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Unidade II LETRAS – LINGUÍSTICA Prof. Adilson Silva Oliveira ENADE – Letras - Linguística Linguagem oral e escrita Fonética/ Fonologia Análise sociolinguística Apresentação da questão do ENADEp ç q Introdução teórica Análise das alternativas da questão Transcrição é... eu veju contá qui u... a mulher tava isfreganu ropa.... i quanu ea istendeu ropa nu secadô veiu um leitãozim... i pegô a fuçá a ropa dela... ea foi... cua mão chuja di sabão ea deu um tapa assim nu... nu... nu... f i d l itã l itã inu fucim du leitão... u leitão sumiu.... quanu ea veiu i chegô dentru di casa... ea tinha dexadu u mininu nu berçu... quanu ea chegô u mininu tava choranu... eli tava cua marca di sabão (Adaptado de E T R Amaral(Adaptado de E. T. R. Amaral. “A transcrição das fitas: abordagem preliminar”) Questão ENADE O conhecimento de categorias e processos fonológicos pode ser útil para o professor conduzir a alfabetização porque alguns desses processos se refletem na escrita. Sempre que o estudante toma como referencial a sua variedade de fala, formas como contá e fuçá podem surgir tanto nas fases iniciais como em momentos mais avançados da alfabetização. Qual a categoria fonológica afetada no fenômeno que essas formas exemplificam?fenômeno que essas formas exemplificam? a) A sílaba e, no seu interior, o fonema de travamento, cuja queda resulta no padrão silábico CV. b) O vocábulo fonológico e, no seu interior, as fricativas em posição de travamento. c) O fonema, mais precisamente, os que ocupam o centro de sílaba átona, resultando no padrão silábico CV.de sílaba átona, resultando no padrão silábico CV. d) O fonema, mais precisamente, as semivogais de ditongos decrescentes, cuja redução resulta no padrão silábico V. e) A sílaba e, no seu interior, o fonema que ocupa o centro da sílaba tônica, cujo enfraquecimento resulta no padrão silábico V. Processos fonológicos na variedade da fala Para Stampe, processo fonológico é uma operação mental que se aplica à fala para substituir, no lugar de uma classe de sons ou de uma sequência de sons que apresentam uma dificuldade específica id d d f l dcomum para a capacidade de fala do indivíduo, uma classe alternativa idêntica, porém desprovida da propriedade difícil. Processos fonológicos na variedade da fala Processos fonológicos são naturais porque derivam das necessidades e dificuldades articulatórias e perceptuais do ser humano; resultam em adaptações dos padrões da fala às restrições t i d id d h t tnaturais da capacidade humana, tanto em termos de produção como de percepção. São inatos porque são limitações com as quais a criança nasce e que ela tem que superar na medida em que não façam parte do sistema de suaque não façam parte do sistema de sua língua materna. Classificação dos processos fonológicos Os processos fonológicos classificam-se em: processos paradigmáticos, sintagmáticos e í i t t processos sensíveis ao contexto. Classificação dos processos fonológicos Paradigmáticos: os processos que recorrem a substituições no momento de compor os sons da língua. Glotalização (fechamento parcial ou completo da glote durante a articulação de um outro som), ensurdecimento (ausência do traço distintivo de sonoridade nos fonemas fricativos e plosivos), anteriorização (ioburte por iogurte), simplificação do /r/, confusão d l t i f ã d f i tidas laterais, confusão das fricativas, confusão de líquidas. Classificação dos processos fonológicos Sintagmáticos: os processos que recorrem a mudanças nas estruturas silábicas, prosódicas e lexicais na composição dos sons da língua. Simplificação de semivogal do ditongo crescente, simplificação da consoante final, simplificação dos encontros consonantais, perturbação e elisão da sílaba fraca. Classificação dos processos fonológicos Os processos sensíveis ao contexto unem os dois anteriores e ocorrem quando um dado segmento fonológico é substituído em função do contexto de uso. Assimilação e reduplicação. INTERVALO Variedades do português brasileiro O português falado no Brasil tem merecido atenção considerável dos pesquisadores na área da Sociolinguística, principalmente em questões voltadas à educação em língua t d d ú d it õmaterna, dado o número de situações inusitadas com as quais os educadores se veem envolvidos, de modo geral, em sala de aula, quando as diferentes maneiras de falar de seus alunos povoam as atividades escolarespovoam as atividades escolares. Regras fonológicas de variação As principais regras fonológicas de variação no português brasileiro ocorrem na posição pós-vocálica na sílaba. A vogal é o núcleo da sílaba. A vogal silábica pode ser precedida e id d t É j t tseguida de consoante. É justamente a consoante que segue o núcleo silábico – posição chamada pós-vocálica ou de travamento na sílaba – que está sujeita a grande incidência de variação. Regras fonológicas de variação Uma característica do português brasileiro é o fato de as vogais /e/ e /o/, quando presentes em sílabas átonas (antes ou depois da sílaba tônica), serem pronunciadas respectivamente /i/ e /u/. Ex. /contenti/ /queru/ Questão ENADE O conhecimento de categorias e processos fonológicos pode ser útil para o professor conduzir a alfabetização porque alguns desses processos se refletem na escrita. Sempre que o estudante toma como referencial a sua variedade de fala, formas como contá e fuçá podem surgir tanto nas fases iniciais como em momentos mais avançados da alfabetização. Qual a categoria fonológica afetada no fenômeno que essas formas exemplificam?fenômeno que essas formas exemplificam? a) A sílaba e, no seu interior, o fonema de travamento, cuja queda resulta no padrão silábico CV. b) O vocábulo fonológico e, no seu interior, as fricativas em posição de travamento. c) O fonema, mais precisamente, os que ocupam o centro de sílaba átona, resultando no padrão silábico CV.p d) O fonema, mais precisamente, as semivogais de ditongos decrescentes, cuja redução resulta no padrão silábico V. e) A sílaba e, no seu interior, o fonema que ocupa o centro da sílaba tônica, cujo enfraquecimento resulta no padrão silábico V. Resposta a) A sílaba e, no seu interior, o fonema de travamento, cuja queda resulta no padrão silábico CV. Análise das alternativas a) Alternativa correta Justificativa Observando as palavras contar e fuçar, percebemos que o que ocorreu com as formas contá e fuçá foi a supressão daformas contá e fuçá foi a supressão da consoante final /r/ das sílabas de configuração CVC, convertendo-as em sílabas de configuração CV. Quando o /r/ pós-vocálico é suprimido, a tendência é um alongamento e maior intensidade da vogal final. A consoante que fecha a sílaba – r – (no caso das sílabas consideradas: tar (em contar) e çar (em fuçar) é chamada consoante de travamento da sílaba. Análise das alternativas b) Alternativa incorreta Justificativa O /r/ eliminado das palavras contar e fuçar corresponde a uma vibrante final e não a uma fricativanão a uma fricativa. Análise das alternativas c) Alternativa incorreta Justificativa A sílaba que sofreu supressão não é a sílaba átona, mas sim, a sílaba tônica. Análise das alternativas d) Alternativa incorreta Justificativa O padrão silábico resultante é o CV e não o V, pois ao ser eliminado o /r/ final, o que obtemos em cada palavra é umao que obtemos em cada palavra é uma sílaba do tipo CV: con-tá (CV) e fu-çá (CV). Análise das alternativas e) Alternativa incorreta Justificativa As sílabas tônicas correspondem a tar (em contar) e çar(em fuçar). O centro da sílaba tônica em ambos os casossílaba tônica, em ambos os casos, corresponde ao fonema /a/. Na supressão do /r/ pós-vocálico final, esses fonemas não são enfraquecidos, mas tendem a ser alongados e com maior intensidade. INTERVALO Questão ENADE Quanto aos aspectos fônicos e seu estatuto sociolinguístico, é correto afirmar que o falar da senhora entrevistada: a) exemplifica processos – como a supressão de segmentos em tava, contá e pegô – que são frequentes em localidades rurais isoladas, mas raros nas variedades linguísticas contemporâneas de outras localidades do Brasil. b) registra alterações presentes em distintas variedades do Português do Brasil – como a harmonização vocálica em mininu – e uma alteração específica – a assimilação de ponto de articulação em chuja, frequentemente estigmatizada na língua. c) apresenta processos característicos das variedades urbanas cultas – como o apagamento de segmentos em leitãozim e ea. d) t t d í li í ti di i dd) concentra traços de arcaísmo linguístico condicionados pela idade avançada da senhora – como a nasalização da vogal tônica sucedida por consoante nasal (quanu, isfreganu). e) é inovadora quanto à redução do ditongo /ow/ – chegô, pegô, ropa –, pois esse processo emerge na língua a partir da segunda metade da década de 1980. Papel das consoantes Consoantes bilabiais: contato dos dois lábios. Consoantes labiodentais: os dentes superiores em contato com o lábio inferior. Consoantes linguodentais: a ponta da língua em contato com os dentes superiores. Papel das consoantes Consoantes alveolares: a ponta da língua em contato com as gengivas ou alvéolos. Consoantes palatais: o dorso da língua em contato com o céu da boca. Consoantes velares: o contato com aConsoantes velares: o contato com a parte posterior da boca, depois do céu da boca. Papel das consoantes As consoantes podem ser surdas ou sonoras. As primeiras se caracterizam pela não vibração do som nas cordas vocais; as últimas, pela vibração do som. Surdas SonorasSurdas Sonoras P, T, K, F, S, X B, D, G, V, Z, J Estrutura da sílaba CV (consoante vogal) => todas as sílabas constituídas por uma consoante seguida de uma vogal; V => sílabas formadas unicamente de vogais: (a-ra-ra), (o-vo), (ú-ni-co) etc. CVC => por, mar, dar, paz, paz (ra-paz), cas (cas-te-lo) etc. Estrutura da sílaba CCV => bra (bra-ço), pla (pla-ca), cra (cra-vo) etc. CCVC => plás (plás-ti-co), pres (pres-bí- te-ro), fras (fras-co) etc. CCVCC -=> trans (trans-por-te) etcCCVCC > trans (trans por te) etc. CVCC => pers (pers-pec-ti-va) etc. Configurações silábicas As configurações silábicas se modificam, dependendo da região do Brasil, ou do grupo social. Ex: /arroiz/ VCCVVC/arroiz/ VCCVVC /bejo/ CVCV /fuçá/ CVCV INTERVALO Alguns resultados das pesquisas de Borttoni-Ricardo no português brasileiro, tendemos a flexionar o primeiro elemento do sintagma nominal plural e a não marcar os demais; quanto mais diferente for a forma do plural de um nome ou pronome da sua forma singular, mais tendemos a usar a marca de plural naquele nome ou pronome; quando a forma de plural é apenas o acréscimo de um /s/ tendemos ã á la não empregá-la; Alguns resultados das pesquisas de Borttoni-Ricardo em relação ao padrão CVC, há uma forte tendência à queda da segunda consoante quando a sílaba CVC ocorre no final da palavra (consoantes ou na representação vocálica das consoantes d i ã / /que podem ocorrer nessa posição: /r/, /s/, /n/, /l/, /u/, /i/); o /l/ na posição pós-vocálica final pode ser realizado como consoante lateral /l/ ou como vogal /u/; Alguns resultados das pesquisas de Borttoni-Ricardo em relação à configuração CVC, com a presença de ditongos crescentes – ocorre a monotongação, ou seja, a perda da semivogal nos ditongos, como é o caso de pouco (poco), ouro (oro); a desnasalização ocorre no português brasileiro com frequência, principalmente nos ditongos nasais e átonos finais, como em fizeram (fizeru), homem (homi), andaram (andaru); Questão ENADE Quanto aos aspectos fônicos e seu estatuto sociolinguístico, é correto afirmar que o falar da senhora entrevistada: a) exemplifica processos – como a supressão de segmentos em tava, contá e pegô – que são frequentes em localidades rurais isoladas, mas raros nas variedades linguísticas contemporâneas de outras localidades do Brasil. b) registra alterações presentes em distintas variedades do Português do Brasil – como a harmonização vocálica em mininu – e uma alteração específica – a assimilação de ponto de articulação em chuja, frequentemente estigmatizada na língua. c) apresenta processos característicos das variedades urbanas cultas – como o apagamento de segmentos em leitãozim e ea. d) t t d í li í ti di i dd) concentra traços de arcaísmo linguístico condicionados pela idade avançada da senhora – como a nasalização da vogal tônica sucedida por consoante nasal (quanu, isfreganu). e) é inovadora quanto à redução do ditongo /ow/ – chegô, pegô, ropa –, pois esse processo emerge na língua a partir da segunda metade da década de 1980. Resposta b) Registra alterações presentes em distintas variedades do Português do Brasil – como a harmonização vocálica em mininu – e uma alteração específica – a assimilação de ponto de articulação em h j f t t ti ti dchuja, frequentemente estigmatizada na língua. Análise das alternativas a) Alternativa incorreta Justificativa Os processos de supressão, exemplificados na fala apresentada, têm maior representatividade na zona ruralmaior representatividade na zona rural, mas não podemos afirmar que seja predominantemente dessa região. Esses fenômenos ocorrem em diferentes localidades brasileiras e com diferentes grupos sociais. Análise das alternativas b) Alternativa correta Justificativa Por harmonização vocálica entendemos o fenômeno correspondente à elevação das vogais médias pretônicas /e/ e /o/, quando da presença de uma vogal alta (/i/ ou /u/) em uma sílaba tônica. É o g ( ) caso de mininu: a sílaba tônica ni (meNIno) provoca a mudança das pretônicas /e/ (em menino) e /o/ (em menino). Em relação a chuja, temos o fenômeno de assimilação do ponto de articulação. O fenômeno de assimilação indica que 2 fonemas contíguos se tornam iguais (/s/ e /j/), ou seja, um fonema influencia o outro na produção do som Nesseinfluencia o outro na produção do som. Nesse sentido, pode ocorrer assimilação progressiva (ex. boneca => muneca) ou regressiva (ombro => omru). Em relação ao ponto de articulação, o que ocorre com suja, convertida em chuja, é uma assimilação progressiva. Análise das alternativas c) Alternativa incorreta. Justificativa O apagamento de segmentos em leitãozim e ea não caracteriza a variante urbana culta Esta recorre à norma cultaurbana culta. Esta recorre à norma culta ou à norma padrão da língua, embora não seja possível garantir seu uso perfeito. Análise das alternativas d) Alternativa incorreta Justificativa O uso de quanu e isfreganu não caracteriza arcaísmo linguístico. Esse conceito não se refere à idade de um falante, mas à língua, mais especificamente, ao uso de traços fonéticos, morfológicos e sintáticos conservadores já em desuso, que estiveram presentes na linguagem em outros tempos. Quanto às formas quanu e isfreganu, o que ocorre é a eliminação do /d/, característicaocorre é a eliminação do /d/, característica do dialeto caipira em sílabas finais das formas verbais em ando, endo, indo (como em levando => levano; comendo => comeno; caindo => caino) e também noadvérbio quando. Análise das alternativas e) Alternativa incorreta Justificativa A redução do ditongo, denominada monotongação, ocorre pelo apagamento de uma semivogal Há uma redução dode uma semivogal. Há uma redução do ditongo em uma vogal simples. Esse fenômeno não é emergente a partir da década de 1980, mas é um fenômeno recorrente em diferentes variantes linguísticas do Português Brasileiro. ATÉ A PRÓXIMA!
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