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Aeromonas Hidrófila

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INFORME-NET DTA Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo 
 
Centro de Vigilância Epidemiológica - CVE 
 
 
MANUAL DAS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS 
 
 
AEROMONAS HYDROPHYLA E OUTRAS SPP. 
________________________________________________________________________________________ 
1. Descrição da doença - A. hydrophila pode causar gastroenterite em 
indivíduos saudáveis ou septicemia em indivíduos com sistemas imunes 
prejudicados. É associada também à infecções em ferimentos. A. caviae e A. 
sobria também podem causar enterite em qualquer um ou septicemia em 
pessoas imunocomprometidas. Na atualidade, há controvérsia sobre se A. 
hydrophila é uma causa de gastroenterite humana. Embora o organismo 
possua vários atributos que poderiam fazê-lo patogênico para humanos, 
estudos de alimentação de humano voluntários, com números enormes de 
células (i.e. 10^11), fracassaram na elucidação da doença em humanos. Sua 
presença nas fezes de indivíduos com diarréia, na ausência de outro patógeno 
entérico conhecido, sugere que tenha algum papel na doença. 
Igualmente, A. caviae e A. sobria são considerados patógenos associados à 
doença diarréica, mas, provavelmente, não sejam os agentes causadores. Dois 
tipos distintos de gastroenterite foram associadas com A. hydrophila: uma 
doença cólera-like caracterizada por diarréia extremamente líquida (arroz e 
água) e uma disenteria caracterizada por fezes soltas que contêm sangue e 
muco. A dose infectiva deste organismo é desconhecida, mas mergulhadores 
que ingeriram quantias pequenas de água ficaram doentes e A. hydrophila foi 
isolada de suas fezes. Uma infecção geral sistêmica foi observada em 
indivíduos com septicemia. 
Em ocasiões raras a síndrome disenteria-like é severa e pode durar várias 
semanas. A. hydrophila pode espalhar-se ao longo do corpo e causar uma 
infecção geral em pessoas imunosuprimidas. Pessoas que sofrem de leucemia, 
carcinoma, ou cirrose, aquelas tratadas com drogas imunossupressoras ou 
então, que estão recebendo quimioterapia para câncer estão sob risco da 
infecção. 
 
2. Agente etiológico - três espécies são definidas fenotipicamente - A. 
hydrophila, A. caviae e Aeromonas veronii subtipo sobria. Espécies de 
Aeromonas são gram-negativo, facultativamente bactérias anaeróbicas. 
Aeromonas hydrophila é uma das espécies de bactéria que está presente em 
solo e em todos os ambientes de água doce e salgada. Algumas cepas de A. 
hydrophila são capazes de causar doença em peixes e anfíbios como também 
em humanos que podem adquirir infecções por feridas abertas ou por ingestão 
de um número suficiente de organismos em alimentos ou água. Não se 
conhece muito sobre outras Aeromonas spp., mas também são 
microorganismos aquáticos e foram implicados em doença humana. 
 
3. Ocorrência - a freqüência de A. hydrophila é desconhecida. Só 
recentemente foram realizados esforços para averiguar sua verdadeira 
incidência. A maioria dos casos tem sido esporádica, mas vários surtos têm 
sido registrados por centros clínicos . Não há estatísticas no Brasil, supondo-se 
ser subdiagnosticada e subnotificada. 
 
4. Reservatório - provavelmente animal. Encontradas em peixes e frutos do 
mar e também em carnes vermelhas (boi, porco e carneiro) e aves. 
 
5. Período de incubação - variável, de horas a dias. Duração variável e 
prolongada em imunodeprimidos. 
 
6. Modo de transmissão - ingestão de alimentos e água contaminados. Foi 
incluída, por ser um patógeno entérico emergente, na lista de contaminantes 
importantes para a saúde pública pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), 
devido a seu potencial de crescimento nos sistemas de distribuição de água, 
especialmente em biofilmes, onde pode ser resistente à cloração. Entretanto, 
seu papel em infecções através da água não está claro. Estudos utilizando o 
PFGE (Pulsed-Field Gel Electrophoresis) em água e pacientes de surtos por 
água não têm mostrado essa relação. 
 
7. Susceptibilidade e resistência - Acredita-se que todas as pessoas são 
suscetíveis à gastroenterite, embora freqüentemente tem sido mais observada 
em crianças muito jovens. Pessoas com sistema imune prejudicado ou 
septicemia são suscetíveis às infecções mais severas. 
 
8. Conduta médica e diagnóstico - A. hydrophila pode ser diagnosticada 
através de cultura de fezes ou de sangue em um ágar que contenha sangue de 
ovelha e ampicilina. Ampicilina previne o crescimento da maioria dos 
microorganismos competidores. A identificação de espécies é confirmada por 
uma série de testes bioquímicos. A habilidade do organismo em produzir 
enterotoxinas, acredita-se, ser a causa dos sintomas gastrointestinais, pode ser 
confirmada através de ensaios de cultura de tecido. 
 
9. Tratamento - hidratação e reposição de elétrolitos em casos mais graves e 
antibióticos em septicemias. 
 
10. Alimentos associados - A. hydrophila é freqüentemente encontrada em 
peixes e moluscos. Também foi encontrada em amostras de carnes vermelhas 
(carne de boi, carne de porco, carneiro) e frango. Do pouco que é conhecido 
sobre os mecanismos de virulência da A. hydrophila, presume-se que nem 
todas as cepas sejam patogênicas. A. hydrophila pode ser recuperada da 
maioria dos alimentos através de cultura em um meio sólido que contenha 
amido como a fonte de carboidrato exclusiva e ampicilina para retardar o 
crescimento da maioria microorganismos competidores. 
 
11. Medidas de controle - 1) notificação de surtos - a ocorrência de surtos (2 
ou mais casos) requer a notificação às autoridades de vigilância 
epidemiológica municipal, regional ou central, para que se desencadeie a 
investigação das fontes comuns e o controle da transmissão através de 
medidas preventivas. Orientações poderão ser obtidas junto à Central de 
Vigilância Epidemiológica - Disque CVE, no telefone é 0800-55-5466. 2) 
medidas preventivas – controle dos alimentos ou água contaminados, 
educação da população para consumo de alimentos bem cozidos e outras 
medidas de ordem geral para a prevenção de doenças veiculadas por água e 
alimentos. 3) medidas em epidemias – investigação dos surtos/epidemias, 
detecção das fontes de transmissão e outros aspectos para conhecer melhor sua 
epidemiologia. 
 
12. Bibliografia consultada e para saber mais sobre a doença 
 
1. Borchardt, MA; Stemper, ME; Standridget, JH. Aeromonas isolates from 
human diarrheic stool and groundwater compared by Pulsed-Field Gel 
Electrophoresis. CDC/EID J, 9 (2):2-31, Feb. 2003. Disponível também em: 
http:// www.cdc.gov/ncidod/EID/vol19no2/02-0031.htm 
2. CDC. Aeromonas wound infections associated with outdoor activities - 
California. MMWR, 39 (20):334-335, 341; May 25, 1990 
3. FDA/CFSAN. Bad Bug Book. Aeromonas hydrophila. In: 
http://www.cfsan.fda.gov/~mow/chap17.html 
 
Texto organizado pela Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar - 
DDTHA/CVE-SES/SP, com a colaboração dos alunos do I Curso de Especialização em 
Epidemiologia Aplicada às Doenças Transmitidas por Alimentos, Ano 2000 e atualizado 
em fevereiro de 2003.

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