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SEGURANÇA DO TRABALHO AGRICOLA

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Prévia do material em texto

SEGURANÇA 
DO TRABALHO 
AGRÍCOLA
Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; COSTA, Tiago Ribeiro da. 
 
 Segurança do Trabalho Agrícola. Tiago Ribeiro da Costa. 
 Reimpressão
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 191 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Segurança. 2. Trabalho. 3. Agrícola. 4. EaD. I. Título.
 ISBN 978-85-459-0550-9
CDD - 22 ed. 331
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdo
Juliano de Souza
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Coordenador de Conteúdo
Luciano Santana Pereira
Lideranças de área
Angelita Brandão, Daniel F. Hey, Hellyery Agda
Design Educacional
Yasminn Zagonel
Iconografia
Ana Carolina Martins Prado
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
André Morais de Freitas
Editoração
Victor Augusto Thomazini
Revisão Textual
Daniela Ferreira dos Santos
Ilustração
Marta Sayuri Kakitani
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou 
seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de 
Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista 
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis-
so, lembre-se que existe uma equipe de professores 
e tutores que se encontra disponível para sanar suas 
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e 
segurança sua trajetória acadêmica.
A
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Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa
Mestrado em Genética e Melhoramento Vegetal e especialização em 
Engenharia de Segurança do Trabalho, ambos pela Universidade Estadual de 
Maringá (UEM/2010). Graduação em Agronomia (UEM/2007). Atualmente é 
professor assistente do Centro Universitário Cesumar (UNICESUMAR) no curso 
presencial de Agronomia e aos cursos de Tecnologia em Segurança do Trabalho, 
Tecnologia em Gestão Ambiental e Tecnologia em Segurança do Trabalho 
(NEAD/UNICESUMAR). Também é coordenador do curso de pós-graduação 
“lato sensu” em Engenharia de Segurança do Trabalho (UNICESUMAR) e 
ainda, professor assistente na UEM nos cursos de pós-graduação (agronomia, 
zootecnia e engenharia de segurança do trabalho). Ao longo de sua profissão, 
atuou como consultor empresarial e de desenvolvimento regional sustentável, 
conduzindo projetos de extensão universitária no contexto da Associação de 
Municípios do Setentrião Paranaense (AMUSEP), com enfoque na produção 
agroecológica de alimentos, comercialização e produção de alimentos em 
nível urbano. Ademais, como professor, possui expertise reconhecida por 
meio de sua produção científica. Ao longo de sua carreira, produziu oito livros 
nas áreas de Agronegócio, Gestão Ambiental e Segurança do Trabalho. Além 
disso, sua qualidade profissional é reconhecida pelas homenagens recebidas 
do corpo discente das instituições em que trabalha, tendo sido homenageado 
por três anos seguidos (2014-16) como nome de turma/patrono.
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Neste momento, estamos iniciando a leitura de uma importante contribuição à sua for-
mação como profissional da área de Segurança do Trabalho. A disciplina de Segurança 
do Trabalho Agrícola.
Ao contrário do pensamento mais comum sobre este assunto, falar a respeito da Segu-
rança do Trabalho Agrícola transcende a análise sobre a Norma Regulamentadora nº. 
31, a qual fala especificamente sobre este assunto. Analisar a Segurança do Trabalho 
Agrícola exige uma análise das próprias atividades agrícolas (histórico e atualidades) e 
ainda, de seu principal ator, o trabalhador rural.
Dessa maneira, em nossa primeira unidade, dedicamos todas as nossas discussões para 
fazê-lo reconhecer a evolução das cadeiasprodutivas agropecuárias no Brasil, ressaltan-
do sua importância para o nosso desenvolvimento enquanto nação, em especial, em 
nossos aspectos sociais e econômicos.
Já em nossa segunda unidade, nossas discussões se voltam ao Trabalhador Rural, em 
uma tentativa de lhe ilustrar não somente os riscos que este ator se encontra submetido, 
mas também seus aspectos mais subjetivos, psicológicos.
Por meio desta unidade, verificaremos que este sujeito da ação possui peculiaridades 
que o diferencia dos trabalhadores urbanos. Por vezes, peculiaridades que podem re-
presentar fragilidades que, se não consideradas, podem estabelecer sérios riscos à ati-
vidade agrícola.
Ademais, esta unidade nos esclarece, de forma definitiva, a pluriatividade e as tecnolo-
gias com as quais estes trabalhadores rurais interagem. Muito mais que uma imagem 
de decadência, hoje, o trabalhador rural é encarado como um elemento transformador 
da realidade rural, o que justifica o renascimento deste meio e o enaltecimento das ati-
vidades agrícolas como as únicas que ainda resistem frente a um cenário de depressão 
econômica.
Já em nossa terceira unidade, tentamos aproximar o debate de atividades que são con-
sideradas como “agrícolas”, mas que já possuem características mais semelhantes com 
indústrias urbanas. Especificamente, a unidade III nos trouxe à luz uma interessante dis-
cussão sobre os espaços confinados, em especial, silos e secadores, algo tratado pela 
Norma Regulamentadora nº. 33.
Por sua vez, a unidade IV apresentou as mais recentes discussões e conhecimentos so-
bre a Norma Regulamentadora nº. 36, a qual trata das Agroindústrias de Abate e Proces-
samento de Alimentos e Frigoríficos.
Por meio da análise dessas duas unidades, percebemos que existe uma aproximação 
muito clara das diretrizes de segurança do trabalho com aquilo que é praticado por 
meio das Normas Regulamentadoras mais antigas. Todavia, o grau de especialização 
dessas duas atividades agrícolas faz com que o surgimento de Normas Regulamentado-
ras mais específicas seja muito bem visto, não somente do ponto de vista técnico, mas 
do ponto de vista humano.
APRESENTAÇÃO
SEGURANÇA DO TRABALHO AGRÍCOLA
Pausas nas jornadas de trabalho, treinamentos em setores específicos e diretrizes 
mais precisas correspondem a uma excelente combinação de fatores que permite 
com que o trabalhador se sinta mais confiante e possa exercer sua atividade em um 
clima mais harmônico e produtivo.
Por fim, mas não menos importante, a unidade V nos apresenta as atualidades acer-
ca do cerne das atividades agrícolas: a Norma Regulamentadora nº. 31: Segurança e 
Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Aquicultura e Explorações 
Florestais.
Esta unidade nos permite compreender os principais aspectos que precisam de 
atenção especial no campo, por exemplo, os trabalhos com máquinas agrícolas, 
agrotóxicos e mesmo a gestão da segurança do trabalho rural, executada pelos Ser-
viços Especializados em Segurança e Saúde do Trabalho Rural (SESTR) e a Comissão 
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (CIPATR).
Compreenderemos que existe uma importante contribuição partindo dessa norma, 
em especial, no que tange a proteção da vida e da integridade física dos trabalha-
dores rurais.
Ademais, para que possamos ter um melhor aprendizado ao longo do livro, serão 
apresentadas algumas atividades extras, por exemplo, leituras complementares, re-
flexões, sugestões de outros materiais e outras didáticas para que você, prezado 
aluno, sinta-se imerso nesta experiência tão produtiva, que é compreender melhor 
o tema Segurança do Trabalho Agrícola.
Vamos iniciar nossos estudos? Espero que goste desta humilde contribuição!
Prof. Tiago Ribeiro da Costa
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
O MEIO RURAL BRASILEIRO E SUAS TRANSFORMAÇÕES
15 Introdução
16 A Agricultura Colonial 
19 Transição Para a Sociedade Agrária no Brasil 
24 A Agricultura do Pós-Guerra: A Revolução Verde 
28 As Consequências Sociais da Revolução Verde 
32 Considerações Finais 
39 Referências 
40 Gabarito 
UNIDADE II
O NOVO MEIO RURAL E SUAS TECNOLOGIAS
43 Introdução
44 O Renascimento do Rural 
46 O Entendimento Sobre o Trabalhador Rural 
51 Tecnologias Relacionadas ao Trabalhador Rural 
73 Considerações Finais 
81 Referências 
83 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
AS ATIVIDADES AGRÍCOLAS E OS RISCOS OCUPACIONAIS
87 Introdução
88 Os Riscos Ocupacionais e as Atividades Agrícolas 
97 Trabalhos em Espaços Confinados 
98 Estruturas de Armazenamento de Grãos 
113 Legislação Brasileira e a Prevenção de Acidentes em Silos 
114 Procedimentos de Segurança Para Entrada em Silos 
116 Trabalho em Alturas em Silos 
118 Considerações Finais 
125 Referências 
127 Gabarito 
UNIDADE IV
OS PRINCIPAIS ASPECTOS DA NORMA REGULAMENTADORA Nº 36
131 Introdução
132 A Indústria Frigorífica 
136 A Segurança do Trabalho na Indústria Frigorífica Brasileira 
137 Principais Riscos Ocupacionais na Atividade Laboral em Frigoríficos 
141 A NR-36 e sua Aplicação nos Frigoríficos 
142 O Surgimento da NR-36 
143 Principais Mudanças e Temas Abordados na NR-36 
SUMÁRIO
11
145 Principais Desafios da Indústria Frigorífica no Atendimento à NR-36
148 Considerações Finais 
155 Referências 
157 Gabarito 
UNIDADE V
ASPECTOS GERAIS DA NORMA REGULAMENTADORA Nº 31
161 Introdução
162 Comissão Permanente Regional Rural (CPRR) 
163 Serviços Especializados em Segurança e Saúde no Trabalho Rural (SESTR) 
165 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (CIPATR) 
167 Os Agrotóxicos Segundo a NR-31 
172 Máquinas, Equipamentos, Implementos e Ferramentas Agrícolas 
178 Outras Diretrizes Definidas Pela NR-31 
179 Perspectivas Sobre a Segurança do Trabalho Agrícola 
181 Considerações Finais 
189 Referências 
190 Gabarito 
191 CONCLUSÃO
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Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa
O MEIO RURAL BRASILEIRO 
E SUAS TRANSFORMAÇÕES
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer a evolução das atividades agrícolas ao longo dos períodos 
históricos brasileiros.
 ■ Avaliar o aumento da complexidade de tais atividades e estabelecer 
uma ligação destas com os princípios de Segurança do Trabalho.
 ■ Entender a linha histórica que é capaz de explicar as atualidades 
sobre os trabalhos agrícolas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A agricultura colonial
 ■ Transição para a sociedade agrária no Brasil
 ■ A agricultura do pós-guerra: a Revolução Verde
 ■ As consequências sociais da Revolução Verde
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), bem-vindo(a) a nossa primeira unidade! Aliás, bem-vin-
do(a) ao conhecimento de nossa gênese e de nossa história. Digo-lhe isso, pois 
conhecer sobre a evolução das atividades agrícolas ao longo de nossos princi-
pais períodos históricos é também conhecer sobre nossa história.
Você já deve ter ouvido falar que o Brasil é conhecido como o “celeiro do 
mundo”. Não obstante, isso é verdadeiro, levando-se em consideração que possu-
ímos elevada representatividade na produção de grande diversidade de gêneros 
alimentícios, em especial, as commodities.
Todavia, nem sempre nossas atividades agropecuárias tiveram a ênfase que 
possuem hoje. Aliás, podemos inferir pela análise de nossa primeira unidade, 
que nossas atividades agropecuárias foram desenvolvidas em meio a uma série 
de percalços e que, somente nos últimos 50 anos é que pudemos vislumbrar o 
desenvolvimento tecnológico pleno desta agricultura.
A mais recente inserção de tecnologias, conhecida por 3ª Revolução Agrícola, 
ou ainda, Revolução Verde, representou um campo fértil para as mais recentes 
transformações sociaise econômicas no campo, dando-lhe dinamismo ímpar, 
ao mesmo tempo em que amplia a complexidade de seus postos de trabalho.
Esse aumento de complexidade verificado nesse período foi fundamental para 
que o campo fosse também alvo das preocupações dos atores sociais no sentido 
de avaliar os riscos laborais e criar alternativas legais para que melhores patama-
res fossem alcançados no sentido de ampliar a segurança do trabalho agrícola.
Assim, nosso objetivo é apresentar os aspectos históricos, a linha lógica que 
levou a agricultura aos patamares tecnológicos utilizados e aos princípios de 
segurança do trabalho atualmente desenvolvidos.
Vamos iniciar nossa jornada? Uma ótima leitura!
Introdução
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O MEIO RURAL BRASILEIRO E SUAS TRANSFORMAÇÕES
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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A AGRICULTURA COLONIAL
A história brasileira, embora curta em comparação aos países europeus, pos-
sui uma riqueza de detalhes nos campos econômico, social, cultural, político e 
ambiental. Tal riqueza de detalhes nos permite evidenciar que o desenvolvimento 
desta história basicamente encontra-se pautado no rural.
Embora, em princípio, não houvesse uma distinção entre o rural e o urbano 
no início do processo de colonização, algo que chamamos de “espaço contínuo”, 
muitos dos elementos atualmente reconhecidos como rurais estavam presentes, 
em especial, àqueles ligados ao extrativismo e à produção de alimentos.
A extração do pau-brasil ganha destaque nesse cenário por ser a primeira 
atividade tipicamente rural, sendo esta datada a partir de 1502, com as primeiras 
expedições à Ilha de São João pelo navegador Fernão (Fernando) de Noronha. 
A ilha em questão faz parte do atual arquipélago de Fernando de Noronha, per-
tencente ao estado de Pernambuco.
Sobre este assunto, D´Agostini et al. (2013, p. 02) afirmam:
Em 1502, tem início a exploração do pau-brasil, pelos colonizadores 
portugueses, a primeira riqueza explorada pelos europeus em terras 
brasileiras. A mercadoria, usada para fabricar tinturas, teve grande 
aceitação no mercado econômico da Europa. A substância corante ex-
traída da madeira, embora tivesse valor inferior às mercadorias orien-
tais, foi de grande interesse para Portugal. Assim, a coroa portuguesa 
declarou a exploração do pau-brasil um monopólio real, e decretou que 
só poderia dedicar-se a essa atividade quem obtivesse uma concessão e 
pagasse um imposto. A primeira concessão de exploração foi conferida 
a Fernando de Noronha, que, até 1504, era o único que tinha permissão 
para explorar o pau-brasil. A coroa portuguesa doou a ele a ilha de São 
João, mais tarde designada por seu nome.
No referido cenário, a mão de obra indígena era cooptada a proceder esta extração de 
madeira no sistema de escambo, conforme mencionam D´Agostini et al. (2013, p. 02):
Os indígenas brasileiros participavam da extração do pau-brasil por 
meio da prática do escambo, considerado, por muitos historiadores, 
como a primeira atividade comercial brasileira. Por esse serviço, re-
cebiam em troca utensílios como espelhos, facas, canivetes, pedaços 
de tecidos e outras quinquilharias. Os índios cortavam as árvores e as 
levavam até os navios portugueses na beira do mar.
A Agricultura Colonial
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17
Considerando todo o contexto que se desenvolveu na época, é importante pensarmos 
o porquê da atividade de extração do pau-brasil ser considerada uma atividade rural, 
se ela pressupõe a extração de um recurso natural. Esse ponto de reflexão é bastante 
pertinente, pois a atividade agrícola não remete apenas a produção de alimentos. O 
rural abrange muitas outras dimensões, mas, considerando somente sua dimensão 
produtiva, as extrações de recursos naturais florestais, conhecida como silvicultura 
fazem parte das atividades rurais, conforme ilustra a legislação tributária brasileira:
Consideram‐se como atividade rural a exploração das atividades agríco-
las, pecuárias, a extração e a exploração vegetal e animal, a exploração da 
apicultura, avicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura (pesca ar-
tesanal de captura do pescado in natura) e outras de pequenos animais; 
a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam al-
teradas a composição e as características do produto in natura, realizada 
pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usu-
almente empregados nas atividades rurais, utilizando‐se exclusivamen-
te matéria‐prima produzida na área explorada, tais como descasque de 
arroz, conserva de frutas, moagem de trigo e milho, pasteurização e o 
acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acon-
dicionados em embalagem de apresentação, produção de carvão vegetal, 
produção de embriões de rebanho em geral (independentemente de sua 
destinação: comercial ou reprodução). Também é considerada atividade 
rural o cultivo de florestas que se destinem ao corte para comercializa-
ção, consumo ou industrialização (BRASIL, 2011, p. 01, on-line)1.
Dessa maneira, caro(a) aluno(a), podemos considerar que a extração do pau-bra-
sil no princípio da colonização brasileira foi uma atividade reconhecidamente 
rural, aliás, conforme já observamos, a primeira atividade rural do Brasil colônia.
Desde então, o rural propiciou ao Brasil algumas mudanças significativas em 
termos de ocupação geográfica. As regiões litorâneas do Nordeste brasileiro e, pos-
teriormente, do Sudeste foram as mais transformadas com essa extração, pois já em 
1530, com a entrada das expedições colonizadoras de Martim Afonso de Souza, a 
coroa portuguesa já se viu obrigada a criar a 1ª Carta Régia (1532) para disciplinar 
a extração da madeira, que já estava escassa em uma faixa de até 100 quilômetros 
partindo-se no sentido litoral-interior do Brasil Colônia (D´AGOSTINI et al., 2013).
Após a saída do pau-brasil dessa faixa litorânea, abriu-se caminho para a 
exploração de outros recursos florestais menos nobres à época, mas de grande 
relevância na atualidade, como o cacau e outras espécies frutíferas.
©shutterstock
O MEIO RURAL BRASILEIRO E SUAS TRANSFORMAÇÕES
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Ademais, não se observou somente a saída de tais recursos. Com a chegada 
das primeiras missões de real colonização, a partir de 1530, com Martim Afonso 
de Souza e outros colonizadores, algumas culturas já conhecidas dos europeus 
foram introduzidas em nosso território, como foi o caso da cana-de-açúcar, o 
que abriu caminho para o povoamento das principais regiões de colonização 
no Nordeste (Salvador, Recife e Olinda) e Sudeste brasileiros (São Vicente, São 
Paulo de Piratininga e Rio de Janeiro).
Em cerca de um século (século XVI), o Brasil já passava por drásticas alte-
rações na ocupação de seu território, graças à influência das atividades rurais. 
Igualmente, estendendo essa análise para os séculos XVII, XVIII e XIX, verifica-
mos que o rural estabeleceu 
grande influência na pró-
pria economia da colônia, 
em dois momentos distin-
tos: Entre os séculos XVII e 
XVII, com a cultura da cana-
-de-açúcar e no século XIX, 
com a ascensão da cultura 
do café, o chamado “ouro 
verde”.
Sobre o ciclo da cana-de-açúcar, Naritomi (2007, 38-39, on-line)2 afirma:
Até o século XVII, o Brasil era o maior produtor mundial de açúcar. No 
Nordeste, do Recôncavo Baiano ao Rio Grande do Norte, cultivava-secana-de-açúcar. Os núcleos principais de produção foram Bahia e Per-
nambuco. Rio de Janeiro e Espírito Santo cultivavam cana em menor 
escala e, de forma predominante, para a produção de aguardente que 
servia de moeda de troca por escravos na África.
[...]
A economia do açúcar se estruturou no chamado plantation com base em 
três elementos básicos: latifúndio, monocultura e trabalho escravo. Junta-
mente com a plantação da cana, nasceram, no Brasil, a grande propriedade 
rural e a sociedade patriarcal e escravocrata. O engenho de açúcar era um 
empreendimento que exigia um grande volume de recursos para ser ini-
ciado. As terras eram concedidas àqueles que tinham alguma relação com 
a coroa portuguesa ou com os capitães donatários e que possuíam recur-
sos para ocupá-las e nelas produzir. Além disso, o ciclo do açúcar só foi 
possível devido à solução do problema da mão de obra: o escravo africano.
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Transição Para a Sociedade Agrária no Brasil
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Nesse momento histórico, o país alcançou sua máxima vertente agroexporta-
dora. Não de forma contínua, mas conforme Naritomi (2007, on-line)2, com 
diferentes fases de altos e baixos que inseriram a cana-de-açúcar como o prin-
cipal produto da pauta agroexportadora do Brasil, elevando sua importância 
econômica naquela época.
TRANSIÇÃO PARA A SOCIEDADE AGRÁRIA NO BRASIL
Até aqui caro(a) aluno(a), você está percebendo que a história do Brasil foi cons-
truída com base na agricultura e nas atividades rurais. Não obstante, a própria 
cultura, atualmente configurada como uma mescla de contribuições de povos 
de várias partes do mundo, teve no rural o mote principal para sua junção em 
nosso território, inicialmente considerando os europeus e os africanos e, em um 
momento posterior, já com a exploração da cultura do café, uma nova leva de 
europeus juntamente com asiáticos (japoneses, em especial, que colonizaram as 
áreas do interior de São Paulo e do Paraná).
Nesse ponto do texto, você deve estar se perguntando: “mas o que vem a ser 
atividade agrícola e atividade rural?”. Em resumo, as atividades rurais são aque-
las executadas estritamente 
no espaço rural, enquanto as 
atividades agrícolas possuem 
um contexto mais econômico. 
Tais atividades estão ligadas às 
cadeias produtivas agropecuá-
rias, mas não necessariamente 
estão ligadas ao rural. Ainda, 
o termo “agricultura” remete 
a produção de alimentos de 
origem vegetal.
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Após a queda da cana-de-açúcar e mesmo do ciclo do ouro em Minas Gerais, 
(entre os séculos XVI e XVII) o Brasil encontrava-se com uma pequena massa 
urbana nas principais capitais do território. O desenvolvimento econômico, 
embora ainda pautado nestas duas cadeias produtivas sendo ouro e açúcar, já 
se encontrava mais diversificado, em especial considerando o desenvolvimento 
logístico que propiciou a abertura de novas rotas ao interior, especialmente no 
século XIX, já no Brasil Império, com as famosas ferrovias.
Outro elemento de diversificação da economia brasileira foi o desenvolvi-
mento do comércio nos grandes centros, condição necessária considerando a 
aglomeração populacional advinda do dinamismo econômico proporcionado 
pelos ciclos econômicos anteriores.
Já não se falavam em pequenas vilas, mas aglomerados populacionais pujantes, 
com economia transitando para um status de menor dependência das ativida-
des econômicas tipicamente rurais. A Figura 1 demonstra o desenvolvimento 
da cidade de São Paulo de Piratininga em 1837. 
Figura 1 – Centro histórico de São Paulo de Piratininga, onde atualmente se localiza a Praça da Sé (ao centro), 
o Vale do Anhangabaú (na parte inferior) e o Parque Dom Pedro – Brás (parte superior da imagem)
Fonte: Goetha (1944, on-line)3.
No Brasil Império, segundo a visão de Trevisan (2006, p. 02, on-line)4, imperava 
a visão da sociedade agrária, a qual era definida da seguinte maneira:
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Na sociedade agrária, a cidade existe como um centro político-admi-
nistrativo que organiza e domina o meio rural, mas é inteiramente es-
truturada pelo rural. Ou seja, há uma predominância do rural sobre o 
urbano. O campo é o setor produtivo, e o urbano é o consumidor. A 
maior parte da população está envolvida na produção (em torno de 
20 camponeses alimentam um citadino). As relações sociais, embora 
sejam mescladas por relações indiretas e indiferentes, ainda predomina 
a afetividade sobre o racional.
De certa forma, as explicações dadas por Trevisan (2006, on-line)4 associadas à 
realidade social, econômica e produtiva já convergiam para o atual modelo de 
produção agropecuária, tipicamente agroexportador.
Com a ascensão cafeeira, no interior do estado de São Paulo, houve o acirra-
mento do modelo agroexportador, altamente demandante de mão de obra e de novas 
tecnologias, tanto naquilo que se convenciona chamar de atividades “dentro da por-
teira” como ao longo de toda a cadeia produtiva, criando um conjunto de novas 
atividades que proporcionaram o desenvolvimento dos clássicos eixos econômicos 
brasileiros, localizados em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (BAER, 2002).
A pujança trazida pelo café foi tamanha que, segundo Baer (2002, p.38), as 
exportações cafeeiras saltaram de 3,1 milhões de sacas (algo que corresponde 
a 192 mil toneladas) no início do século XIX para 51,6 milhões de sacas (3,1 
milhões de toneladas) já ao final do mesmo século.
Ainda, Baer (2002) nos mostra que o agronegócio do café criou a massa crí-
tica necessária para proporcionar o desenvolvimento do Centro-Sul brasileiro sob 
o modelo de inserção de investimentos estrangeiros em infraestrutura, emprego 
de mão de obra livre e imigrante e o desenvolvimento posterior da indústria, 
algo verificado ao longo da primeira metade do século XX. 
Mas, não somente isso, Baer (2002) afirma que as demais cadeias produti-
vas foram impulsionadas pelo café, tanto no que tange as cadeias agropecuárias 
(algodão, látex de seringueira, açúcar e cacau), cadeias industriais (máquinas 
e equipamentos) e cadeias de serviços (com a expansão dos centros urbanos 
principais e secundários nos estados do Centro-Sul do país).
As atividades agropecuárias, ao longo dos séculos XVI e XIX modificaram 
profundamente a sociedade brasileira, não somente tornando-a agrária e, pos-
teriormente, urbana, mas também no que tange às questões agrárias e mesmo 
às questões relacionadas às formas de se executar os trabalhos.
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Veja que em nosso primeiro insight, quando falamos a respeito de “questões 
agrárias”, devemos analisá-las sob dois enfoques: o primeiro, relacionado à ocu-
pação das terras a partir do início do século XX e o segundo, relacionado a uma 
crescente dicotomização entre o rural e o urbano, criando finalmente as primei-
ras ideias sobre o trabalhador rural.
É notável que a expansão das terras agricultáveis brasileiras ocorreu em 
um clima de desapropriação e desbravamento. Ao entendimento da Coroa e da 
República dos Estados Unidos do Brasil, todas as terras brasileiras, por direito, 
pertenciam a estes entes governamentais, os quais repassavam os direitos de 
posse aos agricultores que apresentassematributos financeiros e tecnológicos 
para ocuparem as terras e produzir.
Foi desta forma, por exemplo, que o interior de São Paulo fora ocupado pelas 
fazendas cafeeiras ao longo do século XIX e início do século XX. Aos agriculto-
res menos capitalizados, eram destinadas as terras marginais ou mesmo, restava 
a possibilidade de migrar cada vez mais ao interior do país para ocupar terras 
ainda não desbravadas (BAER, 2002).
Como as melhores terras e condições eram destinados aos grandes agricul-
tores, estes vivenciaram oportunidades de ampliar seu patrimônio, ao ponto de 
concentrarem terras daqueles agricultores que não tiveram sucesso em sua experi-
ência de colonização de terras. A estes últimos sobravam apenas terras marginais 
ou, na hipótese de não possuírem terras, somente lhes restava a possibilidade de 
serem empregados como mão de obra nas fazendas cafeeiras ou mesmo nas dife-
rentes cadeias produtivas que se relacionavam à produção do café.
Tal cenário acentuou as desigualdades sociais que permanecem vivas no 
campo até os dias atuais, onde grandes produtores, capitalizados, possuem 
condições de ampliar seu patrimônio e seu domínio, enquanto os demais 
produtores rurais, desassistidos pelo poder público, vivem em pleno cená-
rio de abandono.
Esse cenário de abandono foi retratado por dois grandes autores da lite-
ratura brasileira: Guimarães Rosa, com “Grande Sertão: Veredas” e Monteiro 
Lobato, com “Urupês”. Esse abandono, em especial, foi retratado pelo mais céle-
bre personagem rural do Brasil, o Jeca Tatu, presente em Urupês, como vimos 
na figura a seguir:
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Figura 2 – Jeca Tatu nas ilustrações de Urupês, de Monteiro Lobato
Fonte: Lobato (1994).
De certa maneira, o personagem Jeca Tatu foi capaz de expressar os três cenários 
distintos existentes no Brasil cafeeiro do início do século XX: o avanço econô-
mico e social das cidades brasileiras, que passavam por um denso processo de 
industrialização; a transformação da agricultura cafeeira em agribussiness; e a 
elevação do contingente de “esquecidos”, agricultores familiares que mantinham 
suas tradições e suas humildes produções e modo de vida no sertão do Brasil.
O personagem Jeca Tatu fora tão icônico que este se encontra no centro de 
discussões sociais até os dias atuais. Você notou o semblante tristonho do 
Jeca Tatu? Esse semblante revela a genialidade mal interpretada de Montei-
ro Lobato, pois, por muito tempo, este personagem levara a alcunha de pre-
guiçoso e vagabundo, acentuando a dicotomização entre o “atrasado” rural 
e o avançado “urbano”. Todavia, a genialidade de Monteiro Lobato está no 
fato do semblante do Jeca revelar os problemas de doenças que o homem 
do campo desassistido sofria, em especial, Febre Amarela e verminoses. Um 
verdadeiro abandono por conta das autoridades públicas.
Fonte: o autor.
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É sobre esses agricultores 
que falaremos a respeito mais 
a diante em nosso livro, sendo 
eles um dos principais elos das 
cadeias produtivas, sobre os quais 
devemos conhecer e racioci-
nar modelos prevencionistas 
para que sua saúde e segurança 
sejam preservados. Por enquanto, 
vamos continuar nossa análise 
para um novo período histórico: 
o da Revolução Verde.
A AGRICULTURA DO PÓS-GUERRA: A REVOLUÇÃO 
VERDE
Caro(a) aluno(a), embora tenhamos visto que a agricultura brasileira tenha evoluído 
à patamares nunca antes vistos, graças a cultura do café e ainda, a própria socie-
dade tenha se alterado drasticamente, avançando a um modelo tipicamente urbano, 
a maior das mudanças que poderiam ocorrer nesse contexto ainda estava por vir.
Mesmo com oscilações, nas décadas de 1940 e 1950, o café ainda era a cul-
tura de maior relevância agroexportadora. O Governo Brasileiro e agências de 
desenvolvimento internacional viam nesta cadeia agroexportadora uma exce-
lente oportunidade de negócios, tanto, que a partir de 1945, observou-se um 
incremento nas ações de Assistência Técnica e Extensão Rural aos produtores 
de café (PEIXOTO, 2008).
Em especial, é de se destacar a experiência vitoriosa das Associações de 
Crédito e Assistência Rural (ACAR), conforme descrito por Peixoto (2008, 
p.18-19).
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A institucionalização efetiva de um serviço de assistência técnica e ex-
tensão rural no país se deu ao longo das décadas de 50 e 60, a partir 
da criação nos estados das Associações de Crédito e Assistência Rural 
(ACAR), coordenadas pela Associação Brasileira de Crédito e Assis-
tência Rural (ABCAR), criada em 21/06/1956. As ACAR eram entida-
des civis, sem fins lucrativos, que prestavam serviços de extensão rural 
e elaboração de projetos técnicos para obtenção de crédito junto aos 
agentes financeiros.
[...]
O método de ação das ACAR foi inspirado no modelo norte-america-
no de extensão rural, mas os serviços não eram prestados diretamente 
por universidades, e sim pelas associações. Todavia, o crédito super-
visionado por um serviço de assistência técnica foi uma inovação no 
modelo brasileiro que estava sendo implantado, uma vez que nos EUA 
os produtores rurais já estavam habituados a se relacionar com os ban-
cos e obter empréstimos. 
As demais ACAR foram surgindo em cada estado, nas duas décadas 
seguintes. Vinte e três ACAR estavam criadas até 1974 e, juntamente 
com a ABCAR, substituta do Escritório Técnico de Agricultura Bra-
sil-Estados Unidos (ETA) e criada em 21/06/1956, formavam o então 
chamado Sistema Abcar, também conhecido e tratado na legislação 
como Sistema Brasileiro de Extensão Rural (SIBER).
Em uma única ação, os produtores rurais mais capitalizados estavam se relacio-
nando de uma forma mais íntima com o conhecimento científico e tecnológico 
oriundo das ações de Assistência Técnica e ainda, com o financiamento público e 
privado de suas produções, o que estabilizou a cadeia produtiva do café ao longo 
destas duas décadas (1950 e 1960), levando-se em consideração que a cultura 
do café já não enfrentava um bom período no que tange à sua comercialização 
em nível internacional.
Também é de se destacar que, ao passo em que o café aos poucos estava em 
decadência, outras culturas encontravam um nicho específico na nova configu-
ração produtiva do mundo pós-guerra: os cereais.
As cadeias do milho, trigo, arroz e da crescente cultura da soja estavam sob 
uma demanda crescente por matéria-prima, essencial para a alimentação humana 
e animal, de maneira que, em vinte anos, o cenário das áreas produtivas brasi-
leiras foi aos poucos alterado para seguir a tendência mundial de produção de 
commodities (PEIXOTO, 2008).
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Segundo Branco (2008, p.12):
Commodities é o termo utilizado para se referir aos produtos de origem 
primária que são transacionados nas bolsas de mercadorias. São normal-
mente produtos em estado bruto ou com pequeno grau de industrializa-
ção, com qualidade quase uniforme e são produzidos e comercializados em 
grandes quantidades do ponto de vista global. Também podem ser estoca-
dos sem perda significativa em sua qualidade durante determinado perío-
do. Podem ser produtos agropecuários,minerais ou até mesmo financeiros.
Essa transformação das áreas rurais brasileiras não fora embasada somente 
na questão do suprimento de conhecimento e de crédito, mas também de um 
conjunto de ações, tidas como “pacote tecnológico” ligado a uma mudança de pro-
porções extraordinárias, desencadeadas pelo ideário do Engenheiro Agrônomo de 
origem holandesa Norman Ernest Borlaug, conhecido como o “Pai da Revolução 
Verde”, como vimos na figura a seguir:
Figura 3 – Norman Ernest Borlaug
Fonte: Ag Bio World ([2016], on-line)5.
Dada a crescente fome no mundo e a impossibilidade em se aumentar as áreas 
de plantio sem degradar os recursos naturais (situação da década de 1940), a 
única solução visualizada por Borlaug foi ampliar a tecnologia utilizada para a 
produção de alimentos em suas diferentes dimensões: maquinários, melhora-
mento genético das culturas, manejo de solos, agrotóxicos, na época chamados 
de defensivos agrícolas, adubação química, assistência técnica e produção de 
conhecimento agrícola, crédito rural e auxílio governamental (PEIXOTO, 2008).
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O modelo projetado por Borlaug foi bem-sucedido, afinal, em três décadas 
(1950 a 1980), houve um incremento de 450% na produtividade média das cul-
turas agroexportadoras (cereais, conforme observamos), de maneira que a fome 
no mundo fora considerada como atenuada (PEIXOTO, 2008).
Esse mesmo pacote tecnológico chegou ao Brasil em meados da década 
de 1950, sendo a ABCAR e o SIBER os seus primeiros pilares. Já nas décadas 
seguintes, a agropecuária brasileira fora agraciada com a evolução deste pacote 
tecnológico, da forma como segue:
 ■ A ABCAR e o SIBER serviram de base para a criação do Sistema Brasileiro de 
Assistência Técnica e Extensão Rural (Sibrater/1970) e do Sistema Nacional 
de Crédito Rural (SNCR/1965).
 ■ Diante do Sibrater, em 1973 foi criada a Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária (Embrapa) e foram fomentadas a criação de cursos nas áreas 
de ciências agrárias, em especial, em universidades federais.
 ■ O SBCR fomentou a compra de máquinas e implementos agrícolas às proprie-
dades rurais, que investiram fortemente nas produções de cereais. Da mesma 
forma, insumos químicos sintéticos (fertilizantes e agrotóxicos) passaram a 
ser utilizados em maior escala, gerando respostas produtivas de elevado nível.
 ■ O melhoramento genético propiciou a tropicalização de diferentes culturas, 
o que possibilitou o rearranjo produtivo aos moldes atuais, com a evolução 
dos plantios das commodities nos Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste 
do país (este último inicialmente explorado no princípio da década de 1980).
Para um olhar pouco cuidadoso, a conclusão óbvia seria a de que o Brasil atingiu 
níveis de excelência produtiva e tecnológica no campo e isto perdura até os dias atu-
ais com aquilo que chamamos 
de 4ª Revolução Agrícola, ou 
Revolução Biotecnológica, 
que nos permite racionali-
zar o uso de insumos clássicos 
como agrotóxicos por inter-
médio do uso de espécies 
geneticamente modificadas 
ou melhoradas.
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Isto não deixa de ser verdade, afinal, o Brasil, mesmo em um momento de 
crise econômica, mantém sua representatividade no agronegócio mundial pelas 
tecnologias e pela inovação aqui gerada, o que tornam as produções altamente 
competitivas no mercado externo.
No entanto, não podemos nos esquecer que este modelo revolucionário propi-
ciou os mesmos efeitos antes observados timidamente na cultura da cana-de-açúcar 
e de forma escancarada na cultura do café: a concentração de terras e de renda. 
AS CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS DA REVOLUÇÃO 
VERDE
Quando consideramos “a técnica pela técnica”, característica inerente à visão tec-
nicista, não há o cuidado em se escolher a metodologia para se atingir um bom 
resultado, de maneira que os caminhos mais curtos são os preferidos. Aliás, a 
própria motivação da Revolução Verde era muito clara: a frase “Reduzir a Fome 
no Mundo”, slogan amplamente utilizado no período, não traz implícita a forma, 
mas sim o resultado (PEIXOTO, 2008).
O acesso às novas tecnologias, em especial nas décadas de 1960 e 1970, era 
privilégio apenas dos produtores capitalizados e abarcados na política de Crédito 
Rural. Não existia uma política semelhante para a Agricultura Familiar, tendo em 
vista que esta não possuía garantias para pagamento das dívidas (MATOS, 2010).
Ademais, também é de se destacar que não houve dialogicidade na implan-
tação das novas tecnologias e a maioria dos produtores, já descapitalizados pela 
derrocada do café, viram-se excluídos do processo de desenvolvimento por não 
terem acesso e não conhecerem as tecnologias.
A realidade da Agricultura Familiar sempre se estabeleceu a partir de sua 
essência, mesmo após a Revolução Verde: a família. Todavia, após tal revolu-
ção, mesmo a Agricultura Familiar se tornou tecnificada.
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Podemos inferir que a Revolução Verde atingiu seu principal objetivo de 
aumentar a produção de alimentos com o uso da tecnologia de produção (meca-
nização, melhoramento genético, crédito agrícola e participação do estado na 
vida rural). Em um curto período, a produção de alimentos triplicou, contudo, 
acentuou as desigualdades sociais. A única solução para os agricultores que não 
puderam embarcar nesse movimento foi vender as terras para agricultores mais 
capitalizados e ávidos em produzir mais para aumentar a sua rentabilidade e se 
direcionar aos grandes centros, em busca de subempregos nas indústrias e no 
crescente setor de serviços (MATOS, 2010).
A Figura 4 ilustra o processo de inflexão da população brasileira:
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150
100
50
-
100%
Em % do Total Milhões de pessoas
75%
50%
25%
0%
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
51,9
70,1
93,1
119,0
146,8
169,8
190,8
Rural
Urbana
Figura 4 – Distribuição da população brasileira
Fonte: IBGE (2010, on-line)6.
No início da década de 1970, o campo já vinha sofrendo com esse processo de migra-
ção das famílias que não se encaixavam no modelo revolucionário, sendo que nessa 
década, pela primeira vez, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE, 2010, on-line)6, a população urbana superava a população rural.
A problemática não se encontrava na simples migração. Encontrava-se na 
crescente alteração da estrutura fundiária do país (de pequenos núcleos fami-
liares de produção de alimentos para os grandes latifúndios monocultores), na 
necessária concentração de terras para que isso ocorresse e na falta de estrutura 
e de empregabilidade dos grandes centros da época, os quais não conseguiam 
absorver todo esse excedente populacional (MATOS, 2010).
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Ademais, esse excedente populacional não se encontrava minimamente capaci-
tado para enfrentar as tecnologias produtivas das indústrias. Muitas dessas pessoas 
eram consideradas como analfabetas funcionais e poucas foram as pessoas e famí-
lias que conseguiram protagonizar histórias de sucesso nas grandes cidades.
Outra questão é que as atividades industriais e de serviçospossuem empre-
gabilidade mais volátil que as atividades agropecuárias, que historicamente são 
menos afetadas pelas oscilações econômicas. Já dizia um grande mestre que tive: 
“ninguém para de comer, mesmo com pouco dinheiro!”. Durante a década de 
1970, em especial, entre os anos de 1970 e 1973, o Brasil vivia um curto período 
de prosperidade econômica, o que gerou a alcunha de “Milagre Econômico”. As 
indústrias e o comércio contratavam quem estivesse disponível, um dos poucos 
momentos históricos do Brasil onde se pôde falar em “pleno emprego”.
Ocorre que esse “milagre” teve sua morte decretada em 1973, quando da 
primeira crise mundial de petróleo. Nos anos seguintes, dadas às sequências de 
geadas no Centro-Sul do país, que dizimaram os cafezais que ainda resistiam ao 
tempo, houve mais um fluxo massivo de famílias do campo para as cidades que 
já não tinham tantos empregos. Resultado: marginalização nos grandes centros. 
(MATOS, 2010; BIANCHINI; MEDAETS, 2013, on-line)7.
Essas famílias não possuíam dinheiro, estudos, e com o pouco dinheiro que 
ganhavam, alimentavam-se e poupavam para construir uma pequena casa em um 
terreno invadido. Surgiam aí as primeiras favelas, hoje conhecidas por “comu-
nidades” (BIANCHINI; MEDAETS, 2013, on-line)7.
Nesses locais longínquos e geralmente encrustados nas áreas mais declivosas, os 
serviços sociais básicos (educação, saneamento básico, saúde, moradia e infraestrutura) 
chegavam de maneira ineficiente. 
Mas não havia muito que fazer! 
Essa foi a solução encontrada 
por essas pessoas que, embora 
tenham saído do meio rural, 
nunca perderam o rural de si, o 
que é demonstrado por sua cul-
tura e costumes (MARANDOLA 
JÚNIOR; ARRUDA, 2005).
As Consequências Sociais da Revolução Verde
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Pelo fato do incipiente alcance das políticas públicas é que se convenciona 
afirmar que essas pessoas estão marginalizadas (à margem dos processos de desen-
volvimento). E isso perdurou dessa forma até meados dos anos 2000, onde se 
verificou a redução no processo de êxodo rural pela associação da melhoria das 
condições de vida no meio rural, pela adoção de políticas públicas de fomento às 
famílias que resistiram ao processo do êxodo, a exemplo do Programa Nacional 
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e também pelo fato de já 
não haver mais tantas pessoas no campo (atualmente estamos nos aproximando 
da cifra de 10% da população brasileira vivendo no meio rural) (BIANCHINI; 
MEDAETS, 2013, on-line)7.
Somente na última década (2000-2010) é que se verificou uma mudança 
significativa nesse cenário de exclusão social e expropriação dos modelos pro-
dutivos, com os programas de transferência de renda e outros programas sociais 
relevantes, mas nada suficientes para reverter a magnitude das mudanças sociais 
promovidas pela Revolução Verde. É isso que faz com que este modelo seja polê-
mico e bastante questionável no que concerne à promoção da prosperidade da 
população brasileira. E afirmo isso, caro(a) leitor(a), sem ter lhe explanado a res-
peito dos conflitos agrários derivados do processo de concentração das terras 
e dos problemas ambientais das técnicas de cultivo e mesmo relacionados aos 
excedentes populacionais nas grandes cidades, como poluição das águas, do solo 
e do ar, falta de acesso à água potável, desmatamentos em áreas de preservação 
ambiental, desmoronamentos, epidemias, dentre tantas outras consequências.
Mas após a discussão deste último tópico, nesta unidade, você deve estar se 
perguntando se somente houve prosperidade para a Agricultura Empresarial. 
Ainda, outro questionamento pertinente é com relação ao atual estado da agri-
cultura familiar e mesmo de nossa sociedade. Isto é algo que discutiremos em 
nossa segunda unidade, quando falarmos sobre a Nova Agricultura Familiar e o 
Trabalhador Rural, já estabelecendo um diálogo com as novas tecnologias liga-
das ao meio rural e à própria segurança do trabalho.
O MEIO RURAL BRASILEIRO E SUAS TRANSFORMAÇÕES
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), nossa primeira unidade foi bem interessante, não acha? Por meio 
da ilustração dos passos históricos das atividades agrícolas brasileiras, pudemos evi-
denciar que muito mais que uma serialização de atividades, ilustramos o verdadeiro 
pano de fundo do desenvolvimento brasileiro, amplamente pautado pela agropecuária.
Em princípio, de forma, extrativista, verificamos uma grande relevância de 
tais atividades por meio da extração do pau-brasil. Embora tenhamos ressalvas 
quanto à questão ambiental, considerando ser este o primeiro processo de des-
matamento brasileiro, não devemos negar que os benefícios econômicos de tal 
atividade criaram a massa crítica necessária para outras atividades econômicas 
no Brasil Colônia, a exemplo da mineração e da inserção da cana-de-açúcar na 
pauta produtiva brasileira.
Pela análise histórica, verificamos que o Brasil se desvencilhou de sua pátria-
-mãe portuguesa embasado em monoculturas (cana-de-açúcar, cacau, seringais e 
café), as quais impulsionaram o desenvolvimento econômico de núcleos urbanos 
que, mais tarde, dominariam o meio rural tornando-o subordinado às suas decisões.
O ápice dessa transformação se deu entre os anos de 1850 e 1940, quando o 
processo de urbanização se tornou drástico demais ao ponto de se criar a dico-
tomização que estigmatiza as atividades agrícolas até os dias atuais, com a marca 
do atraso e da decadência.
Todavia, entendemos que o meio rural possuía e ainda possui ampla capaci-
dade em se reinventar, de forma que a Revolução Verde transformou as formas 
de produção de alimentos, criando as bases para que o campo se tornasse tão 
ou mais produtivo, em nível econômico, que a cidade, de maneira a considerar-
mos atualmente que o espaço urbano e o espaço rural não são dicotômicos, mas 
contínuos e complementares.
33 
1. A “Revolução Verde” foi um período histórico, considerando a produção de ali-
mentos, que se estendeu de 1950 a 1980. Tratou-se de um marco para o agro-
negócio representado pela introdução de tecnologias produtivas que possibili-
taram a ampliação da produtividade dos cereais e o abastecimento dos diversos 
mercados consumidores mundiais. Sobre esse período, analise as afirmações e 
assinale a alternativa correta.
I. Esse período pode ser entendido como um “divisor de águas” para as ativi-
dades agropecuárias, uma vez que toda a evolução tecnológica inserida no 
contexto da produção de alimentos inverteu a lógica secular da agricultura, 
que previa que, para aumentar a produção, eram necessárias novas terras.
II. Essa lógica, mencionada no item I, foi invertida pelo fato de que as tecnolo-
gias inseridas possibilitaram produzir mais no mesmo espaço e isso foi possí-
vel graças a algumas soluções, como o melhoramento genético das culturas, 
a mecanização agrícola, os agrotóxicos e a fertilização dos solos.
III. A “Revolução Verde” pode ser compreendida ainda como um marco de de-
senvolvimento social, uma vez que a prosperidade produtiva no campo per-
mitiu com que todas as famílias rurais permanecessem em seu meio, não ha-
vendo êxodo para as grandes cidades.
IV. Também é fato que a “Revolução Verde” possuiu como característica a inser-
ção de tecnologias de baixo impacto ambiental, não sendo registradas conse-
quências negativas em termos de contaminação de solos, águas, fauna e flora.
Estão corretas:
a. Apenas a afirmação I.
b. Apenas a afirmação II.
c. Apenas as afirmações I e II.
d. Apenas as afirmações I e IV.
e. Apenas as afirmações II, III e IV.
34 
2. Emboramuitos analistas questionem as consequências sociais da “Revolução 
Verde”, é fato que as evoluções tecnológicas aplicadas possibilitaram o aumento 
de produtividade no campo. Entretanto, além dessa elevação de produtivida-
de no campo e de todas as tecnologias desenvolvidas, devemos destacar dois 
benefícios, que perduram até hoje, como herança dessa revolução. Assinale a 
alternativa que apresenta esses dois benefícios.
a. Sistema Oficial de Crédito e Institutos de Pesquisa e Extensão Rural.
b. Sistema Nacional de Estocagem e Programa de Crédito à Agricultura Familiar.
c. Programa de Fortalecimento da Logística e Sistema Oficial de Crédito.
d. Institutos de Pesquisa e Extensão Rural e Programa Nacional de Combate à 
Seca.
e. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e 
Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PRONATER).
3. O Brasil enquanto país assistiu seu próprio desenvolvimento pautado nas mono-
culturas. Uma, em especial, proporcionou o desenvolvimento inicial da colônia, 
produzindo o principal produto de exportação ao longo dos séculos XVII e XVIII. 
Assinale a alternativa que apresenta o produto e a cultura em questão.
a. Amido – Mandioca
b. Amido – Milho
c. Açúcar – Cana-de-açúcar
d. Cafeína – Café
e. Açúcar – Algodão
4. A industrialização paulista da década de 1920 foi decisiva para acentuar as di-
ferenças entre o próspero meio urbano e o decadente e abandonado meio ru-
ral. Essas diferenças foram ilustradas por algumas obras da literatura brasileira. 
Assinale a alternativa que apresenta o nome de uma obra (com seu respectivo 
autor), que retratava esse abandono no meio rural.
a. Memórias – Carlos Drummond de Andrade
b. Urupês – Machado de Assis
c. Grande Sertão: Veredas – Graciliano Ramos
d. Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa
e. Contos e Fatos: Frederico Uchoa
35 
5. Ao longo das décadas de 1940, 1950 e 1960 a Revolução Verde começou a ser 
percebida na área rural brasileira. Além da inserção de maquinários e tecnolo-
gias, um elemento se fez necessário e foi operacionalizado por meio de institui-
ções públicas e privadas no sentido de fomentar financeiramente a produção de 
alimentos: o Crédito Rural. Assinale a alternativa que apresenta o ano de institu-
cionalização do Sistema Nacional de Crédito Rural:
a. 1949
b. 1931
c. 1980
d. 1965
e. 1977
36 
A Revolução Verde do ponto de vista Econômico
Antes de 1950, no Brasil, não se falava em uma política agrícola consolidada, a não ser 
quando o assunto era o café. Nessa década em especial, a cadeia produtiva do cafeeiro 
já passava por problemas produtivos, dadas as doenças e as pragas que assolavam os 
plantios. Da mesma forma, havia excesso de oferta do produto e os preços internacio-
nais já não eram tão atraentes como nas últimas décadas.
Assim, em 1952, o recém-criado Instituto Brasileiro do Café (IBC), autarquia vinculada 
ao Ministério da Fazenda e vinculada, após 1961, ao Ministério da Indústria e Comércio, 
teve por tarefa regular o mercado, construindo armazéns e armazenando os excedentes 
produtivos da cultura. Não obstante, a regulação do mercado em muitas vezes era feita 
pela regulação da oferta, seja por meio da erradicação de pés de café ou pelo controle 
dos próprios estoques.
Com a derrocada do café, muitos produtores rurais começaram a apostar em outras ca-
deias produtivas, tanto as de pequeno porte (olericultura) como as de inserção merca-
dológica internacionalizada (trigo e milho). Mediante essa expansão da pauta produtiva 
e, ainda, considerando que o Brasil, cada vez mais, acompanhava as necessidades do 
mercado internacional, tornava-se necessário estabelecer políticas que permitissem a 
expansão das áreas de produção (com o desbravamento de áreas no Centro-Sul do país) 
e ainda, a mecanização e políticas de crédito de custeio.
Dessa forma, em 1965, entrava em vigor a Lei 4.829/65, que tornava como pública a 
política de Crédito Rural, tida como instrumento de incentivo à produção, investimento 
e comercialização agropecuária e, consequentemente, à economia nacional.
A institucionalização do crédito rural, segundo Martins (2010), foi somente o segundo 
passo para a promoção do Crédito Rural no Brasil. Em resumo, este autor aponta a cro-
nologia das ações de crédito rural no período da Revolução Verde:
• 1964: criação do Sistema Nacional de Crédito Rural, por meio da Lei nº 4.595, de 31 
de dezembro de 1964.
• 1965: institucionalização do Crédito Rural, por meio da Lei nº 4.829, de 5 de novem-
bro de 1965.
• 1966: edição do Decreto nº 58.380, que aprovou o Regulamento do Crédito Rural.
• 1967: resolução do Conselho Monetário Nacional tornou obrigatório o direciona-
mento de 10% dos depósitos à vista no sistema bancário para a concessão de crédi-
to ao setor agrícola.
• 1967: o Decreto-Lei nº 167, de 14 de fevereiro de 1967, dispõe sobre os títulos de 
crédito rural.
• 1973: institucionalização do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Pro-
agro), por meio da Lei nº 5.969, de 11 de maio de 1973.
37 
• 1986: extinção da conta movimento, o que limitou os recursos para o crédito rural 
à disponibilidade da União.
• 1986: criação da poupança rural.
• 1991: aumento da participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 
e Social (BNDES) no crédito rural por meio do Finame Rural e do Programa de Ope-
rações Conjuntas (POC) e do Programa de Operações Diretas.
Tais ações impactaram de maneira relevante as atividades agropecuárias no país, mo-
dificando drástica e rapidamente a pauta produtiva e o pacote tecnológico vinculado, 
o que possibilitou a inserção dos produtores rurais em cadeias produtivas de elevada 
rentabilidade, inserindo o Brasil como um país agroexportador de cereais (milho, trigo e 
a recém-inserida soja, que avançou nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste de maneira 
rápida ao longo das décadas de 1970 e 1980).
Além de financiar a produção, neste período, o Estado foi o principal financiador e ar-
ticulador dos agentes responsáveis pela modernização do campo e pela formação dos 
complexos agroindustriais, por meio (FREDERICO, 2013):
• Da internalização da indústria a montante, produtora de bens de capital.
• Das articulações entre as empresas públicas de pesquisa – responsáveis pelo desen-
volvimento de novas cultivares – e as multinacionais produtoras de insumos quími-
cos e mecânicos.
• Do incentivo fiscal e creditício às agroindústrias.
• Da extensão rural, difundindo as novas técnicas de manejo.
• Da criação de uma rede de armazéns públicos e dos investimentos em transporte 
e energia.
Os resultados dessa modernização no meio rural foram melhor observados ao longo 
da década de 1990, com a expansão das áreas agrícolas ao Centro-Oeste, em especial 
considerando as commodities soja e milho. Com essa expansão, o termo “Novas Fron-
teiras Agrícolas” foi bastante difundido para caracterizar as novas áreas de exploração 
administradas por produtores com características empresariais e que detêm capital e 
técnicas avançadas de cultivo.
Ainda, o país possui sérios problemas de infraestrutura, o que mina sua competitividade 
no mercado internacional, estando esta altamente dependente da eficiência no campo, 
mas é notório observar que o papel estruturante que o poder público teve nas décadas 
de 1960 a 1990, em especial na questão do crédito agrícola, teve relevante importância 
no que tange ao desenvolvimento humano nacional e local.
Fonte: o autor.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Políticas Agroambientais e Sustentabilidade
Regina Sambuichi
Editora: IPEA
Sinopse: O presente livro é uma compilação de 10 artigos analíticos de 27 
autores que versam a respeito das principais tecnologias e avanços sociais da 
Nova Agricultura Familiar, em contraposição ao modelo de bases meramente 
tecnicistas ligados à RevoluçãoVerde. Não somente tecnologias produtivas, 
mas tecnologias sociais são abordadas nesses textos, apresentando, acima de 
tudo, o dinamismo ímpar que esses trabalhadores rurais estão proporcionando 
ao cenário rural.
Como todo modelo tecnológico, a Revolução Verde até hoje é foco de discussões polêmicas, em 
especial, considerando suas consequências negativas e positivas. Tais discussões centram-se no fato 
do Brasil ser líder tecnológico e produtivo de uma série de produtos agroalimentares sobre a égide 
da insustentabilidade. Assim, peço a você que veja com cuidado os materiais disponíveis nos links 
a seguir para que você criar uma opinião a respeito:
O Veneno Está na Mesa II
Disponível em: <http://youtu.be/fyvoKljtvG4>.
O Mundo Segundo a Monsanto
Disponível em: <http://youtu.be/y6leaqoN6Ys>.
REFERÊNCIAS
BAER, W. A Economia Brasileira. 02. ed. São Paulo: NOBEL, 2002.
BRANCO, A. L. de O. C. A produção de soja no Brasil: uma análise econométrica no 
período de 1994-2008. Monografia (Curso de Ciências Econômicas – Faculdade de 
Ciências Econômicas). Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, São 
Paulo, 2008. 54p.
D’AGOSTINI, S.; BACILIERI, S.; HOJO, H.; VITIELLO, N.; BILYNSKYJ, M. C. V.; BATISTA 
FILHO, A.; REBOUÇAS, M. M. Ciclo Econômico do Pau Brasil: Caesalphina echinata 
Lam., 1785. Páginas do Inst. Biol., São Paulo, v.9, n.1, p.15-30, jan./jun., 2013.
LOBATO, M. Urupês. 37. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
MARANDOLA JÚNIOR, E.; ARRUDA, Z.A. Urbanidade e Ruralidade no Brasil e as Rede-
finições entre campo e cidade. Boletim de Geografia, 23(1):21-38, 2005.
MATOS, A. K. V. Revolução Verde, Biotecnologia e Tecnologias Alternativas. Cader-
nos FUCAMP, 10(12):1-17, 2010.
PEIXOTO, M. Extensão Rural no Brasil: uma Abordagem Histórica da Legislação. 
Textos para discussão nº 48, Brasília: IMPRENSA NACIONAL, 2008. 50p.
Referências on-line
1 Em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/declaracoes-e-demons-
trativos/dipj-declaracao-de-informacoes-economico-fiscais-da-pj/respostas-2012/
caputulo-xii-atividade-rural-2012.pdf>. Acesso em: 01 set. 2016.
2 Em: <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp040592.pdf>. Acesso em: 27 set. 2016.
3 Em: <http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/badaro.html>. Acesso em: 01 set. 2016.
4 Em: <http://www.forumeja.org.br/ec/files/Texto%20Salvador%20Trevisan.pdf>. Aces-
so em: 01 set. 2016.
5 Em: <http://agbioworld.org/images/borlaug-young.gif>. Acesso em: 01 set. 2016.
6 Em: <http://beefpoint.wpengine.netdna-cdn.com/wp-content/uploads/legado/
wm/32950.jpg>. Acesso em: 01 set. 2016.
7 Em: <http://www.mda.gov.br/portalmda/sites/default/files/user_arquivos_195/
Brasil%20Agroecol%C3%B3gico%2027-11-13%20Artigo%20Bianchini%20e%20
Jean%20Pierre.pdf>. Acesso em: 01 set. 2016.
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GABARITO
1. C
2. A
3. C
4. D
5. D
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A
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E II
Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa
O NOVO MEIO RURAL E 
SUAS TECNOLOGIAS
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer o perfil dos trabalhadores rurais e entender quais são os 
fatores que formam suas peculiaridades.
 ■ Compreender o dinamismo do atual meio rural que permite afirmar a 
respeito de seu “renascimento”.
 ■ Visualizar as principais práticas e tecnologias que se relacionam ao 
trabalhador rural.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O renascimento do rural
 ■ O entendimento sobre o trabalhador rural
 ■ Tecnologias agrícolas relacionadas ao trabalhador rural
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), dando continuidade aos nossos estudos, apresentamos a 
segunda unidade que aprofundaremos nossas discussões, já enveredando para o 
cerne deste material, que é a discussão sobre a Segurança do Trabalho Agrícola. 
Nesta unidade, iniciaremos nossas discussões abordando uma temática pri-
mordial que é “O Renascimento do Rural”. Estabelecemos essa terminologia para 
levarmos em consideração os dizeres de Ricardo Abramovay, ao afirmar sobre 
as profundas modificações que ampliaram não somente os aspectos produtivos 
do meio rural, mas também, sua capacidade em gerar oportunidades e desen-
volvimento social aos trabalhadores agrícolas.
Recentemente, observamos um fenômeno muito claro em nossa economia: 
mesmo em um período de recessão, o único setor econômico que manteve sua 
geração de empregos e renda foi o agronegócio. Ademais, um agronegócio dife-
rente daquele monocultor: pluriativo e proativo.
Nesse cenário, observamos uma grande contribuição do trabalhador rural 
que assumiu para si a pluriatividade, encarando uma nova realidade laboral, inti-
mamente ligada aos princípios de segurança do trabalho. Todavia, nem todos 
os trabalhadores rurais seguiram esse movimento e, em uma análise mais apro-
fundada, ainda verificamos elementos que apresentam restrições que podem 
estabelecer sérios entraves ao estabelecimento da plena segurança do trabalho 
agrícola.
Além de conhecer os aspectos mais subjetivos relacionados ao trabalhador 
rural, também se faz necessário conhecer as tecnologias que interagem com este 
personagem. Somente por esta prática é que conseguiremos delimitar quais são 
os riscos laborais ligados a este tipo de trabalho. Assim, esta unidade nos traz 
informações fundamentais para aprofundarmos nossos conhecimentos e já esta-
belecermos, no plano das ideias, quais seriam as ações necessárias para mitigar 
os riscos do trabalho agrícola. Vamos em frente. 
Ótimo estudo!
Introdução
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O NOVO MEIO RURAL E SUAS TECNOLOGIAS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E44
O RENASCIMENTO DO RURAL
Conforme abordado em nossa unidade anterior, o meio rural brasileiro pos-
suiu um dinamismo ímpar em termos de utilização de tecnologias de produção, 
as quais foram responsáveis por tornar o Brasil um dos maiores produtores de 
commodities no mundo.
Todavia, devemos estabelecer que o atual meio rural, renascido e diversifi-
cado, segundo Abramovay (2000) possui diferentes matizes. Ao mesmo tempo 
em que ainda encontramos o modelo tradicional de produção, pautado basi-
camente em monoculturas, também encontramos na Agricultura Familiar um 
amplo exemplo de uso intensivo de terras e de tecnologia.
Não obstante, Portal Brasil (2015, on-line)1 relata:
Principal responsável pela comida que chega às mesas das famílias bra-
sileiras, a agricultura familiar responde por cerca de 70% dos alimentos 
consumidos em todo o País.
[...]
O pequeno agricultor ocupa hoje papel decisivo na cadeia produtiva 
que abastece o mercado brasileiro: mandioca (87%), feijão (70%), car-
ne suína (59%), leite (58%), carne de aves (50%) e milho (46%) são 
alguns grupos de alimentos com forte presença da agricultura familiar 
na produção.
A Agricultura Familiar, atualmente, ocupa papel de destaque não somente no 
que tange à produção de gêneros alimentícios, mas também na ativação da 
economia local com os recursos gerados em suas diversificadas cadeias produ-
tivas. Ademais, a empregabilidade também é fator de destaque, levando-se em 
conta que, de acordo com Silva (2014, on-line)2, 74% da mão de obra campo-
nesa encontra na agricultura familiar uma fonte de renda para a sobrevivência 
de suas famílias. A Figura 1 ilustra o dinamismo relacionado à Agricultura 
Familiar e salienta ainda as diferenças relacionadas ao modelo empresarial de 
agricultura.
O Renascimento do Rural
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14%
CréditoTerras Produção
Global
Produção
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comida
Mão de
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ocupada
Crédito Terras Produção
Global
Produção
de
comida
Mão de
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Figura 1 – Diferenças entre a Agricultura Familiar e Empresarial, considerando indicadores produtivos e 
econômicos
Fonte: Silva (2014, on-line)2.
Independente da tipologia de Agricultura se é familiar ou empresarial, o fato é 
que o meio rural atualmente se distanciou do velho modelo de abandono ligado 
à crítica tecida em “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa e “Urupês” de 
Monteiro Lobato, obras comentadas em nossa primeira unidade e que atualmente 
se aproximam de um paradigma de uso mais intensivo e racional de tecnologias.
Outra questão importante, caro(a) aluno(a), é que os patamares tecnológicos 
das atividades agropecuárias avançaram de tal maneira que ao se referir ao meio 
rural, já temos presentes agroindústrias altamente tecnificadas, com o uso inten-
sivo de máquinas, equipamentos e instalações que permitem o processamento de 
alimentos e a oferta de produtos para um público consumidor altamente exigente.
Com esta mudança de realidades, podemos concluir sobre a existência de 
duas hipóteses relevantes: o da urbanização do campo e o do amadurecimento 
endógeno do campo.
Houve uma urbanização do campo ou esta transformação do campo é um 
reflexo de seu amadurecimento enquanto setor econômico?
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O NOVO MEIO RURAL E SUAS TECNOLOGIAS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E46
Este questionamento é importante, porém inconclusivo, pois temos elementos que 
podem justificar as duas hipóteses. Particularmente, acredito que houve mais um 
amadurecimento das atividades econômicas do campo, levando-se em consideração 
sua ampla capacidade de adaptação às necessidades mercadológicas, mesmo que esse 
amadurecimento signifique “importar” características tipicamente urbanas ao rural.
Mais importante que isso é compreender que houve uma elevação da com-
plexidade dos trabalhos agropecuários aos mesmos moldes que o ocorrido há 
décadas com os postos de trabalho tipicamente urbanos.
Entretanto, devemos considerar em nossa análise que existe uma peculia-
ridade relacionada ao trabalhador rural, o qual não acompanhou esta elevação 
da complexidade da mesma forma que o trabalhador urbano, teoricamente mais 
instruído a ocupar postos de trabalho mais especializados.
Assim, antes de falar a res-
peito dos postos de trabalho, 
ou mesmo, das tecnologias 
comumente empregadas no 
meio rural, faz-se necessário 
estabelecer uma análise sobre 
o trabalhador rural em si, para 
compreender fatores limitantes 
que possam explicar as possí-
veis fontes de ações inseguras.
O ENTENDIMENTO SOBRE O TRABALHADOR RURAL
O trabalhador rural não pode ser classificado somente como um agricultor. Mais 
que isso, o trabalhador rural é, segundo Hentschke (2012, p. 2): “[...] toda pessoa 
física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza 
não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário”.
O Entendimento Sobre o Trabalhador Rural
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Percebe-se que a descrição de Hentschke (2012, p. 2) vai de encontro à pró-
pria descrição do que seja “empregado”, presente na Norma Regulamentadora 
nº. 1, do MTPS (2016, on-line)1.
Existe, portanto, uma relação de dependência ao empregador rural tanto 
naquilo que tange ao obedecimento de regras e diretrizes da empresa rural quanto 
à dependência de salário.
 Contudo, avaliar o trabalhador rural apenas sob o enfoque “empregador-em-
pregado” não é suficiente. Devemos analisar esse trabalhador rural do ponto de 
vista de suas características psicológicas e sociais. Nesse contexto, uma das pri-
meiras questões relevantes relaciona-se com o seu nível educacional.
A Figura 2 ilustra a evolução do nível educacional da população campesina 
ao longo das décadas de 2000 e 2010:
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Escolaridade média da população de 18 a 29 anos -
Campo (em anos de estudo)
Meta Nacional Brasil (localidade/rural (campo))
Figura 2 – Escolaridade Média da população de 18 a 29 anos (população rural)
Fonte: Observatório do PNE ([2014], on-line)4.
O NOVO MEIO RURAL E SUAS TECNOLOGIAS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E48
Pela análise da Figura 2, compreendemos que houve uma evolução significativa 
nos anos estudados pela população rural de entrada na fase economicamente 
ativa (a partir dos 18 anos de idade). Em 2001, a média de anos estudados por 
este estrato populacional era de 4,1 anos, o que correspondia ao cumprimento 
do ensino básico. Já em 2014, a média dobrou para 8,2 anos estudados, o que 
corresponde a quase finalização do ensino fundamental, de nove anos.
Embora sejam dados animadores, devemos considerar os números não em 
sua exatidão, mas sim de acordo com a realidade, pois, infelizmente, a quantidade 
de anos estudados não corresponde necessariamente às competências educa-
cionais necessárias para o pleno desenvolvimento cognitivo e de interpretação. 
Muitos desses elementos desse estrato populacional podem ser considerados 
como analfabetos funcionais.
Ainda, em todas as comparações possíveis entre os dados do estrato rural 
e os demais estratos investigados por meio do Observatório do PNE ([2014], 
on-line)4, verifica-se que a educação no meio rural ainda se encontra atrás de 
outros estratos avaliados: 25% da população mais pobre do Brasil; Mulheres; 
Negros; e, Região Nordeste tida como a de menor escolaridade no Brasil, todos 
avaliados na mesma faixa etária (18 a 29 anos).
Essa situação se agrava quando consideramos as faixas etárias superiores. 
Muitos trabalhadores rurais de 30 a 49 anos são analfabetos plenos (Observatório 
do PNE, [2014], on-line)4, com baixíssima capacitação para a execução de traba-
lhos mais especializados. Embora tenhamos evidenciado um “renascimento do 
meio rural” em nossa seção anterior, ainda temos graves problemas relacionados 
ao trabalhador rural, com baixa aptidão para ser capacitado no que concerne à 
Segurança do Trabalho.
Outros fatores ainda devem compor esta análise, a saber:
 ■ O trabalhador rural e o subemprego: por sua baixa capacitação, o 
trabalhador rural fica à mercê de subempregos (empregos altamente 
desgastantes, repetitivos e com baixa remuneração).
 ■ O trabalhador rural e sua alcunha: por não estar preparado para ocupar 
postos de trabalho mais especializados, destina-se a este trabalhador os 
trabalhos de menor importância, sendo este trabalhador erroneamente 
designado como “peão”.
O Entendimento Sobre o Trabalhador Rural
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 ■ O trabalhador rural, remuneração e família: também é fator de desta-
que a prolificidade dos estratos sociais mais pobres da sociedade brasileira. 
Muitas vezes, as famílias dos trabalhadores rurais são numerosas e os 
salários obtidos por seu trabalho são insuficientes para suprir suas neces-
sidades básicas.
 ■ O trabalhador rural e a sazonalidade: nem todos os trabalhos rurais 
são caracterizados pela prestação de serviços contínuos. Muitos deles são 
caracterizados por serem empreitas, ou contratos

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