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Métodos de Escrituração e Lançamentos
Arno Wiese
Introdução
Você sabia que para fazer os registros de suas transações, as empresas utilizam métodos 
contábeis que foram criados e aperfeiçoados ao longo do tempo? Nesta aula, entenderemos o que 
significam estes lançamentos, conhecendo suas especificidades. Acompanhe! 
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • entender o que significa o Lançamento Contábil;
 • conhecer os métodos de Escrituração Contábil, especialmente o método das partidas 
dobradas.
1 Lançamentos contábeis 
Na Contabilidade há o Lançamento Contábil e a Escrituração. Os dois procedimentos são pare-
cidos, porém, o Lançamento Contábil obedece um passo a passo para que seja registrado na forma, 
ordem, livros e contas corretos; e a Escrituração é a soma de todos os lançamentos, que resultarão 
nos livros preenchidos da forma correta, como a legislação prevê. Assim, de acordo com Ribeiro 
(2010, p. 87) podemos afirmar que “lançamento é o meio pelo qual se processa a Escrituração”. 
FIQUE ATENTO!
Todo lançamento deve estar baseado em um documento confiável que deu origem 
a ele. Como a nota fiscal de venda de um produto, por exemplo. 
Todo Lançamento Contábil deve ter um documento idôneo e hábil que o tenha originado, 
tanto para fins fiscais quanto para o interesse comercial ou patrimonial da própria empresa. Além 
disso, devem constar os elementos intrínsecos (ou elementos essenciais), definidos pela Ciência 
Contábil e pela legislação pertinente, que são, pela ordem: data; conta que recebe o débito; conta 
que recebe o crédito; histórico; e valor. É dessa forma que o lançamento deve ser apresentado no 
Livro Diário. (PADOVEZE, 2016). 
Conforme orientação de Ribeiro (2010), para fazer um lançamento é preciso seguir os seguin-
tes passos:
 • verificar o local e a data da ocorrência do fato;
 • averiguar se o documento é hábil para o registro;
 • identificar os elementos envolvidos com o fato;
 • analisar quais contas serão utilizadas para fazer o registro (no mínimo duas, uma a 
débito e outra a crédito), se do Ativo ou Passivo ou Receita ou Despesa (analisar no 
Plano de Contas);
 • preparar o histórico do lançamento de acordo com o fato; 
 • identificar concretamente quais as contas a serem utilizadas;
 • efetuar o lançamento. 
FIQUE ATENTO!
Um mesmo lançamento poderá conter mais de uma conta debitada e uma conta 
creditada. (RIBEIRO, 2010) 
Para entender os passos listados, considere a seguinte situação: uma empresa compra à 
vista uma mesa de madeira da marca Y para o escritório, conforme nota fiscal n. X1, adquirida na 
loja Beta, no valor de R$ 2.000. O registro que deve ser efetuado no Livro Diário (manual) é apre-
sentado na tabela a seguir. 
Tabela 1 – Registro no Livro Diário
Local e Data Florianópolis (SC), Z.Z.2 Débito Crédito
Conta debitada Móveis e utensílios R$ 2.000
Conta creditada a Caixa R$ 2.000
Histórico
Compra de uma 
mesa de madeira, 
marca Y, conforme 
nota fiscal n. X1, da 
Loja Beta
Fonte: elaborada pelo autor, 2017.
Atualmente, as empresas estão automatizadas e utilizam softwares específicos para os 
registros, no entanto, os critérios continuam os mesmos, recomendados e exigidos por lei.
Ao realizar os lançamentos na Escrituração das transações contábeis, é necessário atentar 
para as variações das contas do Ativo e Passivo, que são contas patrimoniais, e de Resultados, que 
são as contas de receitas e despesas. No que diz respeito aos elementos de Resultado, as contas 
de despesas somente serão creditadas para fazer um estorno ou no momento do encerramento 
do exercício. Assim como as contas de Receitas, que somente serão debitadas para estorno ou 
encerramento de exercício. Lembre-se de que o lançamento de estorno é realizado para corrigir um 
lançamento inicial feito de forma errada, seja por equívoco ou falha de interpretação. (RIBEIRO, 2010) 
Para facilitar seu estudo, observe o quadro a seguir.
Figura 1 – Quadro Auxiliar de Escrituração
I. Para elementos Patrimoniais
a) Toda vez que aumentar o Ativo, DEBITAR a respectiva conta.
b) Toda vez que diminuir o Ativo, CREDITAR a respectiva conta.
c) Toda vez que aumentar o Passivo, CREDITAR a respectiva conta.
d) Toda vez que diminuir o Passivo, DEBITAR a respectiva conta
II. Para os elementos de Resultado
e) Toda vez que ocorrer uma Despesa, DEBITAR a respectiva conta.
f) Toda vez que ocorrer uma Receita, CREDITAR a respectiva conta.
Fonte: adaptado de RIBEIRO, 2010.
Na escrituração há métodos (técnicas) utilizados para os registros dos fatos contábeis de 
uma organização (FERREIRA, 2015). Em outras palavras, existe um meio (método) para se chegar 
ao fim (o controle do patrimônio por meio dos registros contábeis). Existem dois métodos: o das 
partidas simples e o das partidas dobradas, conforme veremos a seguir.
SAIBA MAIS!
Antes, os lançamentos no Livro Diário eram feitos apenas pela ordem das contas 
no lançamento, sendo que a primeira conta era a debitada e a segunda a creditada. 
Não havia colunas para o débito e crédito, e o valor, o histórico e a data serviam para 
ambas as contas. No decorrer do tempo, a complexidade das empresas foi aumen-
tando, apresentando muitos lançamentos que afetavam mais de uma conta, o que 
fez com que os contadores convencionassem colocar a letra “a” antes das contas 
creditadas, com o objetivo de facilitar consultas no futuro. (PADOVEZE, 2016). 
2 Método das Partidas Simples
O método das Partidas Simples foi elaborado no tempo em que ainda não existia o conceito 
do Patrimônio Líquido. Nessa época, as receitas e despesas não se relacionavam com contas 
patrimoniais, uma vez que o patrimônio ainda não era o objeto de estudo. Assim, neste método, o 
lançamento ocorre em uma única conta, apenas. (PADOVEZE, 2016)
EXEMPLO
A empresa X paga o fornecedor Y pela compra de mercadorias de valor Z. O lançamen-
to dessa compra é dado unicamente na conta caixa, a qual registra a saída de dinheiro. 
Observe que nesse método não se faz a contrapartida em uma conta “mercadorias 
em estoque”.
Veja que este método é incompleto, pois não permite que se faça o controle do Patrimônio, 
que é o objetivo da Contabilidade atual. Eventualmente, as entidades que ainda utilizam desse 
método são àquelas que não visam lucro. (RIBEIRO, 2010).
Figura 2 – Inventário: contagem de bens
Fonte: Marcin Balcerzak/Shutterstock.com
No método das Partidas Simples não existem contas para o controle dos bens. Assim, na 
hipótese de haver interesse em controlar o Patrimônio, só será possível ao final de um exercício, 
por meio de um inventário, ou seja, haverá a necessidade de contar e avaliar os bens e compará-los 
com o período anterior, para averiguar se houve evolução favorável ou não. (FERREIRA, 2015). 
3 Método das Partidas Dobradas
A criação do método das Partidas Dobradas até hoje é desconhecida. Há notícias de que 
em 1340, em Gênova, na Itália o método já era utilizado. No entanto, a primeira obra que tratou do 
tema foi a Tractatus Particularis de Computis et Scripturis, de 1494, escrita pelo frade italiano Luca 
Pacioli. (FERREIRA, 2015). 
Neste método, que atualmente é de uso universal, a escrituração é feita em duas contas, no 
mínimo, de débitos ou créditos. Segundo Padoveze (2016, p. 89), “a finalidade de se lançar em dois 
lugares é manter a equação de trabalho ou de equilíbrio patrimonial em situação de igualdade”. 
Em consequência do uso do método de Partidas Dobradas, segundo Ferreira (2015, p. 111), 
podemos afirmar que: “A) O valor total dos débitos é sempre igual ao valor total dos créditos; B) 
O valor total dos saldos devedores é sempre igual ao valor total dos saldos credores; C) O ativo 
total (devedor) é sempre igual ao passivo total (passivo exigível + patrimônio líquido) e que é de 
natureza credora.” 
Destemodo, neste método, segundo Padoveze (2016, p.90) “A todo débito corresponde cré-
dito de igual valor; ou, a todo crédito corresponde débito de igual valor”. E, ainda, “a todo débito de 
uma pessoa corresponde crédito de outra por igual valor” (FERREIRA, 2015, p. 111).
EXEMPLO
Em uma empresa recentemente constituída, os sócios querem pôr o total de 
R$ 100 mil de capital em dinheiro. Lembre-se de que esse é um lançamento em 
contas patrimoniais. Assim, temos que trabalhar com a conta caixa e com a conta 
capital social. Lembre-se também de que no lado dos Ativos temos as aplicações 
de dinheiro e, no lado do Passivo, temos a origem do dinheiro. Sendo assim, fica fá-
cil visualizar que a conta capital social é uma conta do Passivo e que a conta caixa 
é uma conta do Ativo. Com isso, pela escrituração, por meio do método de Parti-
das Dobradas, devemos fazer o débito de R$ 100 mil na conta caixa e o crédito de 
R$ 100 mil na conta capital social. 
FIQUE ATENTO!
No método das Partidas Dobradas, para cada débito existe um ou mais créditos de 
igual valor. Podemos dizer, então, que não existe credor sem que haja um devedor e 
o inverso também é verdadeiro. (RIBEIRO, 2010). 
Figura 3 – Igualdade (Partidas Dobradas)
Fonte: Dim Dimich/Shutterstock.com
O método das Partidas Dobradas é o instrumento ideal para o controle do Patrimônio e suas 
variações, que é o objetivo atual da Contabilidade. Por isso, é utilizado, atualmente, em pratica-
mente todas as entidades, permitindo o controle efetivo de todas as contas, patrimoniais ou de 
resultado, podendo demonstrar isso a qualquer momento desejado.
SAIBA MAIS!
Veja no site do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná, o artigo “A importân-
cia e obrigatoriedade da escrituração contábil perante a legislação comercial, fiscal 
e profissional. Acesse: <http://www.crcpr.org.br/new/content/publicacao/revista/
revista134/escrituracao.htm>. 
Fechamento
Concluímos a aula relativa aos métodos de escrituração e lançamentos. Agora, você já 
conhece quais são os métodos e suas particularidades e como devem ser feitos os lançamentos 
das transações contábeis. 
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • entender o que são os Lançamentos Contábeis; 
 • conhecer os métodos de Escrituração;
 • compreender as especificidades do método das Partidas Simples e o das Partidas 
Dobradas. 
Referências 
FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade Básica. 13. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2015. 
LEMBI, Claudenir Tarifa; Reis, Luciano Gomes dos. A importância da escrituração contábil perante 
a legislação comercial. Disponível em: <http://www.crcpr.org.br/new/content/publicacao/revista/
revista134/escrituracao.htm>. Acesso em: 31 jul 2017. 
PADOVEZE, Clóvis Luis. Manual de Contabilidade Básica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Portal.