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DIÁRIO DE CAMPO 
 
Educação inclusiva: a lei e o dia a dia na escola 
1. Introdução 
Trabalhar na perspectiva da inclusão supõe transformações, e quando se fala 
em mudanças, refere-se essencialmente à mudança do sistema de ensino. Além disso, 
são necessárias mudanças profundas que repercutam nas questões subjetivas dos 
professores, suas crenças e valores, seus ideais e concepções sobre “como” e “para 
quem” ensinar. O professor e a escola precisam acreditar que é possível incluir os 
alunos com necessidades especiais. 
A presente pesquisa teve como objetivo realizar uma investigação do processo 
de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais na Escola Básica 
Municipal Irmã Cecília, localizada no município de São Lourenço do Oeste-SC, 
mediante observação realizada no ambiente escolar e um breve estudo da legislação que 
a subsidia. 
 O processo investigativo se configurou via pesquisa de campo, visando 
analisar os desafios, os discursos, as ações verbalizadas, os sentidos e os significativos 
que permeiam a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais no 
cotidiano escolar. 
 
2. Observações no ambiente escolar e as políticas de inclusão 
 
As políticas de inclusão de estudantes com necessidades educacionais 
especiais na rede regular de ensino não se baseiam apenas na permanência física destes 
estudantes nas instituições de ensino, as quais se baseiam também na coragem de se 
rever concepções metodológicas e paradigmas, bem como em desenvolver o potencial 
dessas pessoas, respeitando suas diferenças e entendendo suas necessidades. 
Mais do que nunca é necessário um processo de inclusão, utilizando-se leis e 
pessoas que acreditem e percebam o quanto a inclusão faz a diferença na vida dos 
alunos. Esta atitude induz todos a olharem com um olhar diferenciado, porém não 
preconceituoso para os alunos com deficiências, mostrando que todas as pessoas tem o 
direito de pertencer a uma comunidade e de estar incluído socialmente em todos os 
espaços. As políticas públicas de inclusão social têm como objetivo desenvolver ações 
para combater qualquer desigualdade, exclusão ou restrição feita com o propósito de 
impedir ou impossibilitar o reconhecimento de que todos possam usufruir e exercer seus 
direitos em igualdade de condições, valorizando e estimulando o protagonismo e as 
escolhas de cada pessoa. 
Conforme as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação 
Básica: 
A educação é o principal alicerce da vida social. Ela transmite e amplia a 
cultura, estende a cidadania, constrói saberes para o trabalho. Mais do que 
isso, ela é capaz de ampliar as margens da liberdade humana, á medida que a 
relação pedagógica adote, como compromisso e horizonte ético-político, a 
solidariedade e a emancipação (BRASIL, 2001, p.5). 
 
 A inclusão escolar está vinculada à inclusão social que se condiciona a uma 
série de fatores que compreendem desde a mudança de perspectiva das Diretrizes 
Nacionais para a Educação Especial, adotando uma flexibilidade no atendimento e nas 
singularidades da apropriação do conhecimento pelos estudantes, até a implantação de 
uma rede de apoios e serviços especializados juntamente com uma equipe pedagógica 
especializada. 
A inclusão não deve ser um processo que uniformize procedimentos 
metodológicos aplicáveis a um modo contínuo e homogêneo de necessidades 
educacionais especiais, pois a crença da singularidade do ser humano não pode 
prescindir do reconhecimento e da valorização das diferenças dos sujeitos no contexto 
escolar. 
A inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais na sociedade ainda 
está em estudo, pois faltam recursos para que as instituições escolares de fato acolham 
todas as pessoas com necessidades especiais com condições necessárias, muitas fazem 
adaptações conforme a demanda, ou seja, quando realmente se tem um aluno com tal 
deficiência. A passos lentos, mas com alguns avanços a inclusão social vem tomando 
espaços significativos para que essas pessoas sejam de fato inclusas e para que a Lei nº 
13.146, de 6 de julho de 2015 seja praticada: 
Art. 1o É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com 
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a 
assegurar e a promover, em condições de igualdade, o 
exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa 
com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. 
Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem 
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, 
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais 
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na 
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
Art. 4o Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de 
oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma 
espécie de discriminação. 
 
Neste texto iremos relatar algumas observações relacionadas à inclusão social da 
Escola de Educação Básica Municipal Irmã Cecília que foram realizadas no mês de 
março de 2018 em algumas turmas do Ensino Fundamental I e II. Neste sentido, 
primeiramente trataremos do espaço escolar, o quadro de professores que acolhe, ou 
seja, que está diariamente com o incluso, tipo de deficiências dos educandos e 
estagiários que acompanham o aluno incluso durante as aulas. 
Na escola, há um aluno cadeirante, um portador de Síndrome de Down, com 
Autismo e vários estudantes com deficiência mental. 
Quanto às adaptações no espaço escolar, há um banheiro para cadeirante e 
algumas rampas. Porém, não há rampa para acesso ao ginásio de esportes e nem para as 
salas de aula do segundo piso. Além disso, não há uma sala com materiais de apoio para 
estes alunos. 
Não há professores habilitados para trabalhar com estes estudantes. Na Rede 
Municipal de São Lourenço do Oeste-SC são contratados estagiários, os quais são 
estudantes do Ensino médio ou superior de qualquer curso de Licenciatura. Os 
estagiários permanecem em sala de aula com os alunos inclusos e os auxiliam na 
realização das atividades. 
Alguns alunos inclusos, com o auxílio do estagiário, conseguem realizar as 
mesmas atividades que os demais alunos em sala de aula. Outros, necessitam de 
atividades diferentes, conforme o tipo de deficiência que o aluno possui. Assim, as 
atividades são adaptadas de acordo com os conteúdos e disciplinas. 
No município o planejamento é coletivo, mas cada professor pode adaptar os 
conteúdos de acordo com a sua realidade em sala de aula. Ou seja, há um mesmo 
planejamento, conteúdos para cada turma e atividades adaptadas para cada realidade. 
Percebe-se que para alguns destes alunos o conteúdo é fácil, para outros nem tanto e 
para alguns é muito difícil. 
 Para cada aula os professores retomam a aula anterior fazendo uma apanhado 
geral e de continuação para que os estudantes lembrem e também para que o professor 
saiba o que cada turma agregou em seu conhecimento, ou seja, sua aprendizagem. 
Além de aulas expositivas os professores utilizam outros recursos benéficos 
para explorar a criatividade e oportunizar melhor aprendizagem, como: jogos, 
brincadeiras, contação de histórias, vídeos, sites, etc. Lembrando que, o tempo de 
duração das aulas muitas vezes é insuficiente deixando alguns questionamentos para 
próxima aula. 
Ressaltamos que na escola há vários inclusos. No Fundamental I, percebe-se 
uma interação maior entre professor e o aluno, pois eles ficam mais tempo juntos, 
mesclando atividades e interagindo com os outros. Enquanto, que no Fundamental II a 
troca de professores, a cada 45 minutos ou 90min, dá um distanciamento maior entre 
professor e aluno, pois nem sempreo professor consegue dar a atenção necessária ao 
incluso e às vezes nem mesmo aos demais estudantes, sendo que, as turmas são 
compostas por aproximadamente 30 estudantes ou mais. 
Ambos os professores, titular e estagiário, conseguem explicar e mediar os 
conteúdos, deixando-os claros, e muitas vezes repetindo para que compreendam, usando 
maneiras e atividades diferenciadas para oportunizar o aprendizado. Porém, nem todos 
compreendem, há pessoas com dificuldades de aprendizagens nas turmas. 
Os professores procuram intervir com informações que ajudam os alunos a 
entender melhor o conteúdo, refletindo em cada atividade, aguardando que os 
estudantes terminem o raciocínio para que possam evoluir na aprendizagem, sendo que 
os erros que surgem são levados em considerações para elaboração de novos problemas, 
sendo assim, a socialização entre a turma oportunizam a aprendizagem crítica dos 
estudantes. 
Não foi verificado preconceito em relação aos estudantes inclusos por parte dos 
demais estudantes, ao contrário, eles possuem um carinho especial por eles e alguns 
gostam de ajudá-los. Em casos de deficiência intelectual, entre os alunos do 
Fundamental II há certo preconceito por não entenderem que estes estudantes que não 
conseguem aprender como os demais colegas. Porém, eles se sentem à vontade para 
colocar suas hipóteses e opiniões nas discussões sempre mediadas pelo professor. Nos 
trabalhos em grupo eles são produtivos, pois há uma troca de experiências, a qual 
enriquece a aprendizagem, lembrando que sempre há os que levam na brincadeira e o 
professor é a chave fundamental e estar atento para que realmente a aprendizagem 
aconteça e não se disperse. 
 
3. Algumas considerações 
Os resultados destas observações evidenciaram que, para a Educação Inclusiva 
ser efetivada de forma como está idealizada na legislação vigente, será necessário 
transpor algumas barreiras, tais como: o despreparo dos professores; o número 
excessivo de alunos em sala; a precária ou inexistente acessibilidade física nas escolas; 
a rigidez curricular; as práticas avaliativas e por fim o desconhecimento assumido direta 
e indiretamente pelos responsáveis em materializar a Educação Inclusiva nas escolas, no 
que se refere a própria legislação que a fundamenta. 
Contudo nota-se que o próprio Sistema Municipal de Educação e a Educação 
Inclusiva que acontece nas escolas da rede há uma certa incoerência, pois na lei do 
sistema no artigo 37 inciso III diz: “ O Sistema Municipal de Educação deverá assegurar 
aos educandos com necessidades especiais professores com formação continuada 
adequada para atendimento desses educandos nas classes comuns.”, e o que acontece na 
realidade são contratados professores estagiários com nível médio e superior 
incompletos. 
Neste sentido, quando a escola aceita alunos com dificuldades de 
aprendizagem não significa que ela está garantindo aos mesmos o real acesso ao 
conhecimento. Em outras palavras, a inclusão na prática ocorre de modo diferente de 
como está proposto nos documentos. Inserir os estudantes na escola simplesmente 
porque existe a lei não é o suficiente. A escola precisa entender que, a partir do 
momento em que recebe uma criança com deficiência, todos, do porteiro ao diretor, têm 
de participar do processo de inclusão. A diferença deve ser aceita com naturalidade, 
lembrando que, em casa, toda criança é reflexo dos valores familiares. Assim, é 
importante que todos os pais, tenham eles filhos considerados especiais ou não, abram-
se à inclusão e transmitam o princípio da igualdade no dia a dia. 
 
Referências 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para Educação Especial na 
Educação Básica/Secretaria da Educação Especial – MEC; SEESP, 2001. 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei nº. 9.394, de 20 de dez 
de 1995. 
Acesso em: http://www.punf.uff.br/inclusao/images/leis/lei_13146.pdf, 20 de março de 
2018, as 21 horas e 45 minutos.

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