Contratos 2

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Teoria Geral dos Contratos
Código Civil, arts. 421 a 480
O conteúdo desse material foi retirado dos livros: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado, v. 1. Saraiva, 4ª ed.; GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, v. 3, Saraiva; GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil, v. 4, tomo I, Saraiva, 7ª ed..
Prova dos Contratos
Art. 444, NCPC.  Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova.
Art. 445.  Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das práticas comerciais do local onde contraída a obrigação.
Prova dos Contratos
Art. 446.  É lícito à parte provar com testemunhas:
I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real e a vontade declarada;
II - nos contratos em geral, os vícios de consentimento.
Classificação dos Contratos
I – Contratos considerados em si mesmo
A. Quanto à natureza da obrigação
1. Contrato unilateral, bilateral ou plurilateral: 
- Unilateral: o contrato implica direitos e obrigações apenas para um dos contratantes. 
- Bilateral (ou com prestações recíprocas): o contrato implica direitos e obrigações para ambos os contratantes. 
Classificação dos Contratos
- Bilateral imperfeito: apenas parte da doutrina admite. É o contrato unilateral que, por circunstância acidental ocorrida no curso da execução, gera alguma obrigação para o outro contratante. 
- Plurilateral: quando há mais de dois contratantes, cada parte assumindo direitos e obrigações em relação a todos os outros contratantes. Todos perseguem um fim comum, sem estar em polos distintos.
 
Classificação dos Contratos
2. Contrato oneroso ou gratuito:
- Oneroso: quando a um benefício recebido corresponder um sacrifício patrimonial. Ambos os contratantes obtêm proveito. 
- Gratuito ou benéfico: quando somente uma das partes aufere benefício ou vantagem, enquanto a outra arcará com toda obrigação. 
→ Em geral, o contrato unilateral é gratuito e o bilateral é oneroso, mas pode não ser assim. 
 
Classificação dos Contratos
3. Contrato comutativo ou aleatório:
- Comutativo: as obrigações se equivalem, os contratantes conhecem, de início, as suas respectivas prestações. São prestações certas e determinadas. 
- Aleatório: quando há incerteza, para pelo menos um dos contratantes, que não pode antever a vantagem que receberá em troca da prestação fornecida. 
 
Classificação dos Contratos
 Contratos aleatórios no Código Civil (arts. 458 a 461): 
a) Contrato de compra de coisa futura, com assunção de risco pela existência (art. 458) emptio spei ou venda da esperança: 
Art. 458: Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
* “A venda ficará perfeita e acabada haja ou não safra, não cabendo ao comprador o direito de reaver o preço pago se, em razão de geada ou outro imprevisto, a safra inexistir”. 
Classificação dos Contratos
b) Contrato de compra de coisa futura, com risco sobre a quantidade esperada – emptio rei separatae (art. 459): 
Art. 459: Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
Classificação dos Contratos
c) Contrato de compra de coisa presente, mas exposta a risco assumido pelo contratante (art. 460): a coisa já existe, mas está sujeita a perecimento ou depreciação.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
Classificação dos Contratos
4. Contrato paritário ou por adesão:
- Contrato paritário: as partes discutem livremente as condições, porque se encontram em situação de igualdade. 
- Contrato de adesão: contrato onde um dos pactuantes predetermina, ou impõe, as cláusulas do negócio, estando afastada qualquer possibilidade de discussão. 
Art. 54, do CDC: “contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo”. 
Classificação dos Contratos
→ Características do contrato de adesão: uniformidade; predeterminação unilateral; rigidez; posição de vantagem de uma das partes. 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Classificação dos Contratos
- Contrato tipo ou contrato de massa, em série ou por formulários: é o contrato apresentado por um dos contratantes, em fórmula impressa ou datilografada, ao outro, que se limita a assiná-lo. Difere do contrato de adesão, porque admite discussão sobre o conteúdo. As cláusulas não são impostas, mas estão pré-redigidas. 
Classificação dos Contratos
B. Quanto à disciplina jurídica: os contratos podem ser civis ou comerciais, de direito do trabalho, de direito do consumidor, de direito administrativo. 
Classificação dos Contratos
C. Quanto à forma: 
- Contrato solene: quando há imposição de um determinado revestimento formal para a validade do negócio jurídico. 
Não solene: é a regra. Não precisa de nenhuma formalidade.
- Consensual: basta a simples declaração de vontade para sua conclusão. 
- Real: exige-se, para o seu aperfeiçoamento, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto. 
Classificação dos Contratos
D. Quanto à designação: 
- Nominado: há terminologia ou nomenclatura definida e prevista na lei.
- Inominado: não há essa previsão terminológica. 
- Típico: é regulado pela lei, que traça o seu perfil. 
- Atípico: resulta do acordo de vontades, é fruto da criatividade das partes.  
Art. 425: “é lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”. 
Classificação dos Contratos
E. Quanto à pessoa do contratante: 
- Pessoal, personalíssimo ou intuitu personae: o contrato é celebrado em função da pessoa do contratante, que tem influência decisiva para o consentimento do outro. 
- Impessoal: o que interessa é o resultado da atividade contratada, independentemente de quem seja a pessoa que irá realiza-la. 
Classificação dos Contratos
- Individuais: as vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias pessoas. 
- Coletivos: perfazem-se pelo acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais, sendo denominados convenções coletivas. Têm força normativa abstrata, estabelecendo normas que devem presidir a celebração e execução dos contratos individuais subordinados, inclusive provocando alterações no conteúdo dos contratos em curso. 
Classificaçãodos Contratos
- Autocontrato ou contrato consigo mesmo: art. 117 do CC dispõe que: “salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo”. 
Classificação dos Contratos
F. Quanto ao tempo da sua execução:
- Contrato instantâneo de execução imediata: os efeitos do contrato são produzidos de uma só vez, se consumam num só ato, no momento da celebração. 
- Contrato instantâneo de execução diferida ou retardada: é o que deve ser cumprido também em um só ato, mas em momento futuro.
- Contrato de duração ou de trato sucessivo ou de execução continuada: é aquele que se cumpre por meio de atos reiterados. 
Classificação dos Contratos
II – Contratos reciprocamente considerados:
A. Quanto à relação de dependência:
- Contrato principal: tem existência autônoma, independentemente de outro. 
Contrato acessório: sua existência jurídica depende da existência de outros contratos, a qual serve. Exemplo fiança, caução, penhor, hipoteca.
Contrato derivado ou subcontrato: tem por objeto direito estabelecido em outro contrato, denominado básico ou principal.
Classificação dos Contratos
B. Quanto à definitividade:
- Contrato preliminar: negócio jurídico que tem por finalidade a celebração de um contrato definitivo. 
- Contrato definitivo: configura a regra no direito brasileiro
Classificação dos Contratos
Contrato preliminar ou pré-contrato, promessa de contrato ou compromisso. 
Conceito: é o contrato por meio do qual as partes se obrigam a celebrar um contrato definitivo. Assumem uma obrigação de fazer.
“Contrato por via do qual ambas as partes ou uma delas se compromete a celebrar mais tarde um outro contrato, que será o principal” (Caio Mário da Silva Pereira).
Art. 462, CC, “o contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado”. 
Classificação dos Contratos
- O contrato preliminar pode ser unilateral: a faculdade de exigir o cumprimento reserva-se apenas a uma das partes, sendo que a outra contrai uma obrigação, cujo adimplemento fica subordinado à vontade da que pode exigi-lo. Direito potestativo de uma das partes.
Art. 466: “se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor”. 
Classificação dos Contratos
- Bilateral: quando o cumprimento pode ser requerido por qualquer das partes. 
Art. 463: “concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive”. 
O contrato deve ser levado a registro, para que tenha eficácia perante terceiros.
Classificação dos Contratos
Art. 464: “esgotado o prazo, poderá o juiz, a requerimento do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isso se opuser a natureza da obrigação”.
Desfazimento do contrato: se a parte não der execução ao contrato preliminar, a outra parte pode considera-lo desfeito e pedir perdas e danos (art. 465).
Revisão dos Contratos
→ Teoria da imprevisão: permite rediscutir os preceitos contidos em uma relação contratual, em face da ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis. 
→ Pacta sunt servanda: princípio da força obrigatória do contrato.
→ Cláusula rebus sic stantibus: é a cláusula segundo a qual em todo contrato de prestações sucessivas haverá sempre uma cláusula implícita de que a convenção não permanece em vigor se as coisas não permanecerem como eram no momento da celebração. 
 
Revisão dos Contratos
Elementos da teoria da imprevisão: 
a) contrato de execução continuada ou de trato sucessivo ou de execução diferida; 
b) superveniência de circunstância imprevisível; 
c) alteração da base econômica objetiva do contrato; 
d) onerosidade excessiva. 
Art. 317: “quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação”.