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e-Tec rede Brasil e-Tec rede Brasil Mineralogia e Petrogra� a Karina Suzana Feitosa Pinheiro Victor Matos Martins São Luís - MA 2015 e-Tec rede. .Brasil Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância Ficha catalográ� ca © Universidade Estadual do Maranhão Este caderno foi elaborado pela Universidade Estadual do Maranhão por meio do Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet, para o Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (Rede e-Tec Brasil). Reitor da UEMA Prof. Gustavo Pereira da Costa Vice-reitor da UEMA Walter Canales Sant'Ana Diretora do Centro de Ciências Agrárias - CCA Profa. Francisca Neide Costa Coordenadora Geral do UemaNet Profa. Ilka Márcia Ribeiro de Souza Serra Coordenadora Adjunta do UemaNet Profa. Eliza Flora Muniz Araújo Coordenadora do e-Tec/UemaNet Profa. Karina Pinheiro Coordenador do Curso Técnico em Mineração Prof. José Fernando Rodrigues Bezerra Coordenadora Pedagógica de Design Educacional Profa. Sannya Fernanda Nunes Rodrigues Coordenadora Administrativa de Design Educacional Cristiane Costa Peixoto Professores-autores Karina Suzana Feitosa Pinheiro Victor Matos Martins Designer Educacional Cleidemar Algarves Revisora de Linguagem Layla Magalhães Araújo Lucirene Ferreira Lopes Designers Grá� cos Rômulo Santos Coelho Yuri Jorge Almeida da Silva Diagramadores Josimar de Jesus Costa Almeida Luis Macartney Serejo dos Santos Tonho Lemos Martins Pinheiro, Karina Suzana Feitosa. Mineralogia e Petrogra� a / Karina Suzana Feitosa Pinheiro, Victor Matos Martins. –São Luis: UemaNet, 2015. 119 p. Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (Rede e-Tec Brasil). 1. Estudo dos minerais. 2. Mineralogia. 3. Petrogra� a. 4. Rochas. I. Martins, Victor Matos. II. Título CDU: 549+552.2 Apresentação e-Tec Brasil Prezado estudante, Bem-vindo à Rede e-Tec Brasil! Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Rede e-Tec Brasil, instituída pelo Decreto nº 7.589/2011, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Pro�ssional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escolas técnicas estaduais e federais. A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso à educação de qualidade e promover o fortalecimento da formação de jovens moradores de regiões distantes, geogra�camente ou economicamente, dos grandes centros. A Rede e-Tec Brasil leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais. O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico, seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação pro�ssional quali�cada – integradora do ensino médio e educação técnica – é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação pro�ssional! Ministério da Educação Nosso contato etecbrasil@mec.gov.br Indicação de ícones Os ícones são elementos grá�cos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. Mídias integradas: remete o tema para outras fontes: livros, �lmes, músicas, sites, programas de TV. Glossário: indica a de�nição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Re�etir: momento de uma pausa na leitura para re�etir/escrever sobre pontos importantes e/ou questionamentos. Sumário Palavra dos professores-autores ............................................................................. 9 Apresentação da disciplina ........................................................................................ 11 Projeto instrucional ....................................................................................................... 13 Aula 1 - OS MINERAIS ................................................................................................... 15 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15 1.1 Conceitos Importantes .................................................................................. 15 1.2 Mineralogia e Petrogra�a ............................................................................ 16 2 CONCEITO, FORMAÇÃO E OCORRÊNCIA DOS MINERAIS ................ 17 2.1 Conceito de Mineral ......................................................................................... 17 2.2 Matéria Cristalina e Matéria Amorfa: Anisotropia ............................. 22 2.3 Cristais .................................................................................................................. 24 2.4 Ligações Atômicas ........................................................................................... 26 2.5 Cristalogra�a ..................................................................................................... 30 2.6 Formação dos Minerais ................................................................................. 39 Resumo .................................................................................................................. 40 Referências ........................................................................................................... 42 Aula 2 - PROPRIEDADE E CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS ......................... 43 1 PROPRIEDADE MACROSCÓPICAS DOS MINERAIS ............................ 43 1.1 Propriedades Físicas ....................................................................................... 43 1.2 Propriedades Químicas e Outras Propriedades ................................ 60 2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS MINERAIS ...................................... 62 2.1 Introdução .......................................................................................................... 62 2.2 Identi�cação dos Minerais .......................................................................... 63 Resumo .................................................................................................................. 65 Referências ........................................................................................................... 66 Aula 3 - PETROGRAFIA ÍGNEA .................................................................................. 67 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 67 1.1 Histórico da Petrogra�a ............................................................................... 68 2 PROPRIEDADES MACROSCÓPICAS DAS ROCHAS ÍGNEAS ........... 70 2.1 Formação das Rochas Ígneas ..................................................................... 70 2.2 Principais Propriedades das RochasMagmáticas ............................ 71 3 CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS ÍGNEAS .................................................. 85 3.1 Introdução .......................................................................................................... 85 3.2 Identi�cação das Rochas Ígneas ............................................................... 86 Resumo .................................................................................................................. 88 Referências ........................................................................................................... 89 Aula 4 - PETROGRAFIA SEDIMENTAR .................................................................... 91 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 91 1.1 Conceito e Ciclo Sedimentar das Rochas .............................................. 91 2 PRINCIPAIS PROPRIEDADES MACROSCÓPICAS DAS ROCHAS SEDIMENTARES .................................................................................................. 93 2.1 Introdução ........................................................................................................... 93 2.2 Textura ou Granulometria ........................................................................... 93 2.3 Composição Mineralógica ........................................................................... 94 2.4 Estrutura .............................................................................................................. 96 3 CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES ................................ 98 3.1 Principais Classes ............................................................................................ 98 3.2 Identi�cação das Rochas Sedimentares ............................................... 100 Resumo ................................................................................................................. 102 Referências .......................................................................................................... 103 Aula 5 - PETROGRAFIA METAMÓRFICA .............................................................. 105 1 ROCHAS METAMÓRFICAS ........................................................................ 105 1.1 Conceito ............................................................................................................. 105 1.2 Metamor�smo ................................................................................................ 106 2 PRINCIPAIS PROPRIEDADES MACROSCÓPICAS DAS ROCHAS METAMORFICAS ............................................................................................... 111 3 CLASSIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS ROCHAS METAMÓRFICAS ... 113 3.1 Introdução .......................................................................................................... 113 3.2 Identi�cação das Rochas Metamór�cas .............................................. 115 Resumo ................................................................................................................ 116 Referências .......................................................................................................... 117 Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 9 Palavra dos professores-autores Caro estudante Temos grande satisfação em recebê-lo para estudarmos a disciplina de Mineralogia e Petrogra�a. O objetivo desta disciplina é conhecer os minerais e rochas, sua formação, principais propriedades macroscópicas de identi�cação e classi�cação. Ao estudarmos os minerais, conheceremos que estes se formam na litosfera terrestre e são constituintes das rochas ígneas, sedimentares e metamór�cas. Perceberemos que ao conhecermos sobre minerais e rochas nos familiarizaremos ainda mais com a atividade de mineração. Sendo esta uma atividade de natureza fundamentalmente econômica que também é referida, como indústria extrativa mineral ou indústria de produtos minerais. A disciplina de Mineralogia e Petrogra�a aborda entre outras questões a relação entre minerais e rochas, importante na condução do planejamento, extração e bene�ciamento do minério na mineração. Esperamos que este conteúdo seja proveitoso e que ao �nal do curso você possa usá-lo com habilidade na pro�ssão de Técnico em Mineração. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 11 Apresentação da disciplina Prezado estudante, A disciplina Mineralogia e Petrogra�a possibilitará a você, conhecer o conceito de mineral, suas propriedades físicas e químicas importantes na identi�cação dos mesmos. Assim como, o estudo das rochas, conhecendo o processo de formação e as principais propriedades macroscópicas utilizadas na sua identi�cação e classi�cação. Destacamos que este caderno apresenta trechos de compilação de alguns autores, incluindo, recorte de alguns clássicos, portanto, interagindo com a ideia dos autores, buscou-se um caráter didático que facilite o seu aprendizado. Para melhor compreensão organizamos o caderno em cinco aulas observe: Na Aula 1, estudaremos o conceito de mineral e conheceremos sua formação; Na Aula 2, nesta aula estudaremos sobre as principais propriedades e classi�cação dos minerais; Na Aula 3, estudaremos sobre as rochas ígneas, seu conceito, formação, local de ocorrência, classi�cação e principais propriedades macroscópicas de identi�cação; Na Aula 4, estudaremos sobre as rochas sedimentares, seu conceito, processo de formação, classi�cação e principais propriedades macroscópicas de identi�cação; e Na Aula 5, identi�caremos o conceito de rochas metamór�cas, sobre os tipos de metamor�smos, local de ocorrência, classi�cação das rochas e principais propriedades macroscópicas de identi�cação. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 13 Projeto instrucional CURSO: Técnico em Mineração ANO: 2015 PROFESSORES: Karina Suzana Feitosa Pinheiro e Victor Matos Martins IDENTIFICAÇÃO DISCIPLINA: Mineralogia e Petogra�a CARGA HORÁRIA: 45 h EMENTA: Cristais e Minerais, de�nição, classi�cação, propriedades físicas e químicas. Rochas e petrogra�a ígnea, sedimentar e metamór�ca. OBJETIVO GERAL • Identi�car os principais minerais e rochas, assim como os processos de formação. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Conhecer o conceito, formação, propriedades e classificação dos minerais; • Conhecer o conceito, formação, propriedades e classificação das rochas magmáticas; • Conhecer o conceito, formação, propriedades e classificação das rochas sedimentares; • Conhecer o conceito, formação, propriedades e classificação das rochas metamórficas. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO AULA 1 - OS MINERAIS AULA 2 – PROPRIEDADE E CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS AULA 3 - PETROGRAFIA ÍGNEA AULA 4 - PETROGRAFIA SEDIMENTAR AULA 5 - PETROGRAFIA METAMÓRFICA METODOLOGIA: O material deverá ser trabalhado de maneira concatenada, uma vez que, as aulas contemplam assuntos relacionados ao per�l mineral brasileiro e as etapas vividas na mineração. Aplicação de prática, buscando qualidade e um processo dinâmico e aprimoramento constante. O desenvolvimento dos conteúdos sistematizados em videoaulas, material impresso, interação em ambiente virtual e aulas práticas presenciais, com acompanhamento de tutores. MATERIAL MIDIÁTICO: AVA Moodle do UemaNet. TICs (fórum, chat, e-mail, listas de discussões e enquetes). Cadernos e Vídeos. AVALIAÇÃO: Processual por meio de atividades com mediação virtual e presencial de tutores, prova escrita presencial e atividades práticas no polo. Critérios básicos estão relacionados à textualidade, cienti�cidade e correção ortográ�ca. REFERENCIALBÁSICO DANA, J. D. Manual de Mineralogia revisado por C.S. Hurlbut Jr. Trad. R. R. FRANCO; Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Cientí�cos, 1976. 667p. LEINZ, V. Mineralogia e Petrogra�a para Iniciantes (Apostila didática para a Disciplina Mineralogia e Petrogra�a). Departamento de Mineralogia e Petrologia Ígnea. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003. PRESS, F.; GROTZINGER, J.; SIEVER, R.; JORDAN, T. H. Para Entender a Terra. Tradução: MENEGAT, R. (Coord.). 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 527-549. TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M. de; FAIRCHILD, T. R.; TAIOLI, F. (Orgs.). Decifrando a Terra. São Paulo: O�cina de Textos, 2010. 568 p. REFERENCIAL COMPLEMENTAR CAMPOS, J. E. S. Guia para Determinação de Minerais. 7. ed. São Paulo, Nacional, 1977. 151p. CLEMENTE, Celso A. Apontamentos de Aula da Disciplina “Geologia”. Curso de Especialização em Gerenciamento Ambiental. Universidade de São Paulo. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba, 2004. DEER, W. A.; HOWIE, R. A.; ZUSSMAN, J. Minerais Constituintes das Rochas - Uma Introdução. Trad. L.E.N. CONDE. Lisboa, CalousteGulbenkian, 1981. 558p. HOWIE, R. A.; ZUSSMAN, J. Minerais Constituintes das Rochas - Uma Introdução. Trad. L.E.N. CONDE. Lisboa, CalousteGulbenkian, 1981. 558p. LEINZ, V. Guia para determinação de minerais. São Paulo: Nacional, 1978. PERONI, Rodrigo. Mineralogia: estudo dos Minerais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Departamento de Engenharia de Minas. Apostila. Rio Grande do Sul, 2003. VAINE, Maria Elizateth E. Séri Geologia na Escola caderno 4: Rochas e Minerais como iniciar uma coleção e as características usadas na identi�cação. MINEROPAR Minerais do Paraná S/A, Curitiba, 2005. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 15 Aula 1 - OS MINERAIS Objetivos • Conhecer o conceito, formação e ocorrência dos minerais; • Identi�car a diferença entre Isomor�smo, Polimor�smo e Anisotropia; e • Conhecer sobre Cristalogra�a. 1 INTRODUÇÃO 1.1 Conceitos Importantes Segundo Motoki (2003), a superfície da Terra é geralmente coberta pelo solo. Abaixo do solo, existe a parte sólida composta principalmente de materiais silicáticos. De acordo com o tamanho e propriedades, esses materiais são classi�cados em: 1) corpo geológico; 2) rocha; 3) mineral (Figura 1). Figura 1 - Ilustração esquemática e fotogra�a de: A) corpo geológico; B) rocha, granada an�bolito; C) mineral Fonte: Motoki (2003) Aula 1 - OS MINERAIS16 Corpos geológicos são unidades que compõem a crosta, com tamanho variando de menos de 1 m até mais de 10 km, sendo estudados normalmente por meio de trabalhos de campo (Tabela 1). Tabela 1 - Diferença entre corpo geológico, rocha e mineral Unidade Tamanho exemplar Modo geral de ocorrência Estudo Metodologia do estudo Corpo 1m – 10 km Composto de uma ou mais rochas Geologia Trabalho de campo Rocha 2cm – 20 cm Composto de uma ou mais rochas Petrogra�a Estudo no laboratório Mineral 1µ - 10 mm Crista, homogêneo Mineralogia Estudo no laboratório Fonte: Motoki (2003) O estudo de corpos geológicos é denominado Geologia (stricto sensu). Rochas são materiais constituintes dos corpos geológicos, sendo tratadas em tamanho de amostras de mão, cerca de 10 cm e, estudadas em laboratórios. Muitos corpos geológicos são constituídos por um tipo de rocha, porém, existem corpos compostos de diversas rochas. As rochas são, normalmente, materiais heterogêneos, sendo compostas de várias fases. Cada fase é quimicamente homogênea, sendo denominada mineral. O tamanho dos minerais varia de micrométrico até centimétrico. 1.2 Mineralogia e Petrogra�a Os estudos especí�cos de rochas e de minerais são chamados respectivamente de petrologia e mineralogia. Mineralogia é a ciência que estuda as espécies minerais e Petrologia a que estuda as rochas. Nesta aula, estudaremos a formação, ocorrência e propriedade dos minerais que existem na Terra, assim como aprenderemos como identi�cá-los de forma prática. Na maioria das publicações de caráter não cientí�co, o corpo, a rocha e o mineral não são especi�cados, sendo chamados coletivamente de pedra. Além disso, a palavra mineral é utilizada frequentemente para representar recursos naturais subterrâneos ou materiais inorgânicos gerais. A expressão minério corresponde a determinado tipo de minerais com valor econômico, sobretudo de metais pesados, tais como minério de ferro, minério de ouro etc (MOTOKI, 2003). Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 17 Como já estudamos a Terra é formada por camadas. A mais externa, a Litosfera, é a mais importante, porque é a sede da maior parte dos fenômenos que interessam ao homem. Tem entre 50 – 100 Km de espessura e é constituída de 3 tipos de rochas: magmática ou ígnea, sedimentares e metamór�cas. A quase totalidade dessas rochas é constituída de espécies minerais. Por exemplo, granitos (magmáticas) são formados pelos minerais: quartzo, feldspato ortoclásio, feldspato plagioclásios, biotita, apatita etc.; arenitos (sedimentares) de: quartzo, argilas, magnetita, zirconita etc.; mármore (metamór�cas) de: calcita, dolomita etc. Dessa forma, a litosfera é constituída quase inteiramente de espécies minerais. A parte da litosfera que não é constituída de espécies minerais (matéria orgânica e matéria vítria) é de volume insigni�cante em relação ao total. Além da importância que decorre de sua amplitude, Mineralogia é a ciência básica para estudo de Petrologia, Geologia e Solos, cujos fenômenos não podem ser compreendidos sem base mineralógica. Por outro lado, muitas espécies minerais têm grande importância por seu valor econômico, tecnológico e cientí�co. Mineralogia é uma ciência necessariamente ligada ao desenvolvimento da civilização, como de resto tem mostrado a História e a Pré-História. 2 CONCEITO, FORMAÇÃO E OCORRÊNCIA DOS MINERAIS 2.1 Conceito de Mineral Espécie mineral ou substância mineral ou simplesmente, mineral, é qualquer substância inorgânica, de ocorrência natural, com composição química de�nida e que possui estrutura cristalina (Figura 2). Aula 1 - OS MINERAIS18 Figura 2 - Conceito de Mineral Fonte: Vaine (2005) Uma espécie mineral, segundo Press et. al. (2006), se de� ne, por 4 condições, necessárias e su� cientes, sendo: a) Caráter inorgânico: as substâncias orgânicas estão excluídas do conceito (como a pérola), não obstante algumas espécies minerais possam ter origem orgânica, como calcita (CaCO3); b) Ocorrência natural: toda espécie mineral encontrando-se espontaneamente na natureza, excluindo-se os produtos arti� ciais. Por exemplo, CaSO4 produzido arti� cialmente é sulfato de cálcio, mas, encontrado na natureza, é uma espécie mineral anidrita; Segundo Teixeira (2000), como regra geral, substâncias sintéticas feitas pelo ser humano por síntese no laboratório ou os produtos resultantes de combustão ou os formados a partir de matérias arti� cias, mesmo com a ação do ar ou da água, não são considerados minerais embora apresentam todas as características de seus equivalentes naturais, e sua síntese possa ajudar a entender o processo de formação dos minerais nos diferentes ambientes geológicos. Por exemplo, enquanto o rubi natural é mineral, o rubi sintético não o é. Entretanto, como se vê, na prática os compostos sintéticos recebem os mesmos nomes dos equivalentes naturais. Em alguns textos, vê-se o termo “mineral sintético” o que é, estritamente, um contrassenso. Uma pérola (também designada por margarita) é um material orgânico duro e esférico produzido por alguns moluscos, as ostras, em reaçãoa corpos estranhos que invadem o seu organismo, como um grão de areia. É valorizada como gema e trabalhada em joalharia. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 19 c) Composição química: toda espécie mineral tem composição química de�nida, podendo ser formado por átomos de um mesmo elemento químico como diamante (C), ouro (Au) e enxofre (S); ou podendo ser formado por átomos de diferentes elementos químicos, como por exemplo: calcita (CaCO3), quartzo (SiSO2), ortoclase (KAlSi3O8). A maior parte das espécies minerais importantes em, todavia, a sua composição química variável dentro de certos limites; Segundo Teixiera (2000), na composição química do quartzo (SiO2), um átomo de silício combina com dois de oxigênio, qualquer que seja o tipo de ambiente geológico em que o quartzo se forme. Já na composição do mineral olivina (Mg, Fe)2.SiO4 – mineral incomum nas rochas da superfície terrestre, cujo membro magnesiano, no entanto, deve formar parte importante das rochas do interior da Terra. As relações que se mantêm, com dois átomos, a quantidade de silício, com um átomo, e a de oxigênio, com quatro átomos. A composição química das olivinas pode variar entre dois átomos de ferro e zero de magnésio e dois de magnésio e zero de ferro, sempre com um átomo de silício e quatro de oxigênio, formando uma série de minerais que fazem o grupo das olivinas. d) Estrutura sólida cristalina: os minerais são substâncias sólidas - não são líquidos nem gases. Quando dizemos que um mineral é cristalino, queremos nos referir ao fato de que as minúsculas partículas de matéria, ou átomos, que o compõem estão dispostas em um arranjo tridimensional ordenado e repetitivo. Os materiais sólidos que não têm um arranjo ordenado desse tipo são considerados vítreos ou amorfos (sem forma) e por convenção não são considerados minerais. O vidro de janela é amorfo, como também alguns vidros naturais formados durante as erupções vulcânicas. Substâncias inorgânicas de ocorrência natural e composição química de�nida que não possuem estrutura cristalina, isto é, sem arranjo ordenado de suas partículas, são chamadas mineraloides. É o caso, por exemplo, da opala, SiO2.nH2O (sílica amorfa). O fato de a de�nição de mineral destacar o termo cristalizado, para esses materiais, signi�ca que eles têm um arranjo interno tridimensional. Os átomos constituintes de um mineral encontram-se distribuídos ordenadamente, Aula 1 - OS MINERAIS20 formando uma rede tridimensional (o retículo cristalino), gerada pela repetição de uma unidade atômica ou iônica fundamental que já tem as propriedades físico-químicas do mineral completo. Esta unidade que se repete é a cela unitária, o tijolo, que vai servir de base para a construção do retículo cristalino onde cada átomo ocupa uma posição de�nida dentro da cela unitária. As Figuras 3 e 4 mostram a cela unitária do mineral halita. Figura 3 - Cela unitária: estrutura do cloreto de sódio Fonte: Teixeira et al. (2000) e Press et al. (2006) Figura 4 - Cela Unitária do Mineral Halita Fonte: http://www.geoturismobrasil.com Ressaltamos, ainda, que a estrutura cristalina é o padrão geométrico que os átomos assumem em um sólido (mineral). As superfícies planas de um cristal são manifestações externas da estrutura cristalina, dos arranjos estruturais (cristalinos) internos. Os minerais que advém de um processo lento de formação crescem por cristalização e formam uma estrutura cristalina, tendendo a apresentar uma forma poliédrica compatível com o arranjo atômico interno quando há espaço disponível para seu crescimento. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 21 Devido à estrutura interna, muitos minerais apresentam propriedades importantes: Isomor�smo: são minerais que possuem estrutura cristalina semelhante, mas composição química variável de tal forma que duas ou mais substâncias com mesma função química e mesmo tipo de retículo cristalino e ainda volumes atômicos aproximados formam cristais de mistura de diferentes proporções (TEIXEIRA et al., 2000), Figura 5. A tolerância máxima de mistura num mineral é de 15% ou seja, um mineral pode apresentar no máximo 15% de elementos estranhos à sua composição química “o�cial”. Acima de 15%, já é considerado isomor�smo. Ex. Série albita-anortita (calcitae siderita). Figura 5 - Isomor�smo (Calcita e Siderita) Fonte: http://webeduc.mec.gov.br Polimor�smo: fenômeno pelo qual uma substância ocorre com aspectos estruturais diferentes, variando suas propriedades físicas (TEIXEIRA et al., 2000). O exemplo mais famoso é o do diamante e do gra�te (Figura 6). Diamante: transparente, incolor, dureza 10, denso, e a Gra�te: opaco, preto, dureza 1,5, menos denso. Os dois têm por composição química o carbono, mas no diamante há uma rede cúbica e no gra�te uma rede hexagonal: logo, as variações nas propriedades devem-se à característica do retículo cristalino. Temos, assim, os minerais Dimorfos (com duas formas diferentes), e os Trimorfos (com três formas diferentes): Exemplos: FeS2: pirita (cúbica, dureza 6, densidade 5) marcassita (ortorrômbica, dureza 6, dens. 4,85) CaCO3: calcita (trigonal, dureza 3, dens. 2,71) aragonita (ortorrômbica, dureza 3,5, dens. 2,95) SiO2: quartzo, tridimita e cristobalita TiO2: rutilo, anatásio e brookita. Aula 1 - OS MINERAIS22 Figura 6 - Polimor�smo: Diamante e Gra�te Fonte: http://webeduc.mec.gov.br 2.2 Matéria Cristalina e Matéria Amorfa: Anisotropia Toda a matéria mineral que ocorre na litosfera apresenta-se em um de dois estados, de propriedades radicalmente distintas: cristalino e amorfo. Como todas as espécies minerais possuem estrutura cristalina, pode-se a�rmar que praticamente toda a litosfera apresenta-se no estado cristalino. Compreende- se, então, o signi�cado que assume para Mineralogia (e, portanto, para Petrologia, Geologia e Solos) o estudo das propriedades da matéria cristalina. Para conceituar matéria cristalina e matéria amorfa, é necessário estabelecer a noção de anisotropia. Vamos, então, entender as propriedades físicas escalares e vetorias, para entendermos sobre anisotropia. Sejam L1 e L2 duas laminas de mesmas dimensões e mesma composição química (SiO2), a primeira de quartzo (matéria cristalina) e a segunda vidro (matéria amorfa), recobertas por uma camada de cera ou para�na. Encostando- se sobre cada uma das placas a ponta de um estilete aquecido, observa-se que a cera derrete segundo �guras diferentes: na placa de vidro a superfície derretida forma um círculo, ou seja: igual em todas as direções, como um Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 23 todo na placa de vidro (Figura 7. A) e na placa de quartzo uma elipse, ou seja, derrete segundo uma direção especí�ca (Figura 7. B). Figura 7 - Comportamento da cera derretida na placa de vidro (A) e na placa de quartzo (B) Fonte: Abrahão et al. (1984) Essa experiência simples mostra uma diferença fundamental no comportamento dos dois tipos de matéria com relação à propagação de calor: No vidro o calor propaga-se com a mesma facilidade em todas as direções e no quartzo a propagação varia de uma direção para outra. É necessário, então, que se associe a direção à propagação do calor, isto é, a velocidade de propagação é V1 na direção 1, V2 na direção 2 etc. Todas as propriedades que exigem a associação de uma direção a sua grandeza são chamadas propriedades físicas vetoriais. É o caso da propagação da luz, a coesão, a velocidade de corrosão, as propriedades elétricas e magnéticas etc. Já as propriedades que independem da introdução de uma direção são chamadas propriedades físicas escalares. É o caso dedensidade, calor de fusão etc. Diante disto, podemos agora compreender melhor sobre anisotropia. Anisotropia é a propriedade mediante a qual as propriedades vetoriais variam de uma direção para outra (LEINZ, 2006). Um corpo pode ser anisótropo ou isótropo em relação a uma propriedade vetorial. É anisótropo quando essa propriedade varia de uma direção para outra e isótropo quando essa propriedade é constante em todas as direções (PERONI, 2003). Um corpo pode ser anisótropo em relação a uma propriedade vetorial e isótropo em relação à outra. Por exemplo, halita (NaCl) é um mineral anisótropo em relação a coesão e isótropo em relação a propagação da luz. Aula 1 - OS MINERAIS24 Um corpo está no estado cristalino (matéria cristalina) quando é anisótropo em relação a pelo menos uma propriedade vetorial. Via de regra, a anisotropia da matéria cristalina se revela com relação a mais de uma propriedade vetorial: Quartzo, por exemplo, é anisótropo em relação às propriedades térmicas, elétricas, óticas etc. Um corpo está no estado amorfo ou vítreo (matéria amór�ca ou vítria) quando é isótropo em relação a qualquer propriedade vetorial. Dá-se o nome genérico de vidro a matéria mineral amorfa. Há rochas constituídas interiormente de matéria mineral amorfa, como obsidiana e pedra pomes, e são chamadas de vidros naturais. Sempre que a matéria cristalina perde sua anisotropia transforma-se em matéria amorfa. Assim, qualquer espécie mineral, se fundida e resfriada rapidamente, transforma-se em vidro. Com efeito, se matérias cristalinas de composição C1, C2, .... são levadas ao estado amorfo, transformam-se em vidros de composição C1, C2, .... É possível, também, que um vidro adquira anisotropia, o que se pode obter com fusão seguida de resfriamento lento ou através de grandes pressões. Qualquer processo que imprima anisotropia a matéria amorfa é chamado de vitri�cação. Todas as espécies minerais exibem anisotropia, cujas manifestações variam de uma espécie para outra. Também a intensidade da anisotropia pode variar. Por exemplo, a diferença de velocidade de propagação da luz existe tanto para quartzo (SiO2) como para calcita (CaCO3), mas é muito menor no quartzo do que na calcita. As diferenças de manifestações de anisotropia são, assim, frequentemente utilizadas para a identi�cação de espécies minerais. Citam- se, como manifestações da anisotropia: ocorrência de formas poliédricas, clivagem, dureza, �guras de corrosão, �guras de percussão, �guras de risco, dupla refração e outras. 2.3 Cristais Na natureza, os cristais perfeitos dos minerais são raros e consequentemente constituem as joias do reino mineral. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 25 A palavra “cristal” deriva do grego e signi�ca “gelo” e foi empregada originalmente para designar cristal de rocha ou quartzo, o qual se acreditava ser gelo petri�cado. Ainda hoje se emprega o termo cristal para qualquer quartzo transparente e incolor e para o vidro com chumbo empregado para fabricação de copos, vasos etc. Há várias de�nições para cristal, tais como: “Cristal é um poliedro convexo limitado por faces planas e arestas retilíneas” (DANA, 1976); “Cristal é um sólido homogêneo com ordem interna regular dos átomos ou íons constituintes” (LEINZ, 1978); “Cristal é uma substância anisotrópica em relação às propriedades físicas vetoriais, das quais alguma é descontínua (VAINE, 2005).” Quanto à primeira de�nição, ela é considerada incompleta na atualidade. Isto devido às superfícies planas que limitam alguns cristais serem apenas consequência do arranjo interno tridimensional ordenado das unidades atômicas. Somente quando o cristal tem espaço para crescer em todas as direções é que se desenvolvem as suas faces. A maioria apesar do contorno irregular não deixa de ser cristalino. Mesmo um cristal de faces bem formadas não deixará de ser cristalino, se por algum acidente qualquer, ele se quebrar em vários fragmentos irregulares. Portanto, as faces planas não são o pré- requisito indispensável para que um sólido seja cristalino. Na segunda de�nição, como ocorre nos gases, líquidos e vidros, ocorre também nas substâncias amorfas uma distribuição desordenada e aleatória das partículas químicas constituintes. Estes são, assim, isótropos em relação às propriedades físicas. Isto é, as propriedades físicas apresentam estatisticamente o mesmo valor em qualquer direção considerada. Nos cristais ocorre uma anisotropia em relação às propriedades físicas vetoriais e geométricas, isto é, o valor destas propriedades varia com a direção nas quais elas são medidas como consequência do arranjo tridimensional ordenado das unidades constituintes. Porém, isto não signi�ca que os cristais são anisotrópicos em relação a todas as propriedades físicas vetoriais. Por exemplo, cristais do sistema cúbico são isótropos em relação à velocidade de propagação da luz, mas são anisotrópicos em relação a outras propriedades físicas vetoriais como a dureza. Aula 1 - OS MINERAIS26 Na terceira de�nição é considerada apenas a anisotropia e não os caracteres morfológicos para a caracterização de um cristal. De acordo com esta de�nição os cristais são anisotrópicos em relação às propriedades físicas vetoriais, das quais alguma é descontínua. Entende-se por propriedade física vetorial descontínua a propriedade que sofre uma brusca e grande variação ao se passar de uma direção de propagação para outra vizinha. Exemplo, a velocidade de crescimento do cristal. Se um cristal fosse isótropo para a velocidade de crescimento ele seria esférico. Se a velocidade de crescimento fosse uma propriedade física vetorial contínua o cristal seria, por exemplo, um elipsoide de rotação. Mas os cristais, quando as condições de crescimento forem adequadas, são poliedros de faces planas, que re�ete a descontinuidade desta propriedade. Portanto, entende-se como cristal um mineral que é um sólido no qual os constituintes, sejam eles átomos, moléculas ou íons, estão organizados num padrão tridimensional bem de�nido, que se repete no espaço, formando uma estrutura com uma geometria especí�ca. Mais comumente os minerais se apresentam como massas irregulares. No entanto, a cristalinidade destas amostras de minerais também pode ser reconhecida de outras formas, por meio de suas propriedades ópticas, por exemplo. Compreendemos então: que um cristal é um mineral, mas nem todo mineral é um cristal. Para ser um mineral a substância tem que ter um arranjo tridimensional cristalino, mas quando esse arranjo cristalino possibilita a formação de uma estrutura com uma forma geométrica conhecida, aí sim este é um cristal. 2.4 Ligações Atômicas O conhecimento da estrutura dos átomos permite-nos predizer como os elementos químicos irão reagir uns com os outros, formando novas estruturas cristalinas. O núcleo: prótons e nêutrons: No centro de cada átomo há um núcleo denso, no qual está contida virtualmente toda a massa do átomo, e que é composto Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 27 de dois tipos de partículas: prótons e nêutrons (Figura 8). O próton tem uma carga elétrica positiva +1. O nêutron é eletricamente neutro - isto é, sem carga. Os átomos de um mesmo elemento químico podem ter diferentes números de nêutrons, mas o número de prótons não varia. Por exemplo, todos os átomos de carbono têm seis prótons. Elétrons: circundando o núcleo há uma nuvem de partículas movimento, os elétrons, cada qual com uma massa tão pequena que, por convenção, é considerada de valor zero. Cada elétron tem uma carga elétrica -1. O número de prótons de qualquer átomo é balanceado pelo mesmo número de elétrons danuvem que circunda o núcleo; portanto, um átomo é eletricamente neutro. Assim, o núcleo de um átomo de carbono é circundado por seis elétrons (Figura 8). Figura 8 - Estrutura eletrônica do átomo de carbono 12 Fonte: Press et al. (2006) As forças que ligam entre si as partículas componentes dos sólidos cristalinos são de natureza elétrica. A espécie e a intensidade dessas forças são de grande importância na determinação das propriedades físicas e químicas dos minerais. As propriedades que iremos estudar como: dureza, a clivagem, a fusibilidade, a condutibilidade elétrica e térmica e o coe�ciente de expansão térmica estão diretamente relacionados com a natureza das forças de ligação. Em geral, quanto mais forte a ligação, tanto mais duro o cristal, tanto mais alto seu ponto de fusão e tanto menor seu coe�ciente de expansão térmica. Os átomos que constituem os minerais se mantêm unidos em uma estrutura cristalina por meio de ligações atômicas. Aula 1 - OS MINERAIS28 Basicamente, resumidas em quatro tipos principais de ligação: Ligação iônica (metal com não metal): Comparando-se a atividade química dos elementos com a con�guração de suas camadas exteriores de elétrons, chega-se à conclusão que todos os átomos têm forte tendência de completar uma con�guração estável da camada exterior. O resultado da atração mútua entre cátions e ânions, é a formação de compostos estáveis. ex.NaCl (Na tende a perder elétrons e se tornar cátion enquanto o Cl tende a captar elétrons e se tornar ânion), Figura 9. Figura 9 - O sal de cozinha, NaCI, é formado pela ligação ionica entre átomos de cloro e de sódio Fonte: Press et al. (2006) Ligação covalente (não metal com não metal): resulta da ligação, compartilhamento, de elétrons entre núcleos positivos. Essa ligação é a mais forte das ligações químicas, os minerais assim ligados caracterizam-se por insolubilidade geral, grande estabilidade e pontos de fusão e de ebulição muito altos (ex. diamante cada átomo de C tem 4 elétrons na camada de valência que são compartilhados com 4 átomos adjacentes formando uma estrutura extremamente resistente em termos de atração resultando em material de alta dureza), Figura 10. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 29 Figura 10 - Ligação Covalente no Diamante Fonte: Press et al. (2006) Ligação metálica: nesse tipo de ligação, que acontece com os metais, os átomos se mantêm unidos numa disposição por grande força de atração os metais. Nas ligações metálicas, os elétrons da última camada de um grupo de átomos são fracamente atraídos pelo núcleo de seus átomos, deslocando-se entre os diversos núcleos do grupo atômico. Dessa forma, os átomos perdem elétrons, tornando-se cátions. São os elétrons desse tipo de ligação, que possuem certa liberdade de movimento, que explicam muitas propriedades dos metais tais como condutividade elétrica, condutividade térmica, plasticidade, tenacidade e ductibilidade. Ligação de Van Der Waals: ligação mais fraca que as anteriores resultado de atração eletrostática entre íons, ex. gra�te (cada átomo é unido por ligação covalente a outros 3 átomos em cada plano de “foliação” porém os planos são unidos por fracas ligações de Van Der Waals, por isso a baixa resistência a ruptura do gra�te). Cristais com mais de um tipo de ligação entre as substâncias minerais que ocorrem naturalmente, é rara a presença de um tipo de ligação único. Quando isso acontece, o cristal participa das propriedades dos diferentes tipos de ligação representadas, resultando muitas vezes em propriedades fortemente direcionais. Exemplo: gra�ta, ligação covalente forte dentro das camadas e ligação fraca de van der walls entre as camadas. Micas, compostas por camadas Aula 1 - OS MINERAIS30 de tetraedros de sílica fortemente ligados com ligação iônica relativamente fraca unindo as camadas bem observadas pelos planos de clivagem bem de�nidos. 2.5 Cristalogra�a A Cristalogra�a estuda a origem, desenvolvimento e classi�cação dos cristais naturais – os minerais que exibem formas externas geométricas –e arti�ciais. E na Cristalogra�a estuda-se a simetria externa do cristal que é representada por elementos abstratos de cristalogra�a: eixo, plano e centro. O entendimento destes é de grande importância para a classi�cação dos cristais. Eixo Cristalográ�co Denominamos eixos cristalográ�cos a um conjunto de linhas imaginárias paralelas às arestas limitantes das principais faces de um cristal, e que se interceptam no centro da cela unitária, Figura11. Em outras palavras, podemos entender que o eixo são linhas imaginárias que passam pelo centro geométrico do cristal e ao redor da qual, num giro total de 360 oC, uma feição geométrica do cristal se repete certo número de vezes, Figura 11. Figura 11 - Eixos Cristalográ�cos de um cristal hipotético Fonte: http://cristal.iqsc.usp.br/�les/Eixos-e-Sistemas.pdf Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 31 Eixos cristalográ�cos de um cristal hipotético. No exemplo acima, os três eixos são perpendiculares uns aos outros (a – b – c). O eixo a é horizontal e está orientado no sentido do fundo para a frente da �gura; o eixo b também é horizontal e orientado no sentido da esquerda para a direita, e �nalmente, o eixo c é vertical e orientado no sentido de baixo para cima. As extremidades dos eixos, segundo suas orientações, recebem um sinal + (positivo) ou – (negativo), conforme �gura. Plano de Simetria Conhecer um plano de simetria no cristal é visualizar uma superfície que o corta em duas metades iguais, simétricas, Figura 12. Centro de Simetria O Centro de simetria é um ponto de simetria coincidente com o centro geométrico do cristal, em relação à quais feições geométricas do cristal se invertem. A Figura 12 é um resumo desses elementos de simetria. Figura 12 - Eixo, plano e centro de simetria de um cristal Fonte: http://cristal.iqsc.usp.br/�les/Eixos-e-Sistemas.pdf Aula 1 - OS MINERAIS32 Sistemas de Cristalinos O Conjunto dos possíveis elementos de simetria encontrados em um cristal é chamado de grau ou classe de simetria ou grupo pontual. Existem, na natureza, apenas 32 graus de simetria (que estudaremos mais adiante), agrupados de acordo com a similaridade de seus elementos de simetria em sete sistemas cristalinos, do mais simétrico ao menos simétrico. Desta forma, compreendemos, que os cristais de uma mesma substância nem sempre têm igual forma e o mesmo número de faces, nem estas apresentam sempre a mesma forma. Apesar da sua grande variedade, há entre as diferentes formas cristalinas relações estreitas estabelecidas por leis fundamentais: - a lei da constância dos ângulos; - a lei da racionalidade ou lei dos parâmetros; - a lei das zonas; e - a lei da simetria, segundo a qual os cristais da mesma espécie apresentam sempre a mesma simetria, independentemente das formas que os constituem. Os sistemas cristalinos são de�nidos por 3 eixos a, b e c e pelos ângulos interaxiais α, β e γ e seus complementos λ, µ e ν, mostrados na Figura 13. Eixos cristalográ�cos são direções que passam pelo centro do cristal e que servem como eixos de referência para orientação e notação dos elementos simetria do cristal. Figura 13 - Eixos cristalográ�cos e ângulo interaxiais. Fonte: http://cristal.iqsc.usp.br/�les/Eixos-e-Sistemas.pdf Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 33 Os 32 grupos pontuais, ao qual falamos anteriormente, podem ser agrupados em 7 sistemas cristalinos, baseado na relação entre os eixos e os ângulos interaxiais. - Sistema Triclínico; - Sistema Monoclínico; - Sistema Ortorrômbico; - Sistema Tetragonal; - SistemaCúbico; - Sistema Hexagonal e - Sistema Trigonal. A escolha dos eixos cristalográ�cos segue os seguinte critérios 1. Sempre que possível, os eixos cristalográ�cos são perpendiculares entre si; 2. Sempre que possível, devem coincidir com eixos de simetria ou direções perpendiculares a planos de simetria; 3. Na ausência de elementos de simetria, os eixos cristalográ�cos são posicionados paralelamente a arestas proeminentes do cristal; 4. Sempre que possível, a < b < c. As principais características desses sistemas são: Sistema cúbico ou isométrico: é aquele em que todos os cristais possuem quatro eixos ternários de simetria e os eixos cristalográ�cos possuem comprimentos iguais e são perpendiculares entre si (Figura 14). Os grupos pontuais 432, 23, m3m, m3 e 4 3m, apresentam um ângulo de 54o 34” entre as direções de simetria de ordem 3 e de ordem 2 ou 4, que determinam que estes grupos pertencem ao sistema cúbico. O eixo de ordem 3, na diagonal de corpo, é denominado guia do cubo (Figura 14). Escolhendo então as três direções de ordem 4 ou de ordem 2, relacionadas simetricamente pelo eixo de ordem 3, como direções de eixos cristalogra�cos teremos: 3 eixos de ordem 2 ou 4 perpendiculares entre si ⇒ α = β = γ = 90o 3 eixos estão relacionados através do eixo de ordem 3 ⇒ a = b = c Figura 14 - Sistema Cúbico Fonte: http://cristal.iqsc.usp.br/�les/Eixos-e-Sistemas.pdf Aula 1 - OS MINERAIS34 Sistema hexagonal: é aquele em que todos os cristais possuem: ou um eixo ternário de simetria, ou um eixo senário de simetria. Possuem 04 eixos cristalográ�cos; sendo 03 horizontais, com comprimentos iguais, cruzando-se em ângulos de 120°; o quarto eixo cristalográ�co é o vertical, cujo comprimento é diferente dos demais. Os grupos pontuais 6, 6, 6/m, 622, 6/mmm, 6mm e 6 m2 de�nem o sistema hexagonal (Figura 15a), e os grupos 3, 3 , 32, 3m e 3m de�nem o sistema trigonal (Figura 15b). Figura 15 - a) Sistema Hexagonal e b) Sistema Trigonal Fonte: http://cristal.iqsc.usp.br/�les/Eixos-e-Sistemas.pdf Nestes dois casos, os eixos de ordem 6 ou 3 são escolhidos como a direção do eixo cristalográ�co c e as outras duas direções (a e b) devem ser escolhidas conforme as direções marcadas em vermelho na Figura 16 e reproduzidas na Figura 15, as quais correspondem a direções de eixos de ordem 2 ou normais a planos. Figura 16 - Sistema de eixos para os sistemas hexagonal e trigonal Fonte: http://cristal.iqsc.usp.br/�les/Eixos-e-Sistemas.pdf Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 35 Escolhendo 2 direções positivas para os eixos a e b ⇒ α = β = 90o γ = 120o O eixo de ordem 6 ou 3 iguala as outras 2 direções ⇒ a = b ≠ c Sistema tetragonal: todos os cristais desse sistema têm a característica de possuírem um eixo quaternário de simetria. Possuem 03 eixos cristalográ�cos perpendiculares entre si, sendo os dois horizontais de comprimentos iguais e o vertical de comprimento diferente. Os grupos pontuais 4, 4, 4/m, 422, 4/mmm, 4mm e 4 m2, de�nem o sistema tetragonal, Figura 17. Nestes grupos temos em comum um eixo de ordem quatro, com duas direções perpendiculares, ou seja, dois de ordem 2 (422, 4/ mmm, 4 m2) ou duas normais a planos de simetria (4mm) ou duas direções de arestas (4, 4, 4/m). Portanto: 3 direções perpendiculares entre si ⇒ α = β = γ = 90o eixo de ordem 4 na direção do eixo c ⇒ a = b ≠ c Figura 17 - Sistema tetragonal Fonte: http://cristal.iqsc.usp.br/�les/Eixos-e-Sistemas.pdf Sistema ortorrômbico: a característica comum a todos os cristais deste sistema é apresentarem, ao menos, um eixo binário de simetria. Possuem 03 eixos cristalográ�cos perpendiculares entre si, todos com comprimentos diferentes (Figura 18). Os grupos pontuais 222, mmm e mm2 de�nem o sistema ortorrômbico, Figura 16. Nestes três grupos temos três direções perpendiculares entre si (3 eixos de ordem 2 ou 1 eixo de ordem 2 duas normais a planos) para de�nir os eixos cristalográ�cos. Aula 1 - OS MINERAIS36 Portanto: 3 direções perpendiculares entre si ⇒ α = β = γ = 90o Não existe relação de igualdade entre direções ⇒ a ≠ b ≠ c Figura 18 - Sistema ortorrômbico Fonte: http://cristal.iqsc.usp.br/�les/Eixos-e-Sistemas.pdf Sistema monoclínico: os cristais caracteristicamente apresentam apenas um eixo de simetria (binário), ou um único plano de simetria, ou a combinação de ambos. Possuem 03 eixos cristalográ�cos, todos com comprimentos diferentes. Dois eixos formam um ângulo oblíquo entre si, e o terceiro eixo é perpendicular ao plano formado pelos dois anteriores. Os grupos pontuais 2, m e 2/m de�nem o sistema monoclínico, Figura 5. Estes grupos apresentam apenas uma direção de simetria, um eixo de ordem 2 ou a normal ao plano. As outras duas direções são escolhidas coincidindo com direções de arestas, OS e OT são demonstrados na Figura 19. Figura 19 - Sistema monoclínico Fonte: http://cristal.iqsc.usp.br/�les/Eixos-e-Sistemas.pdf Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 37 Se a direção de simetria for a direção do eixo c ⇒ α = β = 90o γ≠ 90o Se a direção de simetria for a direção do eixo b ⇒ α = γ = 90o β ≠ 90o Não existe relação de igualdade entre direções ⇒ a ≠ b ≠ c Sistema triclínico: seus cristais caracterizam-se pela ausência de eixos ou planos de simetria. Possuem três eixos cristalográ�cos com comprimentos desiguais e oblíquos entre si (Figura 20). Os grupos pontuais 1 e 1 de�nem o sistema triclínico, Figura 20. Neste caso: Eixos escolhidas coincidindo com direções de arestas ⇒ α ≠ β ≠ γ ≠ 90o Não existe relação de igualdade entre direções ⇒ a ≠ b ≠ c Figura 20 - Sistema triclínico Fonte: http://cristal.iqsc.usp.br/�les/Eixos-e-Sistemas.pdf A Tabela 2 e a Figura 21 e 22 resumem os sistemas cristalográ�cos. Tabela 2 - Seis sistemas cristalográ�cos de minerais Sistema Simetria Forma exemplar Exemplos Isotrópico a0=b0=c0, α=β=ϒ=90º Cúbica Pirita, diamante, granada Tetragonal a0=b0≠c0, α=β=ϒ=90º Coluna quadrada Zircão, rutilo Otorrômbico a0≠b0≠c0, α=β=ϒ=90º Paralelepípedo Olivina, ortopiroxênio Monoclínico a0≠b0≠c0, α= ϒ=90º ≠β Paralelepípedo inclinado Clinopiroxênio, ortoclásio Triclínico a≠b≠c, α≠β≠ϒ Paralelepípedro paralelogonal plagioclásio Hexagonal a0≠c0, α= β, ϒ=120º Coluna hexagonal Quartzo, coríndon, biotíta Fonte: Motoki (2003) Aula 1 - OS MINERAIS38 Figura 21 - Sistemas cristalinos: A) isotrópico; B) tetragonal; C) ortorrômbico; D) monoclínico; E) triclínico; F) hexagonal Fonte: Motoki (2003) Figura 22 - Sete Sistemas Cristalinos Fonte: http://pt.slideshare.net/ungcienciasbiologicas/apostila-completa-mineralogia- 2011-2-semestre Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 39 2.6 Formação dos Minerais Uma maneira de se começar um processo de cristalização é diminuir a temperatura de um líquido abaixo de seu ponto de congelamento. Para a água, por exemplo, O°C é a temperatura abaixo da qual os cristais de gelo, que é um mineral, começam a se formar. Da mesma forma, um magma - que é uma rocha líquida derretida quente - cristaliza minerais sólidos à medida que se resfria. Quando a temperatura de um magma cai abaixo do seu ponto de fusão, que pode ser mais alto que 1.000°C, os cristais de silicatos como a olivina ou o feldspato começam a se formar. (Os geólogos normalmente utilizam ponto de fusão de magmas em vez de ponto de congelamento, pois esta palavra, em geral, implica temperaturas baixas.) Outro conjunto de condições capaz de produzir cristalização é aquele que ocorre quando os líquidos de uma solução evaporam. Uma solução forma-se quando urna substância química é dissolvida em outra, corno o sal na água. À medida que a água evapora de urna soluçãosalina, a concentração de sal torna-se tão alta que a solução é dita saturada - não pode mais conter sal. Se a evaporação continuar, o sal começa a precipitar, isto é, abandona a solução sob a forma de cristais. Depósitos de halita, que é o sal de cozinha, formam-se exatamente nessas condições, ou seja, quando a água do mar evapora até o ponto de saturação, em baías ou braços de mares de climas quentes e áridos. O diamante e a gra�ta (que é usada na fabricação de lápis) exempli�cam os efeitos dramáticos que a temperatura e a pressão podem exercer na cristalização de minerais. Esses dois minerais como já estudamos são polimorfos, ou seja, estruturas alternativas de um único composto químico. Ambos são formados por carbono têm diferentes estruturas cristalinas e sua aparência é, também, bastante diversa. A partir de experimentos e da observação geológica, sabemos que o diamante forma-se e mantém-se estável nas altas pressões e temperaturas do manto terrestre. A alta pressão do manto força os átomos do diamante a �carem Aula 1 - OS MINERAIS40 fortemente empacotados e, portanto, o diamante tem uma densidade (massa por unidade de volume) de 3,5 g/cm3, maior que a da gra�ta, que tem um empacotamento menos fechado e uma densidade de apenas 2,lg/cm3. A gra�ta forma-se e permanece estável em pressões e temperaturas moderadas, tais como as da crosta terrestre. As baixas temperaturas também podem produzir empacotamentos densos. ° quartzo e a cristobalita são polimorfos de sílica (Si02). ° quartzo forma-se em baixas temperaturas e é relativamente denso (2,7 g/cm3). A cristobalita, que se forma em temperaturas mais altas, tem uma estrutura mais aberta e, portanto, é menos densa. Resumo Nesta aula, estudamos que, abaixo do solo, na superfície da Terra existe a parte sólida composta principalmente de materiais silicáticos, e de acordo com o tamanho e propriedades, esses materiais são classi�cados em: corpo geológico, rocha e mineral. Entendemos que corpos geológicos são unidades que compõem a crosta, com tamanho variando de menos de 1 m até mais de 10 km, sendo estudados normalmente por meio de trabalhos de campo. E que as rochas são agregadas de minerais. Sendo um mineral, qualquer substância inorgânica, de ocorrência natural, com composição química de�nida e que possui estrutura cristalina. No estudo dos minerais, identi�camos fenômenos importantes como: polimor�smo e isomor�smo. Sendo polimor�smo fenômeno pelo qual uma substância ocorre com aspectos estruturais diferentes, variando suas propriedades físicas, como exemplo mais famoso é o do diamante e do gra�te; e isomor�smo, fenômeno em que os minerais possuem estrutura cristalina semelhante, mas composição química variável de tal forma que duas ou mais substâncias com mesma função química e mesmo tipo de retículo cristalino e ainda volumes atômicos aproximados formam cristais de mistura de diferentes proporções. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 41 Observamos que a Mineralogia é a ciência que estuda as espécies minerais e Petrologia a que estuda as rochas, e que a Petrogra�a se preocupa com a descrição das rochas conforme suas propriedades físicas e químicas. Nesta aula, conhecemos a Cristalogra�a, que estuda a origem, desenvolvimento e classi�cação dos cristais naturais – os minerais que exibem formas externas geométricas – e arti�ciais. E identi�camos que na Cristalogra�a estuda-se a simetria externa do cristal que é representada por elementos abstratos de cristalogra�a: eixo, plano e centro. E na Cristalogra�a, entendemos que o conjunto dos possíveis elementos de simetria encontrados em um cristal é chamado de grau ou classe de simetria ou grupo pontual, e que na natureza, existem apenas 32 graus de simetria. Conhecemos ainda, as condições para a formação de um mineral, sendo uma delas a partir da diminuição da temperatura de um líquido, que proporciona a cristalização, assim como, através do resfriamento do magma, dentre outras. Atividade de aprendizagem 1 Explique o conceito de mineral com relação a sua ocorrência inorgânica. Cite exemplo. 2 Explique a diferença entre Isomor�smo e Polimor�smo. Não se esqueça de exempli�car. 3 Identi�camos que na Cristalogra�a estuda-se a simetria externa do cristal que é representada por elementos abstratos de cristalogra�a: eixo, plano e centro. Explique estes elementos abstratos. Ilustre para melhor entendimento. Aula 1 - OS MINERAIS42 Referências ABRAHÃO, Ibrahim O.; CAMPOS, Douglas A. F.; MARCONI, Arary. Mineralogia e Petrogra�a (Apostila da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz). Departamento de Solos e Geologia. Universidade de São Paulo. Piracicaba: 1984. DANA, J. D. Manual de Mineralogia revisado por C.S. Hurlbut Jr. Trad. R. R. FRANCO; Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Cientí�cos, 1976. 667p. LEINZ, V. Guia para determinação de minerais. São Paulo: Nacional, 1978. __________ (2003). Mineralogia e Petrogra�a para Iniciantes (Apostila didática para a Disciplina Mineralogia e Petrogra�a). Departamento de Mineralogia e Petrologia Ígnea. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003. MOTOKI, Akihisa.. Mineralogia e Petrogra�a para Iniciantes (Apostila didática para a Disciplina Mineralogia e Petrogra�a). Departamento de Mineralogia e Petrologia Ígnea. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003. PERONI, Rodrigo. Mineralogia: estudo dos Minerais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Departamento de Engenharia de Minas. Apostila. Rio Grande do Sul, 2003. PRESS, F.; SIEVER, R.; GROTZINGER, J.; JORDAN, T. H. Para Entender a Terra. 4. ed. Trad. MENEGAT, R.; FERNANDES, P. C. D.; FERNANDES, L. A. D.; PORCHER, C. C. Porto Alegre, Bookman. 2006. 656p TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M.; FAIRCHILD, T. R. (Org.). Decifrando a Terra. São Paulo: O�cina de Textos, 2000. VAINE, Maria Elizateth E. Séri Geologia na Escola caderno 4: Rochas e Minerais como iniciar uma coleção e as características usadas na identi�cação. MINEROPAR Minerais do Paraná S/A, Curitiba, 2005. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 43 Aula 2 - PROPRIEDADE E CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS Objetivos • Identi�car as propriedades físicas dos minerais; • Identi�car as propriedades químicas dos minerais; e • Conhecer a classi�cação dos minerais. 1 PROPRIEDADE MACROSCÓPICAS DOS MINERAIS 1.1 Propriedades Físicas Cada mineral possui suas propriedades físicas e químicas especí�cas, tais como forma, hábito, clivagem, fratura, cor, brilho, fratura, dureza, solubilidade etc. As propriedades físicas podem ser examinadas com auxílio de instrumentos simples e de baixo custo, tais como lupa, canivete, agulha etc. Desta forma, segundo Motoki (2003), são importantes para a identi�cação rápida de minerais as seguintes propriedades físicas: a) Forma Forma é o conjunto de faces que compõe um cristal. Em seu signi�cado mais comum, o termo forma é usado para indicar a aparência externa geral, porém na cristalogra�a, esta aparência é denominada Hábito Cristalino. Forma combinada é aquela formada por mais de uma forma simples. Forma aberta Aula 2 - PROPRIEDADE E CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS44 é um conjunto de faces que não limita espaço. Forma fechada é um conjunto de faces equivalentes que limitem uma porção do espaço. Assim, um cristal exibe normalmente diversas formas em combinação umas com as outras, mas pode ser apenas uma, desde que esta seja uma forma fechada. No caso de formas abertas, necessita-se pelo menos duas delas para formar o cristal, já que qualquer combinação de formas deve encerrar espaço. São formas abertas: 1. Pédion: umaface única; 2. Pinacoide: duas faces paralelas; 3. Domo: duas faces não paralelas simétricas em relação a um plano de simetria (telhadinho); 4. Esfenoide: duas faces não paralelas simétricas em relação a um eixo de simetria binário; 5. Prisma: forma composta por 3,4,6, 8 ou 12 faces, todas paralelas a um dos eixos, geralmente um dos eixos cristalográ�cas; e 6. Pirâmide: forma composta por 3,4,6,8 ou 12 faces, simétricas a um mesmo eixo, geralmente um dos eixos cristalográ�cos. São formas fechadas: 1. Bisfenoide: forma de 4 faces, na qual duas faces do esfenoide superior se alternam com as do esfenoide inferior; 2. Bipirâmide: forma de 6,8,12,16 ou 24 faces, que podem ser consideradas como formadas por pirâmides mediante re�exão sobre um plano de simetria horizontal; 3. Escalenoedro: forma de 8 ou 12 faces, cada uma com a forma de um triângulo escaleno; 4. Trapezoedro: forma com 6, 8 ou 12 faces, com forma de trapezoide; 5. Romboedro: forma composta por 6 faces cujas arestas de interseção não formam ângulos retos entre si. Pertence ao sistema trigonal; e 6. Todas as formas do sistema cúbico. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 45 b) Hábito É a forma característica (habitual) de um cristal, ou a combinação de formas em que um mineral cristaliza. O hábito do cristal inclui a con�guração geral e as irregularidades de seu crescimento, Figura 1 e 2. É chamado simplesmente hábito do mineral e pode ser observada principalmente quando o mineral cresce em condições geológicas ideais. Segundo Clemente (2004), o conceito inclui: a) forma cristalográ�ca; b) forma geral (tabular, prismático, maciço, colunar); c) tipo de agrupamento cristalino; d) imperfeições. Os hábitos mais comuns são o laminar, o prismático, o �broso, o acicular, o tabular e o equidimensional. Figura 1 - Alguns hábitos minerais comuns Fonte: Adaptado de Klein, C. e Dutrow, B. Manual of Mineral Science. 23a Ed. 2008 Figura 2 - Hábitos de alguns minerais Fonte: http://www.mimosoinfoco.com.br/historia-de-mimoso/nossos-recursos-minerais/ Aula 2 - PROPRIEDADE E CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS46 c) Clivagem e Fratura Quando minerais são submetidos a uma força externa destrutiva, como um forte impacto por um martelo, estes se rompem. Existem várias maneiras de rompimento físico, ou seja, desintegração mecânica, no qual, clivagem, partição e fratura são típicos. Certos minerais se rompem sempre ao longo de determinadas superfícies planas paralelas. Tal tipo é denominado de clivagem (Figura 3). As micas e gra�ta possuem um plano de clivagem desenvolvida em uma direção, rompendo-se na forma de placas. Piroxênios e an�bólios possuem clivagem desenvolvida em duas direções, rompendo-se na forma colunar. Figura 3 - Clivagem da mica em uma única direção Fonte: http://www.infopedia.pt/$clivagem A halita (NaCl; sal comum) possui clivagem muito destacada em três direções, rompendo-se na forma cúbica. O berilo e apatita também têm clivagem, porém, são menos desenvolvidas. Clivagem é originada da estrutura cristalina do mineral, ou seja, a con�guração ou coordenação de átomos ou íons. Portanto, o mineral se rompe sempre segundo direções (Figura 4) paralelas aos planos de con�guração atômica, sendo obviamente paralelas aos planos de cristalização. Existem minerais, tal como quartzo, que possuem planos de cristalização bem desenvolvidos, porém não acompanhados por clivagem. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 47 Figura 4 - Plano de direção de clivagens Fonte: http://gracieteoliveira.pbworks.com/w/page/51163169/Clivagem Tipos de clivagem: Na Mineralogia os principais tipos de clivagem estudados, segundo Clemente (2004) são: proeminente, perfeita e indistinta (Figura 5), sendo: Proeminente: a clivagem realiza-se com muita facilidade, as lâminas destacam- se sob pressão da unha ou de um estilete. Ex: Mica e Gipsita. Perfeita: ocorre quando se realiza sob ligeira percursão de um martelo. Ex: Galena, Feldspato e Calcita. Indistinta: é difícil distinguir-se a face onde se deu a clivagem das regiões simplesmente fraturadas. Ex: Apatita, Berilo etc. Figura 5 - Tipos de Fraturas Fonte: Press. et al. (2006). Aula 2 - PROPRIEDADE E CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS48 Existem minerais que se rompem na direção não sendo paralela aos planos do cristal. O plano de rompimento deste tipo não é reto. Tal modo é denominado de fratura. São conhecidas descritivamente algumas formas de fratura: 1) Fratura conchoidal: fratura mais comum, com superfícies lisas e curvadas de modo semelhante à superfície interna de uma concha. Este tipo é observado comumente em quartzo e vidro (Figura 6); 2) Fratura acicular: rompimento na forma de agulhas ou �bras �nas; 3) Fratura serrilhada: rompimento segundo uma superfície de forma dentada, irregular, com bordas angulosas; e 4) Fratura irregular: rompimento formado por superfícies rugosas e irregulares. Figura 6 - Fratura conchoidal Fonte: http://www.joiabr.com.br/gem/0208.html d) Dureza A dureza no sentido mineralógico corresponde a um parâmetro de resistência mecânica da superfície dos minerais. Quanto maior for força de interligação entre os átomos constituintes, tanto maior será a dureza. A dureza do mineral é de�nida através de ensaios de risco entre dois minerais, isto é, quando a superfície de um mineral é riscada por um outro mineral ou não (Figura 7). Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 49 Figura 7 - Escala de Dureza de Mohs Fonte: http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/geologia/determinar_dureza_ materiais_d.htm Em 1832, Mohs apresentou uma escala com 10 minerais padrões, denominada de escala Mohs (Tabela 1). Aula 2 - PROPRIEDADE E CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS50 Tabela 1 - Dureza dos Minerais Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Mohs O talco, padrão mineral de dureza 1, é facilmente riscado pela unha, porém o gipso, dureza 2, não é muito fácil de ser riscado pela unha. A calcita, padrão de dureza 3, é facilmente riscada por prego, porém, o ortoclásio, de dureza 6, não é riscado. O quartzo, padrão de dureza 7, não é riscado mesmo por canivete de aço. Calcário e mármore são compostos quase totalmente de minerais carbonatos, cuja dureza é baixa (dureza 3), portanto, essas rochas podem ser cortadas por serras de aço. Por outro lado, rochas graníticas (de sentido comercial), que contêm minerais de alta dureza, tais como quartzo (dureza 7) e feldspato potássico (dureza 6), precisam de serras diamantadas para corte. Nota-se que todas as rochas holocristalinas de granulometria grossa, que não são mármores, são chamadas comercialmente de “granito”. O rubi e a sa�ra são minerais da espécie do coríndon. Por causa da sua alta dureza (dureza 9), o custo de lapidação é alto. O diamante (dureza 10) é constituído por �rme rede tetraédrica de carbono, que não pode ser riscado por nenhum outro mineral. O único material que pode lapidar diamante é o próprio diamante. e) Tenacidade A tenacidade corresponde ao comportamento da deformação diante de força externa. Este exame é simples, fácil e de baixo custo, necessitando-se apenas uma agulha. Ouro (Au), pirita (FeS2 ) e calcopirita (CuFeS2 ) possuem cor amarela e brilho metálico, sendo de aparência similar. Entretanto, são facilmente Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 51 identi�cados por meio da tenacidade: ouro se deforma plasticamente, pirita não se deforma nem se risca, e calcopirita quebra com facilidade. São utilizadas as seguintes expressões descritivas (Tabela 2). Tabela 2 - Tenacidade e força de ligação Tenacidade Força de ligação Exemplos Frágil Van der Warrs calcopirita, argila, cloritaMaleável metálica calcopirita, prata nativa Séctil metálica calcopirita, prata nativa Dúctil metálica calcopirita, prata nativa Séctil metálica calcopirita, prata nativa Elástico iónica, covalente quartzo, corindon, biotita Fonte: Motoki (2003) 1) Frágil: o mineral é rompido ou pulverizado facilmente por pequenos esforços. Calcopirita e minerais de argila são exemplos. 2) Maleável: o mineral é estendido por uma força compressiva, transformando- se em uma lâmina �na ou folha por meio de deformação plástica permanente. Elementos nativos do grupo do cobre (platina, ouro, prata e cobre) possuem esta propriedade. 3) Séctil: o mineral é cortado por faca ou canivete em folhas �nas. Os elementos nativos do grupo o cobre têm esta propriedade. 4) Dúctil: o mineral é extraído e alongado por uma força distensional formando �os, por deformação plástica. Elementos nativos do grupo do cobre têm esta propriedade. 5) Flexível: diante de um esforço, o mineral se deforma plasticamente, e não retoma a sua forma original mesmo após a retirada do esforço. Elementos nativos do grupo do cobre têm esta propriedade. 6) Elástico: diante de um esforço, o mineral se deforma, porém, retoma a sua forma original após a retirada do esforço. Quase todos os minerais demonstram esta propriedade diante esforço pequeno. Aula 2 - PROPRIEDADE E CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS52 f) Peso especí�co O peso especí�co (r, g/cm3), ou seja, densidade relativa de cada mineral depende da sua composição química e estrutura cristalina. Minerais metálicos de elementos nativos, tais como ouro nativo (Au; r = 19.3 g/cm3) e prata nativa (Ag; 11.1), possuem peso especí�co muito alto. Minerais metálicos de óxidos, como hematita (Fe2O3; 5.26), e sulfetos, como calcopirita (FeCuS2 ; 4.3), pirita (FeS2 ; 5.10) e galena (PbS; 7.6), também são de alta densidade, porém, inferiores ao dos metais nativos. Por outro lado, minerais não metálicos, tais como quartzo (SiO2; 2.65), possuem peso especí�co pequeno. O alto peso especí�co dos minerais metálicos é devido à presença dos elementos de metais pesados na estrutura cristalina. Minerais compostos de silicatos são não metálicos, sendo comumente encontrados na crosta terrestre. São subdivididos quimicamente em duas categorias: os minerais má�cos, com relativamente alto teor de ferro e magnésio além da sílica, e os minerais félsicos, com baixo teor desses elementos. Minerais má�cos são compostos principalmente de SiO2 , MgO, FeO e Fe2O3 , e são incluídos comumente em rochas basálticas que constituem crosta oceânica. Esses são relativamente densos, com peso especí�co (Tabela 3) na faixa de 2.9 a 3.4, porém, são menos densos do que os minerais metálicos. Minerais félsicos, compostos principalmente por SiO2 , Al2O3 , Na2O e K2O, encontrados frequentemente em rochas constituintes da crosta continental. Estes são menos densos, na faixa de 2.65 a 2.75 (Figura 8). Tabela 3 - Relação geral entre peso especí�co e composição de minerais Grupo Densidade Composição química Exemplos Leve <2.9 silicatos félsicos quartzo, ortoclásio, plagioclásio Pousco pesado 2.9 ~ 3.4 silicatos má�cos an�bólios, ortopiroxênio, clinopiroxênio Pesado 4 ~ 8 óxidos e sulfetis de metal magnetita, ilmenita, pirita, calcopirita Muito pesado >8 elementos nativos metálicos ouro nativo, prata nativo, platina nativo Fonte: Motoki, 2003 Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 53 Figura 8 - Cinza vulcânica Fonte: Motoki, 2003 Os minerais com alto valor econômico, tais como minerais metálicos e diamante (não metálico, r=3.515), tendem a serem densos. Aproveitando esta característica, podemos concentrar minerais com alto valor econômico (densos) por meio de processos mecânicos, denominados de seleção gravitacional. Seleção gravitacional é e�ciente e de baixo custo, especialmente para elementos nativos. A concentração na bateia mecânica é um exemplo (Figura 9), sendo aplicado em prospecção mineral. Figura 9 - Concentração de minerais pesados por meio de uma batéia mecânica Fonte: Motoki, 2003 Já, o diamante e a gra�ta possuem a mesma composição química, carbono puro (C), porém sua estrutura cristalina é diferente. Diamante tem ligação atômica tridimensional de forma tetraédrica, denominada de estrutura de diamante, que é muito mais compacta do que a de gra�ta, constituída pela Aula 2 - PROPRIEDADE E CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS54 estrutura de acúmulo de placas hexagonais. Por isso, o peso especí�co de diamante (3.515) é muito maior do que de gra�ta (2.23). O diamante é um mineral do manto terrestre, e sua estrutura compacta é devido à pressão no manto. Por outro lado, a estrutura cristalina de gra�ta, que é um mineral da crosta terrestre, é própria para baixa pressão. O peso especí�co de um objeto é calculado pela fórmula do peso dividido pelo volume. Na prática, o peso corresponde ao peso do mineral medido no ar, e o volume à diferença entre o peso no ar e na água, conforme equação (1) r = War / volume = War / (War - Wágua) (1) Onde: r: peso especí�co War: peso no ar Wágua: peso na água Na determinação deste parâmetro, a balança de Jolly é um instrumento muito simples e de baixo custo para medir peso especí�co de minerais. A precisão da medida é, no máximo, de duas casas decimais. Um instrumento mais e�ciente é o picnômetro, que é uma garrafa de volume interno bem de�nido. Apesar da simplicidade, este instrumento é de alta precisão, permitindo mais de quatro casas decimais. g) Diafaneidade A diafaneidade é o grau de transmissão de luz dentro do mineral, ou seja, o grau de transparência. De acordo com a diafaneidade macroscópica, minerais são divididos em três categorias: 1) transparentes, 2) translúcidos, e 3) opacos (Tabela 4). Os minerais transparentes são aqueles que transmitem raio de luz muito bem, como quartzo. Os objetos colocados atrás de minerais transparentes podem ser vistos a olho nu através deles. Os minerais translúcidos Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 55 também transmitem a luz, mas não muito, como feldspatos. Desta forma, os objetos colocados atrás deles não podem ser vistos. Os minerais opacos não transmitem a luz, como magnetita. Além da classi�cação macroscópica, existe uma outra classi�cação sob ponto de vista de observação das lâminas delgadas ao microscópio petrográ�co. Tabela 4 - Diafaneidade macroscópica e microscópica de minerais Diafaneidade macroscópica Categoria Composição química típica Exemplos Transparente silicatos félsicos quatzo Translúcido silicatos félsicos feldspato Opaco siliciatos má�cos, óxidos e opacos magnetita, ilmentia, pirita Diafaneidade microscópica Categoria Composição química típica Exemplos Incolor silicatos félsicos quartzo, feldspato potássico, plagioclásio Colorido silicatos má�cos biotita, an�bólio, piroxênios, olivina Opaco óxidos e sulfetos magnetita, ilmentia, pirita Fonte: Motoki (2003) A lâmina delgada (Figura 10) é um �lme �no de rocha ou mineral com 30µm de espessura. De acordo com a diafaneidade das lâminas delgadas, os minerais são classi�cados em: 1) incolores, 2) coloridos e 3) opacos. Os minerais incolores são transparentes às lâminas delgadas. Geralmente, minerais transparentes e translúcidos da classi�cação macroscópica se encaixam nesta categoria. A maioria dos minerais félsicos, tais como quartzo (SiO2) e feldspatos (KAlSi3O8 - NaAlSi3O8 - CaAl2 Si2O8 etc.), possuem esta propriedade. Os minerais coloridos possuem cor nas lâminas delgadas. Muitos desses são macroscopicamente pretos, sendo classi�cados como opacos na diafaneidade macroscópica. A maioria dos minerais má�cos, tais como olivina ((Mg, Fe)2
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