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“TODOS CONHECEM TODOS” A CIDADE LOCAL E AS EXPECTATIVAS PARA O FUTURO – UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE ARAGUAPAZ - GO Marize Campos Barbosa – Graduanda do curso de geografia da Universidade Federal de Goiás – UFG. E-mail: marqarquitetura@yahoo.com.br Rosangela Costa da Silva – Graduanda do curso de geografiaUniversidade Federal de Goiás – UFG. E-mail: rosangelagyn2@yahoo.com.br Fernanda Oliveira Alves – Graduanda do curso de Geografia da Universidade Federal de Goiás – UFG. E-mail: fernandageografic@hotmail.com Resumo Este trabalho é um recorte de um artigo produzido a partir de uma pesquisa desenvolvida na cidade de Araguapaz, intitulada: “Todos conhecem todos” a cidade local e as espectativas para o futuro – um estudo de caso no município de Araguapaz – GO. A proposta dessa pesquisa é estudar os fatores que impulsionam as pessoas a deixarem a cidade e verificar o potencial existente no município. Para tanto, foi utilizado uma abordagem qualitativa na coleta de dados em que se lançou mão de visitas em campo e pesquisas bibliográficas, e posteriormente foi elaborado um diagnóstico diante das realidades do município. O trabalho foi fundamentado nos princípios teóricos de autores como SANTOS (1982), CHAVEIRO (2008), CASTILHO (2007), entre outros. Entre os resultados do estudo, verifica-se que no município estudado a necessidade da promoção de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar, além da questão a ser trabalhada na cidade ao que se refere ao baixo nível de escolaridade da população jovem e a criação de cursos profissionalizantes de modo que as pessoas tenham condições de continuar na cidade com qualidade de vida. Palavras chave: pequenas cidades, cidades local, dinâmica sócioespacial, problemáticas do urbano, aglomerados urbanos. Introdução As aglomerações que posteriormente se tornariam centros urbanos, ou seja, as cidades se davam nos arredores de rodovias e de ferrovias, outras, a partir de fazendeiros que construíram as capelas, que ao seu redor formavam o núcleo povoado. Araguapaz não foi diferente, a cidade foi criada por um pequeno grupo de homens que estavam à procura de um lugar onde pudesse morar, trabalhar. Conforme verificado em pesquisa de campo uma das características apresentada nesta pequena cidade é o contato direto entre os moradores. “Todos conhecem todos. Delegado, médico, Professores, Prefeito, Padre, pastor, senhor ‘fulano’. (SANTOS, 1993 apud CASTILHO; CHAVEIRO, 2008, p.148) Assim, percebemos que desde o início da criação deste povoado, houve um prévio planejamento, e como consequência do desbravamento do então lugar seria posteriormente construída moradias das pessoas que para aquela região se mudavam, uma vez que os ranchos construídos na primeira formação do então povoado se deram ao redor da construção da Primeira Igreja católica do lugar. Sendo assim temos que considerar o planejamento que ali existiu e também as conseqüências deste e com isso podemos também descobrir a lógica/ideologia da criação da cidade. Araguapaz pode ser considerada como uma cidade local se considerarmos o que Santos nos apresenta, onde a cidade pensada deixa de ser pequena, media, etc. para ter outro sentido: Poderíamos definir a cidade local como a aglomeração capaz de responder às necessidades vitais mínimas, reais ou criadas, de toda uma população, função esta que implica uma vida de relações. (SANTOS, 1982 apud CASTILHO; CHAVEIRO, 2008, p 135) Para essa pesquisa estamos considerando a cidade não só pelo número de habitantes como sendo a sua dimensão territorial, mas sim como a sede de um município rico, ponto de encontro para os moradores do campo, local onde as pessoas trabalham, onde se concentra os centros políticos e religiosos, onde as pessoas se interagem de formas e valores diversos e o local em que as necessidades são satisfeitas por bens e serviços. Neste contexto, de cidades interioranas que possuem uma população pequena, mas com um papel importante para sua microrregião, percebe-se que existe uma grande relação das cidades locais com o campo (ao menos no Estado de Goiás), mesmo que estas cidades tenham dinâmicas próprias com o espaço rural e Araguapaz não é diferente. Com o mundo globalizado em que vivemos cada vez mais é preciso que as cidades se (re)organizem e isso acaba acarretando na (re)funcionalização das pequenas cidades e conseqüentemente percebemos que a relação entre urbanidade - ruralidade não desapareceu, e sim se intensificou. Muitas pesquisas são realizadas sobre grandes cidades, sejam por sua potência econômica, atrativos turísticos, cultural ou grande potencial de desenvolvimento industrial. Enfim, são muitos os fatores que motivam a escolha de um pesquisador da área geográfica a interessar-se por determinado lugar, principalmente quando se trata do planejamento territorial. Essas pesquisas revelam, muitas vezes, fatos já conhecidos e recorrentes, enquanto as pequenas cidades podem estar sendo negligenciadas. Isso porque, são poucas as pesquisas que buscam entender o seu planejamento e a sua dinâmica, cuja economia gira em torno do setor primário, como por exemplo, a agricultura. Contudo, tais fatores motivaram essa escolha, pois há a curiosidade de verificar um cotidiano pouco explorado e que talvez oculte pistas que podem nos conduzir a compreensão das particularidades de determinada cidade pequena. Assim, ao se pesquisar a cidade de Araguapaz no estado de Goiás, já se sabe por antecipação que se trata de uma cidade que possui grande tradição religiosa, pessoas simples, e economia calcada na agricultura e principalmente na pecuária, com destaque para o gado de corte. A partir disso, foi elaborado um levantamento geral para compreender melhor a dinâmica sócio espacial e seu potencial econômico na busca de soluções adequadas para esse pequeno município cuja dinâmica hoje é gira em torno da agropecuária. Uma reportagem feita sobre essa cidade, pelo jornal Diário da Manhã (2002), mostrou que já em 2002 existia uma crescente vontade da população dessa cidade pela instalação de indústrias, inclusive, grande parte da produção já é destinada a atender as necessidades das industriais das cidades próximas, como por exemplo, Mozarlândia. Desse modo, a economia da cidade passou de agricultura de subsistência, até a década de 90, para a pecuária, a priori, já motivada a atender uma demanda do mercado interno e externo. Assim, foi constatado de antemão, que a população de Araguapaz vê a solução para todos os problemas na implantação de indústrias na cidade. Essa vontade de implantar indústrias é alimentada no imaginário das pessoas que nem sempre analisam ou simplesmente desconhecem as conseqüências dessa decisão, tais como a devastação do meio ambiente e o desequilíbrio das riquezas. Para Milton Santos (2007), a vinculação da indústria com a idéia de progresso, conduz a pobreza planejada ...dever-se-á dar aos pobres a impressão, e não somente a esperança, de que estão emergindo da pobreza. Eles passarão, portanto a testemunhar um aumento em termos absolutos de sua renda, isto é, de seu consumo de bens e serviços. Mas como etapa fora de questão reduzir as taxas de acumulação e de desigualdade, o que significa a morte do sistema (capitalista), a pobreza não será eliminada, apenas mascarada. (SANTOS, 2007, p.29) O pode resultar no agravamento da miséria causando dependências como algumas vontades de consumo que são criadas com a intenção de acumulação de renda de uma minoria, como o que já ocorre com alguns produtores ruraisde Araguapaz que possuem grandes propriedades, não residem na cidade e, algumas vezes, possuem apenas interesses econômicos no local. Nessa perspectiva, Não se pode esquecer o papel do Estado para a formação e existência das cidades locais, para a sua consolidação através de recursos financeiros, de instituições, etc. e Milton Santos (ibid, p.30), afirma que até a “infra-estrutura fornecida pelo Estado também ajuda a trazer indústrias poluidoras que países desenvolvidos não desejam mais”, tudo isso, ocultado pela ideologia do crescimento e geração de emprego. Contudo, para o autor, esse tipo de planejamento leva a uma maior subordinação tecnológica, funcional e financeira. De acordo com Castilho (2007), Goiás possui uma grande quantidade de cidades pequenas e para se ter uma compreensão mais ampla do território goiano é preciso estudar a dinâmica dessas cidades. Segundo o autor, deve-se ressaltar a importância social de se estudar as pequenas cidades, pois tais estudos poderão auxiliar as intervenções territoriais e no planejamento. Para Arrais apud Castilho (2007), dos 246 municípios goianos, 158, caracterizam um grande número de cidades pequenas. Desse modo, estudar Araguapaz pode significar um estudo representativo das demais cidades pequenas. Assim, procuramos verificar essas características a partir dos acontecimentos e transformações ocorridas em Araguapaz, pois, são poucas as pesquisas feitas sobre como e o que ocorre nas pequenas cidades que influenciam seu desenvolvimento e sua econômica. Conforme pesquisa bibliografia no jornal Araguapaz (2007), no início da década de sessenta a região era um agreste, sertão apenas habitado por animais selvagens. Em 1961, entrou o corajoso Dolzane de Paula Bastos, natural de Orizona-Go, junto com alguns companheiros de luta, penetraram nas matarias, com seus cargueiros, abrindo picada a procura de um lugar para residirem e trabalharem. Estes traziam comestíveis, roupas, remédios para alguma emergência, e armas de fogo para se defenderem. Construíram seus ranchos, fixaram residências e plantaram roças às margens do Córrego Cambuí, numa região conhecida como Cavalo Queimado. Dolzane de Paula Bastos mandou lotear cinco alqueires goianos para serem vendido a quem interessasse fixar residência no povoado que ora se iniciava. Ele e seu sócio, Joaquim Pereira de Faria, fizeram doações de três alqueires de terra à Paróquia que ia se construir e aos 3 de maio de 1961 a localidade recebeu a honrosa visita do Monsenhor Lincoln Monteiro Barbosa, que levantou o primeiro cruzeiro, como marco fundamental do lugar. Celebrou a primeira missa e realizou o primeiro casamento. As supostas características de terras produtivas da região despertaram interesse de grande quantidade de migrantes de vários pontos do país, acelerando o desenvolvimento do povoado. No início do ano de 1962 existiam 11 ranchos de palha e uma estrada boiadeira que demandava à Cidade de Goiás, numa distância de 125 km. Em 05 de fevereiro de 1962 foi fundada a primeira escola, dirigida pela Profª Maria Soares Lopes da Silva, normalista formada na cidade de Formigas - MG; a qual funcionou num rancho de palha e recebeu o nome de Escola Tiradentes. Nesta mesma época foi instalada a primeira casa comercial, de propriedade de José Antônio Cláudio (conhecido com "Zé Melquíedes"), para o fornecimento de diversos gêneros necessários aos habitantes do povoado recém criado. Devido o lugar estar situado próximo ao Ribeirão Cavalo Queimado ficou inicialmente conhecido com este nome. Em 19 de junho de 1963, pela Lei Municipal nº 42, foi elevado à categoria de distrito, com a área territorial desmembrada do Distrito de Mozarlândia, prevalecendo o nome de CAVALO QUEIMADO. Mais tarde passou a chamar São Joaquim do Araguaia e posteriormente ARAGUAPAZ. A origem do nome Araguapaz é devido à localidade estar situada no vale do Rio Araguaia e próximo ao Ribeirão Isabel Paes. A localidade tomou grande impulso de desenvolvimento a partir de 1970 com a construção de Rodovia GO-164 (Estrada do Boi) ligando a Cidade de Goiás a São Miguel do Araguaia e passando pela via de Araguapaz. Com perspectivas do aproveitamento do potencial turístico do Rio Araguaia, o Governo Federal construiu uma rodovia ligando Araguapaz à Aruanã, ficando a sede do distrito numa localização privilegiada. Pela Lei Estadual nº 9.179, de 14 de maio de 1982, é criado o Município de Araguapaz, que foi instalado em 01 de fevereiro de 1983, com a posse do Prefeito Municipal e dos vereadores eleitos em 15 de novembro de 1982. A dinâmica sócioespacial da cidade O município está localizado na mesorregião noroeste goiano e na microrregião do Rio Vermelho, nas coordenadas geográficas 15º 05’ 27” latitude sul e 50º 37’ 56” longitude oeste, a uma altitude de 304m e ocupa uma área de 2.194,0 km² que representa 0,645% do Estado, 0,1371% da região e 0,0258% do território brasileiro. É uma área privilegiada no nosso Estado, fica próximo a um dos maiores pontos turísticos de Goiás, o Rio Araguaia, onde o Ribeirão Cavalo Queimado integra a bacia do Rio do Peixe, afluente do Rio Araguaia. A distância da sede do município para a capital do Estado, Goiânia é de 257 Km². Sua população foi estimada em 2009 com 7.780 habitantes de densidade demografica de 3,55 hab./km², cujo gentílico recebe a denominação de Araguapaense. Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,729 é o 148º do ranking goiano e o 2453º no ranking do Brasil de acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano/PNUD (2000). De acordo com o IBGE – 2006 o município contém uma população rural de 32% e sua população urbana é de 68%. Segundo as estatísticas a população atinge 58,46% com uma faixa etária de 0 a 30 anos, sendo que de 0 a 9 anos constitui 17,67% de crianças, de 10 a 19 anos cerca 22,24% de jovens e na faixa etária e 20 a 29 anos 18,50% de adultos, caracterizando este município com uma população jovem. 15,29% de adultos na faixa de 30 a 39 anos contrastando com as faixas dos jovens e adultos jovens. O restante da população encontra distribuído da seguinte forma, 24,67% possui idade de acima de 40 anos sendo que de adultos na faixa de 40 a 49 anos é 10,72% e 7,44% de adultos na faixa de 50 a 59 anos; 4,33% de idosos na faixa de 60 a 69 anos e 2,44% de idosos na acima de 70 anos. Desta 51% da população são do sexo masculino e 49% do sexo feminino, acima de 10 anos. Em geral o nível educacional caracteriza uma população sem instrução sendo 20,20% de analfabetos (estadual e de 10,8%); 22,13% de alfabetizados; 47,38% de nível fundamental; 9,26% de nível médio e 1,03% de nível superior . No município tem seis escolas de ensino fundamental, sendo quatro no perímetro urbano e duas no meio rural para atender 850 crianças e duas escolas de ensino médio. A cidade fornece os serviços básicos como Água tratada (79,37%), Energia elétrica (87,92%) na cidade e nos dois distritos 100%. A coleta de lixo possui rede de distribuição de esgoto (49,95%), sendo que parte do esgoto de águas pluviais é despejada em um dos afluentes do córrego que abastece a rede de água da cidade. De acordo com a lei orgânica do município datada de 1990, foi instituida área de preservação para o Corrego Cambuí, cuja cidade situa próximo as suas margens, a mata ciliar se encontra parcilamente preservada, mas além de receber o esgoto pluvial da cidade na qual apresenta uma erosão remontante, na periferia da cidade. (figura 04), o cemitério se localiza bem próximo a este corrego, observando que não esta se tomando o devido cuidado para apreservação deste, pois esta polui o ambiente em quese localiza. A cidade de Araguapaz encontra-se a aproximadamente 50 km de Aruanã, cidade que desenvolve atividade turistica nos meses junho a setembro devido a baixa do nível das águas do Rio Araguaia que banha esta cidade. Esta proximidade é de muita importância para o município pois é momento em que há circulação de turistas a caminho do rio, esta movimentação ajuda a incrementar a economia da cidade. O município possui fitofisionomias diferenciadas do Bioma Cerrado, por observações nota-se que é difícil analisar padrões fitogeográficos mínimos para garantir a representatividade da biodiversidade do Bioma Cerrado (Figura 01), por meio de conservação. Figura 01 – Mapa - Uso do Solo Autor: Marize Campos Barbosa Além disso, tem grandes áreas com pastagens, poucas áreas agrícolas, e grandes manchas de vegetação original, com floresta estacional semidecidual, locais de regeneração natural e faixas ciliares do ribeirão Izabel Paes e Ribeirão Cavalo Queimado e pequenos afluentes, a maioria do município está inserida em atividades intensa de agropecuária. Podemos visualizar também que a região baseia-se em sua composição vegetativa em Cerradão, campo sujo e faixas ciliares, sobre relevo acidentado, atualmente, a área do município apresenta algumas degradações significativas caracterizados pela retirada da cobertura vegetal original e/ou introdução de novas espécies vegetais, agricultura e pecuária com vastas pastagens. Conforme o senso agropecuário de 2006, cerca de 29.943 hectares utilizam terras em matas ou florestas destinadas à preservação permanente ou reserva legal. Aspectos econômicos do município Uma das principais atividades econômica do Município é a produção agropecuária de corte e de leite, representando 48,18%, do PIB per capita total que é de R$ 6.347. O comércio local varejista com 91 estabelecimentos e outros serviços como a mão de obra para indústria Bertin em Mozarlândia, garante os outros 51,82% do PIB. De acordo com o Senso (2008), há no município 505 unidades agropecuárias cadastradas. Há Também a produção da lavoura temporária como milho, mandioca e o abacaxi e de lavoura permanente a banana, coco da Baia e o palmito e nos assentamentos destaca-se na produção leite e do gergelim. A cidade contém uma instituição financeira com operações de credito no valor de R$ 1.273.217,59, uma agencia lotérica e uma unidade de correio, para pagamento de contas de outras instituições financeiras. Forma e função A sede do município se localiza no cruzamento entre duas rodovias uma Federal a BR 251 que dá acesso Goiânia/Goiás até a cidade de Aruanã e a rodovia Federal/estadual BR 251/GO 164 conhecida como “A estrada do Boi” principal via de acesso que vem de Goiânia sentido Mozarlândia. Esta rodovia tem este nome por ter sido construída utilizando uma antiga estrada boiadeira, que ligava à cidade de Goiás e hoje é utilizada no escoamento da produção agropecuária local. A cidade conta com 11 setores, com 2.482 casas registradas na prefeitura (Figura 02), e mais quatro loteamentos sem registro sendo que somente um está em fase de aprovação, indicando assim uma provável expansão sem planejamento por parte do poder público. Figura 02 – Mapa da Cidade de Araguapaz Elaboração: Marize campos Barbosa O município conta com dois distritos registrados, o de Tiririca e o Recantão e apresentam oito (8) assentamentos, um (1) pré-assentamento e dois (2) acampamentos a maioria produz leite, destacando também a produção do gergelim. A cidade atua como o ponto de encontro e o lugar de moradia executa a função de abastecimento e serviços básicos da região, suprindo as necessidades básicas da população como alimentação, roupa, calçados, remédios e saúde com um (1) hospital municipal e três (3) postos de saúde familiar – PSF, dois localizado na cidade e uma unidade móvel. Porém os serviços especializados são supridos pelas cidades vizinhas, como o comércio focado para suprimento da agropecuária em Mozarlândia e ensino superior em Goiás e os casos médicos graves para Goiânia, causando uma mobilidade diária garantindo certa dinâmica territorial no município. Outra função específica da cidade são as de suprir as necessidades religiosas e culturais, como a festa em louvor a padroeira da cidade “Nossa Senhora da Guia” e “São Sebastião” e as necessidades festivas como a Festa do Pião e a tradicional cavalgada, que acontece na semana do aniversário da cidade em maio. Problemáticas A partir deste diagnóstico, pode-se concluir que ainda falta a realização do Plano Diretor que facilitaria para os gestores melhor organizar políticas públicas para o município, o que ressalta a importância das providências a serem tomadas para a restauração urbana e ambiental do município. A partir disso, pontuamos questões problemáticas na cidade de Araguapaz. A primeira questão é a desvalorização da produção interna, em que os produtores tendem a procurar os municípios vizinhos para a comercialização alterando assim, o PIB da cidade. Outra questão é a população jovem, que possui uma escolaridade muito baixa e nenhuma alternativa de qualificação. A questão da saúde é um problema sério enfrentado pela população, sendo obrigada a deslocar-se para os municípios vizinhos que possuem melhores estruturas. No entanto, as famílias carentes são as mais penalizadas, uma vez que não possuem recursos para a realização de tratamentos que requerem equipamentos que a cidade não possui. Por fim, os assentamentos crescem a cada dia de uma forma desordenada constituindo-se em uma demanda que precisa ser trabalhada. Considerações finais É necessário reconhecer a importância do diagnóstico como ferramenta indispensável para a realização de um planejamento urbano e que para o município deverá vir acompanhado também do planejamento ambiental, de forma integrada com os municípios vizinhos, pois a cidade se situa em uma área de preservação ambiental, que permitirá não apenas o desenvolvimento do processo de regularização, mas também a construção de um sistema de gestão sustentável. As fiscalizações deverão ser efetivadas para fazer cumprir as leis ambientais vigentes pelos vereadores com a ajuda da comunidade. É de competência dos gestores da cidade proibir a deposição de resíduos sólidos nas ruas, a fim de evitar o despejo destes diretamente ao rio. O plano de manejo deverá ser implantado pelos gestores. Proporcionar um conjunto de ações e atividades necessárias ao alcance dos objetivos da conservação desta área protegida, incluindo as atividades como proteção, recreação, educação, pesquisa e manejo dos recursos, bem como as atividades de administração ou gerenciamento. Diante do levantamento geral feito na cidade de Araguapaz foi possível compreender melhor a dinâmica sócio-espacial e seu potencial econômico e identificar alguns problemas emergenciais na cidade. A primeira questão, já citada acima, é em relação à economia, embora o setor terciário seja significativo, conforme apresentado no PIB da cidade, tornou-se visível neste trabalho que a agropecuária predomina na prática. Além disso, existe a manifestação de uma agricultura diversificada, como por exemplo, a produção de lavouras temporária: milho, mandioca e abacaxi e lavouras permanentes: banana, coco da Bahia e palmito. Assim, recomendamos uma maior valorização do mercado interno com a potencialização da feira livre e a criação de um dia típico para a exposição dos principais produtos feitos na cidade. Nesse sentido, a segunda questão a ser trabalhada na cidade é o baixo nível de escolaridade da populaçãojovem. Os órgãos gestores precisam desenvolver políticas focadas na qualificação com a promoção de cursos técnicos, uma alternativa é acionar institutos como: SEBRAE, SENAI ou SENAC. Além disso, há a necessidade de estimular o aspecto cultural e de lazer na cidade, uma sugestão é a criação de Centro Cultural com eventos típicos, danças, manifestações artísticas e a instalação de um telão para a projeção de filmes culturais, para dessa forma, amenizar a migração desse potencial humano para cidades maiores. A questão da saúde da cidade também precisa ser melhorada, pois a cidade apresenta apenas um hospital sem estrutura para procedimentos que atendam acidentes graves como cirurgias emergenciais. Dessa forma, a prefeitura junto com órgãos gestores deve proporcionar uma política mais efetiva na saúde social da comunidade implantando mais postos de saúde para um primeiro atendimento e implementar a estrutura do hospital local. Assim, outra medida que pode contribuir para o desenvolvimento da cidade é a promoção de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar, como por exemplo, lavoura comunitária, horta comunitária e viveiro comunitário para resolver outra questão crítica enfrentada pela cidade, o grande número de assentamentos. Embora essas ações já ocorram, faltam incentivos e orientação para o tratamento da terra e uma melhor aplicação dos recursos. Referências Bibliográficas CASTILHO, Denis. Tempo do espaço, tempo da vida: uma leitura socioespacial de Heitoraí. Goiânia: editora e gráfica Ellos, 2007. 91 p. CASTILHO, Denis; CHAVEIRO, Egmar Felício. As cidades Locais no território Goiano. Temas Geográficos. As cidades locais no território goiano. Goiânia. UFG/IESA, p.133-153, 2008 GOIÀS. Lei nº 11.878, de 30 de Dezembro de 1992. Governo do Estado de Goiás - Gabinete Civil da Governadoria, Superintendência de Legislação. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro, RJ, 92 p., 2002. _____.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=520215#>. Acesso em: 22 maio 2010. Jornal. Araguapaz. Da Fundação á Atualidade. ANO I – nº 1. 2007. Jornal. Diário da Manhã. Documento. Municípios 2002. Goiás em Raio X. 2002 SANTOS, Rozely Ferreira dos. Planejamento Ambiental: Teoria e Prática. São Paulo. Oficina de Textos. 2004. Sites Visitados <http://www.goias.go.gov.br/index.php?idMateria=59903>. Acesso em: 17 Jun. 2010 <http://www.cnm.org.br/dado_geral/mumain.asp?iIDMUN=100152026>. Acesso em: 16 jun. 2010 <http://www.seplan.go.gov.br/sepin/>. Acesso em: 25 maio 2010.
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