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FICHAMENTO DE CITAÇÃO BOAS, Franz. As interpretações da cultura.

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FICHAMENTO DE CITAÇÃO
In:
BOAS, Franz. As interpretações da cultura. in: A mente do ser humano primitivo, tradução de José Carlos Pereira, Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. (Coleção Antropologia)
Thayan Correia da Silva[1: Graduando em Ciências Socais pela Universidade Federal de Alagoas – UFAL, bolsista do Programa de Iniciação Cientifica – PIBIC, sob orientação da prof.ª Dr. Claudia Mura, membro do Mandacaru - Núcleo de Estudos em Gênero, Saúde e Direitos Humanos - UFAL.]
As interpretações da cultura
“Desde que o estudo das culturas humanas foi reconhecido corno problema, tentou-se interpretá-lo como um fenômeno unitário, antes mesmo de se ter recolhido um vol1une de material razoavelmente suficiente. ” (BOAS, 2010, p.123)
“Sob a influência do darwinismo sua mudança de forma foi interpretada como a evolução de um organismo, sendo o pensamento racional a força motriz de seu desenvolvimento. ” (BOAS, 2010, p.123)
“São bem recentes os esforços para entender a cultura primitiva como um fenômeno que requer uma análise meticulosa antes de aceitar tll11a teoria que tenha validade geral. ” (BOAS, 2010, p.123)
“As atividades mentais do ser humano primitivo foram comparadas com as das crianças e vice-versa, de maneira que se viu no desenvolvimento da mente da criança uma recapitulação do desenvolvimento da mente da humanidade. Acredita-se assim que a mente da criança pode explicar-nos a mente primitiva. Recentemente a mente primitiva está sendo comparada com a dos doentes mentais, como se as atividades mentais de pessoas perfeitamente normais de culturas estranhas pudessem ser explicadas pelos doentes mentais de nossa própria cultura. ” (BOAS, 2010, p.123)
“A analogia com a vida mental da criança é difícil de aplicar, porque a cultura da vida da criança na Europa e a vida do adulto na sociedade primitiva não são comparáveis. Deveríamos, no mínimo, comparar o primitivo adulto com a criança de sua própria cultura. ” (BOAS, 2010, p.123)
“A comparação entre formas de psicoses e vida primitiva parece ainda mais infeliz. ” (BOAS, 2010, p.123)
“Devemos prestar atenção mais minuciosa às tentativas de considerar a vida cultural como evoluindo de formas primitivas para a civilização moderna, seja como uma linha evolutiva única, ou num pequeno número de linhas separadas. “ (BOAS, 2010, p.124)
“Cabe perguntar se, independentemente de raça, tempo e espaço, seria possível reconhecer uma série ele estágios de cultura que representam para a humanidade inteira uma sequência histórica, de modo que se pudesse identificar alguns dos estágios como tipos pertencentes a um período antigo e outros corno tipos mais recentes. ” (BOAS, 2010, p.124)
“As pesquisas de Tylor, Bachofen, Morgan e Spencer concentraram a atenção sobre os dados antropológicos como ilustrativos do gradual desenvolvimento e avanço da civilização. O desenvolvimento deste aspecto da antropologia foi estimulado pela obra de Darwin e seus sucessores, e as ideias subjacentes só podem se entendidas como uma aplicação ela teoria da evolução biológica aos fenômenos mentais. “ (BOAS, 2010, p.124)
“Devemos procurar entender mais claramente o que implica a teoria de um desenvolvimento cultural unilinear. Significa que diferentes grupos de seres humanos partiram, cm tempos muito remotos, de uma condição geral de falta de cultura e, devido à unidade da mente humana e da consequente resposta semelhante a estímulos externos e internos, evoluíram em toda parte aproximadamente da mesma maneira, obtendo inventos semelhantes e desenvolvendo costumes e crenças semelhantes. ” (BOAS, 2010, p.125)
“Embora seja indubitavelmente certo que se pode descobrir analogias entre os tipos de cultura representados pelos povos primitivos e as condições reinantes entre os antepassados dos atuais povos civilizados nos albores da história e que estas analogias são corroboradas pela evidência fornecida por sobrevivências, os testemunhos arqueológicos não justificam a completa generalização. ” (BOAS, 2010, p.125)
 “Para que a teoria do desenvolvimento paralelo tenha algum significado, seria preciso que, entre todos os ramos da humanidade, os passos da invenção tenham seguido, pelo menos aproximadamente, a mesma ordem e que não se encontrem brechas consideráveis. Os fatos, pelo que sabemos hoje, contradizem totalmente esta hipótese. “ (BOAS, 2010, p.125)
“ Quanto mais diferentes forem os vários fenômenos, tanto menor será sua correlação, de modo que finalmente, apesar da tendência ao desenvolvimento histórico em determinadas fases da cultura, não se encontra um esquema harmonioso para a totalidade da cultura que seja válido em roda parte (THOMAS, 1909). “ (BOAS, 2010, p.127)
“Assim, não se pode assegurar que t0do povo altamente civilizado deva ter passado por todas as etapas da evolução, o que é possível deduzir de uma investigação dos diversos tipos de cultura que aparecem em todo o mundo. ” (BOAS, 2010, p.127)
“Se a evolução da cultura tivesse prosseguido em uma linha única, as formas mais simples da família estariam associadas aos tipos mais simples de cultura. Mas não é isso que acontece, pois um esn1do comparativo revela a mais irregular distribuição. ‘ (BOAS, 2010, p.127)
“Considerações teóricas sugerem que os costumes não se desenvolvem necessariamente de uma t1nica maneira. ” (BOAS, 2010, p.128)
“Na teoria antropológica o totemismo foi descrito como uma antiga etapa da sociedade da qual se desenvolveram formas posteriores. O conceito de incesto é tão universal que deve ter pertencido ao ser humano antes de sua dispersão ou ter-se desenvolvido independentemente num período muito remoto. ” (BOAS, 2010, p.128)
“[...] é possível que de uma fonte única se desenvolvam costumes diferentes, não temos o direito de supor que todo povo que alcançou um alto grau de evolução deva ter passado por todas as etapas encontradas entre tribos de cultura primitiva. “ (BOAS, 2010, p.128)
“Uma objeção ainda mais séria baseia-se em outra observação. A validade da igualdade geral da evolução da humanidade se baseia na hipótese de que os mesmos traços culturais devem ter-se desenvolvido sempre das mesmas causas un1cas e de que uma sequência lógica ou psicológica de passos representa também uma sequência cronológica (cf. p. 122 e 152)” (BOAS, 2010, p.128)
“Na realidade, é possível citar um bom número de exemplos em que uma evolução convergente, partindo de diferentes começos, conduziu aos mesmos resultados. ” (BOAS, 2010, p.129)
“Uma séria objeção ao raciocínio daqueles que procuram estabelecer linhas de evolução das culturas reside na frequente falta de comparabilidade dos dados com os quais estamos lidando. A atenção é dirigida fundamentalmente à semelhança dos fenômenos étnicos, enquanto negligenciamos as variações individuais. ” (BOAS, 2010, p.129)
“As semelhanças inesperadas atraíram nossa atenção a tal pomo que não reparamos nas diferenças. No estudo dos traços físicos de diferentes grupos sociais, manifesta-se a atitude mental inversa. Sendo evidente a semelhança dos traços principais da forma humana, nossa atenção se dirige às pequenas diferenças de estrutura. “ (BOAS, 2010, p.129)
“Quando fundamentamos nosso estudo nestas observações, verifica-se que graves acusações podem ser levantadas contra a hipótese da ocorrência de uma sequência geral de etapas culturais em rodas as raças humanas; que, ao contrário, reconhecermos tanto uma tendência de diversos costumes e crenças convergirem para formas semelhantes quanto uma evolução de costumes em direções divergentes. Para interpretar corretamente estas semelhanças de forma é necessário pesquisar seu desenvolvimento histórico; e só quando este for idêntico em diferentes áreas será admissível considerar os fenômenos em questão como equivalentes. Deste ponto de vista os fatos do contato cultural assumem uma nova importância (cf. p. 120). (BOAS, 2010, p.131)
“A cultura tem sido também interpretada de outras maneiras. Os geógrafos procuram explicar as formas de cultura como um resultado necessáriodo ambiente geográfico. ” (BOAS, 2010, p.131)
“No entanto, as condições geográficas têm apenas o poder de modificar a cultura. Por si mesmas não são criadoras. Isco é mais perceptível onde a natureza do país restringe o desenvolvimento da cultura. ” (BOAS, 2010, p.132)
“Se afirmarmos que o ambiente geográfico é o único determinante a atuar sobre a mente supostamente idêntica em rodas as raças da humanidade, deveríamos necessariamente chegar à conclusão de que um mesmo meio produzirá os mesmos resultados culturais em toda parte. ” (BOAS, 2010, p.132)
“Obviamente, isto não é verdade, pois muitas vezes as formas das culturas de povos que vivem no mesmo tipo de ambiente mostram acentuadas diferenças. ” (BOAS, 2010, p.132)
“O ambiente sempre atua sobre uma cultura preexistente, não sobre um hipotético grupo sem cultura. Portanto, ele é importante só na medida em que limita ou favorece atividades. Pode-se até mostrar que antigos costumes, que podem ter estado em harmonia com um certo tipo de ambiente, rendem a sobreviver em condições novas, onde representam mais um obstáculo do que uma vantagem para o povo. “ (BOAS, 2010, p.133)
“Parece, pois, que o ambiente tem um efeito importante sobre os cosnm1es e as crenças do ser humano, mas só enquanto ajuda a determinar as formas especiais de costumes e crenças. Estas, porém, se baseiam primordialmente em condições culturais que, em si mesmas, se devem a outras causas. “ (BOAS, 2010, p.133)
“Neste ponto, os estudiosos da antropogeografia, que procuram explicar todo o desenvolvimento cultural com base nas condições ambientais geográficas, estão acostumados a proclamar que estas mesmas causas se fundam em condições anteriores, nas quais se originaram sob a pressão do ambiente. Esta teoria é inadmissível, porque a pesquisa de cada traço cultural individual demonstra que a influência do ambiente produz certo grau de adaptação entre o ambiente e a vida social, mas que nunca é possível encontrar uma explicação completa das condições prevalecentes, com base unicamente na ação do meio ambiente. “ (BOAS, 2010, p.133)
“É tão pouco concebível que a vida mental possa ser explicada satisfatoriamente só pelo meio ambiente, já que esse meio ambiente pode ser explicado pela influência das pessoas sobre a natureza, que, como todos sabemos, tem provocado mudanças nos cursos de água, a destruição de florestas e mudanças da fauna. ” (BOAS, 2010, p.133-134)
“A teoria do determinismo econômico da cultura não é mais adequada que a do determinismo geográfico. É mais atraente porque a vida econômica é uma parre integral da cultura e está intimamente relacionada com rodas as suas fases, enquanto as condições geográficas constituem sempre um elemento externo. Contudo, não há razão para dizer que todas as outras fases da cultura são uma superestrutura sobre uma base econômica, pois as condições econômicas amam sempre sobre uma cultura preexistente e elas próprias dependem de outros aspectos da cultura. ” (BOAS, 2010, p. 134)
“A semell1ança de elementos culturais, independentemente de raça, ambiente e condições econômicas, pode também ser explicada como resultado de um desenvolvimento paralelo baseado na semelhança da estrutura psíquica do ser humano em todo o mundo. “ (BOAS, 2010, p. 134)
“ A cultura é, assim, o resultado de inúmeros fatores que interagem entre si e não existe evidência de que as diferenças entre as raças humanas, particularmente não entre os membros da raça branca, tenham qualquer influência diretiva sobre o curso do desenvolvimento da cultura. Tipos individuais têm encontrado sempre, desde o período glacial, uma cultura existente à qual reagiram. “ (BOAS, 2010, p. 135)
“Vimos que, como consequência da variabilidade de indivíduos que compõem uma raça, as diferenças entre grupos maiores de tipos humanos ligeiramente variáveis são bem menores que as diferenças entre os indivíduos que compõem cada grupo, de modo que qualquer influência considerável da distribuição biologicamente determinada das personalidades sobre a forma ele cultura parece muito pouco provável. “ (BOAS, 2010, p. 136)
Análise do texto 
Franz Boas rebate as teses evolucionistas, muito fortes na época, cuja a ideia partia do princípio em que a sociedade tem traços fundamentais em comum e que existiriam leis gerais que pudessem explicar certa natureza cultural. A justificação para a distinção cultural estaria, então, no argumento de que as sociedades se encontravam em diferentes estágios de desenvolvimento (selvageria, barbaria e civilização). 
Boas, em seu ensaio, acredita que a fragilidade maior desse método de entender a cultura consiste em ignorar o fato de que costumes iguais ou parecidos não significam que se desenvolveram pelas mesmas causas. O objetivo de seus estudos era o de “descobrir os processos pelos quais certos estágios culturais se desenvolveram”.
 A partir de seus estudos podemos determinar o início do relativismo cultural, a partir do qual revolucionou a ciência antropológica da época, exercendo sua influência, como exemplo, nas teses do norte-americano Clifford Geertz. Diferente do evolucionismo carregado de positivismo, o relativismo quer distância de leis universais, pelas quais seriam impossíveis classificar a complexidade que é a cultura humana. 
O título do texto Já traz consigo uma grande carga quando coloca os termos no plural, mostrando que existe mais de uma interpretação. A ideia era justamente de considerar que, apesar de certas semelhanças, as ações do homem (que resultam em manifestações culturais) são resultadas de uma série de fatores “não-simplificáveis” e coletivos. Para entender essa série de relações complexas, o antropólogo deveria, então, fazer a descrição etnográfica “do ponto de vista do nativo”.

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