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Resenha - Reestruturação produtiva e acidentes de trabalho no Brasil: estrutura e tendências

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GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
DISCIPLINA: Segurança do Trabalho
RESENHA 2
Reestruturação produtiva e acidentes de trabalho no Brasil: estrutura e tendências
O artigo trata-se de uma pesquisa que busca refletir sobre o declínio significativo da incidência de acidentes de trabalho no Brasil nas últimas décadas. Um dos fatores apresentados para tal fato é a não declaração por parte das empresas, principalmente devido a frequentes mudanças da legislação. Porém, observa-se que outros fatores também devem estar influenciando essa tendência à medida que nesse período a economia do país e os padrões de emprego transformaram-se de maneira significativa. Outro fator é a interferência da modernização dos processos produtivos, como a informática e robótica, por exemplo. Além do deslocamento da força de trabalho de setor secundário para o setor terciário devido à modernização industrial. O autor afirma é que difícil avaliar o efeito isolado de cada uma dessas variáveis apresentadas quanto à contribuição para a queda significativa dos acidentes de trabalho. Acredita que os diversos fatores podem ser dependentes e com diferentes graus de intensidade. O período histórico do Brasil observado para realização dessa pesquisa foi de 1970 a 1995.
Com o objetivo de explorar as hipóteses já levantadas, a pesquisa confronta as taxas anuais de acidentes de trabalho com as taxas indicativas de evolução ano a ano da economia do país (a partir do PIB).
Inicialmente fala sobre os acidentes de trabalho que foram levantados a partir do BEAT (Boletim Estatístico dos Acidentes de Trabalho). Os acidentes de trabalho são de notificação obrigatória por parte da empresa. O instrumento oficial de registro de acidentes de trabalho no Brasil é denominado Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). São notificados pela CAT as doenças profissionais, os acidentes-tipo (ocorridos durante o exercício da atividade) e os acidentes de trajeto (ocorridos durante o percurso de casa para o trabalho ou do trabalho para casa). A empresa na qual o trabalhador é vinculado é quem emite a CAT, sendo que, em alguns casos, este registro poderá ser realizado pelos serviços de saúde, sindicatos ou pelo próprio trabalhador. A CAT é o registro e o reconhecimento oficial do acidente, pois é a partir dela que o trabalhador alcança seu direito ao seguro acidentário junto ao INSS.
Em seguida, o autor fala sobre o PIB (Produto Interno Bruto) do país, que foram levantados a partir da FIBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E por fim, discorre sobre os trabalhadores segurados e a população economicamente ativa (PEA), cujos dados provêm do Ministério do Trabalho, do cadastro geral de emprego e desemprego. As empresas são obrigadas mensalmente a informar o número de trabalhadores contratados e também demitidos, publicados pelo INSS.
O autor explicita então como foi feita a análise dos dados e apresenta os resultados obtidos nas diferentes regiões brasileiras. A partir desses resultados o autor afirma que nos 25 anos observados para realização desse estudo mais de 29 milhões de acidentes e mais de 100 mil mortes relacionadas ao trabalho foram registradas no Brasil.
De acordo com Filho após o estudo realizado não é dada tanta relevância a sonegação da informação por parte das empresas. Sua influência está presente em todo esse período histórico, no entanto, é menor do foi indicado. 
Quanto ao PIB, foi observado que tanto a sua evolução quanto a notificação dos acidentes de trabalho apresentaram tendência declinante no período analisado pelo estudo. À medida que havia crescimento positivo do PIB, havia também taxas positivas do registro de acidente. Contudo, quando havia crescimento negativo do PIB, havia taxas negativas do registro de acidente. Vale à pena destacar que os registros de acidente se referem tanto aos de tipo, de trajeto ou fatais.
A primeira e principal hipótese a ser considerada para justificar a queda de acidentes no país no período do estudo é a recessão e sua consequência direta no mercado de trabalho, já que gerou desemprego e reduziu de modo acentuado a oferta de emprego formal nos grandes centros urbanos. Destaca-se que o desemprego possa induzir ao aumento no número de horas trabalhadas e na intensidade do trabalho para aqueles que permanecem na produção, podendo levar a um maior risco de acidentes para esses trabalhadores.
O setor industrial é o que mais gera acidentes. Porém, é importante dizer que apesar disso, a industrialização/modernização melhora a legalização do trabalho e, por sua vez, aumenta a notificação de acidentes de trabalho.
O processo de reestruturação produtiva e o crescente deslocamento da mão de obra do setor secundário para o setor terciário são considerados como fatores principais na tendência declinante do registro de acidentes de trabalho. Isso ocorre, pois, os riscos de acidente estão menos presentes no setor de serviços do que no industrial. Esse processo de reestruturação produtiva traz consigo transformações no processo de produção industrial, com grandes níveis de informatização. Dessa forma, é reduzido o número de trabalhadores à medida que aumentam os números de máquinas, assim diminuindo o número de acidentes de trabalho, já que existem menos trabalhadores expostos.
Por fim, o autor salienta que com tantas e tão rápidas mudanças no mundo do trabalho, a vigilância em saúde do trabalhador deve focar em situações de trabalho legalmente precário e autônomo, em que se acredita que os acidentes ocupacionais apresentam maior incidência. E, o CAT, nessa situação, não representa fonte de dados adequada à medida que está intimamente relacionado ao trabalho formal.

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