ESPELHO CORRECAO S4 CONST

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Direito Constitucional
SEÇÃO 4
ESPELHO DE CORREÇÃO
Seção 4
Direito Constitucional
Na prática!
Que tal, aluno? Já conseguiu identifi car qual a ação cabível 
no caso concreto? Com certeza sim, você é muito esperto e 
estudioso, por isso já deve ter concluído que estamos diante de 
um caso que enseja a propositura de uma Ação Civil Pública, 
não é mesmo?
No caso que lhe foi apresentado verifi camos que a demanda 
judicial está sendo provocada por uma Associação civil, a qual 
objetiva tutelar interesses transindividuais. Esses são os elementos 
essenciais para identifi cação da peça processual adequada. 
Como se vê no polo ativo uma Associação logo se descartar 
o ajuizamento de ação popular, como se trata da proteção de 
direito difuso, que pertence a pessoas indeterminadas, também 
não se pode falar de mandado de segurança coletivo. 
Você também deve ter verifi cado que quem irá compor o polo 
passivo da petição é a empresa GUARARAPES e a Prefeitura 
Municipal, ambas são as responsáveis pelo bem público 
pertencente ao patrimônio histórico e cultural do Município de 
Caicó que se pretende proteger. 
NA sua petição você deve observar que a ação deverá ser 
proposta no local onde se situa o bem, pois é nele que os danos 
ao patrimônio se manifestam. Lembre-se também de recorrer à 
Lei 7.342/85 que disciplina a Ação Cívil Pública. 
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NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COM SUPORTE EM AVA
 DIREITO CONSTITUCIONAL - ESPELHO DE CORREÇÃO - SEÇÃO 4
Bem, aluno. O endereçamento da petição inicial será feito de 
acordo com o foro competente para julga-la, que como já 
vimos, será o do município de Caicó, no Estado do Ceará. Logo, 
a ação deverá ser endereçada a Vara Civel da Comarca de Caicó, 
na forma do art. 319, I do CPC. Você já sabe que a Associação irá 
compor o polo ativo de sua petição, dessa forma é necessário 
que você demonstre na sua peça que a parte autora preenche 
todos os requisitos legais da legitimidade ativa da Ação Civil 
Pública, na forma do art. 50 da lei. 
Em sua petição inicial você deve também demonstrar o 
cabimento da ação especifi cando qual o dano objeto da ação e 
o seu respectivo enquadramento em uma das hipóteses do art. 
10 da referida lei. Faça ainda a narrativa dos fatos relacionando-
os com o objeto da ação. 
Não esqueça de requerer a notifi cação do Ministério Público 
na forma do art. 50, §10 da Lei 7.342/85, e a isenção de custas 
conforme o art. 18 da mesma lei. Lembre ainda de fazer o pedido 
de concessão de cautelar ante o perigo do dando e a evidência 
do direito, e de, ao fi nal, reforçar o pedido em sede defi nitiva. 
Vamos agora conferir o espelho da peça!
Questão de ordem!
À VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAICÓ - CEARÁ 
ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ, 
entidade civil de direito privado sem fi ns lucrativos, legalmente 
constituída desde 01.12.2000, neste ato representada por seu 
presidente (estatuto em anexo), com fundamento no art. 129, 
III da Constituição Federal e na Lei nº 7.347/85, vem à presença 
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de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante 
assinado, conforme procuração em anexo, propor a presente 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR
em desfavor da GUARARAPES ADM LTDA, pessoa jurídica de 
direito privado, registrado no CNPJ nº ....., com endereço na 
......, e PREFEITURA MUNICIPAL DE CAICÓ, pessoa jurídica de 
direito público, com endereço na rua ....., em face dos fatos e 
fundamentos a seguir descritos:
I - DA LEGITIMIDADE ATIVA
O art. 50 da Lei n0 7.347/85 determina os legitimados ativos 
para a propositura da Ação Civil pública, nos quais incluiu: V - a 
associação que, concomitantemente: 
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da 
lei civil; 
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao 
patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, 
à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos 
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico. 
A presente Associação autora está constituída há mais de 10 anos 
e possui como finalidade a proteção ao patrimônio histórico e 
cultural e ao meio ambiente do município de Caicó, conforme 
consta em seu Estatuto de criação o qual segue em anexo à 
presente petição inicial.
Dessa forma, é parte legítima para a propositura da presente ação 
que tem por objetivo ato lesivo ao patrimônio histórico, cultural 
e turístico do referido município, como se passa a demonstrar.
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I - DOS FATOS E DA IDENTIFICAÇÃO DO OBJETO
Caicó uma cidade pequena e muito pouco desenvolvida do 
ponto de vista urbanístico, porém, possui algumas ruínas da 
época da colonização portuguesa, as quais fazem parte do 
patrimônio histórico e cultural da cidade. A ruína mais famosa 
“Colosseu” é administrada pela empresa ré por meio de contrato 
de convênio com o Poder Público local, firmado entre a Prefeitura 
do Município de Caicó e a GUARARAPES ADM LTDA. 
A referida ruína virou um ponto turístico de intensa visitação 
no município. Ocorre que nos últimos meses, a empresa tem 
deixado de lado a manutenção do local, o qual está gravemente 
deteriorado precisando de sérios reparos, os quais a empresa 
promete que vai realizar, porém não faz. 
Após solicitações de informações da autora em conjunto com a 
Defensoria Pública do Estado, a Prefeitura informou que já havia 
diligenciado junto à empresa as providências cabíveis, mas que 
também ainda não tinha obtido retorno. O Prefeito informou 
também quem em reunião com o responsável da empresa 
convocada para tratar do assunto, foi dado prazo a resolução 
do problema, porém que o mesmo não havia sido cumprido. 
Entretanto o contrato com a empresa continua vigente sem que 
sejam tomadas as devidas providências para a revitalização do 
local, seja pela Prefeitura seja pela empresa privada responsável 
pela administração do local.
Tal fato vem causando grave dando ao patrimônio histórico, 
cultural e turístico do município, sendo este o objeto da 
presente ação.
O Art. 10 da Lei da Ação Civil Pública, determina que:
 Art. 10 Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da 
ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e 
patrimoniais causados (grifou-se): 
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l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, 
turístico e paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. 
V - por infração da ordem econômica; 
I - à ordem urbanística. 
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. 
VIII – ao patrimônio público e social.
Logo, o objeto da presente ação encontra-se plenamente 
tutelado pela Ação Cívil Pública nos termos da lei, sendo 
inquestionável o seu cabimento.
II – DO DIREITO 
A Constituição menciona no art. 129, III, que a ação civil pública 
se destina à proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e outros interesses difusos e coletivos, porém não os 
conceitua. Por sua vez, no Código de Defesa do Consumidor, 
já se encontra um conceito para esses direitos, nos seguintes 
termos (grifo nosso): 
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos 
consumidores e das vítimas poderá ser exercida em 
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando 
se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, 
para efeitos deste código, os transindividuais, de 
natureza indivisível,de que sejam titulares pessoas 
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, 
para efeitos deste código, os transindividuais, de 
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natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria 
ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte 
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, 
assim entendidos os decorrentes de origem comum.
Trata-se, portanto, de direitos que não pertencem a um único 
indivíduo pré-determinado, são direitos transinidividuais. Dentre-
se esses direitos está a proteção ao patrimônio histórico, cultural 
e urbanístico, o qual é assim entendido pela própria Lei 7.347/85 
ao regulamentar a Ação Civil Público, no art. 10 incisos III e VIII.
A preservação do patrimônio público e social, histórico e 
cultural é um direito difuso ou coletivo, a depender da situação 
concreta, protegido constitucionalmente a partir da garantia 
fundamental da Ação civil pública, que os têm por objeto. 
O objeto da presente demanda, como já demonstrado, é a 
preservação da ruína Colosseu, a qual está sendo gravemente 
afetada pela conduta da empresa ré e pela própria Prefeitura 
local, que mantém o contrato celebrado mesmo diante da 
flagrante violação. A degradação do referido patrimônio precisa 
ser evitada para que o dano não seja maior, bem como as 
devidas reparações ao dano já ocasionado precisam ser feitas.
IV – DOS REQUERIMENTOS E DOS PEDIDOS
1) Requer a citação dos réus na pessoa de seus representantes 
legais para, querendo, contestar a presente ação;
2) Requer a notificação do Ministério Público, na forma do art. 
50, §10 da Lei 7.347/85;
3) Requer a dispensa do pagamento de custas e emolumentos, 
na forma do art. 18 da Lei n0 7.347/85
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4) Pede a condenação da empresa GUARARAPES ADM LTDA 
à obrigação de fazer consistente na realização dos reparos 
necessários à preservação da ruína Colosseu, que constitui 
patrimônio histórico e cultural do Município de Caicó;
5) Pede a condenação da Prefeitura Municipal, subsidiariamente, 
por ser titular do contrato público firmado com a empresa.
6) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova 
admitidos em lei.
Dá-se a causa, apesar do valor inestimável do bem tutelado, o 
valor de 100.000,000 (cem mil reais) .
 Nestes termos,
 Requer e espera deferimento.
Caicó, Ceará, 02 de fevereiro de 2018
ADVOGADO 
OAB Nº XXXXX
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Resolução comentada
1) Em que o processo coletivo se difere do processo individual?
2) Qual a natureza dos direitos difusos e coletivos?
3) O que é um direito coletivo em sentido estrito? Qual a 
relevância prática dessa defi nição?
4) Qual a relação da Ação popular com o exercício da democracia 
direta?
5) Qual a efi cácia das decisões prolatadas nos processos coletivos 
que tem como objeto direitos indivisíveis? Como essas decisões 
são executadas?
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