Buscar

TCC RUDI

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�PAGE �
�PAGE �38�
CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS
CURSO: DIREITO
A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JURI
RUDINEI PEREIRA DA SILVA DUARTE
FOZ DO IGUAÇU – PR 
2017
RUDINEI PEREIRA DA SILVA DUARTE
A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JURI
Monografia da conclusão de curso apresentada no Centro Universitário - UDC, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. 
Orientador: Prof. Ms Munirah Muhieddine.
FOZ DO IGUAÇU – PR 
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
UDC – CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS
A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JÚRI 
THE INFLUENCE OF THE MEDIA IN THE JURY COURT
MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO, REQUISITO PARCIAL PARA
OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM DIREITO 
__________________________________
RUDINEI PEREIRA DA SILVA DUARTE
__________________________________
Orientador: Prof. Ms Munirah Muhieddine
__________________________________
Nota Final
Banca Examinadora:
__________________________________
Profº.
__________________________________
Profº.
Foz do Iguaçu, _____/_______ de 2017
“Uma Injustiça em qualquer lugar, sempre será uma ameaça a Justiça em todo lugar.”
Martin Luther King
Dedico este trabalho a minha família, em especial minha mãe que com sua firmeza e dedicação me ensina a cada dia a perseguir meus sonhos, minha eterna gratidão e amor.
�
Agradecimentos
Agradeço a Deus, que sempre foi porto seguro em todas horas que vacilei, 
A minha família que me deu todo apoio para que eu não desistisse no meio do caminho, em especial minha mãe Claudineia Pereira da Silva, a quem sou eternamente grato, pela vida que ela gerou mesmo com dificuldades e pelo homem que ela me fez,
A todos os amigos que me animaram, ajudaram de alguma forma para que eu pudesse apresentar esse trabalho, alguns me aguentaram falar por horas, sobre meu tema, mas sorriam e questionavam o que me ajudava a escrever, dentre os quais não posso deixar de destacar o grupo Alto Teor de Amigos e a Pastoral da Juventude da qual tenho a honra de ser coordenador diocesano, que Deus lhes pague.
A meus professores que transmitiram seu conhecimento, que eu espero ter absorvido, em especial minha orientadora, Profª Ms. Munirah Muhieddine, pela paciência e cuidado comigo, este trabalho não seria possível sem sua ajuda.
�
TÍTULO: A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JURI
RESUMO
Este trabalho objetiva uma análise da influência exercida pela mídia no modo que o jurado julga, assim como afeta as decisões tomadas pelo conselho de sentença no Tribunal do Júri. Retratando inicialmente a história do Tribunal do Júri e como chegou ao Brasil, as mutações sofridas ao longo do tempo. Demonstrando seus os princípios atrelados a este instituto, tanto aqueles constitucionais quanto outros que de alguma forma podem ser vislumbrados no procedimento do Júri. Passa por todo o procedimento, desde o momento da denúncia, as possíveis decisões e caso seja a de pronúncia, como se procede a escolha dos jurados, a organização da pauta. Não desprezando a importância da Informação ou ao direito do cidadão do acesso a ela, questiona-se apenas a possível manipulação da informação, a forma como ela chega ao cidadão, para isso relembra-se alguns casos de grande repercussão, tais como o caso Nardoni, goleiro Bruno, Richthofen e ainda Eloá, casos que tiveram uma atenção singular da mídia brasileira, deixando de lado a presunção de inocência, já trazendo-os como culpados antes de qualquer julgamento, tendo por certo que os jurados componentes do conselho de sentença não julgam com base jurídica, mas por intima convicção, acredita-se que tais matérias podem influenciar na forma que julgam cada réu. De certa forma o julgamento acaba por começar nas bancas de jornais e nas telas de televisores. 
PALAVRAS-CHAVE: Mídia, Influência, Conselho de Sentença, Tribunal do Júri.
�
TÍTULO TRADUZIDO: THE INFLUENCE OF THE MEDIA IN THE JURY COURT
ABSTRACT
This paper aims at analyzing the influence exerted by the media in the way the jury judges, as well as affecting the decisions taken by the judging council in the jury court. Plotting initially the history of the Court of the Jury and how it arrived in Brazil, the mutations suffered over time. Demonstrating its principles attached to this institute, both those constitutional and others that somehow can be glimpsed in the procedure of the Jury. The procedure, from the moment of the denunciation, goes through the possible decisions and if it is the one of pronunciation, as is the choice of jurors, the organization of the agenda. Not neglecting the importance of Information or the right of the citizen to access it, only questions the possible manipulation of information, how it reaches the citizen, for this we recall some cases of great repercussion, such as the Nardoni case , goalkeeper Bruno, Richthofen and still Eloá, cases that had a singular attention of the Brazilian media, leaving aside the presumption of innocence, already bringing them like culprits before any judgment, being certain that the jurors components of the council of sentence do not judged on a legal basis, but by intimate conviction, it is believed that such matters may influence in the manner judged by each defendant. In a way, the trial ends up on the newsstands and on the TV screens.
Keywords: Media, Influence, Board of Appeal, Court of Jury
�
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10
2 TRIBUNAL DO JURI: HISTÓRIA E PRINCIPIOS QUE NORTEIAM O TEMA......11
2.1 Aspectos históricos relevantes após a CF/88......................................................11
2.2 Princípios que regem o Tribunal do Júri...............................................................13
2.2.1 Plenitude da Defesa..........................................................................................13
2.2.2 Sigilo nas Votações...........................................................................................13
2.2.3 Soberania dos Veredictos.................................................................................14
2.2.4 Princípio do Contraditório..................................................................................16
2.2.5 Princípio do Devido Processo Legal..................................................................16
2.2.6 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e a Presunção de Inocência........16
2.2.7 Princípio da Verdade Real.................................................................................17
2.2.8 Princípio da Razoável Duração do Processo....................................................17
2.2.9 Princípio da Publicidade....................................................................................17
2.2.10 Princípio da Imparcialidade do Juiz.................................................................18
3 PROCEDIMENTO DO JURI: BIFÁSICO................................................................18 
3.1 COMPETÊNCIA...................................................................................................18
3.2 BIFÁSICO.............................................................................................................21 
3.3. DECISÕES DA 1ª FASE.....................................................................................21
3.3.1 Absolvição Sumária...........................................................................................22
3.3.2 Desclassificação................................................................................................233.3.3 Impronúncia.......................................................................................................23
3.3.4 Despronúncia....................................................................................................24
3.3.5 Pronúncia..........................................................................................................24
3.4 DO PREPARO DO PLENÁRIO............................................................................26
3.4.1 Desaforamento..................................................................................................26
3.4.2 Do Alistamento dos Jurados..............................................................................26
3.4.3 Da Formação do Conselho de Sentença..........................................................27
3.4.4. Da Organização da Pauta................................................................................27
4 DECISÕES POLÊMICAS DO CONSELHO DE SENTENÇA QUE TIVERAM REPERCUSÃO MIDIÁTICA ......................................................................................27
4.1 A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO..................................................................27
4.1.1 A Mídia Como Formadora de Opinião Pública..................................................29
4.1.2 Mídias Sociais...................................................................................................29
4.2 ALGUNS CASOS DE REPERCUSSÃO NO PAÍS...............................................30
4.2.1 Caso Nardoni.....................................................................................................31
4.2.2 Caso Suzane Richthofen...................................................................................32
4.2.3. Caso Goleiro Bruno..........................................................................................34
4.2.4 Caso Eloá..........................................................................................................35
4.3 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JÚRI...........................................36 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................39
6 REFERÊNCIAS.......................................................................................................41
�
1.INTRODUÇÃO
O Tribunal do Júri, uma instituição histórica e democrática que se perpetua na história, seja esse instituto talvez a maior expressão de poder do povo na república, vez que aqui a própria sociedade julga seus pares, ao que concerne aos crimes dolosos contra a vida.
A partir da história desse instituto, detalhando seu procedimento bifásico desde a primeira fase em que o juiz togado que da análise do caso pode Absolver Sumariamente, desclassificar o crime, Impronunciar o réu ou por fim Pronunciar, remetendo assim o caso ao Tribunal Popular, iniciando a segunda fase do procedimento do Júri
Este trabalho trata da influência exercida pela mídia no tribunal do Júri, objetivando demonstrar como mídia, em especial a televisiva podem influenciar as decisões do conselho de sentença, demonstrando ainda a postura da sociedade com relação aos fatos narrados no processo, partindo das origens históricas deste instituto, verificando a influência contida na sociedade. 
A razão de se discutir a influência da mídia no tribunal do júri, advém do fato de notoriamente alguns réus, tornarem – se “culpados” antes mesmo de passarem pelo crivo do contraditório e da ampla defesa, pois uma vez que as mídias os trazem como culpados, a sociedade, influenciada pelo noticiário, já o condena antecipadamente na busca de um julgamento exemplar, quando o que se deve buscar na verdade é um julgamento justo, sendo de suma importância.
Tem se percebido cada vez mais um interesse por parte da mídia aos casos jurídicos quase que em um espetáculo da violência, quanto mais violento mais destaque, em especial quando relacionados aos crimes dolosos contra a vida, e a forma como as mídias televisas em especial tem de conduzir tais matérias, faz por vezes com que o julgamento comece antes do que deveria, forma-se quase que um “pré – conselho de sentença.”, os jurados que na maioria das vezes são leigos no que cerne o mundo jurídico, acaba por vezes decidindo conforme o noticiário e não conforme o processo.
O acesso a informação é um direito do cidadão e de grande importância, pois, é necessário que ele tenha conhecimento do que irá julgar, o problema não seria a informação em si, mas a forma com que ela chega ao cidadão, 
2.TRIBUNAL DO JURI: HISTÓRIA E PRINCIPIOS
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS RELEVANTES
Pode – se falar do tribunal do júri ainda na antiguidade, claro que não na forma atual, pois esta surgiria em 125 na carta magna da Inglaterra, mas há na História Antiga alguns exemplos, como:
O Tribunal dos Heliastas, na Grécia (Sec. IV a.c) onde reuniam – se em praça pública cidadãos comuns do povo, semelhante aos heliastas havia em Esparta os Éforos, que eram juízes do povo.
Havia ainda na Palestina o Tribunal dos Vinte e três, sobre ele leciona Guilherme de Souza Nucci:
Na Palestina, havia o Tribunal dos Vinte e três nas vilas em que a população fosse superior a 120 famílias. Tais cortes conheciam e julgavam processos criminais relacionados a crimes puníveis com a pena de morte. Os membros eram escolhidos dentre padres, levitas e principais chefes de famílias de Israel.�
Em Roma, enquanto República, o Júri atuou, como uma comissão de juízes, eram conhecidos como quoestiones. Por volta do ano 155 a.c tornaram – se definitivos ficando conhecidos como quoestiones perpetue.
Visando combater as ideias esposadas pelos magistrados no regime monárquico que estabeleceu – se o Júri na França, nesse sentido leciona Paulo Rangel
 “Dotada de uma estrutura processual inquisitiva, a França necessitava de um mecanismo de controle do abuso estatal durante o procedimento criminal, pois a tortura, como meio de prova, era prática comum. O júri, então, veio colocar um freio nesse abuso representando os valores e os ideais dos revolucionários da época que fundaram a Revolução em três conceitos básicos: liberdade, igualdade e fraternidade. Liberdade de decisão dos cidadãos; igualdade perante a justiça e fraternidade no exercício democrático do poder.”.�
O Tribunal do Júri, seguindo todo o movimento europeu, chega também ao Brasil 
Em 18 de junho de 1822, cria – se no Brasil o tribunal do Júri, decretado pelo Príncipe Regente, seguindo o fenômeno de propagação desta instituição corrente em toda a Europa.
No Brasil o júri era composto por 24 cidadãos, “bons, honrados, inteligentes e patriotas,” e tinham competência para julgar os crimes de abuso da liberdade de imprensa, de suas decisões cabiam recursos ao Príncipe Regente. A constituição de 1824 inseriu o júri no capitulo que tratava do Poder Judiciário (art 151, do Capitulo Único, do Titulo 6˚). Os jurados tinham competência para julgar causas cíveis e criminais. Com o advento da Republica manteve – se o Juri no Brasil, criando – se ainda o júri federal através do decreto 848, de 1890. Em face de uma defesa intransigente feita por Rui Barbosa, o tribunal do júri foi inserido no contexto dos Direitos e Garantias Individuais, influenciado também pela Constituição Americana.
Em 1934 a constituição trazia o júri no capitulo em que tratava do Poder Judiciário, e em 1937 voltou a figurar entre os direitos e garantias individuais, sendo mais tarde retirado totalmente, iniciando – se assim uma série de debates sobre a manutenção ou não da instituição no país.
O Tribunal do Júri retorna ao texto constitucional, no capitulo dos direitos e garantias individuais, assim também o fez a Emenda Constitucional de 1969, porém, por esta última redação, mencionou – se somente que, “ é mantida a instituição do júri.” Silenciando sobre Soberania, Sigilo nas Votações e Plenitude da Defesa, fixou-se sua competência apenas para oscrimes dolosos contra a vida.
A Constituição Cidadã de 1988 traz o júri no capitulo dos direitos e garantias individuais, reinserindo em seu corpo os princípios do texto constitucional de 1946, sendo eles: soberania dos vereditos, sigilo nas votações e plenitude da defesa.�
Nem sempre o júri no Brasil foi responsável pelos crimes dolosos contra a vida, como pode ser notado no relato feito por Nucci, a instituição do Júri comportou mudanças, ora sendo garantia e tendo princípios expressos no texto constitucional, ora suprimidos.
Na atualidade temos 3 princípios expressos do júri no corpo da carta magna, não obstante a presença de outros princípios que direta ou indiretamente agem no procedimento do Tribunal do Júri.
2.2 PRINCÍPIOS INERENTES AO TRIBUNAL DO JÚRI.
Pode – se entender princípio como o começo, origem, fonte, ou ainda como regras fundamentais admitidas como base de uma ciência, que nortearam determinadas situações, diferenciando-se assim das regras propriamente ditas, pois os princípios ajudam a estabelecer até mesmo a validade ou não de uma regra ou quando deve ela ser aplicada, os princípios no direito podem ser expressos ou implícitos, elencar – se – á neste trabalho não somente os princípios constitucionais, expressos no art 5˚ XXXVIII, sendo eles: Plenitude da Defesa, Sigilo das Votações e Soberania dos Veredictos, mas também outros princípios, que atuam de alguma forma regulando o direito no Tribunal do Júri, tais como: Presunção de Inocência, a Dignidade da Pessoa Humana ou ainda o Devido Processo Legal entre outros.
2.2.1 Plenitude da Defesa.
Plenitude vem do latim plenitudo, que vem a significar pleno, inteiro, completo, enquanto amplo, vem a ser espaçoso, largo. Assim sendo pode-se dizer que no tribunal do júri, o legislador não quis apenas garantir que o acusado pudesse somente se defender, mas que sua defesa fosse a mais completa, inteira possível, colocando tal disposição na parte em que concerne as garantias e direitos fundamentais, devido a sua importância.
No processo comum uma defesa técnica seria em alguns casos suficientes, pois quem irá julgar será um juiz togado, que é conhecedor das técnicas jurídicas, por outro lado, no tribunal do Júri serão leigos a julgar conforme suas consciências, um forte motivo para que a defesa no júri seja plena, inteira, podendo assim chegar a uma sentença justa, refutando-se aqui a ideia de julgamento exemplar.
2.2.2 Sigilo nas Votações 
A fim de garantir um julgamento justo, livre de pressão para os jurados, as votações são sigilosas, em uma sala reservada ou na falta desta, o Juiz pedirá que todos se retirem, pois se até mesmo durante os debates entre defesa e acusação, o público por vezes se exaltam, a cada argumento mais incisivo feita por qualquer das partes, quanto mais não seriam as manifestações durante a votação, podendo até mesmo surgir alguma ameaça, ainda que o juiz possa mandar retirar ou até mesmo prender quem viesse a se manifestar durante a votação com o intuito de pressionar os jurados, caso estes na hora de votar ouvissem qualquer tipo de pressão ou ameaça, seu julgamento não seria isento, mas de juízo duvidoso. Também não se pode confundir Sigilo na votação com votação secreta, uma vez que a votação é acompanhada pelo órgão acusatório, assim como pela defesa, além do assistente de acusação, os funcionários do judiciário, sendo ainda conduzido pelo Juiz de direito. Sendo o sigilo muito mais uma forma de chegar a um veredicto justo. Não há ainda que se falar em ferir o princípio da publicidade, pois o mesmo pode sofrer limitações quando visarem defesa da intimidade ou interesse social ou público. 
2.2.3 Soberania dos Veredictos 
O povo é soberano na República, dele advém todo o poder, consoante a Constituição Cidadã de 1988.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.�
O artigo primeiro da Constituição Federal de 88, traz em seu inciso I a soberania como fundamento do Estado Democrático de Direito e ainda seu parágrafo único lembra a quem pertence o poder na república, ao povo.
Depois do sufrágio, seja o júri talvez a melhor forma de demonstrar, que o povo detém tal poder, pois assim como nas urnas durante o pleito eleitoral quanto no julgamento feito pelo conselho de sentença, a decisão é soberana.
Soberania pode-se entender como aquele que profere a última palavra, um poder cujo não há outro acima, ressaltando a importância da soberania nacional, o veredicto popular não pode ser mudado por um tribunal togado, ainda que o veredicto contrarie a jurisprudência da corte, pois os jurados não decidem conforme a lei ou a jurisprudência, o que muito provável nem conheçam, mas sim conforme sua consciência, sendo este o juramento que prestam consoante ao artigo 472, CPP
Art. 472.  Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: 
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça.
        Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão:
        Assim o prometo.
        Parágrafo único.  O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo�
Não sendo necessário ao jurado qualquer conhecimento jurídico, esperando apenas que julgue conforme sua consciência, para se ter um justo julgamento.
2.2.4 Princípio do Contraditório
	
	Este princípio pode-se dizer que está intimamente ligado com a Ampla Defesa ou no caso do Tribunal do Júri a Plenitude da Defesa, vez que por este princípio dá-se ao acusado o direito de defender-se, o direito de ser também ouvido, este princípio pode até mesmo definir-se na expressão latina “audiatur et altera pars”, ou seja, “Ouça-se também a outra parte”, o referido princípio também se encontra na Constituição de 1988, no art. 5°, LV
2.2.5 Princípio do Devido Processo Legal
	Por este princípio assegura-se que os demais serão também garantidos, pois por ele tem a obrigação de cumprir as fases processuais que já são conhecidas, não tendo surpresas, caso alguma fase não venha a ser cumprida ou algum princípio venha a ser violado, tem-se ferido também o Devido Processo Legal, elencado no art. 5°, LIV CF/88.
2.2.6 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e a Presunção de Inocência
A Constituição garante que ninguém será tratado de forma desumana, nem considerado culpado antes do transito em julgado, como expresso no art 5°, incisos III e LVII, a Declaração dos Direitos do Homem de 1789, já trazia em seus arts.1° e 9° a seguinte redação
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.�
Os homens nascem livres e iguais em direitos, ou seja, não se pode impor ao outro tratamento não desejado a si próprio, obviamente ninguém deseja para si ou para aqueles que lhe são caros, um tratamento degradante e/ou desumano. Da mesma forma a presunção de inocência, não podem haver motivos que justifiquem que algumas pessoas venham a ser consideradas culpadas antes mesmo de ser a denúncia recebida, quanto mais antes do transito em julgado, resguarda a presunção de inocência do indivíduo é tambémgarantir um tratamento digno, que é devido a todo e qualquer Ser Humano.
2.2.7 Princípio da Verdade Real
Por este princípio o processo deve buscar a verdade dos fatos, tal qual ocorreu, ou mais aproximado, verificar quais condutas exatamente cada acusado praticou, para assim lhe proporcionar um julgamento justo, punindo – o nos limites de sua conduta para tal infração penal.
2.2.8 Razoável Duração do Processo
	
O processo deve atendendo o princípio da celeridade, durar um tempo razoável, não pode ele ser eterno, porém, agilidade não pode significar que o processo correrá com pressa sem averiguar todos seus pontos, pois se assim o fosse, seria muito injusto. O processo deve durar um prazo razoável não podendo nem ser eterno nem ser toque de caixa
2.2.9 Princípio da Publicidade
Os autos e as audiências são públicos, toda e qualquer pessoa pode ter acesso, a imprensa pode acessar e divulgar, sendo restringido esse direito apenas em casos específicos em que a o juiz pode determinar o segredo de justiça, como no caso do art. 201, § 6°:
Art. 201....
(...)
6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação�
Em outros casos a própria lei determina estabelece o segredo de justiça como regra, como aponta o art. 234 – B do Código Penal, ao estabelecer que os crimes do Título VI, dos crimes contra a dignidade sexual correrão em segredo de justiça.
2.2.10 Imparcialidade do Juiz
	Não pode o magistrado pender a este ou aquele lado, deve ser neutro para que possa julgar com justiça, no caso do júri em especial, a decisão de pronúncia por exemplo deve, consoante ao Código de Processo Penal, restringir-se apenas a indicar as provas da materialidade e os indícios da autoria, ou de partícipe, bem como o dispositivo em que o réu tenha incorrido, as circunstancias qualificadoras e as causas de aumento de pena, não admitindo-se adjetivação, ou seja, não pode o juiz exacerbar – se na motivação da sentença.
3. PROCEDIMENTO DO JÚRI: BIFÁSICO
	3.1 COMPETÊNCIA
	
O Júri tem competência para jugar os crimes dolosos contra a vida, que estão elencados no Título I, da parte especial do Código Penal:
PARTE ESPECIAL, TÍTULO I, DOS CRIMES CONTRA A PESSOA CAPÍTULO I, DOS CRIMES CONTRA A VIDA:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
 II - por motivo fútil;
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Homicídio culposo
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
 Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Infanticídio
 Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Aborto provocado por terceiro.
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:�
	
Estes crimes são de competência exclusiva do Tribunal do Júri, mas seguindo NUCCI, seria essa uma competência mínima, tendo o Legislador apenas a intenção de assegurar que o Júri, aconteça na pratica e não apenas na teoria, conforme abaixo transcrito:
“Note-se que o texto constitucional menciona ser assegurada a competência para os crimes dolosos contra a vida e não somente para eles. O intuito do constituinte foi bastante claro, visto que, sem a fixação da competência mínima e deixando-se à lei ordinária a tarefa de estabelece-la, seria bem provável que a instituição que a instituição, na pratica, desaparecesse no Brasil”�
Poderia na ideia de Nucci, o tribunal popular julgar não somente os crimes dolosos contra a vida, mas sendo esse apenas os que lhes são exclusivos, não únicos.
Esses crimes e aqueles conexos ou continentes a eles, são de competências do Tribunal do Júri. São estes delitos que causa certa indignação seja pelo fato em questão ou pela conduta do autor.
O júri é formado por 1 juiz togado e 25 jurados, dos quais são escolhidos sete para formarem o conselho de sentença.
Segundo Charley Teixeira Chaves, sua obra O Povo e o Tribunal do Júri, faz o seguinte destaque:
A sociedade através do Tribunal do Júri, ou melhor, dos jurados buscam estabelecer padrões de comportamento, tendo em vista a liberdade de suas decisões e da apreciação da prova (íntima convicção – art. 472 do CPP). Os jurados integrantes do Tribunal representariam a sociedade de qual fazem parte, decidindo em nome dela, sendo uma expressão eminentemente “democrática”, pois os pares (jurados) decidem de forma independente, “justa” e livre. Seu voto é formado a partir do convencimento pessoal e não é acompanhado de fundamentação teórica de Direito ou prova posta em debate. �
O direito nasce da sociedade e não a sociedade do direito, uma das maiores expressões dessa máxima é o Tribunal do Júri, onde a sociedade representada por um conselho, decide não conforme o direito positivado, mas conforme sua intima convicção, não precisando fundamentar sua decisão.
3.2 BIFÁSICO 
O procedimento do júri se divide em duas fases, uma é a formação da Culpa, sendo da denúncia a decisão de pronúncia e a outra o Juízo da Causa.
A primeira fase é inicia com a denúncia encerra-se com a decisão, procedimento descrito no art. 406 à 412, ambos do Código Penal Brasileiro, ao passo que a segunda faze se inicia com a decisão de pronúncia até a sentença 
Na primeira fase as decisões competem ao juiz togado, suas decisões podem ou não levar o réu ao tribunal popular para ser julgado por seus pares.
3.3 DECISÕES DA PRIMEIRA FASE
Da primeira fase é onde se dá a formação da culpa, o juízo de acusação, há nesta fase 4 possibilidades para o juiz decidir, cada uma com sua consequência específica, a serem elas:
3.3.1 Absolvição Sumária
Com fulcro no art 415 do Código de Processo Penal, o juiz desde logo de maneira fundamentada absolver o réu quando:
 
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: 
I – provada a inexistência do fato; 
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; 
III – o fato não constituir infração penal; 
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. 
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva.�
	
Caso o juiz togado, venha a vislumbrar no processo algumas das causas presentes no art. 415 CPP, poderá absolver sumariamente o réu.
	Assim se provada que o fato inexistiu ou que existindo não foi réu seu autor ou partícipe, não se pode fazer nada além de absolve-lo, ou ainda se o fato não constituir infração penal, ou seja, um fato atípico, não podendo ser punido
Importante ressalvar o inciso IV, quando o legislador diferenciaa isenção de pena e a exclusão do crime, a primeira situação atinge a culpabilidade, enquanto a outra atinge o fato em si, assim na exclusão do crime, pode-se exemplificar com a legitima defesa, que exclui antijuridicidade, excluindo assim o crime, e na isenção de pena quando estiver presente por exemplo a coação moral irresistível, porém não se aplica o inciso IV, quando a alegação for de inimputabilidade, pois nesse caso o juiz deverá remeter ao Tribunal do Júri, conforme ministra Vicente Greco Filho
Não se aplica a absolvição sumária no caso de inimputabilidade, salvo se essa for a única tese de defesa, isso significando que se a inimputabilidade vier acompanhada da tese de negativa de autoria ou legítima defesa, por exemplo, o juiz deverá pronunciar, remetendo o réu a júri.�
	
	Não há que se falar em ferir a competência do tribunal do júri para julgar tais causas, pois quando presentes as situações elencadas no Art. 415, deixam os fatos de constituírem Crimes Dolosos Contra a Vida. 
	A absolvição sumária faz coisa julgada, ou seja, ainda que advenham novas provas não se pode voltar a julgar o réu, vez que já foi absolvido.
	3.3.2 Desclassificação 
	O Código de Processo Penal, em seu art. 419 disciplina:
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja. 
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso”.�
	No decorrer da formação da culpa, poderá o juiz singular caso vislumbre que a conduta não constitui um crime doloso contra vida, poderá desclassifica-lo e remeter os autos ao juízo competente, a desclassificação pode ser menos ou mais gravosa, por exemplo o Homicídio ser desclassificado para Lesão Corporal Seguida de Morte, ou para Latrocínio, ou ainda verifica – se que o animus não é doloso e sim culposo, retira-se assim a competência do tribunal popular.
	3.3.3 Impronúncia 
	Não demonstrada a materialidade do fato ou indícios de autoria pelo réu, o juiz impronunciará o réu, extinguindo o processo sem resolução do mérito, podendo o surgimento de nova prova ser pronunciado, pois a decisão de impronuncia arquiva o processo, não decide mérito, não faz coisa julgada.
		3.3.4 Despronúncia 
	
	Caso tenha o juiz togado pronunciado o réu, caberá Recurso em Sentido Estrito, ao interpor esse recurso, dá-se ao juiz o juízo de retratação, ou seja, o juiz poderá ao receber o recurso, rever sua decisão, assim ele poderá voltar arás na pronúncia, despronunciando o réu.
	Não se diz que a decisão se torna impronuncia, porque neste caso o réu já foi pronunciado, podendo o juiz ao reexaminar a matéria se retratar, ou o Tribunal ao julgar o recurso despronunciar o réu, nesse sentido a jurisprudência direciona
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIMES CONTRA A VIDA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. RÉU DESPRONUNCIADO. O princípio do in dubio pro societate deve ser visto com ressalvas, pois não pode servir de substrato para o julgador submeter o réu a júri em qualquer hipótese, sob o pretexto de que a competência constitucional é do Conselho de Sentença. Ocorre que, se o juízo submete ao Tribunal do Júri um acusado sobre o qual inexistem os mínimos elementos para a pronúncia, a vítima e a própria sociedade serão prejudicadas diante de eventual absolvição, na medida em que ele não poderá ser submetido a novo julgamento. No caso dos autos, a sentença de pronúncia fundamentou-se tão somente no depoimento de parentes da vítima que declararam ter sido noticiados por terceiros do envolvimento do recorrente no fato delituoso. Demasiadamente frágeis os indícios de autoria, de modo que se revela inviável a pronúncia. Parecer do Ministério Público favorável ao provimento do recurso da defesa. RECURSO PROVIDO. (Recurso em Sentido Estrito Nº 70059915587, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Diogenes Vicente Hassan Ribeiro, Julgado em 10/07/2014)�
 	Inexistindo os mínimos requisitos que são indícios de autoria e provas da materialidade, não comporta o réu ser pronunciado.
3.3.5 Pronúncia 
	Entendendo o juiz que há prova da materialidade e indícios de autoria do réu, ou pairando duvidas, em atenção ao in dubio pro societat, deverá o pronunciar o réu, remetendo-o ao Tribunal Popular	, neste sentido leciona o professor Pedro Lenza
Pronúncia é a decisão por meio da qual o juiz, convencido da existência material do fato criminoso e de haver indícios suficientes de que o acusado foi seu autor ou partícipe, admite que ele seja submetido a julgamento perante o Tribunal do Júri. Segundo a precisa observação de José Frederico Marques, a pronúncia tem caráter estritamente processual e não se constitui em decisão de mérito, pois não impõe pena alguma ao réu, nem qualquer outra sanctio juris�
	Por não constituir decisão de mérito, nem encerrar o processo a decisão de pronúncia é tida como interlocutória mista não terminativa, tal decisão compreende o juízo de admissibilidade, nesse mesmo sentido continua a lecionam os professores Alexandre Cebrian Araujo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves na obra coordenada pelo professor Pedro Lenza
Em virtude de a decisão de pronúncia encerrar mero juízo de admissibilidade da acusação, é desnecessária, para a sua prolação, a certeza jurídica que se exige para uma condenação, daí por que deve o juiz, em caso de dúvida, pronunciar o réu, para não subtrair a apreciação da causa do tribunal do júri, juiz natural dos crimes dolosos contra a vida. Diz-se, pois, que nessa etapa vigora o princípio in dubio pro societate, ou seja, na dúvida deve o juiz prestigiar o interesse social de permitir o prosseguimento da persecução penal contra o acusado.�
	Deve o juiz indicar na decisão de pronúncia, como ficará a situação prisional do réu, bem como indicar todos os dispositivos que formarão o libelo, isso implica afirmar que o réu deverá se defender das condutas contidas na pronúncia.
	Da decisão de pronúncia o recurso cabível é o recurso em sentido estrito (RESI)
	3.4. DO PREPARO PARA O PLENÁRIO
	Após a decisão de pronúncia, iniciam – se os trabalhos preparando o julgamento em plenário, intimando – se o Ministério Público e a Defesa para apresentar no prazo de cinco dias o rol de testemunhas que nesta fase são 5 testemunhas, pode nesse momento ocorrer ainda o desaforamento.
3.4.1 Desaforamento
	Casos em que muda – se o foro para julgamento do réu, sendo admitido em quatro situações:
	O desaforamento pode ocorrer quando: 
Interesse de Ordem Pública, assim quando puder ocasionar risco para paz social ou para os jurados
Houver dúvida quanto a Imparcialidade do Júri, quando houver indícios de que o júri não será isento, que poderá decidir por perseguição ou favorecendo.
Insegurança do Réu, caso em que há risco a integridade física do réu;
Excesso de trabalho, visando a durabilidade razoável do processo, na hipótese de que o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 meses, contados do transito em julgado da decisão de pronúncia, não sendo computado para tanto, períodos de adiamento pela defesa ou de diligencias que ela aproveite.
O desaforamento é uma medida excepcional, assim sendo somente nos casos elencados acima é possível desaforar um processo.
3.4.2 Do Alistamento dos Jurados
Os jurados serão alistados conforme previsto no art. 425 do Código de Processo Penal, sendo publicada a lista geral com suas respectivas profissões na imprensa até o dia 10 de outubro e também serão colocadas às portas do tribunal do júri, podendo ser impugnada por qualquer pessoa do povo ou de ofício até o dia 10 de novembro, ficando excluído dessa lista o jurado que já houver composto o conselho de sentença nos últimos 12 meses.
3.4.2 Da Formação do Conselho de Sentença
	
	Da lista geral de jurados, são sorteados por mês 25, dos quais se faz necessário a presença deno mínimo 15 para se iniciar os trabalhos, destes jurados podem ser recusados sem justificativa 3 jurados pela acusação e 3 jurados pela defesa.
3.4.3 Da Organização da Pauta
	Consoante ao art. 429 do Código de Processo Penal são julgados preferencialmente os processos na seguinte ordem
Os acusados presos.
Dentre os acusados presos, aqueles com maior tempo de prisão.
Em igualdade de condições, os que anteriormente foram pronunciados.
4. DECISÕES POLÊMICAS DO CONSELHO DE SENTENÇA QUE TIVERAM REPERCUSÃO MIDIÁTICA 
	Algumas decisões do conselho de sentença tornam – se polêmicas, devido à dimensão midiática que tiveram, alguns casos são tomados como singulares pela mídia e tudo que se passa nesses processos tomam repercussão indescritíveis.
4. 1 DA IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO
	A informação é essencial para que o cidadão possa ter conhecimento de seus direitos podendo exigi-los, é uma maneira de fiscalizar o poder público para que aja de forma legal, em conformidade com a lei, entre outros benefícios pode-se apreciar estes, porém por diversas vezes a informação utilizada de forma errônea trouxe prejuízos a sociedade.
	Quando não utilizada de forma honesta a informação presta a sociedade um (des)serviço, deforma a veracidade dos fatos, deturpa a visão sobre os acontecimentos.
	Não se pretende neste estudo rotular a informação como vilã, mas analisar seus efeitos conforme a maneira de uso, pode-se exemplificar lembrando alguns casos.
	Sobre esse assunto o professor Raphael Boldt assim se refere:
Ao abordar temas referentes a criminalidade, a mídia impõe sua opinião, manipulando e controlando a informação. A figura do “especialista” ocupa uma posição estratégica nesta tarefa, afinal, ele reproduz a ideologia dominante e lhe confere credibilidade, pois, trata-se de alguém conhecido no meio em que atua, uma autoridade no assunto, alguém que não está sujeito a questionamentos. Logo, a credibilidade de quem diz substitui a veracidade do que é dito.�
	A mídia ao trazer um “especialista” tenta creditar sua posição, ainda que não seja a única, o objetivo não seria discutir o tema, mas reafirmar a posição tomada, justificando assim suas manchetes, suas capas.
	Não se pode negar que a mídia já influenciou positivamente, em casos que políticas públicas foram alteradas, graças a pressão midiática por ter investigado, denunciado, servindo assim a informação como uma forma de fiscalizar o poder público, porém, há outros casos em que a mídia extrapola, criando uma verdade sua, que se adapte aos seus interesses, trazendo entretenimento e audiência, nesse sentido Joel Eliseu Galli acentua:
Portanto, ao que tudo indica, a opinião da massa de acossamento forçando os limites do julgamento técnico/estatal em situações de vultosa animosidade social enfraquece, de maneira comprometedora, os critérios do próprio julgamento, transformando-o, por conseguinte, na renovação simbolizada do matar de outrora.   Dito de outro modo, o forte apelo popular formado nos bastidores dos julgamentos célebres (Nardoni, Lindemberg Alves, entre outros tantos) obscurece a verdade cuja captura é indispensável à manifestação de um julgamento racionalizado e objetivo, privilegiando-se a paixão nascida do acossamento que culmina por identificar os acusados no grupo dos maus e os emissores de opinião no grupo dos bons. A partir de então, o fato perde a importância, corrompendo-se em meio a um emaranhado de opiniões com o potencial de sobrepor-se à realidade.  No que toca à função da mídia enquanto elemento veiculador e catalisador desse fenômeno de opinião substitutivo do antigo resultado oriundo da formação da massa de acossamento (a morte da vítima), possível notar a inclinação a um sacrifício da verdade em benefício do potencial lucrativo derivado da audiência ou da demanda por novas opiniões aptas a reforçar os objetivos da massa de acossamento virtual, situação que faz recordar a expressão de Hobbes reproduzida por Hannah Arendt, sustentando que somente a verdade que não se apõe ao lucro e ao prazer humano é desejada�
	A verdade como ela realmente é não se quer, por não trazer muitas das vezes lucros, prefere-se, no entanto, criar um cenário e entreter o público com pedaços da informação fazendo o acreditar na “verdade” veiculada.
	4.1.1. A mídia Como Formadora de Opinião Pública.
A sociedade hoje vive na era da informação, chega-se a dizer que esta é a sociedade da informação, assim naturalmente que os veículos que trabalhem nesse campo exerçam sobre seus consumidores, o que atualmente refere-se a sociedade num geral, grande influência, a imprensa é formadora de opinião pública, sendo por vezes a única fonte de informações da maioria da população. 
Nesse sentido, deveria haver por parte dela (mídia) uma responsabilidade maior com aquilo que veicula, exigindo-se no mínimo respeito aos princípios constitucionais inerentes a todo e qualquer cidadão, como a dignidade da pessoa humana ou a presunção de inocência.
4.1.2 Mídias Sociais
Atualmente todos estão conectados e aproximados pela tecnologia, uma pessoa pode através de sua rede social, facebook por exemplo ter milhares de amigos virtuais, interagir com eles, fazendo com que suas publicações alcancem em segundos milhares de pessoas.
Acontece que por vezes ao expressar sua opinião ou indignação diante de fatos ocorridos na sociedade, alguns usuários acabam por divulgar, compartilhando notícias falsas ou tendenciosas, tornando culpados meros acusados que sequer tiveram ainda a oportunidade de apresentar defesa, ainda que seja no calor da emoção, as consequências de um simples compartilhamento na vida de quem teve sua imagem difundida e ligada a crimes violentos são incalculáveis.
Mulher espancada após boatos em rede social morre em Guarujá, SP
Ela foi agredida após ser acusada de praticar magia negra com crianças.
Moradores registraram vídeos mostrando a agressão e postaram na web.�
Por boatos pessoas perdem a vida, um julgamento antecipado, com penas capitais é promovido nas redes sociais ou na mídia de tempos em tempos com fatos que ocorreram, mas ainda não foram totalmente apurados ou fatos que nem ocorreram, na busca desenfreada por uma “justiça” acaba por cometer mais injustiça, na busca de um julgamento exemplar se esquece que o julgamento deve ser justo, apenas isso: justo.
4.2 ALGUNS CASOS QUE TIVERAM REPERCUSSÃO NO PAÍS
	Alguns casos são selecionados, não se sabe de qual forma, quais requisitos atendem para tal destaque, mas são tidos como únicos mesmo que por um lapso temporal, fazendo com que sejam únicos e tendo que ser combatidos com pulso firme e todo o rigor.
	Esse rigor todo deixa escapar a dignidade ou qualquer outro direito que os acusados, investigados ou réus possam ter, nessa linha Doutora Ana Lucia Menezes Vieira aduz:
Ora, a condição do indivíduo, de investigado, acusado ou réu não lhe retira o direito a dignidade. Seus direitos personalíssimos, que lhes são ínsitos, devem ser tutelados de forma eficaz. Embora previstos na Constituição, temos visto uma constante invasão dessa área reservada da pessoa envolvida em inquéritos ou processos criminais. Estes, assim como direito de crônica, devem pautar-se na dignidade do ser humano que é inviolável e indevassável.�
	
O que teriam em comum, Bruno, Alexandre, Ana Carolina, Lindemberg, Suzane, Daniel e Cristian?
	Foram personagens de crimes que foram escolhidos para estamparem as capas de revistas e jornais por todo o país, na busca de um julgamento exemplar, vejamos em qual caso tais personagens estão envolvidos.
4.2.1 Caso Nardoni
	Em 29 de março de 2008, do sexto andar do Edifício London, uma menina é jogada, seu nome Isabella Nardoni, o caso chocaria o país, que buscaria para aquele caso específico, um julgamento exemplar, foram acusados e posteriormente condenados o pai Alexandre Alves Nardoni e a madrasta Anna Carolina Trotte Peixoto Jatobá, porém, impressiona a atenção dispensada pela mídia nesse sentido, Ilana Casoy,comenta:
Naquele mesmo mês um juiz me havia convidado a estudar outro caso em que a mãe matara seu filho de dois anos, Élvis, encontrado asfixiado ainda com a chupeta na boca. Não saiu nos jornais. Não saiu na televisão. Nenhuma matéria jornalística foi feita, mas não era menos impressionante do que o Caso Isabella. Por que a mídia "elege" alguns crimes para explorar, enquanto outros, com as mesmas características, são esquecidos?�
	Alguns crimes são eleitos pela mídia e em torno deles correm mentiras e verdades, por vezes esquecendo – se da presunção de inocência, como por exemplo a revista Veja de 23 de abril de 2008
�
A capa traz o seguinte texto: “Para a polícia não há mais dúvidas sobre a morte de Isabela: Foram Eles”, um detalhe a se considerar sobre tal fato é que a denúncia, foi oferecida apenas em 07 de maio de 2008, ainda assim quase 15 dias antes já era noticiado nos veículos de comunicação de todo o país como culpados do crime em questão.
4.2.2 Caso Richthofen
Em 31 de outubro de 2002, por volta de meia noite Suzane von Richthofen, na companhia de seu namorado e o irmão de seu namorado, os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos estacionam na garagem da mansão Richthofen, nesta noite acontece o assinado do engenheiro alemão Manferd von Richthfen e sua esposa Marísia von Richthofen, quem os assassinaria? Os irmãos Cravinhos com a ajuda e participação de Suzane von Richthofen.
O crime foi confessado menos de um mês após acontecido, uma filha confessara como planejara o assassinato dos pais, junto com seu namorado e cunhado, claramente isso estampou as capas de jornais e tabloides da época.
A ré em questão já era estigmatizada nas capas de revistas como a menina que matara os pais e fora ao motel transar com seu namorado.
�
A capa acima retrata apenas a frieza, não dando margem a qualquer tese de defesa, qualquer outro lado de Suzane, não se questiona aqui a conduta dela, mas a forma como é tratada pela mídia, a exposição sofrida.
Por que o interesse nesse caso, Ilana Casoy em sua obra sobre o crime em questão faz a seguinte reflexão:
O circo da mídia mitificou esses assassinos, muito mais a figura “principal” da filha que matou os pais. Por que esse crime específico ganhou essa proporção de divulgação? Não pode ser apenas por se tratar de parricídio/matricídio, que acontece vez por outra o ano inteiro. A resposta provavelmente envolve o fato de Suzane ter, aparentemente ao menos, o perfil clássico da filha que todos gostaríamos de ter. Loira, bonita, estudante de Direito, boa aluna, culta, trilíngue, filha de pais bem-sucedidos.�
O interessante é que ainda hoje qualquer detalhe sobre Suzane ou os irmão Cravinho parece remexer na mídia de forma singular, prova disso foram as saídas temporárias concedidas a Suzane, pois preenchia os requisitos elencados na Lei, a mídia muito mais que qualquer outro setor da sociedade, parece por vezes perseguir quase que numa pena perpétua, não deixando que alguém que se envolveu em algum crime possa voltar à normalidade, não se quer aqui minorar os atos cometidos, mas analisar a dimensão midiática tomada em alguns casos como este.
4.2.3 Caso Goleiro Bruno
Uma jovem nascida em Foz do Iguaçu, com sonho de ser modelo e obter fama, seu nome Elisa Samúdio, em busca da tão sonhada fama ela vai para São Paulo, onde mesmo participando de desfiles atuou em filmes de entretenimento para o público adulto, acabou por se envolver com o goleiro de um grande time da série A do futebol brasileiro, Bruno Fernandes, de quem veio a ter um filho, para o qual exigia pensão alimentícia, porém nessa busca desaparece.
Bruno, um jovem com a carreira em ascensão, idolatrado por uma torcida e certamente assediado por fãs, tem seu nome envolvido numa grande confusão e vê sua imagem antes de qualquer processo ou julgamento ser estraçalhado na mídia brasileira. 
O desaparecimento de Eliza recai sobre Bruno Fernandes goleiro do Flamengo a época, sendo ele processado, julgado pelo Tribunal Popular e condenado, porém chama atenção a capa da revista que antes de qualquer denúncia já traz quase que numa capacidade premonitória o culpado, em seu ponto de vista para o momento.
�
A capa que traz o goleiro Bruno com a palavra Indefensável, acontece que a época desta capa não havia sequer denúncia, quanto mais algo para que o mesmo se defendesse.
Interessante que nesse caso em especial a mídia a partir de supostos indícios só não prolatou sentença, mas fez a acusação ferozmente, levando o cidadão comum a desejar ver o acusado atrás das grades, o que leva ao questionamento da imparcialidade do jurado, que sentou – se no tribunal com a convicção de que deveria fazer justiça condenando o réu e não com o intuito de analisar o que lhe fora apresentado por acusação e defesa para após isso decidir o destino do réu.
4.2.4 Caso Eloá
Eloá Cristina Pereira foi mantida do dia 13 de outubro de 2008 a 17 de outubro do mesmo ano em cárcere privado pelo jovem Limdenberg Fernandes Alves, que tinha na ocasião 22 anos de idade, esse caso em especial teve uma repercussão ímpar, tendo até mesmo entrevista durante o período de sequestro, um programa de televisão telefonou para a casa de Eloá, conversando com Lindenberg, fato esse mencionado até mesmo na sentença proferida pela Magistrada Milena Dias:
Durante a barbárie, o réu deu-se ao trabalho de, por telefone, dar entrevistas a apresentadores de televisão, reforçando, assim, seu comportamento audacioso e frieza assustadores. Lindemberg Alves Fernandes chegou a pendurar uma camiseta de time de futebol na janela da residência invadida. �
Em 17 de outubro após mais de 100 horas de cárcere, o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) invade o apartamento sob alegação de ter ouvido disparo de arma de fogo, durante a invasão a menina foi baleada na cabeça, vindo a falecer no dia posterior.
Em 13 de fevereiro de 2012 foi a júri popular Lindemberg, acusado de 12 crimes, a serem 1 Homicídio, 2 tentativas de Homicídio, 5 cárceres privado, 4 disparos de arma de fogo, seu julgamento durou 4 dias.
Durante o Julgamento a defensora do réu e a juíza tiveram um desentendimento ao ser requerido pela defesa a produção de uma prova, o que repercutiu nos meios de comunicação, fato este lembrado pela juíza em sua sentença:
Ainda, também durante os debates, na presença de todas as partes e do público, a Defensora do réu Dra. Ana Lúcia Assad, de forma jocosa, irônica e desrespeitosa, aconselhou um membro do Poder Judiciário a “ voltar a estudar”, fato exaustivamente divulgado pelos meios de comunicação.�
Assim pode-se perceber que a preocupação com o que a mídia vincula ou deixa de veicular atinge o judiciário também, como não atingiria o conselho de sentença que é leigo.
4.3 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JÚRI
A informação como dito anteriormente, traz ao cidadão conhecimento para exigir e fazer valer seus direitos, porém quando a informação extrapola seu papel que seria, ainda que redundante, informar, sendo até mesmo tendenciosa, como em alguns dos casos acima descritos traziam os réus como culpados antes mesmo de qualquer julgamento.
Atribuída ao propagandista Joseph Goelbs, a frase ”Uma mentira dita mil vezes, torna-se verdade”, caberia ao tema, no sentido de que uma informação ainda que não verdadeira, mas que veiculada com frequência de forma incisiva pode criar uma ilusão, trazendo – a como se verdade fosse, mesmo sem provas.
Essa dramatização dos crimes, servem muito mais, senão somente, para o entretenimento que para realmente informar o cidadão comum que poderá ser componente do conselho de sentença, nesse sentido o professor Raphael Boldt assevera:
Ao abordar questões relativas ao crime, a mídia não apenas impões a sua percepção sobre este importante fenômeno social, mas deixa de analisar algumas questões extremamente relevantes – quando tudo ganha dimensões de entretenimento, reflexões e críticas perdem o interesse, não vendem – concernentes a fatos que, dramatizados, tornam– se verdadeiros espetáculos.�
Não se espera dos juízes leigos no conselho de sentença que julguem de forma jurídica, mas de acordo com suas intimas convicções, assim sendo claramente irão anexar ao que ouvirem em plenário tanto o Ministério Público, assistente de acusação, quando tiver, dos defensores, ou ainda das testemunhas, a reportagem exibida no veículo X o Y.
As conversas sobre o caso que certamente tiveram ao comentar a capa da revista ou a chamada do telejornal, terão maior peso que os debates no plenário, as questões processuais, afinal as reportagens trazem a confirmação de um “especialista”, alguém que é uma autoridade no assunto, não comporta questionamentos.
A mídia certamente hoje ocupa um lugar de grande prestígio, ainda que não oficialmente, em nosso ordenamento, sendo chamado por alguns como “Quarto Poder”
A mídia já fora chamada de “QUARTO PODER”, uma vez que se investe das funções atribuídas pelo constituinte originário aos demais poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário), de tal forma que, no caso do direito penal e processual penal, realiza investigações, denúncias, acusações, profere condenações e impõe execuções antecipadamente à realização de todo o iter processual, transformando-se em uma espécie de condutora das massas e ditadora de normas, em virtude da sua notável influência no tecido social�
Como outrora mencionado a mídia quase que numa capacidade premonitória aponta culpados antes de qualquer julgamento pelo poder judiciário, surgindo quase que como um quarto poder da república.
Cabe ao juiz presidente orientar e ao proferir sentença não deixar - se levar por manchetes ou reportagens, mas aplicar a lei ao caso concreto que se apresenta para julgamento, e a partir do julgamento do conselho de sentença, fazendo a dosimetria da pena, buscando ser justo e não tendo a intenção de tornar o julgamento exemplar. 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que o Tribunal do Júri é um instituto de grande relevância para o Estado Democrático de Direito, pois no tribunal popular a vontade do povo é soberana, tem – se assim a soberania dos Veredictos, a sociedade representada por seus pares ao decidir sobre a vida de um réu.
São pessoas da sociedade sem a exigência de qualquer conhecimento jurídico, assim não se pede motivação ao julgar, apenas que julguem consoante a sua intima convicção.
Se não se exige nenhum conhecimento jurídico, é facilmente possível ligar como será o julgamento do conselho de sentença, quando o crime é “discutido” na mídia tendendo a um lado apenas da história, não dando chance de defesa, importando muito mais o entretenimento que o fato pode trazer que o fato em si, não importam os debates, reflexões ou críticas, a seriedade não parece encantar tanto quanto o espetáculo promovido pela violência. 
Não se tem hoje em nosso ordenamento um direito absoluto, que sobreponha aos demais, exemplo disso nesse caso é o Direito a Informação frente a presunção de inocência de algum indivíduo que está sendo acusado. 
Pode pôr um viés, parecer que são contrários um ao outro, mas o que se discutiu nesse trabalho não foi o acesso a informação, mas a forma com que essa informação chega ao cidadão, como é manipulada, para que lado tende. A mídia tem o direito e até mesmo o dever de informar o cidadão, isso o ajuda, a conhecer e exigir seus direitos
No entanto, quando se prioriza o espetáculo ao invés da real informação, deixa-se de lado a presunção de inocência, ferindo gravemente a dignidade da pessoa humana. 
A imprensa com toda influência que exerce, é tida como um quarto poder da República, as pessoas que irão compor o conselho de sentença são leigas e adquirem informações do que acontece na sociedade pela mídia, impressa ou televisiva, no entanto, nem sempre a informação adquirida condiz com a verdade dos fatos.
O espetáculo promovido na mídia em crimes com violência, que são selecionados para servirem de entretenimento, deve dar lugar a ética e responsabilidade, para não acabar por denegrir a imagem de alguém, promovendo julgamentos antecipados, estabelecendo penas cabíveis.
As mídias sociais ajudam na disseminação de um ódio, na busca de culpados sem direito a qualquer defesa, sem apurar os fatos para chegar a verdade real, o que realmente aconteceu, se passa por cima de princípios norteadores do Direito, se esquece a dignidade inerente a todo ser humano.
Uma das maneiras tentadas para evitar um julgamento injusto seria o desaforamento, quando o caso é de comoção local, pode até surtir um pouco o efeito, porém, se for de comoção nacional, não terá tanto êxito, pode-se pensar em suspender o processo até que se amenize a situação, passe a euforia momentânea de cada caso em particular.
Respeitando a dignidade da pessoa humana, presente em cada indivíduo, mesmo que acusado perante o tribunal popular, presumindo – os inocentes até que sejam condenados, com transito em julgado, a informação pode ser uma grande ferramenta para o cidadão.
6 REFERENCIAS 
NUCCI, Guilherme de Souza, Tribunal do Júri, 5.aEd. Rio de Janeiro, Forense,2014
RANGEL, Paulo, Tribunal do Júri: Visão Linguística, Histórica, Social e Júridica, 4ª Ed, São Paulo, Atlas, 2012
Constituição Federal de 1988
Decreto Lei 3.931 de 11 de dezembro de 1941, Código de Processo Penal 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – 1789
DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Código Penal.
CHAVES, Charley Teixeira. O POVO E O TRIBUNAL DO JÚRI. São Paulo, DPlácido, 2015
FILHO, Vicente Greco, Manual de Processo Penal, 9ed, São Paulo, Saraiva, 2012
http://www.tjrs.jus.br/site/
REIS, Alexandre Cebrian Araujo, GONÇALVES, Victor Eduardo Rios, Direito Processual Esquematizado, coordenador Pedro Lenza, 2 ed, São Paulo, Saraiva, 2013
http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2013/06/capas-de-epoca.html acesso em 10/11/2017.
CASOY, Ilana, O Quinto Mandamento: Caso de Polícia, 7 ed, São Paulo p 11-12, Ediouro, 2009
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/02/confira-integra-da-sentenca-do-julgamento-de-lindemberg-alves.html
BOLLDT, Raphael, Criminologia Mídiatica: Do Discurso Punitivo à Corrosão simbólica do Garantismo, Curitiba. Juruá,
OLIVEIRA, César Antônio Silva de. A influência da mídia no Tribunal do Júri à luz dos princípios e garantias constitucionais que regem o Processo Penal Brasileiro. Artigo Publicado em 2014. https://jus.com.br/artigos.
http://www.tjrs.jus.br/site/
GALLI, Joel Eliseu. “A opinião das massas substituindo os critérios de verdade: a transformação do julgamento criminal em acossamento”. Disponível em: (http://www.ibccrim.org.br). 
http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html 
VIEIRA, Ana Lucia Menezes, Processo Penal e Mídia, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2003,
� NUCCI, Guilherme de Souza, Tribunal do Júri, 5.aEd. Rio de Janeiro, Forense, 2014 p41.
� RANGEL, Paulo, Tribunal do Júri: Visão Linguística, Histórica, Social e Júridica, 4ª Ed, São Paulo, Atlas, 2012,p48
� NUCCI, Guilherme de Souza, Tribunal do Júri, 5.aEd. Rio de Janeiro, Forense, 2014 p 42 ss
� Constituição Federal de 1988
� Decreto Lei 3.931 de 11 de dezembro de 1941, Código de Processo Penal
� Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão - 1789
� Decreto lei 3.931 de 11 de dezembro de 1941, Código de Processo Penal
� DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Código Penal.
� NUCCI, Guilherme de Souza, Tribunal do Júri, 5.aEd. Rio de Janeiro, Forense, 2014 p 35
� CHAVES, Charley Teixeira. O POVO E O TRIBUNAL DO JÚRI. São Paulo, DPlácido, 20015 p 11
� Decreto Lei 3.932 de 11 de Dezembro de 1941 
� FILHO, Vicente Greco, Manual de Processo Penal, 9ed, São Paulo, p 596, Saraiva, 2012
� Decreto Lei 3.931 de 11 de Dezembro de 1941, Código de Processo Penal 
� � HYPERLINK "http://www.tjrs.jus.br/site/"�http://www.tjrs.jus.br/site/� acesso em 10/11/2017
� REIS, Alexandre Cebrian Araujo, GONÇALVES, Victor Eduardo Rios, Direito Processual Esquematizado, coordenador Pedro Lenza, 2 ed, São Paulo, Saraiva, 2013, p617
� REIS, Alexandre Cebrian Araujo, GONÇALVES, Victor Eduardo Rios, Direito Processual Esquematizado, coordenador Pedro Lenza, 2 ed, São Paulo, Saraiva, 2013, p618
� BOLLDT, Raphael, Criminologia Mídiatica: Do Discurso Punitivo à Corrosão simbólica do Garantismo, Curitiba. Juruá, p64,2013.
� GALLI, Joel Eliseu. “A opinião das massas substituindo os critérios de verdade: a transformação do julgamento criminal em acossamento”. Disponível em: (http://www.ibccrim.org.br). Acesso 16/11/2017.
� � HYPERLINK "http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html" �http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html� acesso em 17/11/2017
� VIEIRA, Ana Lucia Menezes, Processo Penal e Mídia, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2003,p157
� CASOY. Ilana. A Prova é a Testemunha. São Paulo. Larousse do Brasil. 2010. p18
� � HYPERLINK "http://veja.abril.com.br/brasil/caso-isabella-nardoni" �http://veja.abril.com.br/brasil/caso-isabella-nardoni�. Acesso em 10/11/2017
� � HYPERLINK "http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2013/06/capas-de-epoca.html" �http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2013/06/capas-de-epoca.html� acesso em 10/11/2017.
� CASOY, Ilana, O Quinto Mandamento: Caso de Polícia, 7 ed, São Paulo p 11-12, Ediouro, 2009
� � HYPERLINK "http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2013/06/capas-de-epoca.html" �http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2013/06/capas-de-epoca.html� acesso em 13/11/2017 
� � HYPERLINK "http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/02/confira-integra-da-sentenca-do-julgamento-de-lindemberg-alves.html" �http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/02/confira-integra-da-sentenca-do-julgamento-de-lindemberg-alves.html� acesso em 10/11/2017
� � HYPERLINK "http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/02/confira-integra-da-sentenca-do-julgamento-de-lindemberg-alves.html" �http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/02/confira-integra-da-sentenca-do-julgamento-de-lindemberg-alves.html� acesso em 10/11/2017
� BOLLDT, Raphael, Criminologia Mídiatica: Do Discurso Punitivo à Corrosão simbólica do Garantismo, Curitiba. Juruá, p67,2013.
� OLIVEIRA, César Antônio Silva de. A influência da mídia no Tribunal do Júri à luz dos princípios e garantias constitucionais que regem o Processo Penal Brasileiro. Artigo Publicado em 2014. � HYPERLINK "https://jus.com.br/artigos" �https://jus.com.br/artigos�. Acesso em 12/11/2017.

Outros materiais