Buscar

Princípios Tributários

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO TOCANTINS - UNITINS
CAMPUS DE AUGUSTINÓPOLIS
CURSO BACHARELADO EM DIREITO
MARA RUBIA ALVES DA SILVA
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
AUGUSTINÓPOLIS – TO
2020
MARA RUBIA ALVES DA SILVA
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
Trabalho apresentado à Universidade Estadual do Tocantins – UNITINS, como requisito para obtenção de notas na disciplina de Direito Tributário, ministrado pelo Professor Me. Francisco Wagner.
AUGUSTINÓPOLIS - TO
2020
1. INTRODUÇÃO
O Direito Tributário é parte do Direito Público e, tendo natureza obrigacional, refere-se à relação de crédito e débito entre os sujeitos da relação jurídica. Temos como ocupante do polo ativo (credor), nessa relação, os entes tributantes: pessoas jurídicas de direito público interno (Fiscos: União, Estados, Municípios e o Distrito Federal). No polo passivo, por sua vez, está o contribuinte (pessoas físicas ou jurídicas). Tendo em vista a natureza da tributação, o credor (fisco) vai ao encontro do patrimônio do devedor (contribuinte) de maneira compulsória, objetivando a retirada de valores, que são os tributos. A Constituição Federal impõe limites ao poder de tributar, estabelecendo regras para essa invasão do patrimônio do contribuinte. Tais limitações estão expressas nos arts. 150, 151 e 152 da CF.
Ou seja, os princípios constitucionais tributários estão intimamente relacionados à necessidade de existir um limite para que a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal sigam de maneira correta as imposições legais necessárias ao funcionamento harmônico do Estado.
Com isso, é possível constatar que tais princípios constitucionais possuem como função precípua, a limitação do poder de tributar dos entes públicos, ou seja, estão diretamente ligados a ideia de uma competência tributária não absoluta, limitada sempre, às normas da Constituição Federal.
2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
2.1 Princípio da Legalidade Tributária
O conceito do princípio da legalidade pressupõe que nenhum tributo será instituído, tão pouco terá seus valores aumentados, a não ser que exista uma Lei permitindo esse tipo de cobrança. Esse princípio pode ser observado no Artigo 150, inciso I, da Constituição Federal.
Art. 150. CF - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
Nesse sentido, o dispositivo constitucional é claro quando fala da necessidade de existir uma Lei para que possa ser instituída determinada obrigação tributária para os contribuintes. Tal princípio deve ser assimilado conjuntamente com o princípio da legalidade genérica, previsto no art. 5.º, II, da CF.
Portanto, para que o aumento ou a majoração do tributo possa ser efetivamente instituído, a Lei deve ser criada pelos parlamentares, eleitos pelo povo para tal finalidade e seguir os demais procedimentos necessários até a sua publicação.
Art. 97. CTN – Somente a lei pode estabelecer:
I – instituição de tributos, ou a sua extinção.
Ademais, considera-se lei apta a instituir um tributo, sendo a lei ordinária.
No entanto, existem situações de tributos que devem ser criados por lei complementar, sendo estes, os tributos federais, sendo: Impostos sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, CF); Empréstimos Compulsórios (art. 148, CF) e Impostos Residuais (art. 154, I, CF).
2.1.1 Exceções ao Princípio da Legalidade
O Art. 153, §1° da CF, delimita que os impostos federais poderão ter suas alíquotas majoradas, bem como reduzidas, por ato do Poder Executivo. Sendo assim, o Decreto Presidencial ou a Portaria expedida pelo Ministro da Fazenda, poderá alterar os seguintes impostos:        
1. Imposto de Importação (II);
2. Imposto de Exportação (IE);
3. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
4. Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Conforme a lição do Professor Eduardo Sabbag:
“A razão de tal flexibilidade conferida ao Poder Executivo está no fato de que esses impostos, tem caráter extrafiscal, possuindo função regulatória” (Sabbag, 2010, pag. 21).
Sendo assim, estas exceções supramencionadas, tem o ensejo de propiciarem ao Estado (governante) um poder de “regular o mercado”, ou seja, ajustar/controlar/balizar a economia, buscando atingir uma estabilidade social, marcada pela segurança jurídico-econômica.
Neste mesmo caminho, disserta ainda com maestria, Eduardo Sabbag:
“...“quem pode o mais pode o menos”, cabendo ao Poder Executivo Federal o mister de reduzir as alíquotas de tais impostos regulatórios quando lhe aprouver” (Sabbag, 2010, pag. 22).
2.2 Princípio da Anterioridade Tributária
Previsto no Art. 150, inciso III, alínea “b”, da Constituição Federal, o princípio da anterioridade determina que está proibida a cobrança de tributo no mesmo exercício financeiro da publicação que o instituiu ou aumentou.
Art. 150, CF - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
Este princípio em análise, também denominado pelos tributaristas como anterioridade anual, sendo também chamado por outros como anterioridade de exercício, tem o intuito de vedar a possibilidade dos entes federados cobrarem tributos no mesmo exercício financeiro em que tenham sido criados, ou seja, no mesmo ano em que tenha sido publicada a lei que majora ou institui o tributo “in causo”.
No Brasil o exercício fiscal, coincide com o ano civil, iniciando no primeiro dia do mês de janeiro e terminando com no último dia do mês de dezembro.
Trazendo esse princípio para a prática significa dizer que, um tributo que começará a ser cobrado a partir do dia primeiro de janeiro de um respectivo ano, deverá ter a sua Lei publicada no exercício anterior. Só assim, será válida a sua cobrança a partir no ano seguinte.
Em resumo, o princípio da anterioridade dispõe que não pode haver a cobrança de tributo no mesmo exercício fiscal da Lei que o instituiu.
2.2.1 Exceções ao Princípio da Anterioridade
O parágrafo primeiro do artigo 150 da nossa Carta Magna, traz o rol de tributos que possuem uma aplicação/exigibilidade imediata:
1.Imposto de Importação (II);
2.Imposto de Exportação (IE);
3.Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
4.Imposto sobre Operações Financeiras (IOF);
5.Imposto Extraordinário de Guerra (IEG);
6.Empréstimo Compulsório para Calamidade Pública ou para Guerra Externa (EC-CALA/GUE);
7.CIDE-Combustível e ICMS-Combustível.
Conforme supracitado, a nossa Carta Magna, enumerou de forma taxativa, quais alíquotas terão incidência imediata, discordando assim, do princípio da anterioridade anual. Porém, ainda que possua imunidade ao referido princípio, estas alíquotas ainda deveram obedecer ao princípio da anterioridade nonagesimal, conforme nos explana o nobre Tributarista Eduardo Sabbag:
“... o principio da anterioridade tributaria foi revigorado com o advento da EC 42, de 19 de dezembro de 2003, segundo a qual se vedou a cobrança de tributos antes de decorridos 90 (noventa) dias da data em que houver sido publicada a lei que tenha instituído ou majorado o tributo, em consonância com a alínea c do inciso III do art. 150 da C.F.” (Sabbag, 2010, pag. 25).
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;
Faz-se necessário destacar que o princípio da anterioridade tributária foi revigorado com a EC n.º 42/2003, que vedou a cobrança de tributos antes de decorridos 90 dias da data em que houver sido publicada a lei que tenha instituído ou majorado o tributo, em consonânciacom o art. 150, III, c, da CF . Dessa forma, fortaleceu-se o postulado em análise, uma vez que se passou a exigir, a partir de 2004, a obediência à anterioridade anual, além da anterioridade nonagesimal, em clara aplicação cumulativa da norma tributária, proporcionando ao contribuinte mais uma forma de proteção contra a tributação indevida. 
Curiosamente, da mesma forma que sobreveio a espera de 90 dias, no bojo da regra da anterioridade nonagesimal, reflexamente, despontou a lista de exceções ao postulado, conforme se verificará no tópico seguinte.
2.3 Princípio da Anterioridade Nonagesimal
Com a Emenda Constitucional n.º 42/2003, foi trazido ao texto constitucional um complemento ao princípio supracitado, da anterioridade, que consta do Art. 150, inciso III, alínea “c”, que define que as pessoas políticas estão proibidas de cobrar tributo antes de 90 (noventa) dias da publicação da lei que o instituiu ou aumentou. 
Esse princípio também pode ser chamado de noventena. Essa limitação ao poder de tributar veda surpresas para o contribuinte, que em regra, só poderão ser obrigados a pagar o tributo após respeitadas a anterioridade e a noventena.
2.3.1 Exceções ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal
Da mesma forma que a EC 42/2003 instituiu o dever de obediência ao princípio da anterioridade nonagesimal, também, trouxe algumas exceções, conforme transcrito a seguir trecho constitucional.
Art. 150, CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.
Traduzindo-se os dizeres constitucionais, fica excepcionado ao dever de obedecer o princípio da anterioridade nonagesimal, os seguintes tributos:
1.Imposto de Importação (II);
2.Imposto de Exportação (IE);
3.Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
4.Imposto sobre Operações Financeiras (IOF);
5.Imposto Extraordinário de Guerra (IEG);
6.Empréstimo Compulsório para Calamidade Pública ou para Guerra Externa (EC-CALA/GUE);
7.CIDE-Combustível e ICMS-Combustível.
8.Alterações na base de cálculo do IPTU e do IPVA.
Deve-se memorizar que os parágrafos precedentes tratam da temática das exceções à anterioridade, quer anual, quer nonagesimal. Caso o tributo não faça parte das listas de exceções anteriormente citadas, deverá ser alvo da aplicação cumulativa da anterioridade, uma vez que se apresenta como regra, e não como exceção (SABBAG, 2010).
2.4 Princípio da Irretroatividade Tributária
Conforme leciona Ricardo Cunha Chimenti, “os fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que houver instituído ou aumentado os tributos (estabelecida a hipótese de incidência ou a alíquota maior) não acarretam obrigações. A lei nova não se aplica aos fatos geradores já consumados (art. 105 CTN).”O Código tributário nacional permite a retroatividade em seu artigo 106, quando a lei:
I- em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, ou
II- II- tratando-se de ato não definitivamente julgado a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente à época do fato gerador ou da prática do ato. Trata-se da retroação benéfica para multas tributárias, segundo lição de Eduardo de Moraes Sabbag.
Em síntese, é vedada a incidência de tributos sobre fatos geradores ocorridos antes da vigência da lei.
2.4.1 Exceções ao Princípio da Irretroatividade Tributária
O art. 106 do CTN, que traz “exceções” ao dispositivo. 
O referido artigo sinaliza que a retroação poderá ocorrer em duas situações:
a) lei interpretativa (art. 106, I, do CTN), em qualquer caso, que é aquela que se limita a explicar o entendimento ofertado à outra norma jurídica. É conhecida por interpretação autêntica, legal ou legislativa; 
b) lei mais benéfica (art. 106, II, a, b, e c, do CTN), no âmbito do direito tributário penal, desde que o ato não esteja definitivamente julgado, ou seja, já decidido na órbita administrativa e/ou na judicial, conforme a orientação do STJ (REsp 189.094/SP-1999 e REsp 187.051/SP-1998). Na análise das alíneas a e b do inciso II do dispositivo ora estudado, parece-nos que houve redundância, pois seus conteúdos são quase idênticos. A alínea c, por sua vez, contempla o princípio da benignidade, ou seja, uma lei contemporânea do lançamento elide os efeitos da lei vigente na época do fato gerador, caso aquela estabeleça um percentual de multa inferior ao previsto nesta. Trata-se da aplicação da lex melius ou retroatio in melius (STJ, REsp 182.416-SP).
2.5 Princípio da Igualdade ou Isonomia Tributária
O princípio da igualdade tributária proíbe distinções arbitrárias, entre contribuintes que se encontrem em situações semelhantes. Luciano Amaro relata que “nem pode o aplicador, diante da lei, discriminar, nem se autoriza o legislador, ao ditar a lei a fazer discriminações. Visa o princípio à garantia do indivíduo, evitando perseguições e favoritismos”. Para contribuintes que estão em situações distintas é permitido tratamento tributário diferenciado, como ensina Hugo de Brito Machado: “Não fere o princípio da igualdade, antes o realiza com absoluta adequação, o imposto progressivo. Realmente, aquele que tem maior capacidade contributiva deve pagar imposto maior, pois só assim estará sendo igualmente tributado. A igualdade consiste, no caso, na proporcionalidade da incidência à capacidade contributiva, em função da utilidade marginal da riqueza.”
O princípio da isonomia tributária, constante do inciso II do art. 150 da CF, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação de equivalência. Daí a noção, ínsita ao princípio, da proibição de privilégios odiosos e desarrazoados.
 Percebe-se que o mencionado preceptivo se põe como um contraponto fiscal daquilo que se proclamou afirmativamente no art. 5.º, caput, do texto constitucional. 
São decorrentes do princípio da isonomia tributária dois subprincípios: o princípio da interpretação objetiva do fato gerador e o princípio da capacidade contributiva. Vamos estudá-los:
2.5.1 Princípio da interpretação objetiva do fato gerador
O princípio da interpretação objetiva do fato gerador (ou princípio da cláusula non olet) dispõe que se deve interpretar o fato gerador em seu aspecto objetivo, não importando os aspectos subjetivos, que dizem respeito à pessoa destinatária da cobrança tributo. Dessa maneira, não se analisa a nulidade/anulabilidade do ato jurídico, a incapacidade civil do sujeito passivo ou a ilicitude do ato que gera o fato presuntivo de riqueza tributável. Predomina, sim, em caráter exclusivo, a investigação do aspecto objetivo do fato gerador. Por conta disso, para o STF, “é legítima a tributação de produtos financeiros resultantes de atividades criminosas, nos termos do art. 118, I, CTN” (HC 77.530-RS-1998).
2.5.2 Princípio da capacidade contributiva
O princípio da capacidade contributiva, previsto no art. 145, § 1.º, da CF , como projeção do postulado da isonomia tributária, tem por objetivo a consecução do ideal de justiça fiscal ou justiça distributiva. 
Analisando-se o teor do dispositivo, notam-se dois aspectos de relevo: I) a menção exclusiva a impostos; e II) a fluida expressão sempre que possível. 
No primeiro item, a literalidade do texto constitucional apega-se ao termo imposto. Ressalte-se que a Constituição Federal de 1946 associava o comando a “tributos”, diferentemente da atual previsão constitucional. Todavia, não há dúvida que se pode atrelar o comando a outros tributos, como contribuições para a seguridade social (vide art. 195, § 9.º, da CF , à luz da EC n.º 47/2005) ou taxas (vide art. 5.º, LXXIV e LXXVII). Nesse sentido, o STF (AgRegRE 176.382-5/CE-2000) já se posicionou entendendo ser aplicável o princípioà taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários (Lei n.º 7.940/1989), considerada constitucional, consoante a Súmula 665 (ver, ademais, no STF: RE 216.259-AgR-2000 (Taxa de Fiscalização da CVM) e RE 232.393/2002). 
Quanto ao segundo item, a expressão “sempre que possível” pode ser interpretada se avocarmos as possibilidades técnicas de cada imposto. Por exemplo, se o IR, na busca do ideal de justiça, apresenta-se inclinado à variação de alíquotas, o ICMS, em princípio, afasta-a, já que se trata de imposto incidente sobre o consumidor final. Nesse cenário, exsurge a necessidade de visualizarmos os meios de exteriorização ou possibilidades de concretização da capacidade contributiva. Os principais são: a) progressividade; b) proporcionalidade; c) seletividade.
a) Progressividade: técnica de incidência de alíquotas variadas, cujo aumento se dá na medida em que se majora a base de cálculo do gravame. O critério refere-se ao aspecto quantitativo, do qual decorre a progressividade fiscal e a extrafiscal. A primeira alinha-se ao brocardo “quanto mais se ganha, mais se paga”, de finalidade meramente arrecadatória, que admite onerar mais gravosamente a riqueza tributável maior. A segunda, por seu turno, atua na determinação de parâmetros de condutas, no interesse regulatório.
Conforme previsão explícita na CF, exsurgem 3 (três) impostos progressivos:
I) Imposto de Renda (art. 153, § 2.º, I, da CF); 
II) IPTU (art. 156, § 1.º, I e II, da CF c/c art. 182, § 4.º, II, da CF); 
III) ITR (art. 153, § 4.º, I, da CF – EC n.º 42/2003).
É importante destacar que, quanto ao IPVA, entendemos que sua “progressividade”, com a EC n.º 42/2003, veio a lume de maneira implícita, conforme art. 155, § 6.º, II, da CF , ao viabilizar a diferenciação de suas alíquotas, em função do tipo e da utilização do veículo. A possibilidade de alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização permite-nos inferir que há uma latente progressividade do IPVA, que não está explícita no texto constitucional, como é o caso do IPTU, IR e ITR, o que torna este imposto estadual mais um gravame sujeito à extra fiscalidade, com função regulatória, do que propriamente uma exação progressiva.
b) Proporcionalidade: meio de exteriorização da capacidade contributiva, que se mostra pela técnica de incidência de alíquotas fixas, em razão de bases de cálculo variáveis. Dessa forma, qualquer que seja a base de cálculo, a alíquota sobre ela terá o mesmo percentual.
Registre-se que a proporcionalidade, ao contrário da progressividade, não vem explícita no texto constitucional. 
Ademais, a proporcionalidade se dá nos impostos chamados “reais”, cujos fatos geradores acontecem sobre elementos econômicos do bem, como propriedade de bem, circulação de bem etc., desprezando-se qualquer consideração relativa à situação pessoal do contribuinte. O STF já se manifestou, asseverando que, no caso dos impostos ditos “reais”, o princípio da capacidade contributiva é prestigiado pela mera técnica da proporcionalidade. 
A proporcionalidade atinge, da mesma maneira, os impostos chamados indiretos, conceituados constitucionalmente como aqueles gravames que admitem a transferência do ônus tributário, e terminam por tributar o consumidor final do produto, no contexto da regressividade. Esta, por seu turno, é característica dos impostos indiretos, os quais são exigidos pelo mesmo valor de todos os indivíduos, independentemente dos níveis de renda individuais. Diga-se, ainda, que, para atenuar a regressividade, o imposto pode ser seletivo, sendo esse um importante mecanismo inibitório da regressividade.
c) Seletividade: forma de exteriorização da capacidade contributiva, mostrando-se como técnica de incidência de alíquotas que variam na razão inversa da essencialidade do bem. Vale dizer, em outras palavras, que a técnica permite gravar-se com uma maior alíquota o bem mais inessencial, ou seja, na razão direta da superfluidade do bem.
2.6 Princípio da Vedação de Confisco
A cobrança de tributos deve se pautar dentro de um critério de razoabilidade, não podendo ser excessiva, antieconômica. O Supremo Tribunal Federal entende que o princípio da vedação ao confisco também se estende às multas, conforme julgamento da ADI 551/RJ, cujo relator foi o ministro Ilmar Galvão, decisão de 24 de outubro de 2002. Não se aplica o princípio em relação aos impostos extrafiscais, que poderão trazer em seu bojo alíquotas pesadas, regulando a economia.
O Imposto sobre produtos industrializados também não sofre a aplicação do princípio em estudo. Produtos supérfluos podem ter tributação excessiva.
A vedação à confiscabilidade proíbe a instituição de quaisquer tributos com caráter de absorção substancial da propriedade privada, sem a proporcionada indenização. Entretanto, vale salientar que o texto constitucional admite que se dê tal apropriação sem indenização em duas situações: a) pena de perdimento de bens (art. 5.º, XLVI, b, da CF) e b) expropriação de glebas destinadas a culturas de plantas psicotrópicas e trabalho escravo (art. 243 da CF).
O art. 150, inciso IV da Constituição veda a utilização de “tributo com efeito de confisco”. O tributo deve ser razoável, não podendo ser tão oneroso que chegue a representar um verdadeiro confisco. O tributo não pode ser oneroso a tal ponto que prejudique a realização das atividades econômicas. Este tipo de vedação evita que o Estado utilize a tributação como mecanismo para se apropriar dos meios de produção. Qualquer tributação que leve à apropriação de parcela elevada do patrimônio do contribuinte ou inviabilize uma determinada atividade econômica ofende ao princípio da vedação ao confisco. Por imposto confiscatório devemos entender aquele que absorve grande parte do valor da propriedade ou de sua renda, havendo uma diferença apenas entre o imposto constitucional e o confiscatório.
Esta restrição não se aplica às multas, pois estas têm natureza jurídica diversa dos tributos.
É visível a pretensão da vedação do confisco de evitar o tributo excessivamente oneroso, o tributo utilizado para destruir sua própria fonte ou para absorver, total ou quase totalmente, a propriedade ou a renda. O que resta a ser fixado, aqui residindo a sede das dificuldades, é o limite do tolerável, do razoável.
A cobrança de tributos deve se pautar dentro de um critério de razoabilidade, não podendo ser excessiva, antieconômica.
Configura-se, do mesmo modo que outros princípios tributários, uma limitação ao poder de tributar do Estado, e que, por conseguinte, estabelece uma garantia fundamental ao sujeito passivo.
Não se aplica o princípio em relação aos impostos extrafiscais, que poderão trazer em seu bojo alíquotas pesadas, regulando a economia. O Imposto sobre produtos industrializados também não sofre a aplicação do princípio em estudo. Produtos supérfluos podem ter tributação excessiva.
2.6 Princípio da não Limitação ao Tráfego de Pessoas e Bens
Tal princípio defende que o tráfego de pessoas ou de bens não pode ser limitado pela cobrança de tributos, quando estas ultrapassam as fronteiras dos Estados ou Municípios.
A proibição da cobrança de tributos em relação ao tráfego de bens e pessoas, também encontra respaldo nas garantias constitucionais referentes ao direito de locomoção e ao direito de propriedade, respectivamente estabelecidas nos incisos XV e XXII, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988.
Essa norma tem como principal objetivo impedir que o legislador crie tributos com a intenção de limitar a passagem de pessoas e bens entre Municípios ou entre Estados. Esse princípio veda que o fato gerador de um tributo seja simplesmente a passagem de bens ou pessoas de um Estado ao outro ou de um Município ao outro, preservando assim a liberdade de ir e vir.
Este princípio também comporta algumas exceções, sendo elas o Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS) entre os estados e a cobrança de pedágios.
O ICMS estadual é admitido, uma vez que a vedação se dirige à circulação territorial e não à circulação negocial. Assim, o tráfegode bens, sempre que se revestir finalidade econômica poderá ser tributado através do ICMS.
Neste sentido ensina Roberto Wagner Lima Nogueira:
É importante esclarecer que essa regra não impede a cobrança de impostos sobre a circulação econômica em operações interestaduais ou intermunicipais. O que ela proíbe é a instituição de tributo em cuja hipótese de incidência seja elemento essencial a transposição de fronteira interestadual ou intermunicipal. Preserva-se assim a liberdade de ir e vir, aquela liberdade desvinculada de qualquer ato negocial. Imuniza a circulação territorial e não a circulação econômica. [25]
Quanto ao pedágio, esta exceção já vem prevista no próprio art. 150, V que ressalva da vedação “a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público” [26]. Assim, para a conservação de vias públicas é admitida a cobrança de pedágio pelo Estado, diretamente, ou por particulares na qualidade de delegatários de serviços públicos.
2.7 Princípio da Uniformidade Geográfica
O princípio da uniformidade geográfica (ou tributária), previsto no inciso I do art. 151, a par do art. 19, III, in fine, ambos da CF , prevê a instituição de tributos federais de modo uniforme em todo o território. Trata-se, assim, de postulado endereçado tão somente à União, versando sobre os tributos federais, e não apenas sobre “impostos”. Nessa esteira, o tributo federal deverá conter a mesma alíquota em toda a extensão territorial do país, indicando que o postulado em estudo visa à defesa da identidade de alíquotas. Em termos práticos, caso haja aumento de alíquotas de um tributo federal, deverá incidir o aumento em todo o Brasil, sob pena de se ferir o postulado ora estudado. Dessa forma, procura-se homenagear a ideia de equivalência entre as entidades componentes de Federação, vedando-se uma possível hierarquização. Como é cediço, os Estados-Membros são parificados, e não hierarquizados, o que nos faz concluir que o princípio da uniformidade tributária não anula o princípio federativo, mas ratifica-o. 
Atente-se também para o fato de que há exceção prevista para os incentivos fiscais específicos, ou seja, aqueles destinados a incentivar o equilíbrio socioeconômico entre as diferentes regiões do país (art. 151, I, in fine, c/c art. 43, § 2.º, III, da CF). Neste caso, será plausível a ocorrência de tributos federais com alíquotas diferenciadas. Atente que não se trata de um mero incentivo fiscal, uma vez que deve haver o cumprimento do elemento finalístico determinado que lhe dá lastro – a busca do equilíbrio socioeconômico entre as diferentes regiões do país.
2.8 Princípio da não Cumulatividade
O princípio da não cumulatividade era aplicado, inicialmente, somente em relação ao Imposto sobre Produtos Industrializados e ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Depois, foi aplicado ás contribuições sociais PIS/PASEP e COFINS.
Como ensina o Professor Difini, não cumulatividade é “diminuir (compensar), do imposto devido em cada operação, o imposto pago nas operações anteriores”[24].
Esse princípio trata-se de uma operação contábil, na qual, do valor a ser recolhido a título de tributo, são deduzidos os montantes pagos em relação ao mesmo produto nas fases pretéritas do processo produtivo.
Encontramos o conceito de Não Cumulatividade nos artigos 153 e 155 da Constituição Federal. Tais conceitos pressupõe a existência de fatos geradores que componham uma cadeia econômica, formada por várias operações.
A não cumulatividade visa evitar o efeito “cascata” da tributação, compensando-se o valor referente ao tributo recolhido nas operações anteriores com o valor a ser recolhido na operação ora considerada. Tem por objetivo principal, desonerar o contribuinte de uma situação econômica proporcionada por um sistema de tributação cumulativo, o que geraria um valor muito alto ao final da tributação.
Desse modo, deve-se compensar o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal.
Muitos doutrinadores entendem que a não-cumulatividade não poderia ser considerada como um princípio constitucional, devendo ser considerada apenas como técnica de arrecadação. Porém, quando a Constituição prevê, nos seus artigos 153, § 3º, II, e 155, § 2º, I, que o IPI e o ICMS serão não cumulativos, afasta toda e qualquer possibilidade de o legislador ordinário estabelecer algo em sentido contrário (exceto nos casos em que a própria Carta Constitucional assim o autorizasse). Desse modo, não há outra possibilidade se não considerar que a não-cumulatividade é verdadeiramente um princípio constitucional, que deve servir de norte ao Sistema Tributário Nacional.
Por outro lado, também não se pode negar que a não-cumulatividade também consiste em uma técnica de arrecadação do tributo. Uma vez que, um princípio constitucional tem que possuir um meio de concretização no mundo dos fatos. E os princípios são passíveis de concretização mediante a previsão de determinadas regras, que, pela sua maior densidade normativa, permitem que os primeiros incidam no mundo dos fatos. Assim, de nada valeria a previsão do princípio da não-cumulatividade se não houvesse uma técnica para colocá-lo em prática.
Assim, a não-cumulatividade possui uma natureza jurídica dúplice: deve ser considerada como princípio constitucional quando, de forma genérica, constitui garantia ao contribuinte, impedindo que o legislador infraconstitucional disponha em sentido contrário. E, por outro lado, deve ser tida como técnica de arrecadação quando vista sob o enfoque de efetivação do princípio no mundo dos fatos.
O princípio da não-cumulatividade, previsto na Constituição Federal de 1988, serve como garantia ao contribuinte para que se evite a cobrança de “imposto sobre imposto”, sempre que o fato gerador estiver inserido dentro de uma cadeia produtiva. Não obstante ser uma técnica para apuração do tributo devido, não se pode olvidar que o mesmo também possui natureza de princípio constitucional, não sendo dado ao legislador ordinário estabelecer qualquer disposição que afete o seu núcleo essencial, que é a prerrogativa outorgada ao contribuinte de amortizar, do valor a ser recolhido, o montante já recolhido em fases pretéritas da cadeia de produção.
Desse modo, percebemos que os impostos, definidos em lei, de forma alguma, podem ser cumulativos, uma vez que assim propôs o legislador constituinte.
Ademais, há exceções quanto à instituição dos referidos tributos por lei, que é o caso da majoração/redução de alíquotas de Imposto sobre importação, Imposto sobre Exportação, imposto sobre produto industrializado, Imposto sobre Operação Financeira, CIDE-combustíveis e do ICMS-monofásico sobre combustíveis.

Outros materiais