Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
138258 – Preceitos Metodológicos UNIVERSIDADE de BRASÍLIA UnB Processos em Geomorfologia (2017/2) Rogério Uagoda Professor Adjunto – Departamento de Geografia – UnB. Geógrafo – IGEO – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Mestre em Ciências – IGEO – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Doutor em Ciências - IGEO – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ & RSES – Australian Nationa University – ANU. GEOMORFOLOGIA – ciencia que estuda a morfologia da superficie terrestre e sua evolucao no espaco e no tempo: Materiais x Estruturas x Processos GEOMORFOLOGIAGEOLOGIA GEOGRAFIA GEOTECNIA ECOLOGIA CLIMATOLOGIA HIDROLOGIA EXEMPLOS DE APLICAÇÃO: Abreu, 1983 O modelo de Willian Morris Davis (1899) Cambridge, Massachusetts O modelo de W.M Davis (1889), fundamentado no conceito de nível de base de Powell (1875), sugere que o processo de denudação inicia- se a partir de uma rápida emersão da massa continental. Diante do elevado gradiente produzido pelo soerguimento em relação ao nível de base geral, o sistema fluvial produz forte entalhamento dos talvegues, originando canyons , que caracterizam o estado denominado de juventude Jon Pelletier, 1998 Peneplano: s.m.Geol.- Uma superfície totalmente aplainada pela erosão, com altitude próxima a seu nível de base, que pode ser um lago ou mar interno ou o oceano aberto. A existência de uma tal superfície é hipotética ou temporária, em virtude do dinamismo da crosta terrestre. O processo de formação de uma tal superfície é chamado de peneplanização. A peneplanização total da superfície terrestre, seria alcançada quando os fenômenos erosivos não fossem contrabalançados pelas forças tectônicas capazes de promover seu soerguimento, entre os quais citamos os fenômenos isostáticos e os derivados dos movimentos das placas tectônicas. Casseti, 2005 Para Davis (1899), o relevo, ao atingir o estágio de senilidade, seria submetido a novo soerguimento rápido, que implicaria nova fase, denominada rejuvenescimento, dando seqüência ao ciclo evolutivo da morfologia. A impossibilidade de se admitir estabilidade tectônica absoluta por um período geológico tão prolongado inviabiliza inclusive a idéia de se atingir o referido “virtual repouso'', o que faz supor o estabelecimento do perfil de equilíbrio imaginário. O Modelo de Walther Penck (1924) Nevado Incahuasi na década de 10 , W. Penck Humboldt’s Scientific Representation of the Chimborazo Alexander von Humboldt Kosmos (1830) Seu livro “Morphological Analysis of Landforms”, fortemente influenciado pelo n aturalismo e com influências de seu trablaho na Argentina (Diretoria Geral de Minas, Geologia e Hidrologia de Buenos Aires entre os anos de 1912 e 1924 ) foi publicado por seu pai Albrecht Penck. Penck procura demonstrar a relação entre entalhamento do talvegue e efeitos denudacionais em função do comportamento da crosta, que poderia se manifestar de forma intermitente e com intensidade variável,contestando o modelo apresentado por Davis. Para Penck, o valor da incisão estava na dependência do grau de soerguimento da crosta, o que proporcionaria evidências morfológicas ou grupos de declividades vinculados à intensidade da erosão dos rios, submetidos aos efeitos tectodinâmicos. Pediplano: Conf. ciclo erosivo; pedimento; bajada] Região aplainada (peneplano) em clima árido ou semiárido e que se caracteriza por apresentar capeamentos pedimentares, litossolos e/ou extensos afloramentos. O pediplano desenvolve-se por processo erosivo com regressão de escarpas, típico de climas áridos a semiáridos, com coalescência e expansão de áreas planas do "pé de monte" (piedmont ou bajadas) que apresentam tênue capeamento de material fragmentário (pedimento) e rocha nua na frente de leques aluvionares. Arrasada a região montanhosa, o pediplano amplia-se até sobrarem somente raros testemunhos (inselbergs) das zonas mais elevadas na superfície de aplainamento. Inselberg em Quixadá, Ceará Conjunto de Inselbergs próximo a Campos, Norte do Rio de Janeiro Enquanto Davis afirmava que o relevo evoluía de cima para baixo (wearing-down ), Penck acreditavano recuo paralelo das vertentes (wearing-back , ou desgaste lateral da vertente, constituindo-se no modelo aceito para o entendimento da evolução morfológica. Chorley, 1968 Davis Penk Casseti, 2005 Büdel, J. 1982: Climatic geomorphology TEORIA DA ECTHPLANAÇÃO DO RELEVO A partir de Büdel, J. 1982: Climatic geomorphology Casseti, 2005 O Modelo de Lester C. King A idéia de períodos rápidos e intermitentes de soerguimento da crosta, separados por longos períodos de estabilidade tectônica é o ponto principal do sistema apresentado por King (1955) e Pugh (1955), fundamentado em estudo de caso na África do Sul. Casseti, 2005 O autor que mais tem trabalhado no enfoque acíclico do conceito de “equilíbrio dinâmico'' é Hack (1960). Esse conceito fundamenta-se na teoria geral dos sistemas, vinculado à linhagem anglo-americana pós-davisiana. Portanto, para Hack, as formas de relevo e os depósitos superficiais possuem uma íntima relação com a estrutura geológica (litologia) e mecanismos de intemperização, embora deixando transparecer maior valorização da primeira O Modelo de John T. Hack A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS Ludwig von Bertalanffy, publicados entre 1950 OS GEOSSISTEMAS Cristopherson, 2012 O ESTRATO GEOGRÁFICO DA TERRA Grigoriev, 1958. GEOSSISTEMAS E GEOMORFOLOGIA Mercejakov e Guerassimov. O ESTRATO GEOGRÁFICO DA TERRA Grigoriev, 1958. GEOSSISTEMAS E GEOMORFOLOGIA Mercejakov e Guerassimov. Soil O ESTRATO GEOGRÁFICO DA TERRA Grigoriev, 1958. GEOSSISTEMAS E GEOMORFOLOGIA Mercejakov e Guerassimov. Soil cover O ESTRATO GEOGRÁFICO DA TERRA Grigoriev, 1958. GEOSSISTEMAS E GEOMORFOLOGIA Mercejakov e Guerassimov. Geosystem O ESTRATO GEOGRÁFICO DA TERRA Grigoriev, 1958. GEOSSISTEMAS E GEOMORFOLOGIA Mercejakov e Guerassimov. Aziz Nacib Ab’Saber 24 de outubro de 1924 16 de Março de 2012 Haffer, 2002 INPE, 2005 Ross, 1992 Bigarela e Mousinho de Meis, 1979 Variações erosivo- deposicionais de Áreas emersas brasileiras durante o quaternário. Abreu, 1983 G.K.Gilbert (1877) Leis J.T.Hack (1960) Sistemas N.J.Chorley (1962) Equilíbrio Schum (1965) Processos Thomas Dunne & L.Leopold(1968) Processos Hidrológicos W.Dietrich Processos de encostas Etc, Etc, Etc. “THE MISSED LINK” As Leis de Grove Karl Gilbert Report on the Geology of the Henry Mountains G.K. Gilbert, 1877 • Lei de Declividades: “…declividade tem relação inversa com a quantidade de água ” p. 114 • Lei das “estruturas”: “Certas rochas, oferecem mais resistência que outras ao trabalho erosivo .” p. 115 • Lei dos divisores: “Se seguirmos um fluxo desde sua fóz em direção montante, passando sucessivamente pela foz de seus afluentes , encontraremos o volume cada vez menor, ao passo que a declividade se torna maior, até que finalmente, próximo ao divisor teremos o trecho mais íngreme da série..” p. 116 EROSÃO X INTEMPERISMO Transporte X Intemperismo Condições de Limite • “Quando a vegetação é densa, sempre há excesso de material para ser trasnportado: o limite da taxa de intemperismo torna-se meramente o limite da taxa de transporte.” p. 119 • “…Quando a vegetação é rala ou inexistente erosão e transporte são favorecidos, enquanto o intemperismo é retardado. A taxa de erosão é limitada pelataxa de intemperismo” p. 119 = Afloramentos. Cristopherson, 2012 METODOLOGIA ATUAL COMPONENTES METODOLÓGICOS DA GEOMORFOLOGIA: GEOMORFOLOGIA SISTEMÁTICA – examina as relações entre as FORMAS da superfície, as ROCHAS, os materiais dos SOLOS, a COBERTURA DOS SOLOS (vegetal e/ou usos diversos) e os PROCESSOS que atuam sobre eles, assim como as relações entre PARÂMETROS MORFOLÓGICOS (declividade, geometria etc.), a precipitação e a DENUDAÇÃO (rebaixamento) da superfície. VISÃO NOMOTÉTICA / BUSCA DE LEIS GEOMORFOLOGIA REGIONAL – examina os aspectos morfológicos de regiões individuais e objetiva a SÍNTESE DAS FORMAS E PROCESSOS MAIS SIGNIFICANTES para esta área. (LIMITES!?) VISÃO IDIOGRÁFICA (do grego idios = PECULIAR) Variações nas combinações de fatores que afetam o desenvolvimento da forma de um lugar para outro, e a combinação particular de formas e processos numa área é única . Coelho Netto, anotações de aula, 2007 ABORDAGENS DA PESQUISA GEOMORFOLÓGICA: 1- MORFOGRAFIA ou MORFOMETRIA = descrição das FORMAS • Descrição das formas quanto as características geométricas e dimensões, sua localização e arranjo espacial; • Registro das propriedades relevantes dos materiais , especialmente dos solos e do substrato rochoso; • Identificação de aspectos especiais dos processos - A descrição e classificação das formas da terra baseia-se: 1. na observação direta no campo, 2. nas análises de fotografias aéreas, 3. em informações de satélite e radar 4. em mapas topográficos, geológicos e de solos. GEOLOGIA Coelho Netto, anotações de aula, 2007 2- GEOMORFOLOGIA FUNCIONAL = estudo dos PROCESSOS - O termo funcional indica RELAÇÕES , muitas vezes expressas quantitativamente, entre duas ou mais variáveis geomorfológicas; - descreve as RELAÇÕES ATUAIS entre formas, rochas, materiais e processos; - envolve OBSERVAÇÕES E MENSURAÇÕES (se possível) dos processos de esculturação da forma e de seus efeitos; - as relações funcionais formam a estrutura das EXPLICAÇÕES*GEOMORFOLÓGICAS; * EXPLICAÇÃO é a descrição ordenada das relações entre os componentes do sistema. - envolve observações empíricas e exames de amostras dos materiais/LABORATÓRIO; - EXPERIMENTOS DE CAMPO E LABORATÓRIO permitem reconstruir e verificar os processos observados, sob condições controladas, para derivar LEIS; - O uso destas LEIS baseadas em modelos empíricos = = permite reconstruir as formas sob condições e processos particulares: MODELOS COMPUTACIONAIS. - envolve a determinação de TAXAS de denudação, transporte e deposição e suas VARIAÇÕES ESPACIAIS permite o BALANÇO DE MASSA; Coelho Netto, anotações de aula, 2007 3- GEOMORFOLOGIA HISTÓRICA-GENÉTICA = desenvolvimento de LONGO PRAZO das formas atuais; - examinada em relação as fases relevantes da HISTÓRIA DA TERRA; -refere-se a MORFOGÊNESE, A FORMAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO a longo prazo das FORMAS - últimos 2 M anos: varias idades do gelo e períodos interglaciais (o ultimo terminou a 10,000 anos atrás) = QUATERNÁRIO - últimos 60 M anos: movimentos crustais / abertura do Atlântico - o tempo... Coelho Netto, anotações de aula, 2007 System equilíbria: Steady-state and dynamics Chorley, 1998, in: Cristopherson, 2012 (Schumm & Lichty, 1965) Escalas de tempo e evolução geomorfológica - CAUSAS das Mudanças (?) Tempo geológico Tempo atual Tempo ciclico (estado estacionário) G.K.Gilbert (1878) Hack & Godllet (1961) equilíbrio dinâmico Dietrich et al.,1991 Coelho Netto et al.,1994 Coelho Netto, anotações de aula, 2007 H2O H2O intercessão das esferas terrestresESPAÇO - AMBIENTE = P E R C E P Ç Ã O = ( f ) CULTURAL Coelho Netto, anotações de aula, 2007 • Chorley (1962) – introduz a TGS NA GEOMORFOLOGIA (unidade fundamental: bacia de drenagem (sistema aberto) GEOMORFOLOGIA FUNCIONAL Envolve a investigação dos sistemas geomorfológicos . Componentes: 1. Formas: canais de drenagem; encostas; dunas; etc, - características das formas: curvatura dos canais; ângulo da encosta; declividade da encosta; etc. 2. Tipos de materiais: rochas, solos, cascalhos, etc. - características dos materiais: fraturas, granulometria, densidade, permeabilidade, etc. 3. Processos: intemperismo, erosão em canal, erosão de encostas, deslizamentos, deposição etc. - características dos processos: taxa de intemperismo, taxa de erosão, velocidade de deslizamento, etc. Sistemas em Geomorfologia: abordagem funcional Uma idéia antiga: Grego SYSTEMA = união Cada sistema é composto de vários componentes ligados uns aos outros por relações funcionais. Coelho Netto, anotações de aula, 2007 FORMAS TERRESTRES EMERSAS: SUCESSÃO E RECORRÊNCIA DE PROCESSOS EROSIVOS Skinner & Potter, 2000 Placa Borda de Expansão da placa PlacaPlaca Zona de subducção Trincheira Oceânica Cadeia meso-oceânica e zona de fraturas A- Margem divergente B- Subsidência convergente C- Colisão convergente D- Falha transcorrente Ascensão do magma e formação de nova crosta Cadeia de montanhas Andes, banco de dados Google Earth Cadeia de montanhas Andes, banco de dados Google Earth Cadeia de montanhas Andes, banco de dados Google Earth Juntas de alívio + água = superficie de deslizamento Controles Geológicos Contato Granitos-Gnaisses bandados do site Pedra Azul-Minas Gerais. A: Sub- dentrítico; B: Treliça. RADAM-Brasil. 3. Influencias e heranças litológicas e tectônicas na Paisagem Geomorfológica Dome Sinclair, Sul da Inglaterra Rio Paraíba do Sul S. da Mantiqueira Serra do Mar (Bocaina) Vurbank & Anderson, 2010 Dunas Saara Australian Little Desert Travertinos, Luary Caves 4. Intemperismo e formação de regolito Superfície de dolinas, Texas. UVALA Djuna Bewley NUPAC/UFRGS, Antártida NUPAC/UFRGS, Antártida Cristopherson, 2012 Prisma Praial, Domingues 1982 Atafona, Rio de Janeiro NA MAIORIA DOS CASOS NÃO HÁ CONTROLES PERFEITOS Cerro, sudoeste do Rio Grande do Sul Jerwis Bay, Australia Queenstown, Australia ÁREAS ÚMIDAS EMERSAS Fundo de vale plano Convex idade Encosta suave (curvas espaçadas) Encosta íngreme (curvas próximas) Topo suave Topo com pico Concavi dade 2. Identificação e descrição das Formas Terrestres Bacia de drenagem – área que drena fluxos d’água, sedimentos e solúveis para uma saída comum. Integra dois sub-sistemas: 1- ENCOSTAS 2- FLUVIAL Rede de canais canal principal, afluentes e subafluentes Limites topográficos da bacia: divisores de águas 5. Condicionantes, mecanismos e formas associadas aos processos geomorfológicos. Planície do rio Carioca Serra do Mar ( Bocaina) Sistemas Encosta e Planície Fluvial: Serra do Mar. Rio Paraíba do Sul S. da Mantiqueira Serra do Mar (Bocaina) Condições hidrológicas diferentes para cada processo erosivo Movimento translacional Movimento Rotacional Erosão superficial Voçorocas e erosão em canal Avalanches e fluxos detríticos PROCESSOS HIDRO-EROSIVOS Timbé do Sul - 1995 Fatores controladores: Erosividade da chuva (ou potencial erosivo) chuva total, intensidade e a energia cinética (duração, massa e tamanho e velocidade das gotas). Propriedades do solo (ou resistência) textura, densidade aparente, porosidade, teor de matéria orgânica e teor e estabilidade de agregados. Cobertura vegetal densidade e tipo de cobertura. Características das encostas declividade, comprimento e forma. Processos Hidrológicose Intempéricos na Gênese e Evolução do Relevo Água Subterrânea – Água no Solo Crostas Lateríticas, Rio Preto, Minas Gerais As rotas dos fluxos definem mecanismos erosivos- deposicionais e resultam da interação de diversos fatores: • abióticos (clima, rocha, solo e posição topográfica) • uso do solo Mudanças de Uso da Terra Alterações nos processos hidrológicos e erosivos nas encostas Efeitos nas descargas fluviais: líquida, sólida e solúvel. (Teixeira et al., 2002) Rio Paraíba do Sul S. da Mantiqueira Serra do Mar (Bocaina)Compartimento topográfico montanhoso(> desnivelamento e >declive) Domínio Montanhoso Planície do rio Carioca Serra do Mar ( Bocaina) Compartimento topográfico de colinas (convexo-côncavas) Domínio de colinas Planicie Fluvial (Coelho Netto et al., 2007) 5. GEOCRONOLOGIA DA PAISAGEM Cálculo de taxas de erosão/deposição via volumetria de depósitos fluviais (alúvios) e de encostas (colúvuos): 14C, Termoluminiscência; Cálculo de remoção de sedimentos via datação por exposição à nuclídeos cosmogênicos (36Cl, 10Be, 26Al); Variações climáticas de curto e longo termo via isótopos de oxigênio em Estalactites; Datação de materiais de intemperizados via Paleomagnetismo e séries de (U-Th)He, U/Pb, K/Ar, 10Ar39Ar. Datações relativas: Estágios de intemperismo, correlação estratigráfica e inversões, dendrocronologia. Métodos de datação do Regoligo. Modificado de Pillans (2008). Nuclide Half-life (yr) 14C 5,730 36Cl 3.01 x 105 26Al 7.05 x 105 10Be 1.36 x 106 BIBLIOGRAFIA BÁSICA BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
Compartilhar