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Gestação gemelar Patricia de Rossi 1 Patricia de Rossi Gestação gemelar Classificação Gestação monozigótica: um óvulo fecundado Gêmeos idênticos Frequência constante (1 em 250) Gestação dizigótica: dois óvulos fecundados Gêmeos não idênticos (fraternos) 2/3 dos casos Incidência=1/80n-1 onde n=número de fetos Gestação dizigótica Dois ou mais óvulos fertilizados Gestação dizigótica (= dois zigotos, dois ovos), dicoriônica (duas placentas) e diamniótica (dois sacos amnióticos) Gêmeos fraternos (não idênticos) Gestação dizigótica Etiologia - dizigóticos Hereditariedade (antecedente familiar materno) Idade Multiparidade Reprodução assistida Etnia: negra > branca > asiática Gestação dizigótica Um óvulo fertilizado Gêmeos idênticos Etiologia – monozigóticos Um óvulo fertilizado: Gestação monozigótica Gêmeos idênticos Tipo de placentação depende da época de divisão do ovo Até 72 horas: duas placentas e dois sacos amnióticos Entre 3 e 8 dias: uma placenta e dois sacos amnióticos 9-12 dias: uma placenta e um saco amniótico ~30% 70% < 1% Etiologia – monozigóticos Etiologia pouco esclarecida Corner (1995) – teoria embriológica – 3 períodos críticos: 1 ° período: até 72 horas pós fertilização – os blastocistos se implantam separadamente,com placentas dicoriônicas e diamnióticas, separadas ou unidas. 2° período: antes da nidação – formam-se dois nós embrionários no blastocisto, originam placenta única, porém diamniótica. 3° período: entre 7° e 15° dia após nidação – duplicação do disco germinativo ou placa ectodérmica ( processo de dupla gastrulação), ocorre placenta única (monocoriônica) e monoamniótica Divisão até 3 dias: gestação dicoriônica diamniótica Duas placentas e dois sacos amnióticos, como nos gêmeos não idênticos Aproximadamente 30% dos casos Sinal do lambda na ultrassonografia precoce Divisão de 3 a 8 dias: monocoriônica diamniótica Uma placenta Dois sacos amnióticos É o tipo mais comum de gestação monocoriônica: 70% dos casos Sinal do T à USG Divisão de 8 a 12 dias: monocoriônica monoamniótica Apenas 1% das gestações gemelares Circulação placentária com anastomoses vasculares Risco de entrelaçamento de cordões umbilicais Divisão tardia (13 a 17 dias): gemelaridade incompleta Gêmeos unidos ocorrem em 1 a cada 100.000 gestações Gêmeos siameses (do Sião, atualmente Tailândia) Gêmeos unidos Tipo depende da região de união Toracópagos: tórax Xifópagos: parede abdominal até o apêndice xifóide Pigópagos: nádegas Isquiópagos: ísquios Craniópagos: cabeça Gemelaridade imperfeita Riscos adicionais nas monocoriônicas Síndrome da transfusão feto-fetal Feto acárdico (seqüência da perfusão arterial reversa do gemelar) Entrelaçamento de cordões (monoamniótica) Síndrome da transfusão feto-fetal Acontece em 25% das gestações monocoriônicas Ocorrem anastomoses arteriovenosas na circulação placentária levando a fluxo de um gemelar para o outro Critérios diagnósticos: Discordância fetal (diferença de peso entre os gêmeos > 20% ou diferença de hemoglobina > 5g% E Alteração no volume do líquido amniótico (polidrâmnio/oligoâmnio), onde oligoâmnio = maior bolsão vertical < 2cm e polidrâmnio = maior bolsão vertical > 8 cm Síndrome da transfusão feto-fetal Feto receptor Feto doador Anastomoses vasculares Síndrome da transfusão feto-fetal Feto doador Menor fluxo sanguíneo Tamanho menor Hipovolemia Anemia Hipóxia Oligo ou anâmnio Feto receptor Maior fluxo sanguíneo Insuficiência cardíaca Polidrâmnio Edema generalizado (hidropsia) Feto acárdico Sequência TRAP - Twin Reversed Arterial Perfusion Sequence Malformações vasculares com anastomose arterioarterial placentária Um dos fetos tem coração rudimentar, não-funcionante, ou ausente O outro feto funciona como “bomba” e é responsável pelo fluxo sanguíneo dos dois O doador também tem 50% de mortalidade por insuficiência cardíaca Risco de prematuridade em ~25% das gestações Feto acárdico Gemelar com feto acárdico Morte unifetal No primeiro trimestre: risco de abortamento é 5 vezes maior Em gêmeos monocoriônicos, o risco de óbito ou retardo do outro feto é de 25%. Quando ocorre antes da viabilidade, manter conduta expectante com monitorização constante do outro feto. Parto na viabilidade Em dicoriônicos, ocorre risco de parto pré-termo. Conduta expectante até o termo CIVD materna raramente ocorre 23 Diagnóstico da gestação gemelar História e exame físico Enjôos mais intensos Ganho excessivo de peso Crescimento maior do ventre em relação ao tempo de gestação Sensação da movimentação de dois fetos Gestação gemelar é de alto risco Maior risco de: Hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia Anemia Hiperemese gravídica Diabetes gestacional Restrição de crescimento fetal / baixo peso fetal Amniorrexe prematura Polidrâmnio Parto prematuro Placenta prévia Descolamento prematuro de placenta Atonia uterina – hemorragia pós parto Exame obstétrico na gestação gemelar Altura uterina maior que o esperado para a idade gestacional Diferencial: macrossomia, erro de data e polidrâmnio Palpação: dois polos idênticos Ausculta: dois focos com frequência diferente e área silenciosa entre eles Eventualmente pode-se auscultar ritmo em quatro tempos entre os dois focos USG na gestação gemelar Confirmação do diagnóstico e do número de fetos Corionicidade Alterações morfológicas fetais Acompanhamento do crescimento fetal Controle de crescimento fetal: US a cada 15-30 dias no terceiro trimestre Apresentação fetal Cefálica – cefálica: 42,5% Cefálica – pélvica: 26% Cefálica – transversa: 11,3% Pélvica – cefálica: 6,9% Pélvica – pélvica: 6,1% Pélvica – transversa: 4,7% 29 Pré-natal da gestação gemelar Repouso relativo Reposição de ferro e ácido fólico durante toda a gestação Suplementação de cálcio Atenção para risco de pré-eclâmpsia USG seriados para diagnóstico de restrição de crescimento fetal (10 x mais comum) Parto gemelar Parto vaginal é possível quando o primeiro gemelar está em apresentação cefálica, mas há maior risco de complicações para retirada do segundo feto Não fazer parto vaginal se o segundo gemelar for pélvico e pesar < 1500g Aguardar no máximo 30 minutos para nascimento do segundo gemelar no parto vaginal; caso contrário, optar por via alta Quando o primeiro gemelar não está em apresentação cefálica o parto é por via alta (cesárea) e quando há mais de dois fetos Atentar para o risco de atonia uterina Parto gemelar A gestação costuma durar menos, e o risco de prematuridade é alto Realizar o parto em serviço com infraestrutura para atendimento de bebês de baixo peso e prematuros Duas equipes de neonatologistas devem assistir ao parto (ou três, quatro...)
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