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História do Direito Grécia

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História do Direito
Aula 4
Direito Antigo
Atenas (Grécia)
Roma
Grécia
Região com unidade cultural, deuses e hábitos em comum. 
Várias cidades-estados. 
Organização política e social era ditada pela geografia. Vários vales (terreno muito acidentado), sendo que em cada um formava uma cidade com aspectos próprios. 
Atenas (Grécia)
Não se preocuparam em formar uma ciência jurídica (com critérios científicos), nem em sistematizar suas instituições de direito privado. 
Preocupação em difundir o direito, devendo fazer parte da formação de todos os cidadãos, não só dos juristas.
Não era bem visto alguns deterem o conhecimento do direito, deveria ser consequência da noção da justiça, que deveria estar firmada na consciência coletiva. 
Principal papel na história: melhoraram a tradição do direito cuneiforme e transmitiram aos romanos.
Atenas (Grécia)
Os cidadãos gregos já dominavam a literatura, sendo a literatura jurídica uma fonte de instrução.
Em recitais, de poesia, transmitia-se o conhecimento jurídico, difundindo a ideia de justiça para toda coletividade (Lei de Sólon era ensinadas como poemas)
“Nomos” – regras transmitidas por costumes – principal fonte – foram escritas para serem transmitidas.  Mas ainda não haviam codificações, sem textos legislativos específicos – direito estava difuso na consciência coletiva.
História da Grécia - Atenas
Localização: Europa oriental.
Geografia: Solo montanhoso e pouco fértil. Banhada pelos mares: Jônio, Egeu e Mediterrâneo.
Civilizações: 
Primeira a Micênica (formada pelos povos da primeira diáspora grega – aqueus, jônios e eólios), por volta de 2.000 a. C. Língua dos auqueus – dominavam a escrita Linear B. Mas não chegaram ao ponto de publicar leis escritas Estendeu-se até Creta – fim com a invasão dos Dórios, em 1200 a. C. 
Daí, com o fim da civilização Micênica, os Gregos ignoraram a escrita por muito tempo. 
Primeira olimpíada – 776 a. C. – adoção do alfabeto fonético. Versão do alfabeto adotado pelos fenícios – criação das vogais. 
No século IX a. C. – período Aristocrático – gregos reaprendem a escrita - publicação de leis escritas – realidade social bem mais complexa – crescimento econômico. 
História da Grécia
José Reinaldo de Lima Lopes:
3 grande períodos:
Arcaico – VIII a.C. até 480 a. C. – invasões persas;
Clássico – 480 a. C. até 338 a. C. = submissão a Macedônia.
Helenístico – até 150 a. C = submissão a Roma. 
Dados demográficos - Atenas
480 a. C. = 30 mil cidadãos/90 mil mulheres e crianças (poucos estrangeiros e escravos) – total de 150 mil habitantes;
430 a. C. = 40 mil cidadãos/120 mil mulheres e crianças/ 20 mil metecos e 60 mil escravos – total do 250 mil;
321 a.C. = 21 cidadãos/60 mil mulheres e crianças/ 10 mil metecos – total entre 100 e 150 mil.
70% vivia até 30 anos. 
Grécia – formada por diversas cidades – Atena, Esparta, Tebas, Alexandria, etc.
Mas Atenas é que deixa maior legado para o direito atual. 
Escrita Grega
Linear B (primeiros tempos) x Alfabeto Grego Antigo
Direito Grego
Fonte do direito = Nomos = Lei/costumes. 
Nomos = meio de limitar o poder. Liberdade política – não ter que obedecer a nada, a não ser a lei. 
Nomos = significa lei e também significa costume.
Gregos não construíram muitas leis – muita importância na participação da vida pública. 
Filosofia – grandes nomes gregos – Sócrates, Platão e Aristóteles. 
Direito Grego
Período inicial da civilização grega – vingança privada, respostas nos mitos dos deuses...
No período clássico (aristocrático), da democracia (500 a 330 a. C.) – muitas mudanças – passam a buscar resposta na razão.
Anos 700-600 a. C = surge a filosofia (amor a sabedoria) – reflexão, crítica e especulação sobre a vida. 
Influência nas instituições jurídicas e políticas da Grécia clássica dos anos 500, 400 a 300 a. C. 
Lei como limites do poder: 
As autoridades não têm permissão para usar uma lei não escrita, em caso algum. Nenhum decreto do conselho ou da assembleia deve prevalecer sobre uma lei. Não é permitido fazer uma lei para um indivíduo se ela não se estender a todos os cidadãos atenienses e se não for votada por seis mil pessoas, por voto secreto (ARNAOUTOUGLOU apud PALMA, 2017 p. 160)
Democracia
Democracia Clássica ( 580 a 338 a. C.) – cidadãos deliberavam em assembleias, sem haver representantes.
Quem eram os cidadãos? Resp.: atenienses, homens e maiores de vinte anos. 
Ficavam de fora – mulheres, metecos (estrangeiros) e escravos (grande maioria). 
Obs.: Aristóteles – era a favor da escravidão – necessidade social trabalhos materiais – somente quem tinha tempo, liberdade e qualidades espirituais poderia desenvolver a cultura. 
 Exercer a política era direito de poucos e demandava tempo – garantido pelo trabalho dos escravos. 
Institutos da Democracia Grega: 
Ágora (espécie de praça) – onde os cidadãos gastavam todo seu tempo discutindo a coisa pública.
Assembleia – fazia vezes de parlamento – formava democracia direta – todos os cidadãos participavam da tomada de decisões importantes (até do judiciário), mas nem todos eram cidadãos.
Obs.: A Constituição de Atenas não era democrática – escravos não tinha nenhum direito e metecos tinham quase nenhum. 
Textos jurídicos eram repetidos pelos cidadãos, em forma de poemas, pelo que todos os cidadãos (todos sabiam ler) conheciam os institutos jurídicos. A literatura era fonte de conhecimento e de prazer. 
Direito – fazia parte da educação. Era aprendido sendo vivido, por todos os cidadãos, inclusive os julgadores – leigos, convencidos pelo discurso persuasivo (de convencimento). 
Direito de Atenas: 
Lembrando da complexidade das pólis e da necessidade de leis escritas...
Drácon – costumes + adaptação à realidade + leis soltas + novas leis = código. 
Lei de Drácon – legislação mais antiga de Atenas (621 a. C.) – dura e severa. 
- Fim da solidariedade familiar – transformar a cidade no centro da vida social e política. Família não é o centro da vida social. Busca amizade cívica, aberto aos outros de fora da família. 
- Necessidade de recurso aos tribunais para suprir conflito entre clãs.
- Extremamente severa.
- Diferencia homicídio voluntário, involuntário e legítima defesa. 
Direito de Atenas
Penas muito severas – exílio, perda de cidadania e pena de morte.
Gerou insatisfação social.
Assim, convocou-se Sólon: de família nobre, chegou a falir, mas se reergueu. 
Habilidade comercial/preocupação com devedores.
Direito de Atenas
Lei de Sólon – (594 a 593 a. C.) influência egípcia. Para sanar insatisfação popular. 
Sólon cria Código de Leis, alterando a Lei de Drácon. 
Faz reforma institucional, social e econômica – influência o desenvolvimento dos atenienses. 
Na economia – incentiva cultura da vinha e oliveira – exportação de azeite – atração de artesãos ou operários – promessa de cidadania, sistema de pesos e medidas.
Na sociedade – pais devem ensinar ofícios aos filhos – senão não são obrigados a ampará-los na velhice;
Instaurou igualdade civil (outros filhos com direito a herança – não só primogênito), suprimiu propriedade coletiva, proibiu hipoteca de terras e escravidão coletiva. 
Direito de Atenas
Assembleias = justiça está nas mãos dos cidadãos (não de juristas) – debate e reflexão sobre justo e justiça – para além do debate sobre leis e normas - não haviam juristas – advogados, juízes, promotores.
Retórica (arte de usar bem a palavra – ser eloquente – comunicar de forma eficaz e persuasiva) - era essencial na democracia ateniense – necessidade de convencer os outros cidadãos do que pensava e defendia. – convencer com base em argumentos. 
Se haviam dois cidadãos litigantes – deviam convencer centenas de jurados leigos. 
Direito de Atenas
Advocacia – não era bem vista – tida como enganação. 
Todo cidadão devia indignar-se com a injustiça, mesmo que não fosse a vítima. 
Advogado de hoje em dia – direito Canônico (século XIII).
Obs.: mas existiam pessoas (logógrafos), que veladamente redigiam o discurso
dos litigantes. 
Obs2.: combate à corrupção – quem denunciasse ganhava recompensa (parte do valor da condenação do réu) – febre de denúncias, muitas sem fundamento – sicofantas = quem fazia falsa denúncia. Estabeleceu-se multa para denunciante que não tivesse 1/5 dos votos do tribunal. 
Principais institutos do direito ateniense:
- Direito Privado: 
Não houve grandes contribuições – as que existem são por meio do direito romano. 
Gregos – não formularam leis abstratas. 
Direito privado marcado por: individualismo, contratos sem formalidades e possibilidade de transferência da propriedade. 
Alguns termos atuais vieram dos gregos: quirografário, anticrese, enfiteuse, hipoteca, etc. 
Quirografário – credor que não goza de preferência.
Anticrese – contrato – devedor entrega bem e direito de auferir frutos e rendimentos para saldar a dívida;
Principais institutos do direito ateniense:
Enfiteuse – possibilidade contrato perpétuo (transmissível a herdeiros e possível até de venda) – proprietário dá o bem em domínio útil, em troca de pensão certa e invariável. Ex.: no Brasil Império – para ocupação de terras. CC de 2002 proibiu novas enfiteuses. Pois passava de geração em geração. Mas continua valendo para terras públicas e de marinha, regidas por lei especial.
Hipoteca – oferecimento de bem imóvel como garantia de dívida.
Direito privado de Atenas – muito individualista – cidadão podia dispor de sua pessoa e de seus bens – regras mais favoráveis à liberdade individual que o direito romano. 
Principais institutos do direito ateniense:
Direito Público - 
Diferenciação entre lei material e lei processual.
Lei substantiva ou material – determina condutas e relações – fim buscado pela justiça;
Lei processual – meios e instrumentos usados para alcançar o fim (justiça) – trazia a conduta e as relações dos tribunais e dos litigantes. 
Direito processual era tão evoluído que havia árbitros públicos e privados.
Institutos de direito material: 
Crimes e punições
 Homicídios doloso e culposo
 Assaltos
 Estupro
 Difamação e calúnia
 Prostituição.
Obs.: previsão específica do roubo de roupas no ginásio (importância desse espaço). 
Família
 casamento (com divórcio recíproco), sucessão, herança, adoção...
Institutos penais e cíveis: 
[...] se qualquer ateniense se prostituir, não terá permissão para se tornar um dos nove arcontes, para exercer qualquer sacerdócio, para atuar como advogado do povo ou exercer qualquer ofício, em Atenas ou outro lugar, por sorteio ou votação; [...]. Qualquer pessoa que, tendo sido condenada por prostituição, desobedecer a qualquer dessas proibições, será condenada à morte.(ARNAOUTOUGLOU apud PALMA, 2017 p. 164)
[...] qualquer homem terá direito de dispor de sua propriedade por via testamento e de acordo com seus desejos, se não tiver filhos legítimos do sexo masculino, [...]. se alguém morre sem testar, e se tiver deixado filhas, vai para elas sua propriedade; se não, farão jus à propriedade os que se seguem: irmãos que sejam filhos do mesmo pai e filhos legítimos de irmãos terão a parte correspondente a seu pai. se não há quaisquer irmãos ou filhos de irmãos..., seus descendentes herdarão do mesmo jeito. [...] (ARNAOUTOUGLOU apud PALMA, 2017 p. 164-165)
Principais institutos do direito ateniense:
- Arbitragem privada – resolvia o litígio fora do tribunal, com conciliação. Hoje temos a mediação. 
- Arbitragem pública – arbitro designado pelo magistrado, numa fase preliminar do processo. Emitia julgamento, com possibilidade de apelação – árbitros eram sorteados e tinham mais de 60 anos. 
Havia diferença entre ação pública e ação privada.
- Ação pública – iniciada por qualquer cidadão que fosse lesado pelo Estado. Contra corrupção, crueldade ou para reaver decreto ilegal. 
- Ação privada – debate entre dois ou mais litigantes – reivindicando direito ou contestando ação – somente interessados podiam dar inicio a ação – Ex.: assassinato, injuria, propriedade, violência sexual. 
Características do direito processual grego: 
direito popular de acusação e de julgamento;
publicidade – todos os atos, inclusive o julgamento;
possibilidade de prisão preventiva;
liberdade provisória com caução (menos crimes de conspiração contra pátria e contra ordem política); 
procedimento oficial nos crimes políticos;
restrição do direito popular de acusação em certos crimes de interesse individual.
Penas: castigos, multas, feridas, mutilações, morte e exílio. 
Sistema penal – acusação popular – para crimes públicos. Qualquer cidadão fazia a acusação, com provas e alegações perante o tribunal competente. 
Jurisdições criminais (Tribunais) em Atenas:
1 – Assembleia do povo (Eclésia): Senadores e Magistrados populares, sorteado para exercer um período atividades de administração da justiça – sem perpetuação do poder e ser interesses particulaes – aprovava membro do Aerópago e julgava crimes políticos mais graves – cidadão nocivo ao Estado tinha direitos de cidadão suspenso e era obrigado a deixar a cidade;
2 – Aerópago – mais antigo e célere- inicialmente todos os crimes, depois os com pena de morte – composto por ex-magistrados, sorteados – Tribunal Superior.
Julgava: crime de sangue, casos de incêndio, envenenamento e alguns crimes políticos.
Jurisdições criminais (Tribunais) em Atenas:
3 – Tribunal dos Efetas – 51 juízes escolhidos pelo Senado – crime de homicídio não premeditado.
4 – Tribunal de Heliáia – assembleia em praça pública – jurisdição comum, analisava recursos – composto pelos cidadãos de Atenas – sorteava-se 6000 heliastas (600 de cada demos ou tribo de Atenas). No dia do julgamento fazia outro sorteio – ficando 201. 301 ou 401 integrantes. 
Obs.: Juízes dos demos – pequenas causas. 
Juízes dos Tribunais Marítimos – causas de comércio marítimo. 
Obs.: Júri: Direito a um julgamento por júri formado por cidadãos comuns (e não juristas) – faz parte da democracia – invenção de Atenas. 
Provas do direito grego: 
Provas: 
Ordálias – usadas por outros povos e no período inicial – juízo de Deus (ex.: jogava ao rio). 
Testemunhas – podiam depor por escrito ou pessoalmente. 
Juízes – podiam testemunhar – eram leigos e membros de assembleia – decidiam com base no que sabiam do caso. 
Depoimentos de escravos – precedidos de tortura – para não mentir ou vingar do seu senhor. 
Tipos de provas existentes e admitidos:
- Provas naturais – evidências empíricas – contratos, juramentos, lei, etc.
- Provas artificiais – vem do raciocínio, da invenção – demonstradas pela eloquência. 
Influência do Direito Grego no Direito Romano e no nosso Direito atual:
- júri popular;
- figura do advogado (origem no logógrafo);
- diferença entre homicídio voluntário, involuntário e legítima defesa;
- mediação e arbitragem;
- gradação das penas de acordo com a gravidade dos delitos;
- retórica e eloquência forense;
poder paternal limitado pela maioridade do filho e escapa à autoridade do pai. 
transferência da propriedade apenas por contrato, com publicidade, para proteger interesse de terceiros. 
 Atenas (e também Esparta) – laicização do Direito + leis podem ser revogadas pelos mesmos homens que as fizeram.

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