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TDE CPP

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Leis especiais e os regimentos internos dos tribunais estão a cuidar da tramitação dos processos perante os órgãos colegiados, na linha da percepção de que o funcionamento de um tribunal como juízo criminal é bem particularizado em relação ao do juiz singular. Posto isto, a Lei 8.038/1990, nos arts. 1.º a 12, estabeleceu o procedimento dos crimes de competência originária (ação penal originária, reclamação, habeas corpus, recursos criminais etc) no âmbito do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
A instrução do processo penal de competência originária do STF será realizada pelo relator, escolhido na forma regimental. O Regimento Interno do Tribunal respectivo é aplicável a este procedimento, no que não for incompatível com a Lei no 8.038/1990.
Nos termos da Lei n° 8.038/1990, nos crimes de ação penal pública de competência do STF ou do STJ, aplicável também aos tribunais estaduais e regionais, se o indiciado estiver solto, com vistas do inquérito policial ou das peças de informação, o Ministério Público deverá oferecer denúncia ou promover o respectivo arquivamento no prazo de 15 dias (art. 1º, “caput”, Lei 8.038/1990), podendo haver deferimento de diligências complementares pelo relator, com a interrupção desse prazo, caso o Ministério Público entenda necessária a realização de diligências complementares.
Porém, se o agente estiver preso, o prazo para ajuizamento da denúncia será de 5 dias (art. 1°, § 2°, “a” da Lei 8038/90), as diligências complementares não interromperão o prazo para denúncia, salvo se o Relator, ao deferi-las, conceder liberdade provisória ou revogar a prisão preventiva que tiver sido decretada em relação ao indiciado (art. 1.º da Lei 8.038/1990). Deste modo, o requerimento de diligências complementares, uma vez deferidas pelo competente relator, devolverá integralmente o prazo de 15 dias para que o MP possa deflagrar a ação.
A teor do art. 4° e parágrafos, da Lei no 8.038/1990, apresentada denúncia ou queixa ao STF, será o acusado notificado para oferecer resposta no prazo de 15 dias, entregando a ele cópia da inicial, do despacho do relator e dos documentos que este indicar. Se não for conhecido o paradeiro do acusado, ou se ele estiver dificultando o cumprimento da diligência, terá lugar a notificação editalícia, com teor resumido da acusação, com a finalidade do denunciado ou querelado comparecer ao Tribunal, em cinco dias, e, com vista dos autos, apresentar resposta no prazo de quinze dias. Caso apresentada a resposta, forem expostos novos documentos, será intimada a parte contrária para manifestar-se sobre eles, no prazo de cinco dias (art. 5.º da Lei 8.038/1990).
Sequencialmente, “o relator pedirá dia para que o Tribunal delibere sobre o recebimento, a rejeição (hipóteses do art. 395 do CPP) da denúncia ou da queixa, ou a improcedência da acusação, se a decisão não depender de outras provas” (art. 6°, Lei n° 8.038/1990). Nesta oportunidade, será facultada sustentação oral pelo prazo de 15 minutos, primeiro à acusação e depois à defesa. Encerrados os debates, o Tribunal passará a deliberar (art. 6.º da Lei 8.038/1990). Terminados os debates, o Tribunal deliberará sobre o recebimento da denúncia ou da queixa (§ 2°, art. 6°, Lei n° 8.038/1990).
A decisão que rejeita a denúncia ou a queixa enseja recurso especial ou extraordinário.
Dispõe a Lei que uma vez recebida a petição inicial acusatória, o Relator designará dia e hora para interrogatório, determinando a citação do acusado e a intimação do Ministério Público, querelante ou assistente, se houver (art. 7.º da Lei 8.038/1990).
De acordo com os artigos 3.º, III, e 9.º, § 1.º, da Lei 8.038/1990, o relator poderá delegar a realização do interrogatório do réu, assim como de qualquer outro pertinente à instrução, a membros dos Tribunais dos Estados, Tribunais Regionais Federais ou Juízes de Varas Criminais, conforme o caso. Também o relator poderá ordenar que as intimações sejam feitas por carta com aviso de recebimento, sem prejuízo, inclusive, da efetivação de intimações eletrônicas nos termos da Lei n° 11.419/2006 (informatização do-processo judicial). No interrogatório, já será intimado o acusado e seu advogado para apresentar defesa prévia no prazo de cinco dias (art. 8.º da Lei 8.038/1990). Atente-se que a Lei 8.038/1990 nada refere a respeito da possibilidade de revelia. Dessa forma, deve-se aplicar, supletivamente, o que dispõe o Código de Processo Penal, ou seja, se o acusado, citado, não comparecer ao interrogatório nem constituir advogado, suspende-se o curso do processo, com a consequente suspensão do prazo prescricional, nos termos do art. 366 do CPP.
Determina o art. 9.º da Lei 8.038/1990 que se proceda à instrução, nos termos do procedimento comum ditado pelo CPP. A Lei 8.038/1990 é silente quanto ao número de testemunhas passíveis de serem arroladas pelas partes na denúncia e na defesa prévia. Nesse contexto, cremos que devam aplicar-se, subsidiariamente, as regras estabelecidas pelo Código de Processo Penal para procedimento ordinário: oito testemunhas por fato para cada parte. Após a oitiva das testemunhas, serão as partes intimadas para, em cinco dias, requererem diligências (art. 10, Lei n° 8.038/1990).
Cumpridas as diligências ou não tendo estas sido requeridas ou deferidas, determinará o Relator sejam acusação e defesa intimadas, sucessivamente, para apresentarem alegações escritas, no prazo de 15 dias (art. 11 da Lei 8.038/1990). Será comum o prazo do acusador e do assistente, bem como o dos corréus bem como que "na ação penal de iniciativa privada, ó Ministério Público terá vista, por igual prazo, após as alegações das partes.
Depois do oferecimento das alegações finais, segue-se para o saneamento, em que o Relator poderá determinar, de ofício, a realização de provas reputadas imprescindíveis ao julgamento do processo (art. 11, § 3.º, da Lei 8.038/1990). 
Por derradeiro, terminada a instrução, o Tribunal procederá ao julgamento, na forma determinada pelo respectivo regimento interno, atentando para as regras dispostas no art. 12, da Lei no 8.038/1990: (I) “a acusação e a defesa terão, sucessivamente, nessa ordem, prazo de uma hora para sustentação oral, assegurado ao assistente 1/4 (um quarto) do tempo da acusação”; e, (2) “encerrados os debates; o Tribunal passará a proferir o julgamento, podendo o Presidente limitar a presença no recinto às partes e seus advogados, ou somente a estes, se o interesse público exigir”.

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