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Unidade 4 - Meio, resultado, simples, alternativas, facultativas e cumulativas 2018 1

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Profª Alice Soares – http://dodireitoaeducacao.blogspot.com.br 
Direitos autorais reservados. Vedada a reprodução ou cópia, sem prévia e expressa autorização 
DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Aula 4 Classificação das obrigações: meio, resultado, 
alternativas, facultativas, simples, cumulativas 
Profª Msc Alice Soares 
Unidade 4 Classificação das obrigações: meio/resultado, simples/cumulativas/alternativas/facultativas 
 
1. Obrigação de meio e obrigação de resultado 
1.1 Distinções quanto à responsabilidade do devedor 
 
Outra classificação relevante das obrigações distingue-as, quanto ao fim, em obrigação de meio e 
obrigação de resultado. 
Na obrigação de meio, o devedor se compromete a envidar esforços, empregar seus conhecimentos 
e técnicas e utilizar os instrumentos adequados de que dispõe para atingir determinado resultado, mas não 
está obrigado a atingi-lo efetivamente. Nas palavras de PERACCHI (2016, p. 65): “O devedor obriga-se a 
utilizar a utilizar todos os meios disponíveis ao cumprimento da obrigação, sempre com diligência, 
prudência e perícia, sem, contudo, assegurar um resultado específico.” 
A atuação de um advogado, na defesa de seu cliente, é um excelente exemplo de obrigação de meio. 
Ele deve empregar seu conhecimento, observar prazos, recorrer aos instrumentos legais, mas não esta 
obrigado a vender e causa para seu cliente. Da mesma forma, os médicos em geral, pois também estes não 
comprometem a curar o paciente, mas tentar. 
Na obrigação de resultado, o devedor está vinculado a atingir o resultado. Se não atinge, configura-
se o inadimplemento da obrigação. Exemplos: o transportador tem que transportar a mercadoria ou a pessoa 
ao destino combinado, sob pena de inadimplemento; da mesma forma, o empreiteiro deve construir o que 
prometeu, sob pena de responder pelo descumprimento. 
A principal distinção entre as duas categorias, portanto, está na configuração do inadimplemento. 
Vejamos mais estes exemplos: 
Veja, por exemplo, a obrigação do médico. Se um paciente chegar acidentado a um pronto-socorro, 
precisando imediatamente de cirurgia, pois há risco de morte ou de alguma sequela à saúde, o 
cirurgião pode apenas comprometer-se a agir com a perícia e diligência necessárias, sem, contudo, 
assegurar que salvará a vida ou que não haverá qualquer consequência séria à saúde do paciente. Se, 
por outro lado, uma pessoa sadia contratar um médico para realizar cirurgia plástica com finalidade 
estética, o credor não quer apenas que o profissional seja diligente, mas também que o resultado final 
pretendido seja efetivamente alcançado. (PERACCHI, 2016, p. 95) 
Na obrigação de resultado, se o devedor não atinge o resultado, está configurado o inadimplemento, 
presumindo-se sua culpa. Cabe ao devedor provar que não teve culpa, ou que ocorreu caso fortuito ou força 
maior ou culpa do credor. Ex: O transportador leva a mercadoria ao seu destino, quando foi surpreendido 
por uma tempestade sem precedentes, inviabilizando a entrega o bem, que está seriamente avariado. Ele 
poderá alegar força maior. Se ele não pode provar a responsabilidade outra pessoa ou de evento natural, ele 
terá que responder pelo inadimplemento, com todos os seus ônus, incluindo-se o pagamento das perdas e 
danos. 
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Na obrigação de meio, como explicado, o devedor não se responsabiliza pelo alcance do resultado, 
mas por tentar. Se a finalidade não é atingida, não responde o devedor, a princípio. O devedor só poderá ser 
responsabilizado – pagando, inclusive, indenização por perdas e danos – se o credor provar que ele agiu com 
culpa (negligência, imprudência ou imperícia) ou dolo. 
Esta distinção também é esclarecida por PERACCHI (2016, p. 96): 
A relevância prática da classificação da obrigação em meio ou resultado reside na responsabilidade 
pelo descumprimento ou cumprimento imperfeito da prestação. 
Na obrigação de meio, a responsabilidade civil do devedor é subjetiva, cabendo ao credor provar a 
culpa do devedor. Já na obrigação de resultado, a doutrina se divide entre considerar a 
responsabilidade objetiva (ou seja, independentemente da culpa do devedor) ou subjetiva ou culpa 
presumida (presunção relativa), cabendo ao próprio devedor provar que o não atingimento do 
resultado esperado ocorreu por razões que escapavam à sua alçada (como, por exemplo, o 
descumprimento, pelo paciente, de realizar corretamente a recuperação pós-operatória). 
Para essa segunda e majoritária corrente, a diferença entre obrigação de meio e de resultado é refletida 
no ônus da prova: enquanto na obrigação de meio o ônus cabe ao credor, na obrigação de resultado o 
ônus cabe ao devedor. Na prática, porém, como a maioria das relações médico-paciente são de 
consumo, o ônus da prova pode acabar sendo invertido por força do art. 6o, VIII, CDC. 
Imagine o exemplo do advogado. Ao representar judicialmente um cliente, perde a ação. A princípio, 
fará jus a eventuais honorários combinados e ainda não terá que indenizar o cliente. Mas se o cliente – 
credor do serviço – provar que o advogado agiu com negligência (Ex.: perdeu um prazo de recurso) ou 
imperícia (Ex.: utilizou o recurso errado), o profissional deverá indenizá-lo. 
 
1.2 A responsabilidade do médico cirurgião plástico 
 
De forma geral, o médico assume obrigações de meio, pois não se compromete a curar o paciente. 
Contudo, o médico com especialidade em cirurgia plástica pode assumir obrigação de resultado. 
Note que a cirurgia plástica pode ser reparadora ou estética. 
Será reparadora quando visar corrigir ou atenuar dano estético provocado por acidentes, queimaduras 
ou mesmo problemas congênitos. Ressalta a natureza corretiva desta cirurgia. 
Será meramente estética, quando paciente não apresenta cicatrizes ou deformidades, mas pretende 
tornar-se mais belo, segundo determinados padrões pessoais e/ou da moda. 
Em sendo cirurgia reparadora, o entendimento majoritário reside na configuração de obrigação de 
meio, assumida pelo médico. O profissional pretende melhorar o aspecto, mas não garante a perfeição. 
Em se tratando de cirurgia plástica estética, assume o médico obrigação de resultado, pois o paciente 
pretende um efeito específico através da cirurgia, e deve recebê-lo. 
Neste sentido, vem entendendo o STJ (Superior Tribunal de Justiça) (PERACCHI, 2016, p. 95), 
considerando, inclusive que, no caso da cirurgia estética, a responsabilidade é subjetiva com presunção de 
culpa: 
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O STJ posiciona-se favorável à segunda corrente (responsabilidade subjetiva com presunção relativa 
de culpa e inversão do ônus da prova), conforme depreendido de vários julgados (e.g. REsp 985.888-
SP, REsp 1.180.815-MG), chegando, inclusive, a apontar a existência de cirurgias plásticas mistas, 
firmando que "a responsabilidade do médico será de resultado em relação à parte estética 
da intervenção e de meio em relação à sua parte reparadora" (REsp 1.097.955- MG - Informativo n. 
484, de 26/09 a 07/10/2011). (PERACCHI, 2016, p.96) 
 
2. Classificação das obrigações: simples, cumulativas, facultativas e alternativas 
 
2.1 Critério desta classificação 
Esta é uma classificação que também se orienta pelo objeto da obrigação. GAGLIANO E 
PAMPLONA FILHO (2011, p.118) a chamam de classificação especial. 
 
1. Obrigação simples 
 
Obrigação simples é aquela em que o devedor tem que cumprir apenas uma única prestação para se 
liberar do vínculo obrigacional. O objeto da obrigação restringe-se a uma única prestação. Ex.: o devedor 
tem a obrigação de pagar R$ 100,00 reais ao credor. 
Por oportuno, vale destacar a previsão do art. 313, CC: “Art. 313. O credor não é obrigado a receber 
prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.” 
Aproveitando o mesmo exemplo, o devedor não poderia constranger o credor a receber um celular 
novo, avaliado em R$ 500,00, pois ele tem o direito de preferir o que foi pactuado, ou seja, R$ 100,00. 
 
2. Obrigação cumulativa 
 
É também chamada de obrigação conjuntiva. 
A obrigação cumulativa tem por objeto uma pluralidade de prestações e todas devem ser cumpridas 
pelo devedor. 
O devedor se libera cumprindo todas as prestações. Ex.: entregar E montar um móvel. O devedor 
somente se libera quando cumpre as duas prestações; cumprindo apenas uma, teremos inadimplemento 
parcial da obrigação. 
Outro exemplo ofertado por PERACCHI (2016, p. 101): 
Imagine que você fará uma longa viagem de carro e, por isso, levou o automóvel a uma oficina para 
deixá-lo pronto para rodar na estrada. Na oficina, o funcionário informou que seria necessário 
balancear e alinhar os pneus, trocar as pastilhas de freio e fazer alguns reparos no câmbio do 
automóvel. Para tudo isso, apresentou orçamento com um determinado preço e disse que o serviço 
estaria concluído em 10 (dez) dias. [...] No primeiro exemplo, a oficina (devedor) tem que balancear e 
alinhar os pneus, e trocar as pastilhas de freio e fazer os reparos no câmbio. Se todos os serviços não 
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forem executados, a oficina não terá cumprido sua obrigação. Trata-se de uma obrigação cumulativa 
(conjuntiva), em que o devedor somente de desonera se executar todas as prestações 
 
3. Obrigação facultativa 
 
É também chamada de obrigação com faculdade alternativa ou ainda obrigação com faculdade 
de substituição. (GAGLIANO E OUTRO, 2011, p. 121) 
Note que o Código Civil de 2002, a exemplo do anterior, não disciplinou esta espécie de obrigação. 
Conforme definição de GAGLIANO E OUTRO (2011, p.121): “A obrigação é considerada 
facultativa quando, tendo um único objeto, o devedor tem a faculdade de substituir a prestação devida 
por outra e natureza diversa, prevista subsidiariamente.” Nela, há unicidade de vínculo e de prestação. 
A prestação que pode ser realizada pelo devedor em lugar da principal é chamada de prestação 
facultativa ou prestação subsidiária. 
Exemplo: O devedor está obrigado a entregar um carro. Mas o mesmo instrumento prevê que o 
devedor poderá, em caráter facultativo, entregar uma moto em lugar do carro. 
Esta obrigação de assemelha à obrigação alternativa a seguir explicada, mas com ela não se 
confunde. 
Na obrigação facultativa, o credor não pode exigir a prestação subsidiária visto que esta é uma opção 
apenas para o devedor. 
Esta obrigação tem um único objeto, por isso, se a prestação principal se tornar impossível sem culpa 
do devedor, a obrigação se resolverá sem perdas e danos. Como já salientado, o credor não poderá exigir a 
prestação subsidiária. 
 
4. Obrigação alternativa 
 
Também chamada de obrigação disjuntiva. Ao contrário da obrigação facultativa, esta encontra 
previsão detalhada no Código Civil de 2002, nos arts. 252 a 256. Ela apresenta unicidade de vínculo e 
pluralidade de prestações. 
Novamente, vamos recorrer a definição de GAGLIANO E OUTRO (2011, p. 118): “... são aquelas 
que têm por objeto duas ou mais prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas.” 
Neste tipo de obrigação, o risco de inadimplemento é menor, em razão das opções. 
Ex: O devedor se libera entregando um carro OU uma moto ao credor. 
As prestações são excludentes entre si. 
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A princípio da escolha da prestação a ser cumprida é do devedor, conforme caput do art. 252, CC: 
“Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.” 
Em outras palavras, a escolha será do credor ou de terceiro se assim for estipulado no título que deu 
origem à obrigação. Note-se que a escolha promoverá a concentração da obrigação, uma vez que focará a 
obrigação numa única prestação. A partir da escolha cientificada à outra parte, a obrigação se torna simples 
e não cabe mais alterá-la (salvo cláusula contratual em contrário), como bem explica PERACCHI (2016, p. 
103): 
Uma das fases da obrigação alternativa é a escolha ou concentração, que consiste na eleição, dentre as 
várias prestações possíveis, daquela que será realizada pelo devedor. Uma vez comunicada a escolha, 
a obrigação deixa de ser composta e passa a ser simples, ficando o devedor obrigado à prestação 
escolhida. A concentração, portanto, ao mesmo tempo em que é um dever, é também um direito 
potestativo, uma declaração receptícia de vontade por meio da qual aquele que ficou incumbido da 
escolha seleciona a prestação que será cumprida e comunica sua decisão para a outra parte. É 
irrevogável, pois, uma vez informado, o credor não pode exigir nem o devedor invocar as demais 
prestações (electa uma via, altera non datur4 ). A concentração tem ainda eficácia ex tunc, retroagindo 
ao momento da constituição da obrigação, como se esta fosse simples desde a sua gênese. As partes 
podem pactuar cláusula de retratação, possibilitando a alteração da escolha feita, mas esta deve ser 
expressa. 
Os parágrafos do mesmo artigo trazem regras complementares: 
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. 
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em 
cada período. 
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, 
findo o prazo por este assinado para a deliberação. 
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a 
escolha se não houver acordo entre as partes. 
 
O parágrafo primeiro consigna o princípio da indivisibilidade do objeto, não podendo ser o credor 
constrangido a receber parte em uma prestação e parte em outra. 
O parágrafo segundo dispõe sobre a liberdade de escolha a cada período determinado. Não há 
obrigatoriedade de realizar a mesma escolha do período anterior nem a obrigatoriedade de realizar escolha 
diferente do período anterior. 
No parágrafo terceiro, temos o chamado suprimento judicial da manifestação de vontade. Se 
forma vários os optantes, por exemplo, vários devedores, na mesma obrigação, com a faculdade de escolher, 
e não houver acordo entre eles, mesmoapós o prazo judicial conferido para isto, o juiz realizará a escolha. 
Da mesma forma, o juiz escolherá, se a faculdade de escolhe for deferida a terceiro que não quiser ou 
puder escolher. 
Embora o Código Civil não tenha previsto prazo para o exercício da faculdade de escolha, impõe-se 
o bom senso. O devedor ou credor deverá realizar a escolha no prazo estabelecido no contrato ou em prazo 
razoável. Caso não cumpra a obrigação, o devedor será acionado judicialmente. Então, aplicar-se-á o art. 
800, CPC: 
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Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para 
exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado 
em lei ou em contrato. 
§ 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo determinado. 
§ 2o A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao credor exercê-la. 
 (grifos nossos) 
 
Um excelente exemplo é trazido por PERACCHI (2016, p. 104): 
Marcos e Carla viveram em união estável por 12 (doze) anos. Ao colocarem um fim na 
relação, fizeram um acordo extrajudicial de partilha de bens em que Carla continuaria no imóvel do 
casal, mas deveria entregar a Carlos R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), ou mediante a venda do referido 
imóvel ou mediante a pactuação de financiamento com instituição bancária para que Marcos viesse a 
adquirir imóvel próprio. Nesse caso, há obrigação alternativa: ou Carla vende o imóvel em que vivia o 
casal e entrega R$ 80.000,00 a Marcos, ou contrai financiamento no valor de R$ 80.000,00 para 
complementar a aquisição de um imóvel para Marcos. E a quem caberá a concentração? Sendo o 
acordo silente quanto a quem caberá a escolha, o art. 252, CC, estabelece que o direito à concentração 
será do devedor - na situação ora analisada, Carla. 
Agora suponha que passados 6 (seis) meses da celebração do acordo extrajudicial de partilha 
de bens, Carla não tenha nem vendido o imóvel, nem contraído o financiamento e, por isso, Marcos 
vem arcando com despesas de aluguel. Marcos pode, com fundamento no art. 800, CPC/15, ajuizar 
ação para compelir Carla a fazer a escolha no prazo decadencial de 10 (dez) dias. Se Carla quedar-se 
inerte, o débito será concentrado na prestação indicada por Marcos na petição inicial. 
 
Os artigos seguintes do Código Civil tratam da impossibilidade da obrigação alternativa. Vamos 
analisar cada um. 
Assim dispõe o art. 253, CC: “Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de 
obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.” 
Se há ou não há culpa do devedor, a obrigação se torna simples e esta única prestação deverá ser 
cumprida por ele. Pois, neste dispositivo, considera-se que ao devedor cabia a escolha. 
Dentro da mesma lógica, o art. 256, CC prevê a extinção da obrigação se a impossibilidade atingir 
todas as prestações: “Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, 
extinguir-se-á a obrigação.” 
No entanto, se há culpa do devedor na impossibilidade das prestações, a resposta do ordenamento 
será outra. 
Vejamos primeiro o art. 254, CC: “Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir 
nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que 
por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.” 
Se a escolha é do devedor, este deverá indenizar o credor quanto ao valor da prestação que por 
último se impossibilitou mais as perdas e danos do caso concreto. 
Agora o art. 255, CC: 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do 
devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e 
danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor 
reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. 
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Há duas situações no art, 255, CC: 
1ª) uma das prestações tornou-se impossível com culpa do devedor e a escolha é do credor: este tem 
o direito de exigir a prestação remanescente ou a o valor da que se tornou impossível mais perdas e danos. 
2º) as duas prestações se tornaram inexequíveis por culpa do devedor e a escolha era do credor: este 
poderá exigir o valor de qualquer das prestações mais perdas e danos. 
Se há culpa do devedor e a escolha é dele, o resultado está no art. 253, CC: concentra-se a obrigação 
na única prestação restante. 
 
Fontes: 
BIRENBAUM, Gustavo. In TEPEDINO, Gustavo (Coord.). Obrigações: estudos na perspectiva civil-
constitucional. São Paulo: Renovar, 2005. 
GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. 12 ed. São 
Paulo: Saraiva, 2011. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 
Idem, 8 ed. Idem, 2011. 
PERACCHI, Ana Carolina Lobo Gluck Paul. Direito Civil II (Obrigações). Rio de Janeiro: Seses, 2016.

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