Buscar

Infecções Virais

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

O sistema respiratório está sujeito a infecções causadas 
por vírus de genoma constituído de DNA e de RNA, os 
quais produzem doenças de variados níveis de 
gravidade, desde quadros brandos, clinicamente sem 
importância, até doenças fatais. 
O FLUV é o responsável pelo maior número de mortes, 
principalmente, em pacientes de risco como idosos e 
imunodeficientes. Os HRV são os agentes mais 
frequentemente associados a essas infecções, embora 
outros vírus também possam causar esses quadros. 
Os vírus que acometem o sistema respiratório são 
transmitidos por contato direto e aerossóis. Muitos 
fatores contribuem para a gravidade da doença, 
incluindo características virais, quantidade do inóculo e 
fatores do hospedeiro, como idade, estado de saúde, 
condição imunológica, além de fatores 
socioeconômicos e nutricionais. 
Vírus da Influenza 
Os vírus da influenza (FLUV) sofrem mutações de 
caráter antigênico e funcional, o que ocasiona, 
frequentemente, o surgimento de surtos, epidemias e 
pandemias. Os FLUV, conhecidos como vírus da gripe, 
são responsáveis por infecções respiratórias agudas. 
Os FLUV acometem homens ou animais e estão 
classificados na família Orthomyxoviridae. Somente 
espécies pertencentes aos 3 primeiros gêneros, vírus da 
influenza A, vírus da influenza B e vírus da influenza C, 
infectam seres humanos. 
A classificação dos FLUV, quanto ao seu gênero e seu 
subtipo de hemaglutinina e neuraminidase dentro do 
gênero A, é tradicionalmente realizada mediante 
reações de inibição de hemaglutinação (HI) e inibição 
de neuraminidase (NI), contudo técnicas rápidas de 
imunofluorescência (IF) direta e indireta e ensaios 
imunoenzimáticos (EIA) podem ser utilizados para o 
mesmo fim, assim como a reação em cadeia da 
polimerase associada à transcrição reversa (RT-PCR), 
utilizando iniciadores específicos. 
As partículas virais são geralmente esféricas, mas 
algumas vezes apresentam morfologia filamentosa. São 
compostas de 0,8 a 1% de RNA, 70% de proteína, 20% 
de lipídios, 5 a 8% de carboidratos. 
Pela sua própria composição química, os FLUV são 
sensíveis ao calor (56°C/30 min), pH ácido (3,0) e 
solventes lipídicos. O genoma é constituído de RNA de 
fita simples de polaridade negativa, segmentado 
(influenza A e B – 8 segmentos; influenza C – 7 
segmentos). 
Na espécie A dos FLUV tem-se 8 segmentos de RNA 
envolvidos pelo capsídeo proteico de simetria 
helicoidal, a proteína matriz (M1) e o envelope 
lipoproteico, no qual estão inseridos 2 tipos de 
estruturas glicoproteicas: HÁ (hemaglutinina) 
(trimérica) e NA (neuraminidase) (tetramérica). 
Biossíntese do vírus da influenza A 
No modelo de replicação dos FLUVA, a partícula viral 
adsorve-se às células através do sítio de ligação 
localizado no segmento HA1 da glicoproteína HA, que 
se liga em resíduos de ácido siálico. 
Após a adsorção, a endocitose ocorre via clatrinas, um 
modelo tradicionalmente aceito. No entanto, 
possivelmente, também pode acontecer por meio de 
outro modelo independente, tanto de vesículas cobertas 
por clatrina, como por caveolina, diferenciadas pelo seu 
tamanho e forma, com posterior fusão pH-dependente. 
No núcleo, ocorrem os processos de transcrição e de 
replicação do genoma viral comandados pelo complexo 
polimerase formado pelas subunidades proteicas PB2, 
PB1 e PA, que age sequencialmente na síntese do RNA 
mensageiro (RNAm) e de novos RNA virais. 
Inicialmente, ocorre a transcrição do RNA viral (RNAv) 
de polaridade negativa para umRNA de polaridade 
positiva que atua como RNAm, evento que acontece 
pela ligação sequencial das extremidades 5′ e 3′ do 
RNAv à PB1. 
Patogênese 
Os FLUV são transmitidos pessoa a pessoa por meio de 
aerossóis provenientes do sistema respiratório ou pelo 
contato com fômites e superfícies contaminadas. 
Os vírus penetram no sistema respiratório superior 
(SRS) através da nasofaringe, sofrendo replicação nas 
células do epitélio ciliado, que são destruídas com 
consequente necrose celular e descamação. No 
mecanismo de infecção, a camada de mucina, os 
movimentos ciliares e os inibidores de protease podem 
prevenir tanto o processo de entrada do vírus na célula 
como o processo de desnudamento. A infecção de 
macrófagos alveolares e células dendríticas pode 
desempenhar papel na resposta imunológica à infecção 
viral. 
A infecção pelos FLUV pode se manifestar de forma 
abrupta com calafrios, cefaleia e tosse seca, seguidos 
por febre de 38 a 40°C, que se inicia no 2 o ao 3 o dia 
após a infecção e dura por 3 a 7 dias. Além disso, estão 
presentes mialgia generalizada, prostração intensa, 
Infecções respiratórias 
anorexia e, com frequência, dor de garganta, coriza e 
congestão nasal, em consequência da liberação de 
produtos celulares e virais, e a uma resposta 
imunológica à lesão tecidual. 
A partir do sistema respiratório superior, a infecção 
pode atingir o sistema respiratório inferior, por meio de 
viremia ou disseminação célula a célula, conduzindo ao 
acometimento de laringe, traqueia, brônquios, 
bronquíolos e pulmões. 
Quando os FLUV infectam as células epiteliais do 
sistema respiratório ou os macrófagos alveolares, o 
RNA de fita simples é reconhecido por TLR 7 e RIG-I, 
que ativam a produção de interferon tipo I (IFN-I), que 
exerce efeito antiviral. A replicação viral e a doença 
(inflamação) atingem suas magnitudes máximas em 
aproximadamente 3 e 4 dias, respectivamente. 
Manifestações clínicas 
A gripe, infecção causada por FLUV das espécies A, B 
ou C, surge após um período de incubação que varia de 
24 a 72 h, mas pode chegar a atingir 4 a 5 dias, 
dependendo da infecciosidade e quantidade de vírus, e 
do estado imunológico do hospedeiro. 
Após o desaparecimento da febre, que surge no 2 o ou 3 
o dia após a infecção, o acometimento do sistema 
respiratório inferior se intensifica, surgindo sintomas 
como tosse com catarro e fraqueza que podem durar até 
2 semanas. 
A obstrução nasal e a faringite são comuns, também 
podendo ocorrer conjuntivite. Após 6 a 24 h do início 
dos sintomas, uma pneumonia grave pode surgir 
abruptamente, com taquipneia, taquicardia, cianose, 
febre alta e hipotensão, levando à hipóxia e morte dentro 
de 1 a 4 dias. 
As complicações por infecção pelos FLUV podem 
surgir na forma de bronquite, bronquiolite, 
laringotraqueobronquite (crupe viral), pneumonia, 
sinusite, conjuntivite, enterite, exantema e miocardite, 
sendo maior o risco de sua ocorrência em pacientes 
imunocomprometidos e idosos, especialmente aqueles 
com doença cardiopulmonar. 
Em gestantes, a maior incidência de complicações pode 
surgir durante o 2 o e 3 o trimestres de gravidez, sem 
conduzir, contudo, a malformações congênitas. Foi 
observada uma associação entre a infecção por FLUV e 
a exacerbação de quadros de asma. 
 
Diagnóstico laboratorial 
Os materiais de escolha para o isolamento dos FLUV 
são lavado ou swab de garganta, saliva ou aspirado de 
sistema respiratório inferior, os quais devem ser 
colhidos na fase aguda da doença e acompanhados de 
dados clínicos. 
As amostras clínicas podem ser submetidas a técnicas 
rápidas de diagnóstico de detecção viral, por IF – direta 
(IFD) ou indireta (IFI), EIA e RT-PCR. No caso 
específico dos FLUVA e FLUVB, umsistema de 
diagnóstico rápido, baseado na revelação da presença 
viral por meio da atividade de neuraminidase, pode ser 
utilizado. 
Prevenção e controle 
Devido à alta taxa de mutação observada entre os 
FLUVA, o controle da doença por meio da imunização 
se torna extremamente difícil. 
O uso das vacinas licenciadas, produzidas com a 
partícula viral completa ou antígenos particulados, é 
restrito, principalmente, para idosos com mais de 60 
anos e crianças acima de 6 meses de idade, assim como 
a pacientes de qualquer idade com doenças cardíacas, 
pulmonares e renais crônicas, e indivíduos 
imunocomprometidos. 
Tratamento 
Antivirais
como cloridrato de amantadina e 
rimantadina, que têm sua ação baseada na inibição de 
M2 durante o processo de fusão, são empregados 
somente em pacientes de alto risco. 
Os antivirais oseltamivir, zanamivir e peramivir, este 
último somente para pacientes hospitalizados, têm seu 
mecanismo baseado na inibição do sítio ativo da 
neuraminidase viral, bloqueando a expansão da 
infecção. 
Vírus da parainfluenza 
A família Paramyxoviridae, classificada na ordem 
Mononegavirales, é constituída por 2 subfamílias, 
Paramyxovirinae e Pneumovirinae. 
Os vírus da parainfluenza humanos (HPIV) espécies 1 e 
3 estão classificados na família Paramyxoviridae, 
dentro da subfamília Paramyxovirinae, gênero 
Respirovirus. Os HPIV espécies 2 e 4 são classificados 
no gênero Rubulavirus. Os vírus desses gêneros são 
sensíveis ao calor (56°C – 30 min), pH ácido (3,0) e 
solventes lipídicos. 
As partículas virais são esféricas com diâmetro de 150 
a 200 nm, mas podem também se apresentar na forma 
filamentosa. São constituídas por 0,9% de RNA, 70% 
de proteínas, 20 a 40% de lipídios e 6% de carboidratos. 
Estes vírus apresentam RNA de fita simples não 
segmentado. O genoma viral codifica 6 (Respirovirus) a 
7 (Rubulavirus) genes e está protegido por um capsídeo 
de simetria helicoidal. 
Biossínteseviral 
As etapas de síntese do HPIV pela célula ocorrem no 
citoplasma, sendo a partícula liberada por brotamento 
através da membrana citoplasmática. Em um processo 
sequencial, a ligação vírus-célula ocorre via ligação da 
glicoproteína HN (proteína de membrana do tipo II) a 
cadeias sialiladas de glicoproteínas ou glicolipídeos 
(gangliosídeos) da superfície celular. 
Após o processamento das proteínas no retículo 
endoplasmático (RE) e glicosilação no aparelho de 
Golgi, segue-se a montagem das partículas virais, 
quando a proteína Minterage com o nucleocapsídeo 
(proteína N), com a polimerase viral (proteínas P e L), 
com a proteína V e com as glicoproteínas SH (somente 
nos rubulavírus). 
Para a montagem final das partículas infecciosas é 
essencial a clivagem da proteína F0 em estruturas 
compostas por F1 e F2 ligadas por pontes dissulfeto, 
realizada por proteases celulares ou bacterianas, e a 
clivagem de ácidos siálicos, pela proteína HN. Isto se dá 
de modo semelhante ao que acontece com os FLUV, em 
relação às proteínas HA e NA, respectivamente. 
Patogênese 
Esses vírus são transmitidos via aerossóis ou fômites, 
penetrando pela nasofaringe e propagando-se pelo 
sistema respiratório superior, tal como observado no 
esquema geral das infecções por vírus respiratórios. A 
necrose celular, a descamação, os produtos celulares e 
virais liberados, e a resposta imunológica conduzem aos 
sintomas clínicos da doença. 
Bebês e crianças são os principais alvos dessa infecção. 
A infecção pode atingir laringe, traqueia, brônquios, 
bronquíolos e pulmões via disseminação célula a célula, 
ou viremia. 
Diversos fatores contribuem para a patogênese viral tais 
como: sensibilidade da proteína precursora Fo à 
clivagem em F1 e F2; variabilidade da proteína M, 
interferindo no processo de brotamento viral; 
interferência sobre a indução e ativação de interferon 
associada à proteína V (não expressa em HPIV-1 e não 
expressa ou pouco expressa em HPIV-3) e C. 
Manifestações clínicas 
Quando os HPIV atingem o sistema respiratório 
superior, podem ocorrer quadros de resfriado 
caracterizados por início gradual de congestão nasal, 
coriza, dor de garganta, tosse e rouquidão, apresentando 
febre variável e, com menor frequência, mal-estar, 
mialgia e cefaleia. A infecção pode ainda alcançar 
faringe, traqueia, pulmões, brônquios, bronquíolos e 
alvéolos pulmonares. 
O período de incubação varia de 2 a 6 dias, com a 
infecção primária geralmente se manifestando com 
coriza e laringite, frequentemente com algum grau de 
bronquite e febre baixa. 
Diagnóstico laboratorial 
Os materiais de escolha para o isolamento dos vírus são: 
lavado ou swab de garganta, saliva ou aspirado de 
sistema respiratório inferior, os quais devem ser 
colhidos na fase aguda da doença e acompanhados de 
dados clínicos. 
Tal como detalhado para o diagnóstico das infecções 
por FLUV, os materiais podem ser submetidos a 
técnicas rápidas de diagnóstico por meio de 
metodologias de IF (direta ou indireta) e de RT-PCR, 
usados ou não em sistemas multiplex. 
A detecção do vírus é feita por reação de 
hemaglutinação (líquido alantoico ou amniótico de ovos 
embrionados e sobrenadantes de culturas de células) ou 
da detecção de efeito citopático (CPE). 
Para a identificação viral, são empregadas reações 
sorológicas como fixação do complemento (FC), teste 
de neutralização (TN), inibição de hemaglutinação (HI) 
e IF. 
Prevenção, controle e tratamento 
Uma vacina experimental com vírus inativados, 
preparada com os tipos 1, 2 e 3, mostrou-se antigênica 
em crianças, mas aplicada por via parenteral não 
preveniu a doença. 
Vacinas produzidas com vírus atenuados ou com 
tecnologias de biologia molecular, com expressão de 
glicoproteínas HN e F, têm sido testadas, porém sem 
resultados ainda conclusivos. 
Não há tratamento antiviral estabelecido para 
tratamento de infecções pelos HPIV, embora venham 
sendo realizadas pesquisas baseadas em análogos de 
nucleosídeos, em inibidores de sialidase e fusão, na 
atividade sialidásica sobre receptores celulares (DAS 
181), e em tecnologia de RNA interferente (RNAi). 
Coronavírus humano 
O primeiro coronavírus descrito foi o vírus da bronquite 
infecciosa (IBV) isolado de galinhas apresentando 
quadro de doença respiratória, em 1937. Entre 1946 e 
1951, outros coronavírus que acometem animais foram 
descritos tais como o vírus da hepatite de camundongos 
e vírus da gastroenterite transmissível de porcos. 
Os coronavírus são classificados na ordem Nidovirales. 
Os coronavírus são os maiores vírus de RNA. Os vírions 
são partículas esféricas envelopadas. O genona de RNA 
se associa com a fosfoproteína N para formar 
umnucleocapsídeo longo, flexível e helicoidal. Quando 
liberados do envelope, os nucleocapsídeos aparecem 
como estruturas tubulares estendidas. 
O core dos vírus é envolvido por um envelope 
glicolipoproteico que é formado durante o brotamento a 
partir das membranas celulares. Dois tipos de espículas 
estão presentes na superfície do vírion. 
As espículas long, as quais consistem de glicoproteína 
S, que estão presentes em todos os coronavírus, e as 
espículas curtas que consistem da glicoproteína HE 
(hemaglutinino-esterase), estão presentes apenas em 
alguns coronavírus. 
Os coronavírus apresentam um genoma de RNA de fita 
simples, de polaridade positiva, não segmentado. O 
RNA genômico é capeado e poliadenilado. 
Biossínteseviral 
A primeira etapa no ciclo de replicação viral é a ligação 
dos vírions à membrana plasmática das células-alvo. O 
principal determinante do tropismo viral é 
provavelmente a ligação da proteína S a uma 
glicoproteína receptora específica na superfície celular. 
Patogênese 
Os HCoV são replicados nas células epiteliais do 
sistema respiratório e trato gastrointestinal. Diferente da 
maioria dos coronavírus, o SARS-CoV é 
surpreendentemente estável no meio ambiente. 
Além da infecção local do sistema respiratório e trato 
gastrointestinal, alguns coronavírus espalham-se a 
outros tipos de células epiteliais onde causam sinais e 
sintomas da doença. Alguns coronavírus causam 
infecção sistêmica no seu hospedeiro natural. 
Os vírus infectam tanto as vias respiratórias superiores 
quanto as células epiteliais alveolares, resultando em 
injúria pulmonar. Os vírus ou produtos virais são 
também detectados em outros órgãos, como rins, fígado 
e intestino delgado. 
Manifestações clínicas 
Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, mal-estar, 
calafrios, rinorreia, inflamação de garganta e tosse. A 
infecção natural tanto em adultos
como em crianças é 
geralmente associada comum resfriado comum, 
semelhante aos HRV. 
A infecção natural é provavelmente adquirida de forma 
similar a muitos outros vírus respiratórios (p. ex., 
infecção da mucosa do sistema respiratório superior por 
contato com secreções de pessoas infectadas ou com 
fômites). 
Diagnóstico laboratorial 
As infecções por coronavírus em animais e seres 
humanos foram detectadas, inicialmente, por 
isolamento, microscopia eletrônica, estudos 
sorológicos, identificação antigênica e técnicas 
moleculares. Assim como os outros vírus respiratórios, 
os HCoV são mais frequentemente detectados no início 
da doença.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais