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Disciplina: Análise de falhas Graduação em Processos Metalúrgicos Professor: Fábio de Oliveira Braga Engenheiro Metalúrgico Doutor em Ciências (Ciência dos Materiais) fdbraga@firjan.com.br fabio_obraga@yahoo.com.br Tema da aula: Rio de Janeiro, Fevereiro de 2018 Introdução à análise de falhas 1. Introdução 1. Introdução Titanic, 1912. Liberty ships, WWII Silver Bridge, 1967. Exemplos de acidentes com ampla repercussão 1. Introdução As falhas dos equipamentos devido à fratura dos materiais, é um problema que enfrentamos desde as primeiras estruturas construídas pelo homem. A utilização de equipamento e estruturas cada vez mais complexas agrava o cenário. Felizmente, avanços em diversas áreas tem melhorado a segurança dos equipamentos e estruturas: Ensaios não-destrutivos Mecânica da fratura Documentação do histórico das falhas e seu tratamento (análise de falhas). Procedimentos de engenharia Um importante estudo mostra o custo estimado da fratura nos Estados Unidos em 1978: US$ 119 bilhões, 4% do PIB americano da época (Duga et al., 1983). Deste montante, US$ 35 bilhões poderiam ser economizados se a tecnologia de prevenção da época fosse aplicada, e mais US$ 28 bilhões se tecnologias atuais, como a mecânica da fratura, fossem aplicadas. Além de vidas serem salvas... 3-Mile Island, Pensilvania (1981), corrosão sob tensão em Alloy 600 sensitizado Por que os equipamentos falham? 1. Introdução A maioria dos casos de falha caem em uma das seguintes categorias: Negligência no projeto, construção ou operação da estrutura. Aplicação de novo design ou novo material, que produz um resultado não esperado (e indesejável). 1. Introdução No caso de negligência: procedimentos de engenharia existentes costumam ser suficientes para evitar estas falhas. Apesar disto, pode ocorrer: Falha humana de algum dos envolvidos Ignorância acerca dos procedimentos Atitude deliberada de desobedecer os procedimentos Mão-de-obra pouco qualificada, materiais não-apropriados, erros na análise de tensões, erros dos operadores, são alguns dos casos em que a tecnologia para evitar a falha estava disponível, mas não foi utilizada. 1. Introdução O segundo caso (aplicação de novo design): Mais difícil de prevenir. Novos materiais: Podem ter imensas vantagens, mas conter desvantagens não previstas. Por isto novo design e novos materiais só devem ser colocados em serviço após intensos testes e análises. Isto irá diminuir muito a frequência de falhas, mas não as irá eliminar. Os testes, por mais detalhados que sejam, não modelam inteiramente a prática. Exemplo: Liberty Ships – primeiros a serem construídos completamente soldados. Os anteriores eram rebitados. Desta forma seriam construídos de forma mais rápida e econômica. 1. Introdução Os Liberty Ships eram navios americanos produzidos na segunda guerra mundial para fornecimento à Grã-Bretanha. Fizeram muito sucesso, pela grande quantidade de navios produzida em pouco tempo, dando vantagem contra os inimigos. Até que um dos navios se partiu ao meio ao navegar da Sibéria ao Alaska. Fraturas subsequentes ocorreram. Dos 2700 navios produzidos, 400 sofreram fratura, sendo que 90 foram consideradas sérias. Os rebites serviam como barreira para trincas, evitando a falha completa da estrutura. Após este evento, os navios soldados passaram a ser reforçados em certos pontos, para que uma eventual fratura fosse contida nestes locais. Um grupo de pesquisadores continuou os estudos no Naval Research Laboratory (Washington, DC, EUA). Ali surgiu o ramo conhecido como mecânica da fratura. 2. Definição de fratura 1. Introdução Fratura é a separação ou fragmentação de um corpo sólido em duas ou mais partes, sob a ação de tensões. A fratura de um material pode ocorrer de várias formas: Pela lenta aplicação de cargas externas. Pela rápida aplicação de cargas externas (impacto). Por carga cíclica ou repetida (fadiga). Pela deformação dependente do tempo (fluência). Por tensões internas, como: Tensões térmicas causadas pela anisotropia do coeficiente de expansão térmica. Tensões térmicas causadas por diferentes temperaturas no corpo. Efeitos ambientais: corrosão sob tensão, fragilização pelo hidrogênio, fragilização por metal líquido. 1. Introdução Exemplos de fratura em metais Fratura dúctil Fratura frágil 1. Introdução A fratura ocorre, na maioria dos casos, por meio dos seguintes processos: Acumulação de dano. Nucleação de uma ou mais trincas ou vazios. Crescimento das trincas ou vazios. Exemplo: Início de uma falha pela formação de uma microtrinca em tungstênio deformado a cerca de 104 s-1 em T ambiente. Mais exemplos de trincas nucleadas após acúmulo de dano no material: Cavidades nucleadas em contornos de grão no cobre. 1. Introdução O acúmulo de dano está associado com a estrutura do material, como rede cristalina, contornos de grão e histórico de carregamento. Quando as tensões no local do dano ultrapassam o limite resistência do material, uma trinca é formada. A trinca consiste na formação de duas superfícies livres na região. Se o carregamento continua, a trinca tende a crescer, dependendo da tenacidade à fratura do material. A tenacidade à fratura é objeto do estudo da mecânica da fratura. Exercícios 1. Quais as duas principais causas de falha em estruturas de engenharia? Explique-as, propondo uma forma de evitá-las. 2. Explique o que é a “acumulação de dano” no material, e como pode levar à sua fratura. 1. Anderson, T.L. Fracture Mechanics. 3ª ed. 2005. 2. Duga, J.J. et al. The Economic Effect of Fracture in the United States. NBS Special Publication 647-2, U.S. Department of Commerce. 1983. 3. Meyers, M.A.; Chawla, K.K. Mechanical Behavior of Materials. 2ª ed. Cambridge University Press. 2009.
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