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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DISCIPLINA: PROFISSÃO DOCENTE PROFESSOR: DR. FERNANDO RODRIGUES AULUNO: THALES UZELIN ARDOHAIN Resenha do livro “Crítica da Modernidade” Alain Touraine 1994 “A ideia de modernidade, na sua forma mais ambiciosa, foi a afirmação de que o homem é o que ele faz” O desenvolvimento social a partir do trabalho do homem, resultou em uma sociedade organizada e ordenada pela ciência e essa se baseia no detrimento do envolvimento e na superação da razão. A evolução social vem se desenvolvendo desde o período de supremacia religiosa, no entanto os pensadores eram limitados por suas crenças. Com o passar do tempo e com a racionalização das sociedades, os pensadores começaram a se distanciar dos seus “sentimentos” e a buscar, através de métodos científicos, as respostas para as inquietações sociais. “É a razão que anima a ciência e suas aplicações; é ela também que comanda a adaptação da vida social às necessidades individuais ou coletivas; é ela, finalmente, que substitui a arbitrariedade e a violência pelo Estado de direito e pelo mercado. A humanidade, agindo segundo suas leis, avança simultaneamente em direção à abundância, à liberdade e à felicidade.” Os autores modernos, e dentro destes incluímos Alain Touraine, autor do livro “a crítica da modernidade”, se debruçaram insistentemente em pensar, questionar e problematizar os efeitos racionalistas para a modernização da sociedade. Ou seja, os autores pesquisavam os efeitos da racionalização para o desenvolvimento individual, e coletivo. No entanto, a razão não se estendeu por todas as ramificações da vida individual. Aspectos como a felicidade, ou a liberdade ainda são muito ligadas à tradição – que contradiz a racionalização-. O autor critica essa falsa racionalização, ao falar sobre o controle centralizado da produção, como este subjuga o trabalhador, e que essa centralização seria um caminho para a liberdade e a felicidade, fato que historicamente foi posto à prova e constantemente vem sendo derrubado. Além disso, a construção a respeito da “superioridade” do homem, branco, ocidental, dotado de formação acadêmica, é outro exemplo claro da “irracionalidade”, ou da ausência da razão, dentro de uma sociedade dita moderna e racional. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DISCIPLINA: PROFISSÃO DOCENTE PROFESSOR: DR. FERNANDO RODRIGUES AULUNO: THALES UZELIN ARDOHAIN “A libertação dos controles e das formas tradicionais de autoridade permite a felicidade, mas não a garante; ela chama a liberdade, mas ao mesmo tempo a sujeita à organização centralizada da produção e do consumo. A afirmação de que o progresso é o caminho para a abundância, a liberdade e a felicidade e que estes três objetivos estão fortemente ligados entre si, nada mais é que uma ideologia constantemente desmentida pela história” p.- 10 Críticos modernistas, veem que racionalização passa a ser um instrumento de controle e opressão dentro da sociedade, que agora é mais voltada para a produção e acumulação, do que para o desenvolvimento do coletivo. E a redução que esse conceito sofreu desagradou parte dos mesmos críticos modernos, que questionavam os impactos dessa mudança, e os reais efeitos da razão dentro da sociedade. Em meio à este conflito ideológico, surge um terceiro conceito que, apesar de ainda mais simplório, ou cauteloso, que possa parecer, agradou à parcela de pensadores que discordavam dessas duas correntes. “É uma força crítica que dissolve os monopólios como os corporativismos, as classes ou as ideologias.” O processo evolutivo, levou a Europa a passar por um processo revolucionário que desapoderou, renegou o absolutismo e adentrou à era moderna. Berço dessa revolução, e da sociedade moderna, a França, e também outros países que sucederam a revolução francesa, viam com maus olhos esse processo modernista. “A Grã-Bretanha, os Países Baixos, os Estados Unidos e a França entraram na modernidade por uma revolução e a recusa ao absolutismo. Atualmente, quando a palavra revolução comporta mais conotações negativas que positivas, fala-se mais em libertação, seja ela de uma classe oprimida, de uma nação colonizada, de mulheres dominadas ou minorias perseguidas” p.- 11 O racionalismo iluminista, levou as sociedades à uma separação entre o sistema e o autor, e essa autonomia conduziu ao liberalismo. Que hoje se difere em muito das ideias racionais de outrora. “Ele não assegura mais a correspondência entre o sistema e o ator, que foi o objetivo supremo dos racionalistas do iluminismo, e se reduz a uma tolerância que somente é respeitada na ausência de crise social grave e aproveita principalmente àqueles que dispõem dos recursos mais abundantes e diversos.” UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DISCIPLINA: PROFISSÃO DOCENTE PROFESSOR: DR. FERNANDO RODRIGUES AULUNO: THALES UZELIN ARDOHAIN Assim, a modernidade atualmente é vista como um processo continuo de mudanças em que, cada vez mais claro, mas não somente, se faz a separação do objetivo, leis naturais, práticas mundanas e todo o processo concretizado criado pela racionalização do indivíduo. Em oposição à subjetividade, que enaltece o individualismo, os direitos individuais e a liberdade pessoal. O processo de modernização do mundo, principalmente o mundo ocidental, foi caracterizado pela ruptura entre o natural e o divino, em outras palavras, o indivíduo e o espírito. “A modernidade não repousa sobre um princípio único e menos ainda sobre a simples distribuição dos obstáculos ao reinado da razão; ela é feita do diálogo entre Razão e Sujeito. Sem a Razão, o sujeito fecha na obsessão da sua identidade; sem o Sujeito, a Razão se toma o instrumento do poder. Neste século conhecemos simultaneamente a ditadura da Razão e as perversões totalitárias do Sujeito; é possível que as duas figuras da modernidade, que se combateram ou ignoraram, finalmente dialoguem e aprendam a viver juntas.” p.- 14 No livro “A crítica da modernidade”, Alain Touraine, afirma impossível uma sociedade ser moderna, se ainda procura se organiza e agir, segundo o que chama de uma “revelação divina”, ou uma essência natural. O estado deve ser laico, ou seja, ele defende a separação entre a religião, crenças individuais, da vida privada, do ser individual. As leis naturais devem ser impessoais, a vida pública estar separada da vida privada. Ao mesmo tempo em que os bens públicos também devem se manter separados de bens pessoais e de quem o administra. Nesse ponto o autor faz uma clara crítica aos déspotas esclarecidos, e de certa forma, até mesmo ao que tem se tornado a autonomia individual. O conceito de modernidade está diretamente vinculado ao de racionalização, não pode haver modernidade se não houver racionalização, no entanto, a modernidade não se resume ao conceito de racionalização. Para a modernidade, o subjetivo tem um papel fundamental na construção social. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DISCIPLINA: PROFISSÃO DOCENTE PROFESSOR: DR. FERNANDO RODRIGUES AULUNO: THALES UZELIN ARDOHAIN Dentro da caracterização do que é ser racional, Alain Touraine discorre por temas que até então eram vistos a partirda visão espiritual, e depois da revolução moderna, e a supremacia da razão, no entanto, o mesmo constrói uma critica a racionalização é a destruição de laços sociais, sentimentos, costumes e crenças tradicionais, apesar de julgar necessários para o desenvolvimento social. A forma de pensar o mundo a partir daí é o método cientifico, experimentação e observação. A maioria dos países tiveram diferentes tipos de modernização, no entanto o ocidente viveu e pensou o modernismo como uma revolução. No entanto, renegar o absolutismo, e abraçar a modernidade não basta a construção revolucionária só se completa a partir do governo racional. “A ideologia ocidental da modernidade, que podemos chamar de modernismo, substituiu a ideia de Sujeito e a de Deus à qual ela se prendia, da mesma forma que as meditações sobre a alma foram substituídas pela dissecação de cadáveres ou o estudo das sinapses do cérebro.” p.- 20 O cientificismo agora vigente vai de encontro aos paradigmas religiosos que dominavam o mundo pré-revolucionário, a racionalização dos governos, das sociedades e do indivíduo. Criou novos conceitos, que impuseram ao homem moderno novas obrigações que modificaram o “ser” humano. Este passou a romper laços sociais e, dentro do conceito de Elias Norbert, passou a ter uma visão alienada do mundo, a partir do saber científico e do afastamento do “espírito”. Diz Alain Touraine, em “A crítica da modernidade”, que se deve impor uma visão naturalista do homem, o conceito e a relação entre homem e natureza era muito mais amplo e englobava a origem e o fundamento das coisas, assim, ele afirma que a ciência estudaria formas de domínio da natureza pelo novo homem. As ciências sociais nascem como ciências politicas ao passo que a sociedade é estudada, conflitos entre reis, agora entre nações, divergências religiosas, classes sociais... Cada qual tem o seu papel a ser desempenhado dentro do sistema social, agora composto pela sociedade moderna e seus atores. O ser humano é o que ele faz, olha além da sua individualidade, favorecendo o funcionamento do que seria a própria sociedade. “A consciência de si não é diferente da consciência das coisas, e o homem é o conjunto de alma e corpo na experiência da sua identidade. O entendimento não dá forma às coisas, ele é reflexão, a qual repousa sobre uma sensação, e Locke insiste na sua passividade.” p.-21 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DISCIPLINA: PROFISSÃO DOCENTE PROFESSOR: DR. FERNANDO RODRIGUES AULUNO: THALES UZELIN ARDOHAIN Os ensejos iluministas, em sua época, eram de se utilizar das ciências para o prazer. Nobres, burgueses, e outros membros da elite, se tornavam intelectuais, e a partir daí construíam conhecimentos que lhes causava prazer, e questionava a igreja (outro fator que proporcionava certo desejo em continuar), e essa racionalização dos sentimentos, dos prazeres após a modernidade foi engolida pelo consumismo de massa, e a sensação de prazer pelo conhecimento foi substituído pela cultura do consumo. “O capitalista é aquele que sacrifica tudo, não ao seu dinheiro mas à sua vocação - Bemf -, ao seu trabalho, pelo qual ele não assegura de forma alguma sua salvação, como pensava a Igreja católica, mas pode descobrir sinais de sua eleição - a certitudo salutis - ou pelo menos realizar o desprendimento do mundo que sua fé exige.” p.- 32 Saindo da produção de conhecimento, e do racha entre ciência e religião. A revolução modernista, juntamente com as concepções de mundo do “ser” humano moderno, trouxe às relações trabalhistas um novo aspecto, que evoluirá para o capitalismo. Essa nova relação social se dá principalmente na economia. Para Touraine o capitalismo se dividiu em duas macro divisões, a economia de mercado e a racionalização das relações sociais. A correlação entre elas formaria um sistema econômico em que o mercado econômico seria idealizado e seria “balanceado”. A economia de mercado faria parte do aspecto negativo desse sistema, ela transformaria a economia em um organismo a parte de todo o resto do sistema social, sendo independente do estado (poder político), da igreja (envolvimento social), e das relações tradicionais vigentes entre os cidadãos, enquanto o avanço da racionalização auxilia o triunfo do lucro e do mercado (consumismo e produção em massa). “É preciso que o sujeito e a razão coabitem no ser humano. O pensamento que domina a modernidade nascente não é aquele que reduz a experiência humana ao pensamento à ação instrumental.” Descartes
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