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AULA 06 - DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE - INTEGRIDADE FÍSICA

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DIREITO À INTEGRIADE PESSOAL
Integridade física e psíquica
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CONEXÃO COM OUTROS DIREITOS E FUNDAMENTALIDADE
direito à integridade pessoal (DIP), direito à vida, direito à saúde, etc: forte conexão, mas não confusão.
DIP: desdobramentos em várias manifestações = integridade física, corporal, identidade pessoal. Ex.: Art. 5º, XLIX, III, XLIII, XLVIII, CF = intensa relação, mas DIP é DF autônomo, objeto de um regime de proteção particular.
não contemplação expressa pela CF de nenhuma das manifestações do DIP = análise sistemática / conjunto dos dispositivos constitucionais relacionados + tratados internacionais = garantia da proteção constitucional.
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CONEXÃO COM OUTROS DIREITOS E FUNDAMENTALIDADE
fundamentalidade formal implícita
posições jurídicas decorrentes do regime dos princípios (dignidade da pessoa humana = proteção mais ampliada do direito)
deduções de posições fundamentais a partir de matriz internacional
proteção internacional da integridade pessoal
Declaração dos DHs da ONU de 1948 - Art. V
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966 – Art. 7º.
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes de 1984
Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969 – Art. 5º
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ÂMBITO DE PROTEÇÃO 
DIP = direito à vida = relação de complementaridade
fundamento constitucional adequado para um DIP não é a vida!
a proteção ao DIP cobre situações que dizem respeito a intervenções na estrutura física e psíquica da pessoa humana
situações que não têm por consequência a morte
situações que não colocam efetivamente em risco a vida no sentido da sobrevivência física.
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ÂMBITO DE PROTEÇÃO 
integridade física (corporal/externa pessoal, sentido biológico) e psíquica (interna pessoal/esfera psíquica) 
sensibilidade à dor e ao sofrimento (físico e psíquico). 
DIP possui, em parte, o mesmo objeto de direito à saúde, mas não se confundem = nem toda intervenção na integridade física resulta em dano para a saúde.
Ex: intervenção médica no corpo humano por meio de uma cirurgia ou injeção de um medicamento.
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DIMENSÃO SUBJETIVA
proteção do DIP: inviolabilidade da pessoa contra toda e qualquer intervenção que careça de consentimento de seu titular (contrário do direito a vida).
dimensão negativa: DIP = direito de defesa (1ª linha), direito de não ser agredido ou ofendido física e psiquicamente = não intervenção por parte do Estado e de terceiros. 
Ex.: liberdade de decidir sobre intervenções realizadas por médicos, sobre cortes de cabelo, colocação de brincos, piercings, tatuagens, etc.
dimensão positiva: intervenções estatais (sempre também um direito a prestações de saúde = bens e serviços) = mais difícil equacionar o direito pela sua interface com o direito à saúde. 
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DIMENSÃO OBJETIVA
(maior) vínculo com a dimensão positiva do direito = dever de prestações normativas = destaque para organização e procedimentos para garantir a efetiva proteção material do direito. 
Ex.: Lei nº 9.434/97 (transplante e doações de órgãos).
 Art. 129, CP (figura típica da lesão corporal). 
deveres de proteção por parte do Estado - atenção para hipóteses de violação do direito = intervenção efetiva ou ameaça ou risco do bem jurídico.
ampla liberdade de conformação do Estado (especialmente o legislador) na concretização dos deveres de proteção, mas sujeição a um controle (proporcionalidade e proibição de proteção insuficiente).
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TITULARIDADE E DESTINATÁRIOS DAS NORMAS DE PROTEÇÃO AO DIREITO À INTEGRIDADE PESSOAL
titularidade: DIP = direito personalíssimo = fundamento na dignidade humana = titularidade universal. 
titularidade: por suas peculiaridades, apenas pessoas naturais podem ser titulares do DIP.
valem as considerações feitas ao direito à vida sobre titularidade por nascituros e início e fim da titularidade do direito. 
Exceção: não se pode falar em integridade física e corporal de uma pessoa morta, mas de eventual violação da dignidade humana e de projeções da personalidade.
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TITULARIDADE E DESTINATÁRIOS DAS NORMAS DE PROTEÇÃO AO DIREITO À INTEGRIDADE PESSOAL
destinatários: órgãos estatais e particulares 
destinatários = concretização da destinação na legislação cível na esfera dos direitos de personalidade (Art. 11 a 21, CC). 
na esfera das relações privadas, a eficácia direta (sem mediação legislativa) carece de cuidadoso equacionamento de acordo com as circunstâncias do caso.
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LIMITES E RESTRIÇÕES AO DIREITO À INTEGRIDADE PESSOAL
intervenções no âmbito de proteção = todas as formas de afetação (normativa, fática, direta ou indireta, estatal ou de terceiros).
resultado: dano efetivo ou risco à saúde física e psíquica ou dor e sofrimento físico e/ou psíquico (bem jurídico protegido). 
Ex.: extração de sangue ou de material para testes genéticos; colocação de sondas para lavagem estomacal 
certos setores da doutrina: tratamentos médicos devidamente consentidos não constituem uma intervenção no âmbito de proteção de direitos 
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LIMITES E RESTRIÇÕES AO DIREITO À INTEGRIDADE PESSOAL
outro setor: toda e qualquer intervenção, consentida ou não, é uma intervenção na esfera da integridade pessoal = necessidade de controle da legitimidade da intervenção.
ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO
irrenunciabilidade do direito à integridade pessoal (direito personalíssimo).
consentimento livre, consciente e informado adequadamente afasta a antijuridicidade da intervenção, mas não descaracteriza uma intervenção (legítima) nem a possibilidade de autolimitação da autodeterminação individual.
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LIMITES E RESTRIÇÕES AO DIREITO À INTEGRIDADE PESSOAL: EXEMPLOS
corte (temporário) de cabelo ou de barba par fins de identificação policial ou para fins estéticos.
colocação de piercings, brincos, realização de tatuagens (maiores de idade) e automutilação de caráter permanente com auxílio de terceiros.
intervenção médica sem o consentimento do paciente se em estado de inconsciência.
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LIMITES E RESTRIÇÕES AO DIREITO À INTEGRIDADE PESSOAL: : EXEMPLOS
extração compulsória de sangue ou líquido da coluna para produção de provas em processos ou para tratamento médico não consentido pelo titular do direito; vacinação compulsória; submissão ao exame do bafômetro
intervenção na integridade pessoal de menores de idade, pessoas com deficiência, internos em estabelecimentos prisionais, etc. 
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LIMITES E RESTRIÇÕES AO DIREITO À INTEGRIDADE PESSOAL: ATIVIDADE
ANÁLISE COMPARATIVA:
decisão do STJ sobre transfusão de sangues em testemunhas de Jeová
www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/08/1499255-medico-deve-fazer-transfusao-sem-aprovacao-dos-pais-diz-justica.shtml
STF, HC 76.060/SC, j. 31.03.1988, rel. Min. Sepúlveda Pertence
 A decisão pela (não) obrigatoriedade da intervenção médica expõe a complementaridade ou a contradição dos argumentos dos dois tribunais???
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PROIBIÇÃO À TORTURA, AO TRATAMENTO DESUMANO E DEGRANTE E DAS PENAS CRUÉIS
restrições ao direito à integridade pessoal X ilegitimidades: Art. 5º, III, XLVII, e, CF. 
manifestações especiais que dispensariam disposições constitucionais específicas: dedução do princípio da dignidade da pessoa humana. 
tratam-se de regras ou de princípios?? 
consequências da classificação: não ponderação/otimização = valoração X qualificação concreta das condutas
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PROIBIÇÃO À TORTURA, AO TRATAMENTO DESUMANO E DEGRANTE E DAS PENAS CRUÉIS
não definição das figuras pela CF / poder de conformação/regulamentação (Legislativo e Judiciário). Ex.: crime de maus-tratos – Art. 136, CP.
fórmula objeto do STF (, HC 70.389/SP, rel. Min Celso de Mello, DJ 23.06.1994) de inspiração kantiana: “o ser humano é um fim em si mesmo e jamais simples meio (mero objeto) na
esfera das relações pessoais”. 
STF: tortura é prática inaceitável de ofensa à dignidade da pessoa, negação arbitrária dos direitos humanos, supressão da autonomia e da liberdade do indivíduo.

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