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ATIVIDADE II Faça uma análise da representação feminina nos poemas de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves, observando como cada autor representa a mulher amada. 1ª Geração romântica – Gonçalves Dias SEUS OLHOS Seus olhos, tão negros, tão belos, tão puros, de vivo luzir, estrelas incertas, que as águas dormentes do mar vão ferir; seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, de meiga expressão mais doce que a brisa, — mais doce que a frauta quebrando a soidão. Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, de vivo luzir, são meigos infantes, gentis, engraçados brincando a sorrir. São meigos infantes, brincando, saltando em jogo infantil, inquietos, travessos; - causando tormento, com beijos nos pagam a dor de um momento, com modo gentil. Seus olhos são negros, tão belos, tão puros, assim é que são; às vezes luzindo, serenos, tranqüilos, às vezes vulcão! Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco, tão frouxo brilhar, que a mim parece que o ar lhes falece e os olhos tão meigos, que o pranto umedece, me fazem chorar. Assim lindo infante, que dorme tranqüilo, desperta a chorar; e mudo, sisudo, cismando mil coisas, não pensa — a pensar. Nas almas tão puras da virgem, do infante, às vezes do céu cai doce harmonia duma harpa celeste, um vago desejo; e a mente se veste de pranto co'um véu. Eu amo seus olhos tão negros, tão puros, de vivo fulgor; seus olhos que exprimem tão doce harmonia, que falam de amores com tanta poesia, com tanto pudor. Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, assim é que são; eu amo esses olhos que falam de amores com tanta paixão. (Do livro: "Livro do Corpo", LP&M Editores, 1999, RS) 2ª Geração romântica – Álvares de Azevedo Sonhando Na praia deserta que a lua branqueia, Que mimo! que rosa! que filha de Deus! Tão pálida... ao vê-la meu ser devaneia, Sufoco nos lábios os hálitos meus! Não corras na areia, Não corras assim! Donzela, onde vais? Tem pena de mim! A praia é tão longa! e a onda bravia As roupas de gaza te molha de escuma... De noite, aos serenos, a areia é tão fria... Tão úmido o vento que os ares perfuma! És tão doentia... Não corras assim... Donzela, onde vais? Tem pena de mim! A brisa teus negros cabelos soltou, O orvalho da face te esfria o suor, Teus seios palpitam — a brisa os roçou, Beijou-os, suspira, desmaia de amor! Teu pé tropeçou... Não corras assim... Donzela, onde vais? Tem pena de mim! E o pálido mimo da minha paixão Num longo soluço tremeu e parou, Sentou-se na praia, sozinha no chão, A mão regelada no colo pousou! Que tens, coração Que tremes assim? Cansaste, donzela? Tem pena de mim! Deitou-se na areia que a vaga molhou. Imóvel e branca na praia dormia; Mas nem os seus olhos o sono fechou E nem o seu colo de neve tremia... O seio gelou?... Não durmas assim! O pálida fria, Tem pena de mim! Dormia: — na fronte que níveo suar... Que mão regelada no lânguido peito... Não era mais alvo seu leito do mar, Não era mais frio seu gélido leito! Nem um ressonar... Não durmas assim... O pálida fria, Tem pena de mim! Aqui no meu peito vem antes sonhar Nos longos suspiros do meu coração: Eu quero em meus lábios teu seio aquentar, Teu colo, essas faces, e a gélida mão... Não durmas no mar! Não durmas assim. Estátua sem vida, Tem pena de mim! E a vaga crescia seu corpo banhando, As cândidas formas movendo de leve! E eu vi-a suave nas águas boiando Com soltos cabelos nas roupas de neve! Nas vagas sonhando Não durmas assim... Donzela, onde vais? Tem pena de mim! E a imagem da virgem nas águas do mar Brilhava tão branca no límpido véu... Nem mais transparente luzia o luar No ambiente sem nuvens da noite do céu! Nas águas do mar Não durmas assim... Não morras, donzela, Espera por mim! 3ª Geração romântica – Castro Alves O "ADEUS" DE TERESA A VEZ PRIMEIRA que eu fitei Teresa, Como as plantas que arrasta a correnteza, A valsa nos levou nos giros seus... E amamos juntos... E depois na sala "Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala... E ela, corando, murmurou-me: "adeus." Uma noite... entreabriu-se um reposteiro... E da alcova saía um cavaleiro Inda beijando uma mulher sem véus... Era eu... Era a pálida Teresa! "Adeus" lhe disse conservando-a presa... E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!" Passaram tempos... sec'los de delírio Prazeres divinais... gozos do Empíreo... ...Mas um dia volvi aos lares meus. Partindo eu disse — "Voltarei! ... descansa! ..." Ela, chorando mais que uma criança, Ela em soluços murmurou-me: "adeus!" Quando voltei... era o palácio em festa! ... E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestra Preenchiam de amor o azul dos céus. Entrei! ... Ela me olhou branca... surpresa! Foi a última vez que eu vi Teresa! ... E ela arquejando murmurou-me: "adeus!" (S. Paulo, 28 de agosto de 1868.) Resposta da atividade SEUS OLHOS / Gonçalves Dias O autor fala da amada com admiração, exalta sua beleza e sua pureza, sua santidade, compara a mulher a uma estrela. Existe uma idealização da mulher perfeita e intocável. Demonstra a saudade que sente dessa mulher, a compara a uma criança e ao mesmo tempo fala do sentimento de amor por uma mulher serena, tranqüila e atraente. Um amor que não se pode tocar. SONHANDO / Álvaro de Azevedo Idealiza a mulher pura, intocável, frágil, uma virgem de pele branca, inalcançável, quase uma santa. Demonstra no seu clamor o inconformismo do eu-lírico pela donzela morta, boiando no mar. O ‘ADEUS’ DE TERESA / Castro Alves A mulher é alcançada e vista como um objeto de satisfação, dotada de grande beleza física que arrebata o coração do eu-lírico. É uma mulher que não é mais pura, que abandona e se entrega a uma nova paixão. � EMBED PBrush ��� MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA COORDENAÇÃO DE LETRAS-PORTUGUÊS ANACLETO DE CASTRO SOARES JÚNIOR _1524477754/ole-[42, 4D, C2, 6C, 02, 00, 00, 00]
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