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PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTARIA

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PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTARIA
INTRODUÇÃO
O Princípio da Anterioridade tem o escopo de trazer segurança jurídica para o contribuinte. 
Este princípio serve como regra para a maioria dos tributos impostos pelo estado, de forma a impedir que o contribuinte seja surpreendido por uma tributação sem ao menos conseguir se preparar para arcar com essa carga.
Este trabalho tem ênfase no princípio da anterioridade da lei tributária, tendo por objetivo esclarecer a inserção da alínea “c” do artigo 150, III, da Constituição Federal, mobilizada pela Emenda Constitucional de n. 42; 2003. Trazendo consigo uma inovação no que tange a aplicação desse princípio, denominado de “Princípio da Anterioridade Nonagésimal”, vez que alguns tributos obedecerão às regras do dispositivo legal do artigo 150, inciso III, da Constituição Federal, aplicando-se de forma imediata, tais regras, todavia comporta exceções. Adiante observar-se-á que determinados tributos irão respeitar as duas regras, retro mencionadas, como também haverá tributos que seguirá apenas o comando do artigo, 150, inciso III, alínea “b” da Constituição Federal, sem sequer observar a Anterioridade Nonagésimal, bem como, haverá os que obedecerão as regras do artigo 150, inciso III, alínea “c” sem, contudo, obrigar-se a anterioridade de exercício.
Importante salientar que, o princípio da anterioridade da lei tributária, foi consagrado pela Constituição Federal de 1988, contida no artigo 150, inciso III, alíneas “b” e “c”; pois antes tal conquista, vigorava o princípio da anualidade, vigente na constituição de 1946, em seu artigo 141, §34 (2 parte): “§34 nenhum tributo será cobrado em cada exercício sem prévia autorização orçamentária”. Sendo assim, somente poderia ser cobrado em cada exercício se autorizado pelo orçamento anual.
PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE
Conceito
O princípio da anterioridade é exclusivamente tributário, uma vez que se projeta apenas no campo da tributação, seja ele federal, estadual, municipal ou distrital (CARRAZZA, 2004, p. 175). No que tange a esta peculiaridade do princípio da anterioridade, o doutrinador José Francisco da Silva Neto ensina: “[...] com efeito, enquanto para os demais ramos do Direito a pura vigência de seus textos de lei já os torna factivelmente exigíveis, pois aptos à produção de efeitos a partir de referida vigência, as normas jurídicas tributárias, que criem ou majorem, para fins de cumprimento ao princípio em tela, não exigem previsão sobre aquele momento, mas quanto ao de vincular ou de incidir sobre os casos concretos” (SILVA NETO, 2004, p. 132).
Está delineado no artigo 150, inciso III, alíneas “b” e “c” da Constituição Federal, in verbis:
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...]
III - cobrar tributos: [...]
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;” 
O princípio da anterioridade tributária disciplina que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estão proibidos de cobrar qualquer tributo no mesmo exercício financeiro ou antes de noventa dias da data de publicação da lei que os institui ou aumenta.
Para melhor elucidar a questão, citamos os dizeres do doutrinador Luciano Amaro: 
“a constituição exige, como dizíamos, que a lei que crie ou aumente o tributo seja anterior ao exercício financeiro em que o tributo seja cobrado e, ademais, que se observe a antecedência mínima de noventa dias entre a data de publicação da lei que o instituiu ou aumentou e a data em que passa a aplicar-se.” (AMARO, 2005, p. 121)
Antes de encerrar o presente tópico, mister se faz analisar o princípio da anterioridade de outra ótica.
“Observe-se que pelo princípio da anterioridade não se impede a criação nem a majoração de tributo. Apenas se preocupa em regular os efeitos de tal ato no tempo.” (GOMES, ANTONELLI, 2005, p. 132)
Ou seja, o princípio da anterioridade tributária estabelece uma imposição constitucional de se manter uma distância temporal mínima entre a publicação e a força vinculante da lei instituidora ou majoradora de tributos (SILVA NETO, 2004, p. 129).
Analisando todo o enunciado sobredito, conclui-se que a limitação exercida pelo princípio em estudo restringe-se tão-somente à vigência temporal, não anulando o Estado na sua função instituidora e majoradora de tributos.
Por ser um princípio, a anterioridade não impede a tributação, nem que se crie ou majore um tributo. Procura estabelecer a maneira pela qual a tributação poderá ser exercida. Regula a produção de efeitos da nova incidência do tributo no tempo.
Com maestria, o doutrinador Sacha Calmon Navarro Coêlho ensina: “o princípio da anterioridade expressa a idéia de que a lei tributária seja conhecida com antecedência, de modo que os contribuintes, pessoas naturais ou jurídicas, saibam com certeza e segurança a que tipo de gravame estarão sujeitos no futuro imediato, podendo, dessa forma, organizar e planejar seus negócios e atividades.” (COÊLHO, 2005, p. 213)
Daí a razão da suscitada nomenclatura comentada inicialmente: princípio da não-surpresa tributária.
Apresentado este breve relato, passamos agora a analisar o princípio da anterioridade tributária de forma específica. 
PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE COMUM
Primeiramente, cumpre elucidar que adotamos a nomenclatura “comum” para diferenciar esta anterioridade, que foi a regra para todos os tributos até a EC 42/2003, da anterioridade nonagesimal, que informava especificamente a criação e alteração das contribuições sociais para o custeio da seguridade social.
O princípio da anterioridade comum já estava previsto no artigo 150, III, b, desde a redação originária da Constituição Federal de 1988, disciplinando que a lei que cria ou majora determinado tributo, ao entrar em vigor, fica com a sua vigência postergada até o início do próximo exercício financeiro (CARVALHO, 2005, p. 159), quando, só então, produzirá todos os seus efeitos próprios.
O doutrinador Roque Antonio Carrazza leciona:
O princípio da anterioridade veda a aplicação da lei instituidora ou majoradora do tributo (caso, por exemplo, da que extingue ou reduz isenções tributárias) sobre fatos ocorridos no mesmo exercício financeiro em que entrou em vigor. (CARRAZZA, 2004, p. 177)
Noutras palavras, o princípio da anterioridade comum determina um prazo impeditivo, o próximo exercício financeiro, garantindo ao contribuinte um tempo hábil a se preparar para esse novo pagamento, o qual era antes inexigível.
Assim, oportuno se faz transcrever os ensinamentos do saudoso mestre Geraldo Ataliba:
A Constituição, em outras palavras, está dizendo o seguinte: o legislador pode criar ou aumentar tributos a qualquer instante, mas, a eficácia desta lei criadora ou aumentadora só se vai dar no próximo exercício. Fica com eficácia suspensa a lei que cria e que aumenta, até o ano que vem. Esta é a regra geral. (ATALIBA, 1997, p. 153)
Este é o pensar de Francisco Pinto Rabello Filho:
[...] quando a norma constitucional, consagradora do princípio da anterioridade, impõe que a lei tributária que cria ou aumenta tributos só pode ser aplicada a partir do exercício financeiro seguinte ao de sua edição, está claramente impondo um adiamento à eficácia dessa nova lei, típico caso, bem se vê, de lei que estará em vigor, mas eficácia não terá naquele mesmo exercício financeiro. (RABELLO FILHO, 2002, p 51)
Mas o princípio da anterioridade comum não se atém somente em disciplinar à majoração ou a criação de um tributo, mas também em regular as formas e as alterações dos prazos de pagamento em um mesmo exercício financeiro.
A lei deve regular de forma precisa e induvidosa o tempo do pagamento do tributo, antes do início do exercício financeiro em que ocorrem os fatos geradores da obrigação tributária.
Assim sendo, faz-se necessárionão apenas precisar o dia em que ocorre o fato gerador, mas precisar igualmente o dies a quo e o dies ad quemquando se tratar de ‘fato gerador’ composto de conjunto de fatos na duração do tempo. (COÊLHO, 2005, p. 263)
Portanto, a alteração e a conseqüente antecipação da data de pagamento de um tributo também se submete ao princípio em comento, evitando dessa forma que os contribuintes sejam surpreendidos com essa inovação.
Entretanto, se de alguma forma a lei beneficiar o contribuinte, o princípio da anterioridade não será aplicado. Isso se dá porque este princípio milita em favor do contribuinte e nunca em seu detrimento.
Assim, a menos que disponha de modo diverso, a lei que lhe concede uma isenção tributária, aumenta-lhe o prazo para o voluntário recolhimento do tributo, mitiga-lhe uma alíquota etc, incidirá de imediato, isto é, não precisa ficar na aguarda do próximo exercício financeiro para, só então, irradiar efeitos. (CARRAZZA, 2004, p. 185)
Por conseguinte, se uma nova lei reduz a incidência de um determinado tributo, não há de se cogitar a aplicação do princípio da anterioridade, posto que este tenha a função constitucional de proteger o contribuinte de surpresas com novos valores que poderiam ser indesejáveis (STF, RE 67.046; Rel. Min. Sydney Sanches; Disponível em. Acesso em 27/10/2006).
Seguindo este entendimento, citamos os ensinamentos de Hugo de Brito Machado:
Os princípios constitucionais foram construídos para proteger o cidadão contra o Estado, e o princípio da anterioridade tributária tem por finalidade essencial evitar que no curso do ano seja o contribuinte surpreendido com um ônus tributário a mais, a dificultar o desenvolvimento de suas atividades. [...] Assim, princípio da anterioridade, como os demais princípios constitucionais em geral, não impedem a vigência imediata de norma mais favorável ao contribuinte. É possível portanto a edição de lei alterando um Regime Tributário no curso do exercício financeiro, para vigência imediata, desde que seja favorável ao contribuinte. (MACHADO, 1989, p. 96)
Em dizeres mais simplistas, tem aplicação imediata à lei tributária que torna o ônus tributário menos oneroso para o contribuinte, não necessitando obedecer ao princípio da anterioridade.
Em contrapartida a esta corrente, que é majoritária, Marcus Lívio Gomes e Leonardo Pietro Antonelli afirmam:
Não se pode defender uma tese pró-cidadã para por em risco a segurança do Estado de Direito, o equilíbrio econômico e financeiro, e, especialmente, o plano orçamentário anual. Chama-se aqui a atenção para este aspecto para se demonstrar que a interpretação de que a aplicação imediata de uma norma que reduz a carga tributária pode gerar enormes prejuízos ao Estado, abalando a segurança jurídica e desestabilizando as finanças públicas. (GOMES, ANTONELLI, 2005, p. 159-160)
Complementam:
[...] a anterioridade diz que não se pode prejudicar o cidadão, por isso impor certo prazo para se aplicar a nova lei. Mas não diz que se deve proteger ao ponto de prejudicar o Estado, aplicando-se imediatamente leis mais benéficas. (GOMES, ANTONELLI, 2005, p. 160)
Data venia quanto ao posicionamento, a primeira corrente parece-nos mais acertada, eis que o princípio da anterioridade tributária é um instrumento protetivo ao cidadão, especialmente contra os abusos do Estado no seu exercício do poder de tributar.
PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL
Com a intenção de garantir, ainda mais, o Jus do contribuinte, a Emenda Constitucional 42, a chamada Reforma Tributária, inseriu a alínea c ao artigo 150, inciso III, estabelecendo que os tributos não poderão ser cobrados antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.
Noutros dizeres, Constituição Federal exige que se observe à antecedência mínima de noventa dias entre a data de publicação da lei que o instituiu ou aumentou e a data em que passa a vigorar.
O princípio da anterioridade nonagesimal garante que a criação ou a majoração de determinados tributos somente será aplicada após noventa dias da publicação da respectiva lei instituidora ou majoradora.
O princípio da anterioridade nonagesimal visa proteger todos nós, contribuintes, de majorações e criações de tributos nos últimos dias do ano. Isso significa que, uma determinada lei, publicada em 29 de novembro de 2006, que cria ou aumenta um tributo, só terá incidência em 28 de fevereiro de 2007, data esta em que já terão transpassado noventa dias da sua data de publicação.
Com a Emenda Constitucional 42/2003, percebe-se um significativo avanço na defesa dos interesses dos contribuintes, haja vista que a norma constitucional estampada na alínea b do inciso III do artigo 150, não atingia, em certos casos, o seu objetivo, o seu valor essencial de garantir a não surpresa do cidadão contra uma inesperada exigência tributária para a qual não estava preparado, uma vez que muitas leis que criavam ou majoravam tributos eram publicadas no final do ano, quando não em seu último dia.
“[...] a não surpresa do contribuinte ficava limitada ao saber que o tributo iria aumentar no dia seguinte, o que de forma alguma cumpre o Princípio da Anterioridade.”
Roque Antonio Carrazza, in Curso de Direito Constitucional Tributário, leciona: “O princípio da anterioridade, exigindo que a lei tributária, para incidir, seja conhecida pelo menos noventa dias antes do término do exercício financeiro da ocorrência fato imponível, permite que os contribuintes saibam o que os aguarda, no campo da tributação, e, bem por isso, confiem no Estado Fiscal.” (CARRAZZA, 2004, p. 185)
Sobre o tema em estudo, o professor Alexandre de Moraes ensina: 
“[...] princípio da anterioridade mitigada ou nonagesimal não exclui a incidência do tradicional princípio da anterioridade, determinando o art. 150, III, c, que ambos sejam aplicados conjuntamente, ou seja, em regra, os tributos somente poderão ser cobrados no próximo exercício financeiro de sua instituição ou majoração, e, no mínimo, após 90 dias da data em que haja sido publicada a lei, evitando-se, assim, desagradáveis surpresas ao contribuinte nos últimos dias do ano.” (MORAES, 2006, p. 787)
Mister se faz explanar, que assim como ocorre na anterioridade comum, qualquer redução da carga tributante que favorecer o contribuinte incidirá de imediato, não necessitando aguardar o transcorrer dos noventa dias para irradiar seus efeitos.
Agora, o princípio tributário da anterioridade nonagesimal será perfeitamente aplicado em sobrevindo uma alteração e conseqüente antecipação do prazo de pagamento do tributo no mesmo exercício financeiro.
Francisco Pinto Rabello Filho seguindo o mesmo entendimento, ensina: 
“[...] a antecipação-surpresa da data do pagamento de um tributo, enquanto subtração de uma parcela do patrimônio das pessoas, que, prevista para o futuro, é antecipada para agora, representa, inegavelmente, uma alteração gravosa do tributo, consolida surpreendente diminuição patrimonial, que repugna ao princípio da segurança jurídica, por isso deve atender ao princípio da anterioridade.” (RABELLO FILHO, 2002, p. 133)
Portanto, modificar em meio ao exercício a forma de pagamento do tributo é anular a natureza e a garantia do princípio da anterioridade.
Esteando o raciocínio, citamos, mais uma vez, os ensinamentos do doutrinador Roque Antonio Carrazza: 
“É fato que a Constituição Federal não prescreve, com todas as letras, que a lei impõe prazo menor ou forma mais gravosa de pagamento do tributo há de estar vigorando no exercício financeiro anterior, e, ainda por cima, observado o disposto no art. 150, III, ‘c’, desse diploma. A inferência, porém, é espontânea, até porque as normas jurídicas devem ser interpretadas mais por seus fins, pelas razões que nortearam sua edição (ratio iuris), do que pelas palavras que as integram.”
“[...] Pois bem, se o tributo não pode ser majorado no mesmo exercício de sua cobrança, é mais do que evidente que sua forma de pagamento também não pode sofrer alterações que agravem a situação do contribuinte.”(CARRAZZA, 2004, p. 201)
Apesar de todo esse amparo em face aos contribuintes, a própria Lei Maior estabeleceu exceções no que tange à incidência do princípio da anterioridade tributária, seja ela comum ou nonagesimal, como se verá adiante.
COMO SÃO USADOS ESSES PRINCIPIOS 
Para tanto, há o Princípio da anterioridade nonagesimal, que deverá ser usado juntamente com o princípio da anterioridade anual (veja alínea c, inciso III do art. 150 da C.F.), dessarte, um tributo que for imposto deverá respeitar tanto o princípio da anterioridade anual como a nonagesimal, dessa forma evitando que o contribuinte seja surpreendido. Vejamos como funciona:
– Um determinado imposto foi publicado no dia 30 de novembro de 2013.
Esse imposto deverá poderá ser cobrado somente no dia 28 de fevereiro de 2014, ou seja, no próximo exercício financeiro e respeitando os 90 dias do período nonagesimal.
– Um determinado imposto foi publicado no dia 01 de julho de 2013.
Esse imposto poderá ser cobrado no dia 1º de Janeiro de 2014, pois passou bem mais que 90 dias, mas só poderá entrar em vigor no próximo exercício financeiro, no caso em 2014.
QUANTO A MEDIDA PROVISÓRIA
Nesse caso, sabemos que a medida provisória é o meio pelo qual o chefe do executivo cria medidas com força de lei (há discussões doutrinárias se é lei ou tem força de lei, enfim, foge do escopo do assunto).
Nesse caso, a medida pode ter eficácia por 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias, se for votada e convertida em lei pelo congresso, ela passará a valer como lei ordinária, se não for convertida em lei, perderá sua eficácia e seus efeitos produzidos deverão ser regulamentados por decreto legislativo.
No que tange os impostos com a medida provisória, pode sim os impostos serem criados, majorados por MP, mas como requisitos, o imposto tem que ter a possibilidade de ser criado por lei ordinária e a medida provisória tem que ser convertida em lei para que o tributo que foi instituído ou majorado tenha sua eficácia no próximo exercício financeiro (Art. 62 §2º da C.F.).
Uma observação importante, tributos que são criados por lei complementar não podem ser objeto de MP, pois não é possível em nosso ordenamento jurídico, uma lei hierarquicamente inferior criar uma norma de hierarquia superior, como exemplo temos o empréstimo compulsório, esse tributo somente pode ser criado por lei complementar, dessarte não pode ser matéria de Medida Provisória.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
Observe também que foram excetuados dessa regra os impostos previstos no art 153, inc. I, II, IV V e o 154 inc. II, que são respectivamente: II, IE, IPI, IOF e IEG.
Com exceção do IPI, todos os outro poderão ser cobrados imediatamente a partir da publicação da MP, o IPI deve seguir o princípio da anterioridade nonagesimal.
Essa vedação está expressa conjugando o artigo 150, §1º da C.F. com o artigo:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.
Observe que está vedado a aplicação da anterioridade anual para o IPI (Art 153, inc IV), mas não está vedado para a anterioridade nonagesimal descrito na segunda parte do mesmo parágrafo, dessarte, será aplicado para o IPI tal imposição.
EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA
Exceções à anterioridade tributária comum
O princípio da anterioridade tributária não é absoluto, eis que comporta exceções. Tais exceções estão previstas no parágrafo 1º do artigo 150, no artigo 155, parágrafo 4º, inciso IV, alínea c e no artigo 177, parágrafo 4º,inciso I, alínea b da Lei Maior: Empréstimos Compulsórios para atender às despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência, Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF), e ao Imposto Extraordinário, que pode ser criado em caso de guerra externa ou sua iminência, assim como na hipótese de ICMS sobre combustíveis e lubrificantes em relação aos quais incide uma única vez, nos termos do artigo 155, parágrafo 2º, inciso XII, alínea h, e finalmente em relação à contribuição de intervenção no domínio econômico incidente sobre as atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível.
Tais tributos, como dito, estão excepcionados do princípio da anterioridade tributária comum. Com isso, a lei que os cria ou aumenta ganha eficácia desde logo.
Nota-se, que essa exceção propicia à União os meios necessários e indispensáveis de defesa contra situações extremas.
“[...] situações excepcionais, que não poderiam aguardar por uma distância de tempo de até o ano seguinte, para sua força de vincular, como se dá em temas de comércio internacional (II e IE), de mercado financeiro (IOF) e da produção nacional (IPI), da mesma maneira que soaria irrazoável se supusesse que a guerra ou a calamidade pública fossem aguardar pelo ano seguinte, aqui para a arrecadação do Empréstimo Compulsório ou do IEG pertinente.” (SILVA NETO, 2004, p.134)
Importante se faz explanar que somente os Empréstimos Compulsórios decorrentes de calamidade pública, de guerra ou sua iminência (art. 148, I, CF) é que excepcionam o princípio da anterioridade comum. O que não ocorre com o Empréstimo Compulsório por motivo de investimento (art. 148, II, CF), que respeitará normalmente a anterioridade.
Logo, não há como se furtar à idéia de que o constituinte aquilatou o direito da não surpresa como mais importante que o direito de o Poder Público fazer um investimento, ainda que de caráter urgente e de relevante interesse social.
Quanto ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, citamos os ensinamentos de Luciano Amaro: 
“Exceção restrita foi criada pela Emenda Constitucional n. 33/2001, em relação ao ICMS, ao acrescentar o §4º ao art. 155 da Constituição. As alíquotas do ICMS sobre combustíveis e lubrificantes com tributação monofásica prevista em lei complementar (art. 155, § 2º, XII, h – alínea acrescida pela EC n. 33/2001) devem ser definidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, na forma disciplinada em lei complementar (art. 155, § 4º, IV, e § 2º, XII, g), e podem ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o art. 150, III, b (art. 155. § 4º, IV, c). A mesma Emenda acrescentou ao art. 177 o § 4º, cujo item I, b, prevê que a alíquota de contribuição de intervenção ao domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível pode ser reduzida e restabelecida por ato por ato do Poder Executivo, não se aplicando o disposto no art. 150, III, b.” (AMARO, 2005, p. 125)
Exceções à anterioridade nonagesimal
A Emenda Constitucional 42/2003, que vedou a cobrança de tributos antes de decorridos noventa dias da lei que os instituiu ou aumentou, prescreve o rol de exceções no mesmo parágrafo 1º do artigo 150 da Lei Maior, repetindo as exceções relativas à anterioridade comum, prevista no artigo 153, III, b, ressalvado quanto ao IPI, e acrescenta as exceções referentes ao Imposto sobre a Renda (IR), à fixação das bases de cálculodo Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), artigos 153, inciso IV, 155, III e 156, I, respectivamente.
Ou seja, além de introduzir e disciplinar o princípio da anterioridade tributária nonagesimal, a emenda constitucional 42/2003 estatuiu exceções à regra contida na alínea c do inciso III do artigo 150, abrangendo os Empréstimos Compulsórios decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência, o Imposto de Importação, o Imposto de Exportação, o Imposto de Renda, Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF), o Imposto Extraordinário de guerra e a fixação das bases de cálculo do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores e do Imposto Predial e Territorial Urbano.
Nota-se que o constituinte derivado não excepcionou, ao menos no que se refere à anterioridade nonagesimal, o Imposto sobre Produtos Industrializados, que não está sujeito à anterioridade comum, artigo 155, § 1º, primeira parte.
A contrariu sensu, o Imposto Sobre a Renda não se curva à anterioridade nonagesimal, porém está sujeito à anterioridade comum.
Outro ponto que deve ser analisado com tento é o de que as exceções à anterioridade nonagesimal abarcam um tributo de competência estadual (IPVA) e outro de competência municipal (IPTU), diversamente do que ocorre com as exceções à anterioridade comum.
Depara-se, por conseguinte, que “todas” as hipóteses que excetuam a anterioridade da lei tributária estão estatuídas na Constituição da República, fato este que impossibilita que uma lei complementar venha dilargar o rol de tributos que não precisam obedecer ao princípio da anterioridade, aumentando a segurança jurídica dos contribuintes.
CONCLUSÃO 
Diante de todo o explanado, nenhum tributo poderá ser cobrado no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou.
Seria interessante que os governantes, mantendo-se a atual redação constitucional do princípio da anterioridade, abstiverem-se de dispor expressamente sobre a data de entrada de vigor das leis tributárias. Dessa forma, assegurar-se-ia a obediência ao prazo de vacatio legis previsto no Art. 1° da Lei de Introdução ao Código Civil, de 45 (quarenta e cinco ) dias depois da publicação oficial.
A anterioridade tributária deve refletir um lapso temporal para que o cidadão possa antecipar a forma e os meios com os quais vai contribuir para o custeio coletivo das despesas da sociedade e não para que o governo possa exercer o seu poder arrecadador. É preciso que nossos homens públicos conscientizem-se da necessidade de melhor planejar a economia do país, para que os cidadãos vivam com segurança e previsibilidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
AGRA, Walber de Moura. Manual de direito constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
AMARO, Luciano da Silva. Direito tributário brasileiro. 11. Ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 9. Ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
ATALIBA, Geraldo. Limitações constitucionais ao poder de tributar. Revista de Direito Tributário, São Paulo, v. 51, p. 153, jan. 1997.
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 10. Ed. São Paulo: Malheiros, 2000.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 1995.
GOMES, Marcus Lívio; ANTONELLI, Leonardo Pietro. Curso de direito tributário. v. 1. São Paulo: Quartier Latim do Brasil, 2005.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2005.
_______ . Os princípios jurídicos da tributação na constituição de 1988. São Paulo: RT, 1989.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
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