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IESB CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE processo VI 26 04 2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO – IESB
Direito Processual Civil VI.
Controle de Constitucionalidade.
Professora: Nara Rejane Moraes da Rocha
Autora de obra Responsabilidade Civil do Operador Portuário. Coautora do Livro Contratos Marítimos e Portuários: Responsabilidade Civil. Parte IV Responsabilidade do transportador e do operador portuário. Item 15. São Paulo, Aduaneiras, 2015. Possui artigo publicado em seara portuária intitulado Análise das Políticas Ambientais nos Portos de Alicante e Itajaí. Em seara de Direitos Humanos possui capítulo de livro e-book Cátedra Jean Monnet: Direito Europeu na Atualidade; capítulo Transnacionalidade e Direitos Humanos, co-autoria com Kamilla Pavan. Possui graduação em Medicina Veterinária pela Faculdade Plinio Leíte e graduação em Direito pelo Centro Universitário Plínio Leite. Possui Especialização em Direito Civil, Processo Civil e Direito Empresarial. Possui Especialização em Vigilância Sanitária. Possui Especialização em Prática Jurídica. Possui Especialização em Direito Público. É Mestre em Ciência Jurídica pela Universidade Vale do Itajaí/ Brasil. É Mestre pela Universidade de Alicante/Espanha: Máster em Derecho Ambiental y de la Sostentabilidad. Acadêmica no Doutorado em Direito Constitucional na Universidade de Buenos Aires-UBA-Argentina. É professora.É autônoma - Escritório de Advocacia. Atuação em pesquisa Gestão Pública e Governamental.
3
4
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Controle da constitucionalidade é a verificação da adequação vertical que deve existir entre as normas infraconstitucionais e a Constituição.
Ressalta-se que no controle será efetuado um exame comparativo entre um ato legislativo ou normativo e a Constituição. 
Cabe salientar que o ato legislativo ou normativo que contrariar a Lei Fundamental de organização do Estado deve ser declarado inconstitucional.
Conteúdo programático: 
Jurisdição Constitucional no Direito Comparado e o Supremo Tribunal Federal: 
Perspectiva histórica do controle de constitucionalidade; controle político e controle jurisdicional. 
Modelos americano e europeu. 
O primeiro precedente americano: Marbury v. Madison. Kelsen e o controle de constitucionalidade. 
Classificações e Legitimidade do controle de constitucionalidade. Supremo Tribunal Federal e as Cortes Constitucionais. 
Inconstitucionalidades e suas Espécies: 
Inconstitucionalidade formal e material. 
Inconstitucionalidade originária e superveniente. 
Inconstitucionalidade por ação e por omissão. 
Conteúdo programático
Processo de inconstitucionalização: mudança de relações fáticas ou de interpretação jurídica. Precedentes do STF. Nulidade e Anulabilidade. Marshall v. Kelsen. Atenuações.
O Controle de Constitucionalidade no Brasil: A Constituição de 1824 e a influência francesa. A Constituição Republicana e a influência do modelo americano. As Constituições de 1934 e 1937. A Constituição de 1946 e a EC 16/65.
 A Constituição de 1967 e a Emenda n°1, de 1969. O controle de constitucionalidade na Constituição de 1988. Inovações. 
A relação do controle difuso com o controle concentrado. 
Conteúdo programático.
O controle de constitucionalidade no âmbito do Poder Legislativo e no âmbito do Poder Executivo. Controle Difuso de Constitucionalidade na Constituição de 1988: Objeto e parâmetro de controle. Incidente de inconstitucionalidade: atuação do juiz de primeiro grau e o princípio da reserva de plenário (art. 97). Precedentes do STF. Inovações legislativas. 
Amicus curiae. Participação do Senado Federal no controle difuso de constitucionalidade (art. 52, X): evolução nas Constituições, natureza e efeitos. 
Precedentes do STF. Mutação constitucional. Controle difuso pelo STJ e pelo STF. 
Recurso Extraordinário: cabimento, objeto, a repercussão geral e os efeitos da decisão. Interposição simultânea dos recursos especial e extraordinário.
 A súmula vinculante. 
Conteúdo programático.
A declaração de inconstitucionalidade na ação civil pública e na ação popular. Precedentes do STF. 
O mandado de segurança e o “habeas corpus” como instrumentos do controle difuso. 
O controle de constitucionalidade no processo legislativo. 
Mandado de Injunção: generalidades; competência; legitimação; objeto; procedimento; decisão e efeitos. A nova posição do STF – viragem constitucional. 
Controle Concentrado de Constitucionalidade na Constituição de 1988: Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva: generalidades; competência; legitimação; objeto, procedimento; cautelar; mérito e efeitos. Importância histórica.
Conteúdo programático.
Ação Direta de Inconstitucionalidade: objeto; parâmetro de controle; legitimação para agir; procedimento; cautelar; mérito, eficácia. Lei n. 9.868/99. Ação declaratória de constitucionalidade: objeto; parâmetro de controle; legitimação para agir; procedimento; cautelar; mérito, eficácia. Lei n. 9.868/99. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão: objeto; parâmetro de controle; legitimação para agir; procedimento; mérito, eficácia. Novos precedentes do STF: prazo para atuação do Poder Legislativo. 
Distinção com o mandado de injunção.
Conteúdo programático.
Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental: objeto; parâmetro de controle; procedimento; cautelar; mérito e efeitos das decisões; Lei n. 9.882/99. 
Técnicas de decisão: declarações de nulidade sem redução de texto; interpretação conforme a Constituição; declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade e apelo ao legislador. Modulação de efeitos (art. 27 da Lei n. 9868/99). 
O modelo estadual de controle de constitucionalidade. Parâmetros de controle. Reclamação. Natureza jurídica. Hipóteses de cabimento. Competência. Legitimidade ativa e passiva. Prazo para propositura. Procedimento. 
Ação rescisória. Natureza jurídica. Hipóteses de rescindibilidade. Competência. Legitimidade ativa e passiva. Prazo para propositura. Procedimento. 
Está distribuído conforme segue abaixo:
Unidade I: 
INCONSTITUCIONALIDADE E SUAS ESPÉCIES
1.1. Plano de validade, eficácia e vigência das normas.
1.2. Inconstitucionalidade e ilegalidade. O problema da ilegitimidade das normas.
1.3. Inconstitucionalidade formal e material. Inconstitucionalidade originária e superveniente.
1.4. Inconstitucionalidade por ação e por omissão.
1.5. Processo de inconstitucionalização: mudança de relações fáticas ou de interpretação jurídica.
Unidade II: JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL NO DIREITO COMPARADO E O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 
2.1.Elementos históricos que originaram o controle político das leis na França e o controle jurisdicional das leis na América.
2.2.Controle de constitucionalidade no âmbito da jurisdição constitucional: modelos americano e europeu. Suprema Corte Corte Americana e Cortes Constitucionais Europeias. Stare decisis. 
2.3.Assimilação dos modelos de controle judicial das leis do direito comparado pelas constituições brasileiras.
Unidade III: CONTROLE DIFUSO E CONCRETO DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL 
3.1. Objeto e parâmetro de controle.
3.2. Incidente de inconstitucionalidade perante os tribunais e perante o STF.
3.3. A suspensão da lei inconstitucional pelo Senado Federal.
3.4. Efeitos da decisão.
3.5.	A declaração de inconstitucionalidade na ação civil pública.
3.6.	Súmulas vinculantes com conteúdo declaratório de inconstitucionalidade de ato normativo
Unidade IV: CONTROLE CONCENTRADO E ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
4.1. Modelo federal. Ação direta de inconstitucionalidade (ADI): objeto e parâmetro de controle; legitimação para agir; procedimento.
4.2.Modelo federal. Ação declaratória de constitucionalidade (ADC): objeto e parâmetro de controle; legitimação para agir; procedimento.
4.3. Modelo federal. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO): objeto e parâmetro de controle; legitimação para agir; procedimento. Distinção entre ADO e o mandado de injunção. 
4.4. Modelo Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF): objeto e parâmetro decontrole; legitimação para agir; procedimento.
4.5. Técnicas de decisão e canais de comunicação com a sociedade: declaração de nulidade com ou sem redução de texto; interpretação conforme à constituição; amicus curiae e audiências públicas.
4.6. Efeitos e repercussões das decisões cautelares e definitivas do controle abstrato: eficácia erga omnes; efeito vinculante; modulação temporal; reflexos sobre ações em andamento e ações já julgadas e sobre atos normativos futuros.
4.7. Modelo estadual: tipos de ações diretas, parâmetro e objeto de controle. O controle no Distrito Federal. Intersecção e concorrência entre o modelo federal e o estadual.
Unidade V: AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO DE DECISÕES JUDICIAIS: RECLAMAÇÃO E AÇÃO RESCISÓRIA
5.1. Reclamação. Natureza jurídica. Hipóteses de cabimento. Competência. Legitimidade ativa e passiva. Prazo para propositura. Procedimento.
5.2. Ação rescisória. Natureza jurídica. Hipóteses de rescindibilidade. Competência. Legitimidade ativa e passiva. Prazo para propositura. Procedimento.
INTRODUÇÃO
 De acordo com Hans Kelsen, o ordenamento jurídico é composto de normas em diferentes níveis hierárquicos, sendo que as normas inferiores retiram seu fundamento de validade das normas superiores. 
No alto da pirâmide está o maior do ordenamento jurídico, que é a Constituição, que é a norma-fundamental de todas as outras, que nela devem se apoiar. A Carta Magna.
 O princípio da supremacia da Constituição, está compreendido no entendimento de que todas as normas do sistema jurídico devem ser com o texto constitucional. 
LEGALIDADE E LEGITIMIDADE
WOLKMER assinala que "a legalidade reflete fundamentalmente o acatamento a uma estrutura normativa posta, vigente e positiva", e que a legitimidade "incide na esfera da consensualidade dos ideais, dos fundamentos, das crenças, dos valores e dos princípios ideológicos". Sua aplicação envolve, como concepção do direito, "a transposição da simples detenção do poder e a conformidade do justo advogados pela coletividade“.
WOLKMER, Antônio Carlos. Legitimidade e legalidade: uma distinção necessária. In: Revista de Informação Legislativa, n. 124. Brasília, 1994. p. 179-184.
Pressupostos do controle de constitucionalidade:
a) existência de uma Constituição escrita e rígida;
b) existência de um mecanismo de fiscalização das leis, com previsão de, pelo menos, um órgão com competência para o exercício da atividade de controle.
As constituições rígidas são aquelas que somente podem ser alteradas por procedimento mais rígidos do que o de elaboração das leis ordinárias.
Constituição rígida está embasada no princípio da supremacia formal da Constituição, assim, o legislador ordinário não poderá alterá-la por simples ato infraconstitucional (cujo procedimento de elaboração é mais simples).
Constituição escrita e rígida, de acordo com o princípio da supremacia formal da Constituição, ou seja, todas as demais espécies normativas devem ser compatíveis com as normas elaboradas pelo Poder Constituinte tanto do ponto de vista formal (procedimental), quanto material (conteúdo).
Isso porque, como consequência da rigidez constitucional, as normas
constitucionais são hierarquicamente superiores às demais.
Excepcionalmente, é possível o controle de constitucionalidade em Estados que adotam uma Constituição flexível, desde que haja vício formal na elaboração da norma. Por exemplo, uma lei é elaborada com desrespeito ao processo legislativo.
Caso Marbury vs Madison, 
O marco histórico inicial do controle de constitucionalidade julgado em 1803 nos Estados Unidos pelo Chief of Justice John Marshall, que afastou a aplicação de uma lei por considerá-la incompatível com a Constituição, realizando o controle difuso de constitucionalidade.
A decisão é célebre, pois não havia previsão, na Constituição norte-americana, para a realização do controle de constitucionalidade, porém, o juiz John Marshall adotou um controle de constitucionalidade, consolidando a supremacia da Constituição em relação às demais normas jurídicas, assim como, o poder-dever dos juízes de negar a aplicação às leis contrárias ao texto constitucional.
CONTROLE DIFUSO NO BRASIL: desde que passou a adotar um mecanismo de controle de constitucionalidade, em 1890/1891, o Brasil adotou o controle difuso. Sendo o mecanismo de controle de constitucionalidade das leis presente no direito brasileiro até o advento da Emenda Constitucional nº 16/1965, que firmou a representação de inconstitucionalidade e consequentemente o controle concentrado, que somente pode ser feito por um ou por poucos tribunais. 
No Brasil, ofensa à Constituição Federal, somente o STF realiza controle concentrado. Ressalva-se, porém, que os tribunais de justiça também poderão realizar controle concentrado, na hipótese de violação à Constituição estadual.
Atualmente o Brasil adota um controle misto ou combinado de constitucionalidade das leis ou atos normativos, que contempla tanto o controle difuso quanto o concentrado.
APONTAMENTOS:
No controle difuso não há ações específicas, como há no concentrado (ADI, ADC, ADO, ADPF)[2]: qualquer ação cabível no caso concreto pode ser utilizada para a realização do controle difuso. 
 lei inconstitucional cerceando a liberdade de locomoção, será utilizado o habeas corpus; caso seja outra forma de ilegalidade, que não viole a liberdade de locomoção, pode ser utilizado mandado de segurança.
Controle Concentrado
 O surgimento do controle concentrado de constitucionalidade, foi firmado na Constituição da Áustria (chamada Oktoberverfassung), promulgada em 1920. 
A constituição austríaca, inspirada nas propostas de Hans Kelsen, criou um Tribunal Constitucional, órgão encarregado de exercer o controle abstrato da constitucionalidade das leis.
AULA 1.
INCONSTITUCIONALIDADE E SUAS ESPÉCIES
1.1. Plano de validade, eficácia e vigência das normas.
1.2. Inconstitucionalidade e ilegalidade. O problema da ilegitimidade das normas.
1.3. Inconstitucionalidade formal e material. Inconstitucionalidade originária e superveniente.
1.1 Plano de validade, eficácia e vigência das normas.
A validade da norma na prática, só é eficaz quando produz na realidade algum efeito. 
E, as pessoas obedecem a norma por vontade própria ou por vontade da própria lei (órgãos).
Assim, o controle de constitucionalidade consiste na verificação da validade das normas de acordo com a Constituição. 
A partir desse controle, as normas podem ser consideradas:
a) inconstitucionais / inválidas (quando em desacordo com a Constituição);
ou constitucionais / válidas (quando compatíveis com a Constituição). 
Consequentemente o controle de constitucionalidade visa a compatibilidade vertical das normas com a Constituição para garantir a força normativa e a efetividade do texto constitucional.
A validade das normas está em adequarem-se de forma a estarem verticalmente compatíveis, ou seja, relacionada à sua conformidade com a Constituição.
Norma válida é aquela que tem valor, ou seja, deve ser cumprida por ser legal (legalidade). 
Essa legalidade pode ser verificada se preencher determinados requisitos:
Está implementada no ordenamento jurídico;
Foi emanada por autoridade legítima;
Não tem incompatibilidade com normas superiores;
Não foi ab-rogada, implícita ou explicitamente; (revogada por nova lei, ou seja, total).
VIGÊNCIA
As normas tem vigência, o qual significa que a lei que está em vigor, é a lei que pode ser aplicada porque a lei está presente no ordenamento jurídico. 
 A NORMA deve ter sido aprovada, sancionada e publicada no Diário Oficial. 
Se a lei não tiver previsão de período de vacância (vacatio legis) a lei passa a ter validade imediatamente.
Observação: 
 Uma lei vigente pode ser incompatível com leis superiores, ou seja, pode ser formalmente inválida.
Assim, lei vigente e lei válida são coisas diferentes.
 Lei vigente é toda lei que foi aprovada, sancionada e ultrapassou o período de vacância, assim, todalei em vigor, independente de ser válida ou não.
EFICÁCIA
Eficácia significa atingir a finalidade proposta, ou seja, a lei vai fazer cumprir, ser obedecida, e surtir o efeito esperado.
A norma jurídica eficaz é aquela norma jurídica que alcança seu objetivo. 
A norma alcança seu objetivo quando:
os destinatários da norma cumprem.
ou, ainda, se não obedecida ser imposta por meios coercitivos.
A norma é ineficaz quando não ser seguida, assim como, não se utiliza de coercibilidade para que se obrigue a ser seguida.
 observação: Nem toda norma violada é ineficaz
Se a norma violada sofrer de coercibilidade, ela é eficaz.
A legalidade está relacionada à forma, enquanto a legitimidade está relacionada ao conteúdo da norma.
Norma 
É um termo de origem do latim e significa “esquadro”. 
Uma norma é uma regra, que deve ser respeitada, pois determina condutas ou atividades. 
Em seara do direito, uma norma é um preceito jurídico.
Princípios. 
palavra “princípio” vem do latim “principium”, que significa, início, começo, origem das coisas, “onde designa as verdades primeiras”.
Os atos normativos primários são aqueles que retiram seu fundamento de validade diretamente do texto constitucional. Como exemplo, podemos apontar as leis ordinárias, leis complementares, medidas provisórias e decretos legislativos. 
Atos normativos secundários, não retiram seu fundamento de validade diretamente da Constituição, mas sim dos atos normativos primários. 
São os atos infralegais, como, por exemplo, os decretos executivos, que têm como função regulamentar as leis.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Luís Roberto Barroso
“No Brasil, onde o controle de constitucionalidade é eminentemente de natureza judicial – isto é, cabe aos órgãos do Poder Judiciário a palavra final acerca da constitucionalidade ou não de uma norma –, existem, no entanto, diversas instâncias de controle político da constitucionalidade, tanto no âmbito do Poder Executivo – e.g., o veto de uma lei por inconstitucionalidade – como no Poder Legislativo – e.g., rejeição de um projeto de lei pela Comissão de Constituição e Justiça da casa legislativa, por inconstitucionalidade”. (2006, p. 43).
1.2 Inconstitucionalidade e Ilegalidade
Inconstitucionalidade. É a desconformidade com a Constituição, a norma será considerada inconstitucional e, portanto, inválida.
   Para Lúcio Bittencourt, "a inconstitucionalidade é um estado – estado de conflito entre uma lei e a Constituição".
 José Afonso da Silva, a respeito da inconstitucionalidade, fala-nos sobre "conformidade com os ditames constitucionais", a qual "não se satisfaz apenas com a atuação positiva de acordo com a Constituição", mas ainda com o não "omitir a aplicação de normas constitucionais quando a Constituição assim o determina".
Darcy Azambuja diz que "toda a lei ordinária que, no todo ou em parte, contrarie ou transgrida um preceito da Constituição, diz-se inconstitucional".
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, conceituando o controle de constitucionalidade, fala em "verificação da adequação de um ato jurídico (particularmente da lei) à Constituição". 
Inconstitucionalidade 
Paulino Jacques anota que o problema da inconstitucionalidade refere-se "à sujeição da ordem legal à ordem constitucional".
 Gomes Canotilho, sob a ótica do parâmetro constitucional, lembra o conceito clássico, aliás, como se viu, repetido por todos: "inconstitucional é toda lei que viola os preceitos constitucionais", e a omissão inconstitucional esse autor vai tratá-la à parte, então definindo-a "principalmente, mas não exclusivamente, como omissão legislativa inconstitucional, o não cumprimento de imposições constitucionais permanentes e concretas".
1.2.1 Ilegalidade e Ilegitimidade
Ilegalidade. É o fenômeno jurídico decorrente do fato de não estar o ato de acordo com a forma que a lei lhe traçou.
 Conceito de Ilegal é todo ato jurídico que divorcie da forma que a lei lhe prescreveu.
Ilegitimidade. É o estado de todo ato que não se harmoniza em sua forma e conteúdo com a lei que lhe fixa os contornos jurídicos.
 Conceito. É ilegítimo todo ato que não satisfaça os requisitos mínimos indispensáveis que a lei lhe impôs como condição de validade.
O problema da ilegitimidade das normas.
 O ministro Dias Toffoli determinou o arquivamento de ação de inconstitucionalidade (ADI 4.443) ajuizada pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (Anamages) por falta de legitimidade. 
A ação – protocolada há quase quatro anos antes da decisão – atacava dispositivos de uma resolução do Conselho Nacional de Justiça sobre o regime de plantão judiciário nas primeira e segunda instâncias.
O ministro assinalou, no seu despacho, estar reafirmando jurisprudência da Corte no sentido de que a Anamages não tem legitimidade para propor ação direta de inconstitucionalidade contra norma de interesse de toda a magistratura, mas apenas para a propositura de Adin contra norma de interesse específico dos juízes estaduais. O mesmo entendimento tem sido aplicado em ações do tipo ajuizadas pela Associação Nacional de Desembargadores (Andes) e pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).
Conclusão do STF
E concluiu: “No caso ora em apreciação, a exemplo dos julgados mencionados, a Associação Nacional de Magistrados Estaduais (Anamages), cuja finalidade precípua é ‘defender os direitos, garantias, prerrogativas, autonomia, interesses e reivindicações dos magistrados que integram a Justiça dos Estados da Federação e do Distrito Federal e Territórios’ (art. 2º, a, do Estatuto), está impugnando normas que repercutem sobre a magistratura nacional. Nota-se, portanto, que a associação autora representa apenas parcela da categoria atingida pela norma impugnada, restando evidente a sua ilegitimidade ativa ad causam”.
EXEMPLO:
Em março de 2013, em preliminar levantada no julgamento de quatro ADIs (4.356, 4.372, 4.400 e 4.425), que questionaram o novo regime de especial de pagamento de precatórios criado pela Emenda Constitucional 62/2009, o plenário do STF, por maioria, também entendeu que a Anamatra não tinha legitimidade para propor a ação (4.400), por ausência de relação direta com a área de atuação da entidade dos magistrados trabalhistas.
O Brasil sofreu influência do direito norte-americano, e assim, a doutrina majoritária adotou a “teoria da nulidade” ao tratar dos efeitos das leis ou atos normativos declarados inconstitucionais. 
Segundo essa teoria, a declaração de inconstitucionalidade de uma lei afeta o plano da validade, o que significa que a lei declarada inconstitucional é nula desde o seu nascimento (ela já “nasceu morta”). 
Consequentemente a lei inconstitucional nunca chegou a produzir efeitos, pois não se tornou eficaz. 
A jurisprudência e o ordenamento normativo evoluíram para mitigar (flexibilizar) o princípio da nulidade. 
Verifica-se a possibilidade de o STF, ao declarar a inconstitucionalidade de uma lei, modular os efeitos da decisão por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.
A declaração de inconstitucionalidade tem eficácia apenas a partir do seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado; em outras palavras, passa a ser possível que a declaração de inconstitucionalidade opere efeitos “ex nunc” (efeitos prospectivos). 
1.3 Inconstitucionalidade 
É a desconformidade com a Constituição, a norma será considerada inconstitucional e, portanto, inválida.
a) Inconstitucionalidade formal os vícios são relativos à formalidade, ou seja, afetam o ato normativo sem atingir seu conteúdo, referindo-se aos procedimentos e pressupostos relativos às feições que formam a lei. Gilmar Mendes que “os vícios formais traduzem defeito de formação do ato normativo, pela inobservância de princípio de ordem técnica ou procedimental ou pela violação de regras de competência
b) inconstitucionalidade pode ser material envolve, porém, não só o contraste direto do ato legislativo com o parâmetro constitucional,mas também a aferição do desvio de poder ou do excesso de poder legislativo.
1.3.1) Inconstitucionalidade material x Inconstitucionalidade formal 
A inconstitucionalidade material (ou nomoestática) ocorre quando o conteúdo da lei contraria a Constituição, como por exemplo, uma lei que estabeleça que a autoridade policial poderá, mediante ordem judicial, ingressar na casa de uma pessoa durante o período noturno. 
 A CRFB/88 firma que mesmo com ordem judicial, o ingresso na casa de qualquer pessoa sem o seu consentimento deve ocorrer durante o dia.
Consequentemente a lei será considerada inválida mesmo que tenha obedecido o processo legislativo. O conteúdo da lei é contrário à Constituição. 
A denominação nomoestática significa que o vício material se refere a substância da norma, tendo caráter estático
A inconstitucionalidade formal (ou nomodinâmica), caracteriza-se pelo desrespeito ao processo de elaboração da norma, preconizado pela Constituição. Exemplo: edição de lei proposta por Deputado Federal, mas cuja iniciativa era privativa do Presidente da República. A denominação nomodinâmica se dá em função de o vício formal decorrer da violação ao processo legislativo, o que traz, consigo, uma ideia de dinamismo, movimento.
 
Tipos de inconstitucionalidade formal
Orgânica;
Propriamente dita ou; 
Formal por violação a pressupostos objetivos do ato.
1) Inconstitucionalidade formal orgânica: decorre da inobservância da competência legislativa para a elaboração do ato.
Exemplo: lei municipal que trata de direito penal será inconstitucional, por ser essa matéria de competência privativa da União (art. 22, I, CRFB/88).
2) Inconstitucionalidade formal propriamente dita: 
decorre da inobservância do processo legislativo, seja na fase de iniciativa ou nas demais.
Se o vício ocorrer na fase de iniciativa, ter-se-á o chamado vício formal subjetivo. É o caso, por exemplo, de iniciativa competência é exclusiva (reservada) do Presidente da República, sendo este o único que pode iniciar processo legislativo sobre determinada matéria. 
o projeto sofrerá de vício formal subjetivo, insanável pela sanção do Presidente da República.
Por outro lado, caso esse vício se dê nas demais fases do processo legislativo, ter-se-á o vício formal objetivo. 
Caso de não obediência ao quórum de votação de emenda constitucional (três quintos, em dois turnos, em cada Casa Legislativa). Nesse caso, a emenda votada tem de vício formal objetivo.
3) Inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos
objetivos do ato normativo: decorre da inobservância de pressupostos essenciais para a edição de atos legislativos. Ex: medidas provisórias, para serem editadas, deverão atender aos requisitos de urgência e relevância (art. 62, caput, CF). Caso esses requisitos não sejam atendidos, haverá inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos objetivos do ato normativo.
 criação de municípios por lei estadual. (art. 18, § 4º), [...] realização de um plebiscito com as populações envolvidas, mas se não ocorrer a realização prévia de um plebiscito, ocorrerá inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos objetivos do ato normativo
Pedro Lenza defende tese da inconstitucionalidade de uma norma em razão de vício de decoro parlamentar. Não se trata de uma inconstitucionalidade formal ou material, mas sim de uma inconstitucionalidade por vício na formação da vontade do parlamentar, que votou em determinado sentido em troca do recebimento de propina.
Essa tese foi desenvolvida em razão do esquema de compra de votos apurado pelo STF na Ação Penal nº 470 (que tratou do “Mensalão”) e tem fundamento no art. 55, § 1º, CF/88, que dispõe que “é incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas”.
c) Inconstitucionalidade Total e Parcial:
A inconstitucionalidade total fica caracterizada quando o ato normativo for considerado, em sua totalidade, incompatível com a Constituição. Nesse caso, todo o conteúdo da norma padecerá de vício. 
1) inconstitucionalidade parcial, por sua vez, ocorrerá quando apenas parte do ato normativo for considerada inválida.
Em regra, um vício formal gera a inconstitucionalidade total do ato normativo. Ora, se houve o desrespeito ao processo legislativo ou mesmo à repartição de competências, o ato normativo restará inteiramente prejudicado.
A doutrina considera, todavia, que existe a possibilidade (excepcional) de um vício formal acarretar a inconstitucionalidade parcial de um ato normativo.
Exemplo, que seja editada uma lei ordinária tratando de matéria típica de lei ordinária, mas que, em um de seus artigos, trata de matéria reservada à lei complementar. Apesar de possuir vício formal, essa lei terá inconstitucionalidade parcial.
No Brasil, o Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade parcial de fração de artigo, parágrafo, inciso, alínea ou até mesmo sobre uma única palavra ou expressão do ato normativo. Trata-se do chamado princípio da parcelaridade.
A declaração de inconstitucionalidade parcial é diferente do veto parcial do Presidente a projeto de lei. O veto parcial deverá abranger texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea.
 
A declaração de inconstitucionalidade parcial pode abranger apenas parte de artigo, parágrafo, inciso, alínea ou até mesmo uma única palavra ou expressão.
A declaração de inconstitucionalidade parcial não poderá modificar o sentido e o alcance da lei, sob pena de ofensa à separação dos Poderes, princípio que impede o Poder Judiciário de atuar como legislador positivo. 
A declaração de inconstitucionalidade parcial pode recair até mesmo sobre palavra ou expressão isoladas, mas isso não poderá subverter por completo o sentido da norma.
d) Inconstitucionalidade Direta e Indireta:
Quando um ato normativo primário violar a Constituição, a inconstitucionalidade é direta, o qual, ocorre incompatibilidade da norma com o texto da Constituição. A aferição de validade da norma é realizada comparando-a diretamente com o texto constitucional.
Quando um ato normativo secundário ( decreto) violar a Constituição, a inconstitucionalidade é indireta (reflexa). Os atos normativos secundários não retiram seu fundamento de validade diretamente da Constituição, ou seja, quando um decreto executivo violar a Constituição será hipótese de inconstitucionalidade indireta.
Entendimento do STF
 só existe a inconstitucionalidade direta, ou seja, a desconformidade de norma primária com a Constituição. 
A inconstitucionalidade indireta, em que um ato normativo secundário (um decreto expedido pelo Presidente da República) fere a Constituição é considerada mera ilegalidade. 
Fundamentação do STF: a norma secundária tem sua validade aferida a partir da norma primária, e não da Constituição, sendo a ofensa a esta apenas indireta.
inconstitucionalidade “por arrastamento” (derivada, consequencial ou “por atração”), considerada por alguns autores uma espécie de Inconstitucionalidade indireta.
Inconstitucionalidade “por arrastamento” ocorrerá quando houver uma relação de dependência entre, pelo menos, duas normas: uma delas é a principal; as outras, acessórias. 
Ex: processo em que a norma principal for declarada inconstitucional, todas as normas dela dependentes também deverão ser consideradas inconstitucionais. 
Normas acessórias sofrerão consequências da declaração de inconstitucionalidade da norma principal. inconstitucionalidade “por arrastamento” (ou inconstitucionalidade “por reverberação normativa”).
Inconstitucionalidade por reverberação normativa" 
 expressão utilizada em um julgado do Supremo Tribunal Federal "inconstitucionalidade por reverberação normativa" é considerada sinônimo, pela doutrina majoritária, de inconstitucionalidade progressiva que consiste em uma técnica de decisão judicial aplicada às situações constitucionais imperfeitas, em que a normasitua-se em um estágio entre a constitucionalidade plena e a inconstitucionalidade absoluta, e as circunstâncias de fato vigentes no momento ainda justificam a sua permanência dentro do ordenamento jurídico.
Critérios e formas de manifestação de inconstitucionalidade
1.4 INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO E INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO:
inconstitucionalidade por ação, o desrespeito à Constituição resulta de uma conduta positiva de um órgão estatal. Exemplo: edição de uma lei contrária à Constituição.
inconstitucionalidade por omissão, é a inércia do legislador frente a um dispositivo constitucional carente de regulamentação por lei. Ocorre quando o legislador permanece omisso diante de uma norma constitucional de eficácia limitada, obstando o exercício de direito. Exemplo: o art. 37, VII, CF/88 exige que seja editada lei dispondo sobre o dos servidores públicos. Como até hoje essa lei não foi elaborada, estamos diante de uma inconstitucionalidade por omissão
É denominada pelo Supremo Tribunal Federal como “norma ainda constitucional”.
A referida técnica permite a manutenção temporária da “norma ainda constitucional” no ordenamento jurídico, tendo em vista que sua retirada ensejaria um prejuízo maior do que a sua permanência, por razões de segurança jurídica.
O STF inúmeras vezes declarou a inconstitucionalidade “por arrastamento” de certas normas. Como exemplo, podemos apontar o caso de uma lei estadual regulamentada por um decreto executivo. Tendo sido a lei considerada inconstitucional, reconheceu-se que a norma dela dependente (o decreto executivo) deveria ser declarada inconstitucional “por arrastamento”. A técnica se justifica pelo fato de algumas normas guardarem íntima relação entre si, formando uma verdadeira unidade jurídica. Com isso, torna-se impossível a declaração de constitucionalidade de algumas e a manutenção das demais no ordenamento jurídico.
Em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, aplica-se o “princípio do pedido”, ou seja, o STF deverá, em regra, examinar a constitucionalidade apenas dos dispositivos que forem objeto de impugnação na exordial (petição inicial).
A inconstitucionalidade “por arrastamento” é uma exceção a esse princípio. 
O STF poderá declarar a inconstitucionalidade de dispositivos e de atos normativos que não tenham sido objeto de impugnação pelo autor, desde que exista uma relação de dependência entre eles e a norma atacada.
A inconstitucionalidade por atração pode ser usada tanto na análise de processos distintos quanto no âmbito de um mesmo processo. Esse segundo caso é o mais comum: na decisão, além de declarar a inconstitucionalidade da norma principal, o STF já enumera quais as outras normas foram por ela “contaminadas”, reconhecendo a invalidade destas “por arrastamento”.
e) Inconstitucionalidade Originária e Superveniente:
Essa é uma classificação que depende da relação temporal que se estabelece entre a norma-parâmetro (norma constitucional que é violada) e a norma objeto da impugnação (norma que viola a Constituição). 
Quando a norma-parâmetro for anterior à norma objeto da impugnação, é inconstitucionalidade originária. publicada uma lei que viola o texto original da CRFB/88.
Quando a norma-parâmetro for posterior à norma objeto da impugnação, será caso de inconstitucionalidade superveniente. 
Emenda constitucional, contrária ao texto de uma lei editada em 2007 é inconstitucionalidade superveniente.
o STF entende que, no Brasil, não existe inconstitucionalidade superveniente. 
Assim, em nosso ordenamento jurídico, não há a possibilidade de uma lei se tornar inconstitucional; ao contrário, a inconstitucionalidade é congênita, acompanhando a lei desde o seu nascimento.
A promulgação de uma nova Constituição ou de uma nova emenda constitucional irá revogar as leis que com elas forem incompatíveis. 
Contudo, as leis compatíveis serão recepcionadas pela nova Constituição ou emenda constitucional.
OBSERVAÇÃO:
Se as regras do processo legislativo forem desrespeitadas, abre-se a possibilidade para que o parlamentar (Deputado ou Senador) impetre mandado de segurança junto ao STF. Nessa situação, os parlamentares estarão, via mandado de segurança, tentando garantir o respeito ao seu direito líquido e certo ao devido processo legislativo. É importante observar que apenas os parlamentares é que terão legitimidade para impetrar mandado de segurança com vistas a garantir o cumprimento das regras do processo legislativo constitucional
Considerações:
Na reserva legal absoluta, a norma constitucional exige, para sua integral regulamentação, a edição de lei formal, entendida como ato normativo legislativo previsto pela Constituição.
Como exemplo de reserva legal absoluta, citamos o art. 37, inciso X, da CF/88, que dispõe que a remuneração dos servidores públicos somente poderá ser fixada ou alterada por lei específica. Não há, nesse caso, qualquer espaço para regulamentação por ato infralegal; somente a lei pode determinar a disciplina jurídica da remuneração dos servidores.
OAB
O STF considerou constitucional o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para a Corte, o exercício da advocacia traz um risco coletivo, cabendo ao Estado limitar o acesso à profissão e o respectivo exercício. 
Assim, o exame de suficiência discutido seria compatível com o juízo de proporcionalidade e não alcançaria o núcleo essencial da liberdade de ofício. 
No concernente à adequação do exame à finalidade prevista na Constituição – assegurar que as atividades de risco sejam desempenhadas por pessoas com conhecimento técnico suficiente, de modo a evitar danos à coletividade – aduziu-se que a aprovação do candidato seria elemento a qualificá-lo para o exercício profissional.
Processo legislativo ordinário 
O processo legislativo ordinário é aquele destinado à elaboração de leis ordinárias, com regras que são aplicáveis de maneira geral aos demais processos legislativos.
Este processo compreende três fases:
- introdutória: iniciativa do projeto (CF: Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição);
- constitutiva: fase na qual o projeto de lei é discutido, votado, aprovado e sancionado (Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar);
- complementar: formada pela promulgação e publicação, que ocorrem depois da transformação do projeto em lei. É com a publicação que a lei se torna obrigatória.
1.5 Processo de inconstitucionalização: mudança das relações fáticas ou de interpretação jurídica.
O chamado processo de inconstitucionalização das normas caminha ao lado da mencionada modulação dos efeitos temporais da decisão de inconstitucionalidade, em especial no que se chama de inconstitucionalidade pro futuro por prazo definido ou indefinido.
 Suas origens, estão ligadas ao direito alemão em que a Corte Constitucional legitimou o ProzessdesVerfassungswidrigwerdens e admitiu a total aplicação da norma ainda que considerada inconstitucional
Embasado em modificações nas relações fáticas externas à sua relação de compatibilidade constitucional, transpondo a norma em um estado de transição da perfeita constitucionalidade ou inconstitucionalidade parcial à total inconstitucionalidade.
Essa “substancial alteração do suporte fático”, segundo Gilmar Mendes, “comprova que os fatos, constatações e prognoses concebidos ou adotados pelo legislador já não mais correspondem à vontade constitucional ou estão em via de com ela colidirem
Após, atestado esse estado de iminência, pode-se a Corte valer-se do que chamam de “apelo ao legislador” – teoria também consagrada na Alemanha e trazidaao Brasil nos últimos anos.
É que, na prática, a constatação desse processo de inconstitucionalização de determinada norma coloca o legislador em mora para com o sistema constitucional, ante a sua omissão parcial substanciada na não atualização do preceito normativo segundo os novos dados fáticos obtidos.
Ao Judiciário, caberia, assim, alertar o Parlamento dessa situação para que tome as medidas cabíveis, sempre resguardando os princípios democráticos, da separação de poderes e seu papel de legislador negativo.
No Brasil, no entanto, tal medida não se demonstrou muito eficaz diante da extrema morosidade do Congresso.
O leading case que trouxe a tona o processo de inconstitucionalização das normas no STF nasceu a partir da instituição das defensorias públicas depois da Constituição Federal de 1988, seguindo seu art. 5º, LXXIV e art. 134.
A Lei Complementar nº 80/1994, nesse contexto, veio organizar “a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios e prescreve normas gerais para sua organização nos Estados”. Já a Lei  nº 9.020/1995 veio dispor “sobre a implantação, em caráter emergencial e provisório, da Defensoria Pública da União”.
No direito pré-constitucional, uma das funções da Defensoria era atribuída ao Ministério Público pelo que dispunha o art. 68 do Código de Processo Penal (dispositivo não recepcionado pela Constituição):  “quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público”.
No direito pré-constitucional, uma das funções da Defensoria era atribuída ao Ministério Público pelo que dispunha o art. 68 do Código de Processo Penal (dispositivo não recepcionado pela Constituição):  “quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público”.
A solução desse impasse foi submetida ao Supremo Tribunal Federal no RE nº 147.776, Min. Rel. Sepúlveda Pertence, cujo acórdão restou assim ementado:
 MINISTÉRIO PÚBLICO: LEGITIMAÇÃO PARA PROMOÇÃO, NO JUÍZO CÍVEL, DO RESSARCIMENTO DO DANO RESULTANTE DE CRIME, POBRE O TITULAR DO DIREITO À REPARAÇÃO: C. PR. PEN. ART. 68, AINDA CONSTITUCIONAL (CF. RE 135.328): PROCESSO DE INCONSTITUCIONALIZAÇÃO DAS LEIS.
 1. A alternativa radical da jurisdição constitucional ortodoxa entre a constitucionalidade plena e a declaração de inconstitucionalidade ou revogação por inconstitucionalidade da lei com fulminante eficácia extunc faz abstração da evidência de que a implementação de uma nova ordem constitucional não é um fato instantâneo, mas um processo, no qual a possibilidade de realização da norma da Constituição - ainda quanto teoricamente não se cuide de preceito de eficácia limitada – subordina-se muitas vezes a alterações da realidade fática que a viabilizem
No contexto da Constituição de 1988, a atribuição anteriormente dada ao Ministério Público pelo art. 68 C. Pr. Penal – constituindo modalidade de assistência judiciária – deve reputar-se transferida para a Defensoria Pública: essa, porém, para esse fim, só se pode considerar existente, onde e quando organizada, de direito e de fato, nos moldes do art. 134 da própria Constituição e da lei complementar por ela ordenada: até que – na União ou em cada Estado considerado –, se implemente essa condição de viabilização da cogitada transferência constitucional de atribuições, o art. 68 C. Pr. Pen. será considerado ainda vigente: é o caso do Estado de São Paulo, como decidiu o plenário no RE nº 135.328.
Em suma, o STF chegou à seguinte conclusão: embora o art. 68 do Código de Processo Penal não tenha sido recepcionado pela Constituição Federal de 1988 já que visivelmente contrário aos seus ditames, continuará a gerar efeitos até que as Defensorias Públicas dos Estados sejam efetivamente instituídas. Ou seja: até então, aludido dispositivo se encontra em um processo de inconstitucionalização porque ainda gera efeitos.
Na mesma linha, veja-se o que aconteceu com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS – Lei nº 8.742/93). Em um primeiro momento, o STF considerou constitucional seu art. 20, §3º, que fixou o limite máximo de ¼ do salário mínimo de renda mensal per capta para que a pessoa seja considerada incapaz de prover a manutenção do idoso e deficiente físico para fins de recebimento de benefício de prestação continuada.
 Diante de sucessivas modificações legislativas no âmbito da Assistência Social que, em geral, fixavam parâmetros distintos para atestar a incapacidade financeira de seus beneficiários, sucedeu-se o entendimento de que aludido dispositivo entrara em um processo de inconstitucionalização
Sua inconstitucionalidade seria declarada mais tarde quando se afirmou: “como a Lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes”.
Na oportunidade foi proposta, inclusive, a modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade para que o dispositivo perdurasse até 31/12/2015, quando, segundo alguns Ministros do STF, tornar-se-ia totalmente inconstitucional. Em tal prazo caberia ao Congresso legislar sobre a matéria. Tal proposta, em especial, não obteve quórum necessário.
Interpretação Jurídica
Segundo Paulo Bonavides (2007, p. 437), a interpretação é uma “[...] operação lógica, de caráter técnico mediante a qual se investiga o significado exato de uma norma jurídica, nem sempre clara ou precisa.” 
Para Inocêncio Mártires Coelho (2007, p. 3), “se o direito, como toda criação do homem, é uma forma significativa, um substrato dotado de sentido, então, a tarefa do intérprete, ao fim e ao cabo, será trazer à tona ou revelar o significado que se incorporou a determinado objeto [...].” 
Nas lições clássicas de Carlos Maximiliano (2002, p. 1): “As leis positivas são formuladas em termos gerais; fixam regras, consolidam princípios, estabelecem normas, em linguagem clara e precisa, porém ampla, sem descer a minúcias. É tarefa primordial do executor a pesquisa da relação entre o texto abstrato e o caso concreto, entre a norma jurídica e o fato social, isto é, aplicar o Direito. Para o conseguir, se faz mister um trabalho preliminar: descobrir e fixar o sentido verdadeiro da regra positiva; e, logo depois, o respectivo alcance, a sua extensão.
 Em resumo, o executor extrai da norma tudo o que na mesma se contém: é o que se chama interpretar, isto é, determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito.”
Interpretar o Direito é, portanto, fixar o sentido e o alcance das normas jurídicas, mediante um processo racional e controlável. Normas que se veiculam, geralmente, por leis escritas. Leis que, a seu turno, valem-se da linguagem para que suas prescrições sejam amplamente conhecidas e respeitadas. Em síntese de Santi Romano (apud BONAVIDES, 2007, p. 458), “[...] a interpretação do direito é operação difícil e complexa, que constitui objeto de uma sutil doutrina e de uma delicadíssima arte.”
Unidade II: JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL NO DIREITO COMPARADO E O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
2.1.Elementos históricos que originaram o controle político das leis na França e o controle jurisdicional das leis na América.
2.2.Controle de constitucionalidade no âmbito da jurisdição constitucional: modelos americano e europeu. Suprema Corte Corte Americana e Cortes Constitucionais Europeias. Stare decisis. 
2.3.Assimilação dos modelos de controle judicial das leis do direito comparado pelas constituições brasileiras.
2.1.Elementos históricos que originaram o controle político das leis na França e o controle jurisdicional das leis na América.
A França é apontada como o país que oferece “os mais típicos e numerosos exemplos de um controle político, não judicial, de constitucionalidade”
. As Constituições francesas,por razões históricas e ideológicas, sempre afirmaram a exclusão de um controle judicial de constitucionalidade28 . Desde 1789, por meio das doutrinas e dos dogmas que fundamentaram o Estado democrático e liberal francês, foi a Constituição concebida como um pacto social essencial e superior, que legitima e ao mesmo tempo delimita a competência das autoridades públicas instituídas por ela. Os direitos individuais, tidos como inalienáveis e intocáveis, foram colocados acima da lei e do direito pela Declaração de direitos doHomem e do Cidadão (1789), que insistia sobre os limites do Poder Legislativo.
A Declaração de direitos de 1789 proclama em seu artigo 16: “toute société dans laquelle la garantie des droits n’est pas assurée, ni la séparation des pouvoirs déterminée, n’a point de Constitution”29 . A Constituição francesa de 3 de setembro de 1791, em prolongamento à Declara- ção de 1789, formulou de maneira clara: “Le pouvoir législatif ne pourra faire aucunes lois qui portent atteinte et mettent obstacle à l’exercice des droits naturels et civils... garantis par la Constitution”.
Os constituintes de 1789 insistiram sobre a preeminência da Constituição, mas não instituíram nada para garantir os possíveis abusos do poder legislativo. No entanto, fizeram tudo para impedir a aparição de um controle das leis pelos juízes ordinários . A Lei de 16-24 de agosto de 1790 sobre a organização judiciária, à qual se deve também a separação das autoridades administrativas e judiciárias, anunciava em seu artigo 10: “
2.2.Controle de constitucionalidade no âmbito da jurisdição constitucional: modelos americano e europeu. Suprema Corte Corte Americana e Cortes Constitucionais Europeias. Stare decisis. 
As raízes históricas da jurisdição constitucional situam-se principalmente em dois países, Estados Unidos e Áustria, dando origem a dois sistemas marcadamente distintos.
Na América, o controle de constitucionalidade foi construído pela Suprema Corte dos Estados Unidos desde o início do século XIX, a partir do leading case Marbury vs. Madison. Seu relator, Chief Justice John Marshall, afirmou ser atribuição própria do Poder Judiciário aplicar a lei ao caso concreto e, havendo conflito entre qualquer norma e a Constituição, afirmar a prevalência desta enquanto lei fundamental do país. Em conseqüência, todos os tribunais americanos passaram a ter poderes para decidir sobre a conformidade de um dado diploma normativo com a Constituição, em qualquer caso concreto trazido à Justiça por qualquer cidadão, negando-lhe aplicação em caso de contradição com a Lei Fundamental.1 Nascia ali, por criação jurisprudencial, o controle difuso de constitucionalidade, cuja influência perduraria pelos séculos seguintes, até o presente.
Na Europa, por sua vez, o controle de constitucionalidade surgiria muito mais tarde, na Constituição austríaca de 1920, tendo como principal idealizador Hans Kelsen.
Partindo da tradicional resistência europeia em permitir que um órgão não-eletivo invalidasse normas fruto de deliberações do Parlamento – instância representativa máxima da nação –, concebeu-se então um sistema onde um tribunal constitucional, externo ao Poder Judiciário e independente em relação aos três Poderes clássicos, exerceria com exclusividade a jurisdição constitucional, compondo-se de magistrados nomeados por mandato certo. 
De acordo com Alexandre de Moraes, “a Constituição austríaca criou, de forma inédita, um tribunal – Tribunal Constitucional – com exclusividade para o exercício do controle judicial de constitucionalidade das leis e atos normativos, em oposição ao sistema adotado pelos Estados Unidos, pois não se pretendia a resolução de casos concretos, mas a anulação genérica da lei ou ato normativo incompatível com as normas constitucionais”.
MORAES, Alexandre de. Jurisdição Constitucional e Tribunais Constitucionais. São Paulo: Editora Atlas, 2000, p. 22.
Essa função de “legislador negativo” conciliou o princípio da soberania do Parlamento, tão caro aos europeus, com a supremacia da Constituição, cujas disposições passam a condicionar toda a produção normativa. Gomes Canotilho registra que “esse sistema encontrou grande recepção no após-Guerra, estando consagrado na Itália, Alemanha, Turquia, Iuguslávia, Chipre, Grécia, Espanha e Portugal.
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. – 3. ed. – Coimbra: Livraria Almedina, 1999, p. 834. MENDES,
A influência desses dois modelos, não se limitou à sua disseminação por inúmeros países. 
Gilmar Mendes, Coelho e Branco apontam que “essas concepções aparentemente excludentes acabaram por ensejar o surgimento de modelos mistos, com combinações de elementos dos dois sistemas básicos (v.g., o sistema brasileiro e o sistema português). É certo, por outro lado, que o desenvolvimento desses dois modelos básicos aponta em direção a uma aproximação ou convergência a partir de referenciais procedimentais e pragmáticos”.
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito
Constitucional. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2008,
2.3.Assimilação dos modelos de controle judicial das leis do direito comparado pelas constituições brasileiras.
A inspiração brasileira foi no sistema norte-americano. Nos Estados Unidos, o controle judicial de constitucionalidade das leis nasceu na doutrina de Hamilton, em The Federalist, no fim do Século XVIII, e em alguns casos isolados nos tribunais estaduais. Mas se estabeleceu de vez a partir do caso Marbury v. Madison, julgado pela Suprema Corte em 1803. Neste caso, o controle de constitucionalidade serviu para que a Suprema Corte protegesse o federalismo de uma crise que era iminente. O Tribunal, antes de julgar a causa, analisou a constitucionalidade de uma lei, assentando não ser de sua competência decidir o mérito da questão. Estava definitivamente implantado nos Estados Unidos o controle de constitucionalidade das leis.
O Decreto n° 848, de 11 de outubro de 1890, ao organizar a Justiça Federal, previu expressamente a possibilidade do Poder Judiciário declarar a inconstitucionalidade de uma lei. Previu-se como competência do Supremo Tribunal Federal o julgamento de recursos das sentenças definitivas “quando a validade de uma lei ou acto de qualquer Estado seja posta em questão como contrario á Constituição, aos tratados e ás leis federaes e a decisão tenha sido em favor da validade da lei ou acto” (Decreto n° 848, de 11 de outubro de 1890, art. 9°, p. ún., b).
O controle de constitucionalidade seria exercido apenas no julgamento de casos concretos através do sistema difuso. E serviria à proteção do Estado, da sua forma de governo e do próprio sistema federativo. Mas o controle de constitucionalidade instituído pré-Constituição de 1891 sequer chegou a ser executado, porquanto a Constituição que lhe daria suporte, do Governo Provisório, não chegou a viger. Entretanto, a Constituição de 1891 previu expressamente em seu texto esse controle de constitucionalidade.
Anos depois, Rui Barbosa, um dos responsáveis pela importação do controle de constitucionalidade, destacou o avanço trazido com este instituto:
Constituição de 1891 lucrou em poder a Justiça, não foi a atribuição de verificar a constitucionalidade nos atos do Poder Executivo: foi a de pronunciar a inconstitucionalidade nos atos do Congresso Nacional. (BARBOSA, In: LACERDA, 1997, p. 530)
Estava implantado o controle de constitucionalidade no Brasil, inspirado no sistema norte-americano. Era um controle concreto, porque fundado em um caso concreto e não de forma abstrata, e exercido de modo difuso, por quaisquer juízes federais.
Constituição de 1934
A Constituição de 1934 preocupou-se com a segurança jurídica, especialmente por passar a prever a fórmula do Senado. É que não se poderia declarar uma lei inconstitucional com o quórum reduzido e maioria simples. Passou-se a exigir a reserva de plenário e maioria absoluta dos membros do Tribunal para a declaração de inconstitucionalidade.
Efoi a Carta de 1934 que introduziu, pela primeira vez, um esboço de controle abstrato de constitucionalidade, criando a representação interventiva. Como assentou Gilmar Mendes e Ives Gandra:
Cuidava-se de fórmula peculiar de composição judicial dos conflitos federativos, que condicionava a eficácia da lei interventiva, de iniciativa do Senado (art. 41, §3°), à declaração de sua constitucionalidade pelo Supremo Tribunal (art. 12, §2°). (MARTINS; MENDES, 2005, p. 39)
Assim, toda vez que os poderes políticos pretendessem intervir em um estado, o que deveria ser feito mediante lei, teriam que submeter esta lei ao prévio controle judicial de constitucionalidade, como requisito de validade. Trata-se, pois, de um controle judicial preventivo, e não repressivo como ocorre presentemente a ação direta de inconstitucionalidade. Por isso, e também considerada a limitação do objeto e dos parâmetros de controle, tem-se que a representação interventiva é apenas um esboço do atual controle abstrato e concentrado de constitucionalidade.
Esta Constituição pouco vigeu, porque foi substituída pela Constituição de 1937, outorgada pela ditadura do Presidente Getúlio Vargas. Mas os avanços teóricos alicerçados em seu texto serviriam de influência para futuras constituições.
Constituição de 1937
Getúlio Vargas outorgou em 1937 uma nova Constituição ao Brasil. Com o viés autoritário, o Presidente da República concentrou em demasia os poderes nas suas mãos. Além disso, foram reduzidas as garantias constitucionais.
Consideradas essas premissas, criou-se uma espécie de cláusula não-obstante, ou mais propriamente, o direito ao Congresso Nacional de vetar as decisões do Supremo Tribunal Federal sobre a inconstitucionalidade de leis. A possibilidade de veto parlamentar ao controle de constitucionalidade poderia ser provocada pelo Presidente da República quando, ao seu juízo discricionário, a lei fosse necessária ao bem-estar do povo. Era uma carta branca aos poderes políticos para invalidar uma decisão jurídica. As leis que fossem ratificadas pelo Congresso Nacional após serem declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal passariam a ter status de emenda à Constituição.
Esse dispositivo teve o seu ineditismo afirmado por Afonso Arinos, ao tratar da limitação política imposta às decisões do Supremo Tribunal Federal:
comentou Afonso Arinos, uma limitação política, pela primeira e única vez na República, à atribuição do Supremo Tribunal Federal de decidir sobre a constitucionalidade das leis. (apud PORTO, In: D´ÁVILA, 1993, p. 55)
Assim, apesar da outorga pelo texto constitucional ao Congresso Nacional do direito de veto às decisões do STF, na prática esse direito era exercido pelo Presidente Getúlio Vargas. É que os poderes do Congresso Nacional eram delegados ao Presidente da República nos períodos de recesso ou dissolução do Parlamento. Como o Poder Legislativo permaneceu fechado durante o Estado Novo (1937-1945), o poder de veto era exclusivo do Presidente da República.
Constituição de 1946
Constituição em 1946, Foi restabelecido o modelo de controle de constitucionalidade da Constituição de 1934, retirando-se a cláusula não-obstante, que permitia a convolação de lei declarada inconstitucional em espécie de emenda constitucional. Também houve grande avanço no controle abstrato de constitucionalidade.
A representação interventiva ganhou uma nova roupagem. O objeto da ação passou a ser leis estaduais que ofendessem os princípios sensíveis da Constituição. Se em 1934 a questão só era submetida ao Supremo Tribunal Federal após deliberação do Senado, no modelo de 1946 permitiu-se em caso de ofensas aos princípios sensíveis a submissão direta do ato estadual ao STF, e somente depois, em caso de declaração de inconstitucionalidade, a intervenção seria efetivada. 
 Este instrumento muito se aproximava da atual ação direta de inconstitucionalidade, mas com objeto e parâmetros de controle limitados, e de legitimação exclusiva ao Procurador Geral da República – que cumulava as funções de órgão de acusação com a advocacia da União Federal. Entretanto, só poderia ser usado para solver conflitos federativos.
Citando Temístocles Cavalcanti, a doutrina de Gilmar Mendes e Ives Gandra Martins registra que a ausência de regulamentação procedimental concedeu liberdade ao Supremo Tribunal Federal para fazê-lo. Essa regulamentação, depois, acabaria sendo positivada pela legislação (MARTINS; MENDES, 2005, p. 45).
A primeira representação fundada na Carta de 1946 recebeu o número de 93, posto que foi classificada genericamente como representação, dada a ausência de classificação própria para a representação interventiva.
Logo surgiu a controvérsia se o Procurador Geral da República, único legitimado a provocar o Supremo Tribunal Federal, ao receber uma notícia de inconstitucionalidade poderia arquivá-la, se entendesse improcedente a arguição. Esse debate se estenderia ao longo dos anos, tanto no campo doutrinário, como na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Houve representação onde de pronto do Procurador opinava pela improcedência. Em outras, o Procurador Geral da República encaminhava a representação ao STF, mas em seguida emitia parecer em sentido contrário à pretensão.
Sob a égide da Constituição de 1946, a Emenda à Constituição n° 16 de 1965 trouxe ampla modificação no controle de constitucionalidade brasileiro.
Passou a permitir, tal como hoje, o controle de constitucionalidade das leis municipais em face das constituições estaduais, a ser exercido pelos tribunais estaduais.
Também foi a EC n° 16 de 1965 que permitiu o controle de concentrado e abstrato de constitucionalidade de leis federais, além de ampliar os parâmetros de controle, antes limitados às questões vinculadas ao pacto federativo. Era uma espécie de ação direta de inconstitucionalidade como hoje vigente, mas com outra nomenclatura e de legitimidade ainda restrita ao Procurador Geral da República. A discussão sobre a discricionariedade do Procurador em encaminhar notícia de inconstitucionalidade, outrora referente à representação interventiva, se estenderia à representação de inconstitucionalidade.
Luís Roberto Barroso ensina ser a representação de inconstitucionalidade a instituição definitiva do controle concentrado de constitucionalidade:
O controle judicial de constitucionalidade por via principal ou por ação direta tem como antecedente, embora de alcance limitado, a denominada representação interventiva, criada pela Constituição de 1934. (…) Todavia, foi com a introdução da ação genérica de inconstitucionalidade, pela Emenda Constitucional n. 16, de 26 de novembro de 1965, que o controle por via principal teve ampliado o seu objeto, dando início à trajetória que o conduziria a uma posição de destaque dentro do sistema. (BARROSO, 2009, p. 145)
Constituição de 1967
O texto constitucional foi silente a respeito do controle de constitucionalidade das leis municipais em face das constituições estaduais pelos tribunais de justiça, permitido a partir da EC n° 16 de 1965 à Constituição de 1946.
A grande modificação trazida pela redação originária da Constituição foi na representação interventiva, que passou a ter como parâmetros de controle, ao lado dos denominados princípios sensíveis, a garantia a execução de lei federal.
A EC n° 1 de 1969 reintroduziu o controle estadual de constitucionalidade, mas limitando-o para fins de intervenção em municípios.
A EC n° 7 de 1977
A EC n° 7 de 1977, sem afetar a representação de inconstitucionalidade, introduziu-se a representação para fins de interpretação de lei ou ato normativo federal ou estadual. Na exposição de motivos da Proposta de Emenda à Constituição justificou-se a medida para “evitar a proliferação de demandas, com a fixação imediata da correta exegese da lei” (MARTINS; MENDES, 2005, p. 58).
Também foi a partir desta emenda constitucional que se passou a permitir expressamente a concessão de medida cautelar nos processos de controle concentrado de constitucionalidade,pondo fim à dúvida sobre o seu cabimento. A previsão constitucional inequívoca afastava a controvérsia instaurada na jurisprudência sobre a possibilidade do exercício do poder geral de cautela no âmbito do controle concentrado de constitucionalidade.
Foi instituída também a avocatória, a ser requerida pelo Procurador-Geral da República, quando o Supremo Tribunal Federal poderia chamar para si a discussão constitucional sobre qualquer ação ou ações em trâmite no Poder Judiciário. Esse instituto foi alvo de ampla crítica e acabou não sendo devidamente utilizado.
CONSTITIÇÃO DE 1988
Desde a redação originária da Constituição de 1988 acabou-se com a avocatória, instituída pela EC n° 7/77 e também com a representação para interpretação de lei.
A partir da Constituição de 1988 ampliou-se o rol dos legitimados a instaurar o controle concentrado de constitucionalidade. O processo de controle abstrato de constitucionalidade foi rebatizado. O que antes era denominado de representação de inconstitucionalidade passou a ser chamado de ação direta de inconstitucionalidade, nomenclatura ainda atual.
Com a Constituição de 1988 acaba o monopólio pelo Procurador Geral da República da representação de inconstitucionalidade. Vários outros órgãos públicos se tornaram legitimados. Ao conferir legitimidade ativa ao Presidente da República para a instauração do controle concentrado a Constituição em pouco inovou, porquanto antes de 1988 o Procurador Geral da República também exercia a função de representante judicial da União Federal, deixando de cumular essas funções exatamente a partir do texto constitucional atual. Entretanto, além do PGR e do Presidente da República, outorgou-se legitimidade a órgãos do Poder Legislativo e chefes do Poder Executivo, inclusive dos estados.
Constituição também conferiu legitimidade para a instauração do controle concentrado e abstrato de constitucionalidade a entes privados, como órgãos sindicais, aos partidos políticos e à Ordem dos Advogados do Brasil.
Com relação à legitimidade de órgãos sindicais e de entes públicos estaduais, logo o STF assentou em sua jurisprudência a necessidade de demonstração de pertinência temática da arguição. Ou seja, para que tenham legitimidade é necessário demonstrar o especial interesse jurídico na declaração de inconstitucionalidade.
Desde o texto originário também se previu a arguição de descumprimento de preceito fundamental (art. 103, p. ún., posteriormente convertido em §1° do mesmo artigo, após a EC n° 3/93). Em obra específica, Gilmar Mendes bem sintetizou a importância da ADPF:
Vê-se, assim, que a arguição de descumprimento, que pode ser manejada para solver controvérsias constitucionais sobre a constitucionalidade do direito federal, do direito estadual e também do direito municipal, veio completar o sistema de controle de constitucionalidade de perfil relativamente concentrado no Supremo Tribunal Federal. (MENDES, 2007, p. X)
Mas esse instrumento só foi descoberto na prática após a edição de lei o regulamentando (Lei n° 9.882 de 06 de dezembro de 1999). Tanto é que a ADPF n° 01 só foi proposta em 2000. E apesar da lei regulamentadora, a jurisprudência foi a principal responsável pela definição de seus contornos, passando a servir em caráter subsidiário aos processos de controle de constitucionalidade, especialmente ao controle abstrato. É assim quando utilizada para exercer o controle de conformação constitucional do direito pré-constitucional, declarando-o não recepcionado, ou para declarar a inconstitucionalidade de lei municipal em face da Constituição da República. 
Na prática, o STF vem se servindo da ADPF para superar obstáculos que assentou em sua jurisprudência no momento pós-Constituição de 1988. Mas o instituto ainda vem sendo desenhado na jurisprudência do STF, como no debate sobre o seu cabimento em determinadas hipóteses, e sobre a amplitude do parâmetro de controle, definindo o conceito de preceitos fundamentais.
É importante destacar que essa mesma ADPF vem servindo como uma aproximação dos instrumentos de controle de constitucionalidade objetivo e subjetivo. Essa aproximação seria ainda maior não tivesse sido vetado dispositivo da lei regulamentadora que conferia ampla legitimidade para a sua propositura, atualmente restrita aos mesmos legitimados para o controle objetivo de constitucionalidade.
o texto constitucional originário, ao lado da ação direta de inconstitucionalidade, cuja pretensão era declarar a nulidade de lei ou ato normativo contrário à Constituição, a ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Essa ação serviria para se reconhecer a omissão estatal na efetivação de normas constitucionais. Mas o STF entendeu que no caso de omissão na edição de lei regulamentadora a decisão apenas declararia a mora do Estado, o que não possui efeito prático algum, tornando pouco útil essa modalidade de ação do controle concentrado.
Também com esse mesmo objetivo, criou a Constituição de 1988 o mandado de injunção, que seria instrumento de controle subjetivo da omissão inconstitucional. O Supremo Tribunal Federal primeiramente equiparou os efeitos da decisão no mandado de injunção ao da ação direta de inconstitucionalidade. Somente anos mais tarde, com a gradativa evolução na sua jurisprudência, passou o STF a emprestar eficácia concretista, e efetivamente mandamental, às decisões em mandados de injunção, indicando a forma de integrar a lacuna legal, até que venha a ser editada a lei regulamentadora da norma constitucional.
o texto constitucional trouxe previsão para o controle de constitucionalidade estadual, a ser exercido pelos tribunais de justiça, tendo como parâmetro as constituições estaduais. Ampliou-se os parâmetros de controle para todo o texto das constituições dos estados, e não apenas princípios sensíveis, permitindo também a impugnação de leis estaduais, e não apenas de leis municipais.
Também foi a partir da Constituição de 1988, mais fortemente após a regulamentação das ações de controle concentrado (ADI na Lei n° 9.868/99 e ADPF na Lei n° 9.882/99), que se passou a admitir a participação de terceiros no processo (os amici curiae), pluralizando o debate.
EC n° 3 de 1993 
A EC n° 3 de 1993 criou a ação declaratória de constitucionalidade. Na verdade, positivou-se o que na prática já ocorria. Desde a representação de inconstitucionalidade se entendia que as decisões no controle concentrado de constitucionalidade eram ambivalentes. Assim, tanto valiam para declarar a inconstitucionalidade, quando procedentes as representações, como para proclamar a constitucionalidade, quando improcedentes os pedidos.
A grande contribuição ao positivar a ADC foi afastar as dúvidas quanto à eficácia e os efeitos das decisões que reconheciam a constitucionalidade de lei ou ato normativo. O texto reformador tornou expressa a eficácia geral e o efeito vinculante nas decisões tomadas em ADC. Pecou o texto de reforma ao não assentar que essa eficácia erga omnes e o efeito vinculante também alcançavam a procedência de ADI, mas a jurisprudência já não vacilava quanto a isso. A questão mostrava-se controvertida apenas quando a ADI era julgada improcedente, porquanto se questionava o dever dos demais órgãos de seguir a decisão do STF e considerar o ato impugnado como constitucional. rol de legitimados para a ADC era mais restrito, cabendo apenas aos entes públicos da esfera federal, excluídos os entes estaduais e os entes privados. O rol dos legitimados só seria equiparado aos da ação direta de inconstitucionalidade anos mais tarde
A Emenda n° 45 de 2004 à Constituição de 1988
A última grande modificação no controle difuso de constitucionalidade ocorrera com a Constituição de 1934, quando se criou a fórmula do Senado Federal e a necessidade de maioria absoluta para a declaração de inconstitucionalidade de lei. Por outro lado os seguidos textos constitucionais, e as suas reformas, produziram ampla modificação no processo de controle concentrado e abstrato de constitucionalidade.
A situaçãoinverteu-se na EC n° 45 de 2004, denominada de Reforma do Poder Judiciário. O seu texto trouxe modificações singelas quanto ao controle abstrato e concentrado de constitucionalidade. Tratou de tornar expressa a eficácia geral e o efeito vinculante nas decisões proferidas em sede de ação direta de inconstitucionalidade, o que na prática nunca suscitou dúvidas, e que já era expresso para as decisões tomadas na ADC, desde a ECn° 03/93. A principal modificação se deu com a ampliação do rol de legitimados para a propositura da ADC, antes restrito, equiparando aos legitimados para a ADI. Mas, antes disso, bem se poderia burlar a ausência de legitimidade para a ADC manejando-se a ADI para obter um juízo de improcedência da arguição de inconstitucionalidade, que na prática teria o mesmo efeito de uma ADC.
a EC n° 45 de 2004 imprimiu grandes avanços ao controle difuso de constitucionalidade. O novo texto constitucional criou o regime de repercussão geral para os recursos extraordinários e a possibilidade de edição de súmula de jurisprudência com efeitos vinculantes. Ambos os institutos foram criados como resposta à crise numérica que atingiu a jurisdição constitucional. O Supremo Tribunal Federal recebia por ano mais de uma centena de milhares de processos, congestionando-o a ponto tal que o impedia de se manifestar sobre as questões constitucionais relevantes.
Regime brasileiro de repercussão geral
O regime de repercussão geral consiste na racionalização do tempo do Supremo Tribunal Federal, que deixa de se dedicar sobre questões constitucionais cuja relevância não é suficiente a justificar o seu conhecimento em sede extraordinária, devendo prevalecer o que for decidido pelas instâncias ordinárias. O novo regime afasta a prática de outrora, que acabava convertendo o STF em uma espécie de quarta instância judiciária – o que era de todo incomum no direito comparado e nada recomendável.
A regulamentação deste instituto foi ainda mais além, permitindo que em casos de inúmeros recursos versando sobre a mesma questão, seja escolhido apenas um como paradigma da controvérsia constitucional. Uma vez resolvida esta, os tribunais apenas aplicariam aos processos represados o conteúdo da decisão do STF. Esse regime em muito aproxima os dois modelos de controle de constitucionalidade: o difuso, concreto e subjetivo do concentrado, abstrato e subjetivo.
Regime brasileiro de repercussão geral
Embora se possa encontrar semelhanças entre o regime brasileiro da repercussão geral com o modelo norte-americano do writ of certiorari há diferenças acentuadas entre ambos. Certamente o legislador brasileiro buscou, mais uma vez, inspiração no direito norte-americano, mas o regime criado no Brasil é único no mundo. Em obra específica sobre a repercussão geral, Ulisses Schwars Viana destaca essa característica:
O estudo comparativo – do writ of certiorari, da Verfassungsbeschwerde e do recurso de amparo – foi feito dentro dos limites do necessário à demonstração de que a repercussão geral, em sua conformação, não pode ser colocada na perspectiva da adoção de modelos “importados” puros de controle concentrado ou difuso de constitucionalidade. (VIANA, 2010, p. 50)
Súmula Vinculante
A súmula vinculante representou o tema mais polêmico da EC n° 45 de 2004. A possibilidade de edição de súmula vinculante, sem dúvidas, agrega ao STF, ao lado da qualidade de legislador negativo (na declaração de nulidade de leis), a condição de legislador positivo. Essa condição é reconhecida na doutrina de Elival da Silva Ramos que, em obra sobre o ativismo judicial, constatou “a natureza normativa, no sentido de que a súmula vinculante é antes um ato de criação do que de aplicação do direito” (RAMOS, 2010, p. 295).
a súmula vinculante serve especialmente ao controle difuso de constitucionalidade, de modo que o STF pode sumular o seu entendimento sobre determinada norma constitucional, a vincular todos os órgãos do Poder Judiciário e do Poder Executivo. Mas também a súmula vinculante pode ser usada para emprestar maior eficácia ao controle abstrato de constitucionalidade, porquanto se pode garantir os efeitos vinculantes aos motivos determinantes de decisões em ADI´s, e não apenas ao dispositivo das decisões. É o que ocorreu no caso dos bingos, através da edição da Súmula Vinculante n° 02.
Controle jurisdicional de constitucionalidade 
 O controle jurisdicional de constitucionalidade das leis no Brasil possui um modelo único no mundo.
O Brasil adota simultaneamente os dois modelos: o controle difuso, concreto e subjetivo; e o controle concentrado, abstrato e objetivo. Entretanto, não se tratou apenas de importar esses modelos dos sistemas originários, no caso o controle difuso norte-americano, e o controle concentrado proposto por Hans Kelsen. O Brasil apenas buscou inspirações no direito estrangeiro, mas criou o seu próprio modelo de controle jurisdicional de constitucionalidade.
Unidade III: CONTROLE DIFUSO E CONCRENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL 
3.1. Objeto e parâmetro de controle.
3.2. Incidente de inconstitucionalidade perante os tribunais e perante o STF.
3.3. A suspensão da lei inconstitucional pelo Senado Federal.
3.4. Efeitos da decisão.
3.5.	A declaração de inconstitucionalidade na ação civil pública.
3.6.	Súmulas vinculantes com conteúdo declaratório de inconstitucionalidade de ato normativo
Sistemas de Controle de Constitucionalidade:
Sistemas de Controle de Constitucionalidade:
Cada Estado é livre para definir os órgãos responsáveis pela realização do controle de constitucionalidade. 
O sistema de controle diz respeito, justamente, aos órgãos aos quais o Poder Constituinte atribuiu competência para controlar a constitucionalidade das leis.
 3 (três) tipos de sistemas de controle:
a) Controle judicial (ou jurisdicional): Nesse sistema, é o Poder Judiciário que detém a competência para declarar a inconstitucionalidade das leis. Esse modelo nasceu nos Estados Unidos;
b) Controle político: Fica caracterizado quando o controle de constitucionalidade é realizado por órgão político, desprovido de natureza jurisdicional. Esse modelo é adotado pela França, no qual o controle de constitucionalidade é realizado por um Conselho Constitucional.
c) Controle misto: Nesse sistema, a fiscalização da constitucionalidade de algumas normas cabe ao Poder Judiciário; outras normas, por sua vez, têm sua constitucionalidade aferida por órgão político.
No Brasil, o sistema de controle é preponderantemente judicial. É do Poder Judiciário a competência para controlar a constitucionalidade de leis e atos normativos, mas há também alguns controles políticos.
CONTROLE DIFUSO
O controle difuso é aquele realizado por qualquer juiz ou Tribunal do país.
É também chamado controle pela via de exceção ou, ainda, controle aberto.
Ocorre diante de um caso concreto, em que a declaração de inconstitucionalidade se dá de forma incidental (“ïncidenter tantum”), como antecedente lógico ao exame do mérito.
No controle difuso, o objeto da ação (a questão principal) não é a declaração de constitucionalidade de uma norma. Essa é apenas uma questão prejudicial, que deverá ser resolvida pelo Poder Judiciário previamente ao exame de mérito.
A finalidade principal das partes, no controle difuso, não é a defesa da ordem constitucional, mas sim a proteção a direitos subjetivos cujo exercício está sendo obstaculizado pela norma que (supostamente) viola a Constituição.
O controle incidental de constitucionalidade se dá no curso de qualquer ação submetida à análise do Poder Judiciário em que haja um interesse concreto em discussão. Assim, são legitimados ativos (competentes para provocar o Judiciário) todas as partes do processo e eventuais terceiros intervenientes no processo, bem como o Ministério Público, que atua como fiscal da lei (“custos legis”).
o Poder Judiciário pode, sem provocação, declarar de ofício a inconstitucionalidade da lei, afastando sua aplicação ao caso concreto. 
Assim, o juiz ou tribunal também são legitimados

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