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Virologia Prof. Eder Marques Histórico da virologia • Praticamente todos os seres vivos, vertebrados e invertebrados, bem como fungos, bactérias, algas e plantas podem ser infectados por vírus. • Praticamente todos os seres vivos, vertebrados e invertebrados, bem como fungos, bactérias, algas e plantas podem ser infectados por vírus. Febre aftosa H5N1 HIV Lagartas Canídeos Invertebrados 1. Resfriado Comum; 2. Caxumba; 3. Raiva; 4. Rubéola; 5. Sarampo; 6. Hepatites; 7. Dengue; 8. Poliomielite; 9. Febre amarela; 10. Varicela ou Catapora; 11. Varíola; 12. Meningite viral; 13. Mononucleose Infecciosa; 14. Herpes 15. Condiloma 16. Hantavirose 17. AIDS. Algumas das principais viroses que acometem os seres humanos: Varíola: um dos maiores flagelos da humanidade Histórico da virologia Vestígios – múmia na Lituânia (1654) Orthopoxvirus – ssRNA (-) (ss=single stranded) Envelopado – membrana lipídica Um doa maiores vírus que infectam seres humanos (300nm) Doença erradicada em 1977 Sintoma = pústulas Sem tratamento - vacinação • Uma das mais antigas referências sobre vírus está em um poema japonês onde se fazia menção ao amarelecimento de Eupatorium (provavelmente devido ao Tobacco leaf curl virus). Histórico da virologia de plantas Um bulbo podia valer: -Pequenas fortunas em $$; -Toneladas de queijo; -Filhas em casamento. -Os vírus em tulipas na Holanda (Século XVII); -Bulbos de tulipas variegadas; -Uma “ bolha econômica”. Tulipas (Tulipa sp.) advindas de bulbos infectados pelo Tulip breaking virus (TBV) Histórico da virologia Em 1656 em uma exposição um único bulbo foi vendido pelo “simbólico” valor de: - 4 Mg de trigo; - 8 Mg de cevada; - 4 bois gordos; - 8 porcos gordos; - 12 ovelhas gordas; - 2 barris de vinho; - 4 barris de cerveja; - 2 barris de manteiga; - 450 kg de queijo; - Uma cama; - Um armário; - Uma pulseira de prata! Isso é que é gostar de Tulipas! Histórico da virologia Adolf Mayer na Holanda em 1886: Realizou os primeiros estudos de fitoviroses usando o mosaico (Mosaikkrankheit) do fumo; -Mostrou ser possível a transmissão da doença pelo extrato da folha; -Não conseguiu isolar um fungo; -Não excluiu a possibilidade do agente causal da doença ser uma bactéria (em 1877 isso ainda era uma grande discussão). • Essa entidade foi denominada inicialmente de contagium vivum fluidum e se tratava do mosaico do fumo (Tobacco mosaic virus) • O nome vírus vem do latim e significa veneno devido a sua rápida capacidade de contaminação. -Somente em 1939 um vírus foi visto ao microscópio; -Em 1955 determinou-se que o DNA do vírus era infeccioso per se. Partículas de Tobacco mosaic virus –TMV vistas ao microscópio eletrônico de varredura Sintomas do tipo mosaico em folhas de fumo causados por TMV Histórico da virologia Histórico da virologia – Descoberta dos vírus • Frederick Twort, em 1915 e Felix d`Herelle em trabalhos independentes descreveram que agentes filtráveis podiam destruir cultivos de bactérias • agente infeccioso era capaz de passar por filtros que retinham bactérias, sendo, portanto significativamente menores que elas; • D`Herelle denominou esses agentes de bacteriófagos como sinônimo de "desenvolver-se as custas de bactérias". Posteriormente a pesquisa tornou-se mundial. Classificação dos vírus -Porção de ácido nucléico DNA ou RNA nunca ambos; -Consiste em ácido nucléico envolto por uma camada protéica; -Alguns vírus possuem adicionalmente uma camada lipídica; -Células infectadas produzem “partes virais”; Não possuem mecanismos para a geração de energia; Usam os ribossomos do hospedeiro para a sua replicação (parasitismo absoluto!); -Vírus se reproduzem inteiramente partir de seu material nucléico não por fissão binária. O que são vírus? Agentes causais de doenças de plantas – Vírus -Estruturalmente, um vírus consiste de DNA ou RNA revestido por uma proteína -Os vírus estão no limite do que é admitido como ser vivo. O que é preciso para ser considerado um ser vivo? -Indivíduo que contém material nucléico (DNA ou RNA) - “…individuo capaz de se nutrir e reproduzir….” O que são vírus? O que são vírus? Em 2003, a descoberta dos mimivírus reacendeu a pergunta: os vírus realmente não são vivos? Confundidos com bactérias por quase 10 anos, os mimivírus são vírus gigantes, que até podem produzir algumas proteínas. E agora um novo estudo da Universidade de Illinois, que traçou a história evolutiva dos vírus, mostra evidências de que sim, eles são seres vivos. Características gerais dos fitovírus: Tamanho: Vírus são ultramicroscópicos. Visíveis apenas sob microscópio eletrônico; Tamanho dos vírus? Genoma: Material genético do vírus -Pode ser constituído por DNA ou RNA; -Podem ser de dupla fita (ds) ou fita simples (ss); -Podem ser lineares ou circulares; -Pode estar contido em um único fragmento ou mais de um; -Pode estar todo contido em uma partícula ou mais de uma. Morfologia das partículas Morfologia das partículas Capsídeo: Capa protéica que recobre o material genômico; -A capa protéica é constituída por subunidades de proteínas; -As subunidades podem ser de diferentes tipos; -Alguns vírus possuem adicionalmente uma capa de lipoproteína. Morfologia das partículas Características gerais dos fitovírus: São encontrados no interior das células dos hospedeiros: Os vírus não são separados de seus hospedeiros por membranas. Multiplicação: O hospedeiro multiplica os diferentes componentes virais e faz a “montagem” das partículas virais. Plantas uma vez infectadas por vírus normalmente permanecem assim por toda a sua vida, diferentemente de animais que produzem anticorpos. Isso explica por que permanecem indefinidamente em plantas propagadas vegetativamente. O que são vírus? Animais de “sangue quente” produzem anticorpos e eliminam infecções virais Plantas não possuem sistema imunológico e uma vez infectadas por vírus permanecem assim por toda a sua vida e podem transmitir essa infecção aos seus descendentes. • Características gerais dos fitovírus: • Os vírus são agentes infecciosos sub-microscópicos, • Devido ao seu tamanho são visualizáveis apenas ao microscópio eletrônico de transmissão • Parasita intracelular obrigatório, • Compostos por um só tipo de ácido nucléico (DNA ou RNA), • Normalmente envolto por uma capa proteica (capsídeo) e em alguns casos por uma membrana lipoproteica (envelope ou peplo), • Não possuem organelas como ribossomos e mitocôndrias, • Utilizando o maquinário celular para sua replicação e, • São insensíveis a antibióticos. O que são vírus? • Características gerais dos fitovírus: • Material genético pode ser dupla (ds) ou simples fita (ss), • Senso positivo (+) ou negativo (-) • Na replicação viral os vírus de ssRNA(-) e dsRNA não são traduzidos diretamente pela planta e devem ser inicialmente transcritos em RNA complementar pela transcriptase O que são vírus? • Diferente da maior parte dos organismos que é baseada no binômio latino de Lineu, • É em inglês fazendo menção a planta e ao sintoma causado, • Tobbaco masaic virus • Na classificação é levada em consideração: • a morfologia (tamanho e forma); • propriedades físico-químicas (coeficiente de sedimentação, massa molecular, • tipo de ácido nucléico, etc.); proteínas (número, tamanho, atividade), • ipídios e carboidratos (composição e teor); • replicação viral e organização gênica;• propriedades antigênicas (sorológicas) e propriedades biológicas (gama de hospedeiras, modo de transmissão, etc.). Nomenclatura viral Sintomas incitados por fitovírus -Geralmente são do tipo plástico (não há morte das células); -Pouca importância para a taxonomia do fitovírus. Sintomas incitados por TMV em diferentes espécies de Nicotiana Plasmodesmas Plasmodesmas Como ocorre o movimento a curtas distâncias do fitovírus na planta? O movimento do fitovírus pelo hospedeiro é condição necessária para a infecção Movimento célula a célula: Pode ocorrer através de túbulos ou através dos plasmodesmas: Plasmodesmas: Ligação natural entre células vegetais. -Limite de exclusão de menos de 1 kDa. Proteínas do fitovírus aumentam o limite de exclusão do plasmodesma. Como ocorre o movimento do fitovírus na planta? O movimento do fitovírus pelo hospedeiro é condição necessária para a infecção Túbulos: Comunicação entre duas células vegetais formada pela interação de proteínas vegetais e proteínas virais (proteínas de movimento). Como ocorre o movimento do fitovírus na planta? O movimento do fitovírus pelo hospedeiro é condição necessária para a infecção Movimento a longa distância na planta Ocorre via Floema - Três fases distintas: i entrada do vírus no floema; ii transporte do vírus via floema; iii saída do vírus do floema e volta ao mesófilo Como ocorre o movimento do fitovírus na planta? O movimento do fitovírus pelo hospedeiro é condição necessária para a infecção Transmissão natural de fitovírus: Sementes e pólen: Mais uma exceção do que uma regra. Porém: -Tobacco ringspot vírus (TRSV) soja; -Lettuce mosaic vírus (LMV) Alface Sintomas de Lettuce mosaic virus (LMV) em alface Como o fitovírus é transmitido de uma planta para outra? Como o fitovírus é transmitido de uma planta para outra? Transmissão mecânica: -Ferramentas de poda; -Desbrota… Material propagativo: Estacas, borbulhas, bulbos, tubérculos; -Citrus tristeza virus, CTV -Vários vírus em batata Como o fitovírus é transmitido de uma planta para outra? Cuscuta spp Planta parasita Como o fitovírus é transmitido de uma planta para outra? Pingo de Ouro (Duranta erecta). Vetores: Fungos Fungos inferiores habitantes do solo. Gêneros Polymyxa, Olpidium e Spongospora Plantas de trigo com sintomas de Soilborne wheat mosaic virus (SBWMV) transmitido por Polymyxa graminis Como o fitovírus é transmitido de uma planta para outra? Ácaros: Brevipalpus phoenicis Vetor do Citrus leprosis virus (CiLV) Como o fitovírus é transmitido de uma planta para outra? Insetos: Ordem: Coleoptera Familias: Chrysomelidae, Coccinelidae, Curculionidae e Miridae (Ordem Heteroptera) Southern bean mosaic virus um virus transmitido por “besouros” Coccinelidae Miridae Chrysomelidae Curculionidae Como o fitovírus é transmitido de uma planta para outra? -Os Insetos de aparelho bucal do tipo sugador são os mais frequentes vetores de viroses de plantas Como o fitovírus é transmitido de uma planta para outra? Ordem Hemiptera Família Aphididae (Pulgões); -Os Insetos de aparelho bucal do tipo sugador são os mais frequentes vetores de viroses de plantas -O inseto adquire o vírus ao alimentar-se em células do mesófilo (picadas de prova) ou do floema (picadas de alimentação); -O tempo decorrido para o inseto adquirir o vírus chama-se “período de aquisição”; -O inseto torna-se “virulífero” ao adquirir o vírus; -Período latente: tempo decorrido entre a aquisição do vírus e a capacidade de transmitir o vírus; -Período de inoculação: tempo necessário para que o inseto transmita o vírus para a planta; -O tempo em que o inseto permanece virulífero chama-se “período de retenção”. Relacionamento do inseto-vetor e vírus -Não circulativo: o vírus permanece restrito ao aparelho bucal do inseto; -Circulativo não propagativo: O vírus atinge a hemolinfa, e glândulas salivares porém não se multiplica no inseto; -Circulativo propagativo: O vírus além de circular pelo corpo do inseto também é capaz de se multiplicar. Cicadellidae, Delphacidae (cigarrinhas); -Freqüentes em gramíneas. -Relacionamento vírus/vetor tipo circulativo na maioria das vezes. Há casos de circulativo propagativo; Relacionamento do inseto-vetor e vírus Aleyrodidae (moscas brancas); Bemisia tabaci -Relação circulativa não propagativa; -Transmitem Geminivirus e closterovirus; -Grande multiplicação nos últimos anos. Planta de feijoeiro apresentando sintomas de mosaico dourado causado por Bean gold mosaic virus (BGMV) Partículas de Bean gold mosaic virus (BGMV) Relacionamento do inseto-vetor e vírus Thysanoptera (tripes); -Relação circulativa propagativa; Relacionamento do inseto-vetor e vírus Como é possível fazer o controle de fitoviroses? Eliminação das fontes de inóculo -Material propagativo sadio; -Eliminação de plantas voluntárias; -Eliminação de “hospedeiros alternativos”; -Escape ou fuga do inseto vetor; -Controle do vetor; Tubérculo de batata infectado com o Potato virus Y Plantas daninhas podem consistir em importantes repositórios de viroses -Para o Mosaico do mamoeiro há uma determinação legal; -Eliminar plantas doentes semanalmente – Roguing; (Instrução normativa MAPA No 17, DE 27 DE MAIO DE 2010 Eliminação de plantas infectadas -Material propagativo livre de patógeno Indexação: Certificação de ausência de patógeno na planta matriz. Usado em plantas propagadas vegetativamente. - Em SP há o Programa de registro de plantas matrizes; Enxertia em plantas indicadoras Sintomas de Sweet Potato Feathery Mottle Virus (SPFMV) em folhas da planta indicadora Ipomoea setosa Enxertia de um fragmento de folha de batata- doce na indicadora Ipomoea setosa. Indexação por meio do teste de ELISA Resultado de um teste de PCR Detecção por técnicas bioquímicas e moleculares Limpeza clonal: Submeter plantas propagadas vegetativamente ao cultivo de meristemas. Limpeza clonal: Submeter plantas propagadas vegetativamente ao cultivo de meristemas. Aumento de 30 % na produtividade Cultivo de meristema em cana de açúcar Resistência -Resistência natural; -Proteção cruzada; Uma estirpe fraca do vírus protege a planta contra uma estirpe forte - Tristeza dos citros. Como é possível fazer o controle de fitoviroses? Resistência -Resistência natural; -Resistência transgênica; -Genes de resistência provenientes de outras espécies vegetais; Mamoeiro severamente atacado pelo Papaia ringspot virus (PRSV) e a variedade Rainbow a direita Manchas anelares causadas por Papaia ringspot virus (PRSV) em fruto de mamoeiro Como é possível fazer o controle de fitoviroses?
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