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Fisioterapia Aplicada a Traumato-Ortopedia Aula 16: Complexo do ombro – Revisão de Anatomia Funcional Prof. Arlindo Elias Objetivos 2 • TEMA DA AULA: Complexo do ombro – Revisão de Anatomia Funcional • REFERÊNCIA: Material de aula • OBJETIVO: Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de: Revisar a anatomia do complexo do ombro: - Osteologia, artrologia e miologia Revisar aspectos funcionais da biomecânica do complexo do ombro • PPC (Projeto Pedagógico do Curso: • O profissionais devem ter conhecimento aprofundado da anatomia e biomecânica do complexo do ombro para a elaboração de um programa de treinamento adequado Introdução 3 O complexo do ombro funciona como uma unidade integrada, envolvendo uma relação complexa entre vários componentes: - 3 ossos: úmero, clavícula e escápula - 3 articulações: glenoumeral (G/U) , acromioclavicular (A/C), esternoclavicular (E/C) - 1 pseudo-articulação: escapulotorácica (E/T) - 1 zona funcional: espaço subacromial Osteologia do complexo do ombro 4 Osteologia do complexo do ombro 5 Osteologia do complexo do ombro 6 Osteologia do complexo do ombro 7 Morfologia do Acrômio: O acrômio pode apresentar 3 tipos de morfologia distintas, descritas por Bigliani et al. - Tipo I: Superfície inferior plana - Tipo 2: Superfície inferior levemente convexa - Tipo 3: Superfície inferior em forma de gancho. Osteologia do complexo do ombro 8 Morfologia do Acrômio: A morfologia do acrômio é um forte preditor de lesões de pinçamento do manguito rotador. Estudos em cadáveres mostram que 70% da incidência de lesões do manguito rotador ocorre em pacientes com acrômio tipo 3 e apenas 3% em indivíduos com acrômio tipo 1. Ligamentos do complexo do ombro 9 Ligamentos do complexo do ombro 10 A região Subacromial 11 Em indivíduos normais, o espaço subacromial tem em média 10-11 mm de altura. A elevação do MS reduz esse espaço, principalmente entre 60 a 120° de elevação no plano escapular. A região Subacromial 12 Movimentos do MS acima da cabeça fazem com que o tendão do supraespinhoso passe diretamente abaixo do arco coracoacromial. - Elevação + RI: O tendão se posiciona abaixo do ligamento coracoacromial - Elevação + RE: o tendão se posiciona abaixo do acrômio Desequilíbrios musculares ou contraturas capsulares da escápula podem provocar um aumento da translação superior do úmero, reduzindo ainda mais o espaço subacromial. A região Subacromial 13 Esse desequilíbrio pode causar instabilidade funcional e evoluir para a síndrome do impacto subacromial. Aspectos neurológicos 14 A inervação do complexo do ombro deriva principalmente de nervos do plexo braquial (C5 a C8). A inervação simpática da região é derivada da região torácica (T2 a T8). • Nervo Supraescapular (C5-C6): supraespinhoso e infraespinhoso • Nervo Axilar (C5-C6): deltóide e redondo menor • Nervo Radial (C5-C8): tríceps braquial • Nervo torácico longo (C5-C7): Serrátil anterior • Nervo musculocutâneo (C5-C7): Coracobraquial, bíceps braquial, braquial • Nervo Acessório (XI par; ramos de C3-C4): Trapézio superior, ECOM • Nervo Escapular dorsal (C5): elevador da escápula, rombóide maior e rombóide menor • Nervo Peitoral lateral (C5-C6): peitoral maior e menor • Nervo toracodorsal (C6-C8): Latíssimo do dorso Aspectos neurológicos 15 Dores no ombro que persistem após longo tempo de tratamento podem ser de origem neural. Músculos que atuam no complexo do ombro 16 Um grande número de músculos controlam o movimento e fornecem estabilidade dinâmica para as articulações. Raramente um músculo dessa região age de forma isolada. Os músculos que atuam sobre o complexo do ombro podem ser classificados em: 1. Estabilizadores da escápula 2. Propulsores do úmero 3. Posicionadores do úmero 4. Protetores do úmero Músculos que atuam no complexo do ombro 17 Estabilizadores da escápula Músculos envolvidos com movimentos da articulação escapulotorácica. Sua função adequada é primordial para a mecânica normal de todo o complexo do ombro. Trapézio: • Uma das funções do trapézio é produzir elevação da cintura escapular quando a coluna cervical está fixa. • Para isso, a coluna cervical deve primeiro estar estabilizada pelos flexores profundos. • Falhas desse mecanismo sinérgico provocam extensão simultânea do occipital, protusão da cabeça e hiperlordose cervical, reduzindo a eficiência da contração do trapézio Músculos que atuam no complexo do ombro 18 Estabilizadores da escápula Serrátil anterior: • Ativado com todos os movimentos do ombro, especialmente durante a flexão e abdução. • Trabalhando em sinergia com o trapézio, a principal função é protrair e rodar a escápula para cima, posicionando a glenóide corretamente. • Sem a ação do serrátil anterior, o movimento completo da articulação glenoumeral não é possível. • Disfunção do serrátil anterior é a principal causa da escápula alada durante os movimentos de elevação do úmero. Músculos que atuam no complexo do ombro 19 Estabilizadores da escápula Serrátil anterior: Escápula alada (exemplos) Músculos que atuam no complexo do ombro 20 Estabilizadores da escápula Elevador da escápula: • Durante os movimentos de elevação do úmero, esse músculo atua como antagonista do trapézio superior e contrai excentricamente para equilibrar a rotação superior da escápula. Rombóide maior e menor: • Controlam o movimento escapular durante a flexão e extensão horizontal do complexo do ombro. Músculos que atuam no complexo do ombro 21 Propulsores do úmero Latíssimo do dorso • Atua como extensor, adutor e rotador interno do úmero. • Sua fixação escapular permite que o músculo atue na depressão, retração e rotação inferior da escápula. Redondo Maior • Complementa a ação do latíssimo do dorso, atuando na extensão, adução e rotação interna do úmero. Músculos que atuam no complexo do ombro 22 Propulsores do úmero Peitoral Maior • A ação do músculo depende da posição do úmero e das fibras ativadas. • Fibras superiores: rotação interna, adução horizontal, flexão, abdução (se o úmero estiver acima de 90° de abdução) e adução (se o úmero estiver a menos de 90° de adução). • Fibras inferiores: Rotação interna, adução horizontal e adução do úmero. Músculos que atuam no complexo do ombro 23 Propulsores do úmero Peitoral Menor • Controla o posicionamento da escápula e sua contratura pode colocar a escápula em uma posição desfavorável ao movimento do úmero (tilt anterior) Músculos que atuam no complexo do ombro 24 Posicionadores do úmero Deltóide • Todas as 3 partes do deltóide atuam no posicionamento espacial do úmero. Músculos que atuam no complexo do ombro 25 Protetores do úmero Manguito Rotador • O manguito rotador (Supraespinhoso, Infraespinhoso, Redondo menor, Subescapular) são considerados protetores pois além da capacidade de movimentar o úmero, regulam o posicionamento da cabeça do úmero durante os movimentos de elevação do MS. • Como a articulação glenoumeral não apresenta um eixo fixo de movimento, esses músculosdevem se ativar de forma coordenada para equilibrar os torques gerados durante os movimentos do MS. Músculos que atuam no complexo do ombro 26 Protetores do úmero Manguito Rotador: Funções principais a) Assistir na elevação do membros superior: a. A abdução do braço requer que o tubérculo maior do úmero passe abaixo do arco coracoacromial. Para isso ocorrer, o úmero deve realizar rotação externa. b. A RE é produzida ativamente pela contração do infraespinhoso e redondo menor. O subescapular também atua contribuindo para a depressão e coaptação da cabeça do úmero durante os movimentos acima da cabeça. c. Fraqueza do manguito rotador permite translação superior excessiva do úmero através do deltóide, comprimindo a região subacromial. b) Reforço da capsula da articulação glenoumeral c) Controle da artrocinemática da articulação G/U: a. Sinergia entre o supraespinhoso e deltóide. Músculos que atuam no complexo do ombro 27 Protetores do úmero Manguito Rotador: Funções principais Músculos que atuam no complexo do ombro 28 Protetores do úmero Cabeça longa do bíceps braquial • Essa porção do bíceps braquial atua como depressor e coaptador da cabeça umeral. Aspectos Biomecânicos 29 O movimento completo da cintura escapular envolve uma complexa interação entre todas as articulações do complexo do ombro além da participação da coluna torácica e cervical. Em relação às articulações do complexo do ombro, não existem pontos definidos que marcam o fim do movimento de uma articulação e o início da outra. Todas se movem em um movimento harmonioso durante a elevação do membros superior (abdução ou flexão) Movimentos de elevação do MS além de 90° envolvem a participação das articulações A/C e E/C, além da cervical e torácica O ombro apresenta a maior amplitude de movimento do corpo, dependendo de uma ação complexa de vários músculos. Aspectos Biomecânicos 30 Ritmo Escapuloumeral: Abdução 0-90° • O supraespinhoso contrai para iniciar a abdução. • Os demais músculos do manguito também contraem para ajudar a coaptar a cabeça do úmero na cavidade glenóide. • Ao 20° de abdução, a rotação externa da escápula inicia, simultaneamente com elevação da clavícula. • A elevação da clavícula termina com o tensionamento do lig. costoclavicular aos 90° de abdução do úmero. Para a continuação do movimento, a escápula deve continuar sua rotação externa. Aspectos Biomecânicos 31 Ritmo Escapuloumeral: Abdução 90-150° • Com a continuidade da rotação escapular, a cavidade glenóide passa a se orientar para cima e para fora. • Esse movimento escapular é compensado em ambas articulações E/C e A/C através da rotação axial da clavícula. • Nessa etapa, o movimento da escápula é realizado principalmente pelo serrátil anterior e trapézio. Os músculos que se opõe a essa ação são os adutores do úmero (latíssimo do dorso e peitoral maior, principalmente) 150-180° • A abdução além de 150 requer mobilidade adequada das articulações da coluna torácica e cervical. Aspectos Biomecânicos 32 Ritmo Escapuloumeral: Abdução Aspectos Biomecânicos 33 Ritmo Escapuloumeral: Flexão 0-60° • Um movimento combinado de flexão, abdução e rotação externa ocorre na articulação glenoumeral. • Músculos principais: deltóide anterior, coracobraquial, fibras superiores do peitoral maior. 60-120° • A escápula deprime, protrai e abduz progressivemente. • Esse movimento é compensado nas articulações E/C e A/C. • A ação muscular nessa etapa é similar à abdução do úmero 120-180° • O final do movimento de flexão também requer a participação harmônica da coluna vertebral, em especial, aumento da lordose lombar e torácica.
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