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Professora: Thamiris Braga Literatura – Aula 5 Análise de poesias Quinhentismo e Oswald de Andrade (26/03/2020) Pau Brasil Oswald de Andrade Uma releitura da carta de Pero Vaz de Caminha Crítica Oswald de Andrade Escritor brasileiro Oswald de Andrade (1890-1954) foi escritor e dramaturgo brasileiro. Foi uma das personalidades mais polêmicas do Modernismo. Era irônico e gozador, foi o idealizador dos principais manifestos modernistas. Ao lado da pintora Anita Malfatti, do escritor Mário de Andrade e de outros intelectuais organizou a Semana de Arte Moderna de 1922. Oswald de Andrade lançou em 18 de março de 1924, um dos mais importantes manifestos do Modernismo "Manifesto Pau-Brasil", publicado no Correio da Manhã. Explicando o nome do manifesto, o autor diz "Pensei em fazer uma poesia de exportação. Como o pau-brasil foi a primeira riqueza brasileira exportada, denominei o movimento Pau-Brasil". Em 1925 Oswald de Andrade lançou o livro de poemas "Pau-Brasil", em que põe em prática os princípios propostos no manifesto. O que veremos a seguir, será parodias da Carta de Caminha. Oswald estará redescobrindo o Brasil num tom crítico e questionar. Por ocasião da descoberta do Brasil É o título que abre a obra do autor. Perceba que há um tom irônico nesse título. Somos levados a pensar sobre a invasão portuguesa. Oswald deixa no ar que não foi algo ocasional, sua proposta e fazer com que os leitores questionem sobre a chegada dos portugueses. Também é interessante notar que ele deixa uma intenção de um novo descobrimento, ou seja, a partir dessa obra será revelado a verdade. Epígrafe ESCAPULÁRIO No Pão de Açúcar De Cada Dia Dai-nos Senhor A Poesia De Cada Dia O título do poema é muito bem estruturado com o tema que será abordado. Oswald sugere algo que é sagrado, pois escapulário trata-se de uma vestimenta usada por membros de algumas ordens religiosas. O autor introduz no poema de apresentação algo sagrado dentro de um contexto banal, fazendo a paródia da oração. A intertextualidade nesse poema é muito importante, o autor concebe a poesia como seu alimento e aquilo que é sagrado para ele. Assim como na “descoberta”, ocorreu a primeira missa para abençoar a nova terra, ele quer que sua obra seja abençoada. Também é relevante notar a crítica nessa apropriação do discurso europeu, acerca do hábito da oração que não era algo da cultura indígena. Oswald faz paródia com o texto clássico que evoca o sagrado, mas inferindo que o objeto de devoção será a poesia. Pero Vaz Caminha A DESCOBERTA Seguimos nosso caminho por este mar de longo Até a oitava da Páscoa Topamos aves E houvemos vista de terra Oswald simplifica o texto original, numa relação intertextual, eliminando os excessos descritivos que haviam nele. O foco dessa poesia está no título. Entende-se por esse título que ele irá expor o que estava oculto pelo discurso do colonizador. Oswald parece também reforçar a ideia de que não foi um acaso eles terem “achado” o Brasil “seguimos nosso caminho”, como se já existisse um destino, para o Brasil. Pero Vaz Caminha OS SELVAGENS Mostraram-lhes uma galinha Quase haviam medo dela E não queriam por a mão E depois a tomaram como espantados Revisão crítica do olhar do europeu sobre o índio, por ele não ter os mesmos costumes do homem branco europeu, o indígena é considerado um primitivo/selvagem. Questionamento sobre quem realmente é o selvagem. Aquele que impões uma cultura ao outro (europeu) ou aquele que teve sua cultura ridicularizada e negada (índio). Pero Vaz Caminha AS MENINAS DA GARE Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis Com cabelos mui pretos pelas espáduas E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas Que de nós as muito bem olharmos Não tínhamos nenhuma vergonha O poema retrata a surpresa dos portugueses com o nu das indígenas, mas fazendo crítica ao olhar sexual que eles possuíam diante delas. Esse olhar deixou uma marca na construção da identidade nacional das mulheres. Para entender melhor, Gare no início do século XX, era um local próximo a uma estação de trem. Era um ponto muito conhecido por ter motéis e prostitutas, ou seja, as meninas da gare que Oswald dá nome ao título são garotas de programa. O título do poema remete a uma violação sexual, resignificando o olhar do europeu “inocente”, que já observava as índias como potenciais prostitutas/ escravas sexuais. BONS ESTUDOS!
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