a nova eleição. 
ATENÇÃO: Nenhum deles se tornará presidente da República em definitivo, isso porque não foram 
eleitos para este fim, assim assumirão o cargo de modo contingencial, para preencher momentaneamente o 
vácuo de poder ocorrido pela dupla vacância; constituem, portanto, substitutos eventuais. 
 
Agora, no caso de ambos os cargos ficarem vagos, a solução é a realização de novas eleições. Há 
duas regras sobre esse tema: 
 
Eleição direta 
 
No prazo de noventa dias de 
aberta da última vaga, quando a 
vacância se der nos dois primeiros 
anos do mandato presidencial. 
 
 
Eleição indireta 
 
No prazo de trinta dias de aberta a 
última vaga, pelo Congresso 
Nacional, quando a vacância se 
der nos dois últimos anos do 
mandato presidencial. 
 
Registre-se que, em ambas as situações, os recém-eleitos assumirão o cargo apenas para cumprir o 
tempo que restou do mandato de seus antecessores, na forma do art. 81, § 2º da CF/88. Trata-se do que se 
denomina de “mandato tampão”. 
Por fim, de acordo com o art. 83 da CF/88, o presidente e o vice-presidente da República não poderão, 
sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do país por período superior a quinze dias, sob pena de perda 
do cargo. Essa norma é de observância obrigatória no âmbito dos estados e municípios.Atribuições do chefe do Poder Executivo Federal 
O art. 84 da CRFB/88 traz o quadro exemplificativo de atribuições do chefe do Executivo Federal, as 
quais dividimos em três categorias. Tais funções inclusive já objeto de apreciação nesse material, no entanto, 
vale listá-las mais uma vez, para fins de aprendizagem no resumo e tabela abaixo: 
Chefia de Estado Chefia de Governo Chefia da Administração 
Federal 
Art. 84, VII, VIII, XIV, XV, XVI, 
primeira parte, XVIII, segunda 
parte, XIX, XX, XXI, XXII. 
Art. 84, I, III, IV, V, IX, X, XI, 
XII, XIII, XVIII, primeira parte, 
XXIII, XXIV e XXVII. 
Art. 84, II, VI, XVI, segunda 
parte, XXIV e XXV. 
 
 
Atribuições do presidente da República 
 
Chefe de Estado 
• Convocar e presidir o Conselho de Defesa Nacional. 
• Nomear ministros do STF e dos Tribunais Superiores, por ser função de magistratura suprema. 
• Nomear um terço dos membros do TCU. 
• Nomear magistrados: TRF, TRT, TRE, órgãos de outro Poder. 
• Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira; 
• Celebrar a paz. 
• Conferir condecorações e distinções honoríficas. 
• Permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam 
temporariamente. 
 
Chefe de Governo 
• Nomear e exonerar os ministros de Estado. 
• Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos na Constituição. 
• Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel 
execução. 
• Vetar projetos de lei, total ou parcialmente. 
• Decretar o estado de defesa e o estado de sítio. 
• Decretar e executar a intervenção federal. 
• Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão 
legislativa. 
• Conceder indulto e comutar penas. 
 
Chefe da Administração Pública 
• Exercer, com o auxílio dos ministros de Estado, a direção superior da administração federal. 
• Dispor, mediante decreto, sobre: organização e funcionamento da administração federal, quando não 
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. 
• Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. 
• Nomear o advogado-geral da União; prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, as contas referentes 
ao exercício anterior. 
• Prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei. 
 
Há atribuições do presidente da República que podem ser delegadas aos ministros de Estado, ao PGR 
e ao AGU: 
a) Possibilidade de expedir decretos autônomos sobre: organização e funcionamento da administração 
pública, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; e 
extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. 
 
b) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei. 
 
c) Prover os cargos públicos federais, na forma da lei. 
 
Imunidades e prerrogativa de foro do presidente da República 
É importante ressaltar que, diferentemente do Poder Legislativo, a Constituição não atribuiu ao 
presidente da República a inviolabilidade quanto às palavras, opiniões (imunidade material). 
Apesar disso, a Carta da República contempla um conjunto de prerrogativas formais, relativas à prisão, 
ao processo e à inibição da responsabilidade penal durante o seu mandato, por atos estranhos à função 
presidencial. Passa-se, nesse momento, à análise de cada um isoladamente. 
A imunidade formal do presidente da República pode ser: 
 
• Em Relação ao Processo 
Uma vez que o art. 86, caput da CRFB/88 preceitua que compete à Câmara dos Deputados a realização 
de juízo de admissibilidade das acusações por crimes comuns e de responsabilidade contra o presidente da 
República, cuja aprovação demanda pelo menos 2/3 dos votos favoráveis de seus membros. Essa imunidade 
constitui uma blindagem contra o processo, seja criminal ou político do presidente da República. 
 
• Em Relação à Prisão 
O art. 86, § 3º da CRFB/88 prevê que, enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações 
comuns, o presidente da República não estará sujeito à prisão. Isto é, o presidente não se submete a nenhuma 
prisão processual, somente definitiva. 
 
O art. 86, §4º, da CF/88 dispõe ainda acerca inibição de responsabilidade penal, também chamada de 
imunidade formal “temporária” ou irresponsabilidade penal relativa, ao determinar que o presidente, na 
vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. Por 
isso, não poderá ocorrer processo criminal contra o presidente da República durante o seu mandato por crime 
ocorrido antes da diplomação ou durante o mandato, mas sem relação com as funções presidenciais. 
Quanto à prerrogativa de foro, o Supremo Tribunal Federal, é o tribunal competente para processar e 
julgar o presidente da República por crimes comuns e apenas o Senado Federal tem a competência para o 
processamento e julgamento dele pela prática de crime de responsabilidade, dependendo, em ambas as 
hipóteses, como já visto, de autorização de 2/3 pela Câmara dos Deputados. 
Registre-se que o governador de estado não goza de imunidade formal e de imunidade material na 
mesma extensão que o presidente da República. 
 
Responsabilização do presidente da República: crimes de responsabilidade e crimes comuns 
O presidente da República pode ser responsabilizado por crimes de responsabilidade e crimes comuns. 
Os crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas, de natureza política, praticadas 
no exercício da função pública, dispostas na Lei 1.079/50, sujeitando-se os infratores ao processo de 
impeachment. 
Por outro lado, o art. 85 da Constituição Federal prevê ainda outra lista de atos cometidos pelo 
presidente tidos como crimes de responsabilidade. 
O processo de impeachment tem as seguintes fases: 
 
1. Propositura: Qualquer cidadão, no exercício dos direitos políticos, é considerado parte legítima para 
ofertar acusação à Câmara dos Deputados, a teor do art. 14 da Lei 1.079/50. 
2. Juízo de Admissibilidade: A Câmara dos Deputados deverá autorizar, por 2/3 dos seus membros, a 
instauração de processo contra o presidente da República. Registre-se que, nesse juízo inicial, a 
Câmara analisará a existência de provas e indícios do crime, bem como a conveniência e oportunidade 
da medida naquele momento político específico. 
3. Processamento: Autorizada a instauração do processo contra presidente por 2/3 da Câmara dos 
Deputados, haverá sua remessa ao Senado Federal para deliberação, o qual se transformará em um 
tribunal político de colegialidade heterogênea, a ser presidido pelo ministro presidente do STF. A todo 
momento, na Câmara e no Senado, são assegurados ao chefe do Executivo a ampla defesa e o 
contraditório. 
4. Julgamento: A condenação somente ocorrerá se houver voto de 2/3 dos membros do Senado Federal 
e resultará em duas sanções: a perda do cargo e inabilitação por oito anos, para o exercício de função 
pública, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. 
 
Conforme o art. 86, §§ 1º e 2º da CF/88, o presidente da República ficará suspenso de suas funções: 
nas infrações penais comuns, se admitida a acusação pelo Senado Federal. Decorrido o prazo de cento e oitenta 
dias e o julgamento não estiver concluído, encerrará o afastamento do presidente, sem prejuízo do regular 
prosseguimento do processo. 
Vale lembrar que, no caso da ex-presidente Dilma, o Senado decidiu que as penas não são cumulativas 
e, apesar de condená-la à perda do cargo, manteve os seus direitos políticos, seguindo o disposto no art. 68 da 
Lei 1.079/50. 
Quanto aos crimes comuns, o Supremo Tribunal Federal já assentou, pacificamente, englobar todas 
as modalidades de infrações penais, estendendo-se aos delitos eleitorais, os crimes contra a vida e as próprias 
contravenções penais (STF, RTJ 33/590, HC 69.344-RJ, Rel. Min. Néri da Silveira). 
Nessa modalidade, o presidente da República será processado e julgado pelo Supremo Tribunal 
Federal, depois que a Câmara dos Deputados declararprocedente a acusação (art. 86 da Constituição Federal), 
exercendo um juízo de admissibilidade político, conforme já analisado no caso de crimes de responsabilidade. 
A necessidade de licença não impede o inquérito policial, nem o oferecimento da denúncia, contudo, somente 
impede o seu recebimento, que é o primeiro ato de prosseguimento praticado pelo Supremo Tribunal Federal. 
A decisão prolatada no julgamento realizado no STF pode ser pela absolvição ou pela condenação. Na 
última situação, será aplicada uma pena a ser cumprida e o presidente poderá vir a ser preso, a teor do art. 86, 
§ 3º, CF/88. 
ATENÇÃO: A perda do mandato pode se dar como consequência reflexa e indireta da condenação, por 
aplicação do constante no art. 15, III, CF/88, que prevê que haverá a suspensão dos direitos políticos na 
hipótese de condenação criminal transitada em julgado. Cuida-se de um efeito extrapenal da sentença 
condenatória. 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. Sobre o poder executivo, a constituição federal determina que: 
a) O presidente e o vice-presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-
se do país por prazo superior a 5 dias, sob pena de perda do cargo. 
b) Em caso de impedimento do presidente e do vice-presidente da República, ou vacância dos respectivos 
cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da presidência o presidente do Supremo Tribunal 
Federal, o da Câmara dos Deputados e o do Senado Federal. 
c) O presidente da República tomará posse em sessão do Congresso Nacional, sendo dispensável a 
participação do vice-presidente da República. 
d) Será considerado eleito presidente da República o candidato que, registrado por partido político, com idade 
mínima de 35 anos, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os votos brancos e nulos.6 
 
Se houver vacância no cargo de presidente e vice-presidente da República ocorrida nos dois primeiros anos 
de mandato, ocorrerá eleição indireta. 
 
2. (FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase) em determinado órgão 
integrante da administração pública federal, vinculado ao ministério da fazenda, foi apurado que 
aproximadamente 100 (cem) cargos estavam vagos. O presidente da república, mediante decreto, delegou ao 
ministro da fazenda amplos poderes para promover a reestruturação do aludido órgão público, inclusive com 
a possibilidade de extinção dos cargos vagos. Sobre a hipótese, com fundamento na ordem jurídico-
constitucional vigente, assinale a afirmativa correta: 
 
6 A alternativa "D" está correta. A posse ocorrerá, segundo o art. 78 da CF/88, do presidente e do vice-presidente da República em 
sessão solene, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do 
povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. Para concorrer ao cargo de presidente, o indivíduo 
precisa ser brasileiro nato, contar com idade mínima de 35 anos, ter filiação partidária e estar em gozo dos direitos políticos (art. 14, 
§3º, VI, “a”, da CF/88). Será considerado eleito presidente o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos, não computando os 
votos branco e nulos (art. 77, §2º, da CF/88). Na situação de impedimento do presidente e do vice-presidente ou vacância dos cargos, 
serão sucessivamente convocados ao exercício da presidência: presidente da Câmara dos Deputados, presidente do Senado Federal 
e ministro presidente do Supremo Tribunal Federal. 
a) Somente mediante lei em sentido formal é admitida a criação e extinção de funções e cargos públicos, ainda 
que vagos; logo, o decreto presidencial é inconstitucional por ofensa ao princípio da reserva legal. 
b) A Constituição de 1988 atribui exclusivamente ao presidente da República a possibilidade de, mediante 
decreto, dispor sobre a extinção de funções ou cargos públicos, não admitindo que tal competência seja 
delegada aos ministros de Estado. 
c) O referido decreto presidencial se harmoniza com o texto constitucional, uma vez que o presidente da 
República pode dispor, mediante decreto, sobre a extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos, 
sendo permitida a delegação dessa competência aos ministros de Estado.7 
d) A Constituição de 1988 não permite que cargos públicos legalmente criados, ainda que vagos, sejam 
extintos, ressalvada a excepcional hipótese de excesso de gastos orçamentários com pessoal; portanto, o 
decreto presidencial é inconstitucional. 
e) A Constituição Federal permite apenas que a reestruturação do aludido órgão público, inclusivamente com 
a possibilidade de extinção dos cargos vagos, mediante lei de iniciativa privativa do presidente da República. 
 
CONCLUSÃO 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Como vimos, não é possível compreender uma sociedade sem que esteja firmada sobre as bases do 
poder, afinal ele é algo tão essencial e necessário como a existência do próprio Estado. 
Na realidade, o que se buscou ao longo da história, de Aristóteles a Montesquieu, é a forma de 
distribuição e limitação desse poder, consolidando-se na figura da tripartição dos Poderes. Na 
contemporaneidade, a ideia de controle, de fiscalização e de coordenação recíprocos tornou-se o foco na 
separação dos Poderes. 
Não há como conceber um Estado democrático de direito desprovido de Poderes de Estado e 
Instituições, independentes e harmônicos entre si, bem como da previsão de direitos fundamentais e 
instrumentos que propiciem a fiscalização e a perpetuidade desses requisitos. 
Apesar das críticas conceituais, o modelo tripartite continua assim cumprindo o seu papel unificador 
da ordem jurídica e constitucional, fixando e, ao mesmo tempo, aumentando o campo de competência dos 
Poderes do Estado. Além disso, tem se revelado como princípio de moderação, racionalização e limitação do 
poder político em prol da paz, da liberdade e da democracia. 
 
 
 
7 A alternativa "C" está correta. O presidente da República poderá delegar algumas atribuições aos ministros de Estado, PGR, e ao 
advogado-geral da União. Essas atribuições estão elencadas no § único do art. 84 da CF/88, como a organização e funcionamento 
da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos e a extinção de 
funções ou cargos públicos, quando vagos.

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