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Responsabilidade civil – Teoria do Dano

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Responsabilidade civil – Teoria do Dano
DANO: É a lesão a um bem jurídico, a um bem tutelado pelo direito. O dano pode ser PATRIMONIAL ou MORA.
DANO PATRIMONIAL: ocorre quando uma pessoa é ofendida no seu patrimônio econômico, tem uma lesão em seu patrimônio. Ocorre quando é lesada em seus interesses financeiros, pecuniários. 
Quando isso ocorre a pessoa tentam buscar PERDAS E DANOS. Dano patrimonial é o gênero e onde os danos emergentes que são os prejuízos que imediatamente teve o lesado pelo dano, outro gênero são os lucros cessantes, ou seja, tudo que o lesado deixou de auferir em decorrência do dano.
Ex. Abalroamento em taxi, por motorista embriagado, ficando o ofendido hospitalizado por três meses sem poder trabalhar.
O que o advogado do motorista poderia postular? PERDAS E DANOS, ou seja, OS DANOS EMERGENTES, que são: despesas com médico, hospital, concerto do taxi etc. e
 LUCROS CESSANTES, ou seja, o que o taxista deixou de auferir enquanto estava se recuperando do acidente.
Não necessariamente onde há danos emergentes haverá lucros cessantes. As veze só cabe uma das espécies de dano (danos emergentes ou lucros cessantes).
Os tribunais são rigorosos quanto ao lucro cessante: “lucros cessantes são os ganhos que, razoavelmente o ofendido deixou de ganhar em função dos danos.” Razoavelmente significa certamente, ou seja, só cabem lucros cessantes só cabe se ficar provado certamente os ganhos que cessaram.
Ex. camelô trabalha na rua, abordado pelo fiscal da prefeitura que o agride e quebra o braço do camelô. Pode o camelô postular contra o município danos emergentes? Sim, só não poderia postular lucros cessantes, porque se trata de uma atividade ilegal, não podendo auferir lucros cessante. Apenas busca danos emergentes, por despesa com hospitais despesas com remédios etc.
O lucro cessante só será concedido se certamente o ofendido receberia os valores se não houvesse o dano.
DANOS EMERGENTES POR HOMICIDIO:
Na morte por homicídio também cabe danos emergentes e lucro cessante.
Um chefe de família com cinco filhos é morto atropelado por imperícia do motorista, que após um mês vem a morrer. OQUE PODE POSTULAR O ADVOGADO?
DANOS EMERGENTES: despesas de hospital, médico, funeral etc. que são os prejuízos que a família teve antes da morte.
LUCROS CESSANTES: em homicídio que significa os alimentos para família que dependia dele. Para isso os Tribunais fixam alimentos em 2/3 do que percebia a vítima (1/3 seria do ofendido), MAS ATÉ QUANDO?
A viúva dependente econômica dele até 68 ou 70 anos de idade, se não casar outra vez. Os filhos dependentes dele até 25 anos de idade, quando provavelmente terminariam a faculdade. 
 Mas se a vítima era um senhor de 78 anos e vendia balas na rua, a família receber lucros cessantes? SIM
Pois mesmo que ele já tenha passado da expectativa do IBGE a jurisprudência fixa o prazo de lucros cessante em cinco anos.
Se a vítima morre aos12 anos de idade e de família pobre, teria direito a lucros cessantes?SIM, mesmo sem atividade econômica, pois há uma presunção de que auxiliaria a família. Assim a jurisprudência fixa a verba entre 14 e 25 anos de idade, (14anos, idade mínima do trabalho e 25anos, idade que se afastaria do lar).
Se o agente responsável pelos danos for uma empresa, o ofendido pode pleitear que a empresa reserva de capital, forme um capital para garantir o direito. Hoje, dependendo da capacidade econômica do responsável pela responsabilidade civil, pode-se postular que os lucros cessantes sejam pagos de uma só vez, com isso há uma segurança da justiça. A verba que se refere a titulo de alimentos pode ser revisada se houver mudança na capacidade/ possibilidade. (Lei 11.232, art. 475 do cc.).
Temos mais recentemente um novo instituto jurídico TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE, remanescente dos países Itália e Franca. Surge quando um ato ilícito faz o ofendido perder uma chance que mudaria sua vida.
Ex. na ultima etapa de um concurso para promotor público o ofendido é atropelado e perde a etapa do concurso. Não poderá buscar lucros cessantes, mas busca a perdas de uma chance. Não cabem lucros cessantes porque não era certo que passaria.
No Brasil o mais famoso caso, saiu do programa do Silvio Santos quando uma baiana que já havia ganhado 500mil desistiu quando não soube uma pergunta mal feita. Na constituição federal qual o percentual de terra pertence aos indígenas. Descobrindo que na constituição não havia tal previsão. Ajuizou uma ação contra o SBT buscando os outros 500mil. Ganhou em primeira e segunda instância, mas o STJ disse que ela não teria direito aos 500mil porque ninguém garantiria que ela acertaria se a pergunta fosse diferente. Então o tribunal considerou que havia 4 alternativa e, se ela acertasse uma, seria 25% do total, então concedeu a candidata 25% de 500mil.
No RS, Prazo de Recurso judicial. Uma pessoa busca uma indenização cível de 100mil e, perdendo em primeira instância, o advogado perde o prazo para recurso. A cliente ajuíza uma ação buscando a indenização do advogado. Ocorre que o tribunal entendeu que ela não poderia ter direito a os 100mil porque não era certo que o recurso seria provido. Mas que certamente a ofendida teve frustrada a chance de buscar sua indenização por falta do recurso. Para determinar a indenização verificou que de cada dez ações que buscavam danos morais 20% das decisões jurisprudenciais sobre a matéria era provida, deferida, Assim a indenização foi calculada em 20% sobre os 100mil, (20mil) pela perda de uma chance.
Nas olimpíadas da China a atleta brasileira FABIANA MOLER que disputava uma medalha no Salto em vara, não encontrou suas varas, tendo saltado com outras e se dado muito mal. Se fosse no Brasil, com certeza não ganharia lucros cessantes, mas ganharia indenização pela perda de uma chance.
A TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE VEIO PONDERAR, RAZOABILIZAR A INDENIZAÇÃO POR DANOS. SERIA UMA TERCEIRA ESPÉCIES DE DANO PATRIMONIAL, UM INTERMEDIÁRIO ENTRE DANOS EMERGENTES E LUCROS CESSANTES.
A perda de uma chance também pode ser aplicada quando uma pessoa perde a chance de uma cura, de ser submetida a um procedimento médico adequado. Principalmente na França.
Há diferença de Erro médico, onde um paciente se submete a uma cirurgia e tudo corre bem, mas meses após descobre que o médico deixou uma gaze dentro da pessoa, ela adoece e morre. A perda de uma chance não se aplica ao erro médico claro. 
Ex Uma pessoa está com pneumonia, mas o hospital diagnostica, apenas, uma gripe, dias depois a pessoa morre de pneumonia, por falha do diagnóstico médico. Gera uma indenização pela perda de uma chance de cura, pelo dano patrimonial. 
Ex Filho de uma francesa “Caso Afer Perruge/1998” grávida, que não abortou quando estava com Rubéola e teve filho deficiente. Entrou na justiça e ganhou pela perda de uma chance de abortar. No ano 2000 a lei da frança mudou não permitindo mais essa matéria, quando resta vida.
 Pode o valor estipulado para indenização de lucros cessantes pela morte de menor, que vai de 14 a 25 anos ser prorrogado? Sim até 65 anos presumindo que ele, mesmo casado continuaria ajudando a família.
Um empregado que ganha R$1.500,00 e em acidente de trabalho perde 50% de sua capacidade laborativa, vai ganhar indenização de R750, 00, mais de lucros cessante de (art. 950 caput do CC) diz que a vítima danos emergentes, lucros cessante e mais uma pensão correspondente a redução da capacidade laborativa de 750 reais que são vitalícios, ou seja, é personalíssimo, não se transfere aos herdeiros. A verba de pensionamento da Lei 8213/91 decorrente da perda da capacidade laborativa não se confunde com o pensionamento pelo ato ilícito, que tem natureza indenizatória, e a verba que receber do INSS é um seguro previdenciário que o Estado deve dar aos assegurados. 
PARA RESUMO DA AULA, podemos dizer que dano patrimonial pode se resolver em danos emergentes e lucros cessantes. Sendo danos emergentes tudo aquilo sofrido pela vítima e lucros cessantes que é os valores que a vítima razoavelmente, certamentedeixou de auferir. Os danos emergentes e lucros cessantes podem vir juntos ou separados e surgem nas mais distintas situações. A Teoria da Perda de Uma Chance seria uma terceira espécies de dano patrimonial, um intermediário entre danos emergentes e lucros cessantes.
Responsabilidade civil - Teoria do risco
Teoria do risco: é uma teoria nova, consagrada pelo Código Civil na parte final do art. 927, pela qual o agente deve indenizar dano decorrente de atividade por ele desenvolvida que implique risco para outrem, mesmo que não tenha agido com culpa para o acidente (exemplos de atividades perigosas: curso de mergulho submarino, empresa que trabalha com produtos químicos, empresa que organiza shows, jogos de futebol com muita gente, loja que vende fogos de artifício, empresa que transporta dinheiro, usina de energia nuclear, transmissão de energia elétrica, etc.). Assim se ocorre um vazamento num posto de gasolina por causa de uma cheia, não cabe a excludente do caso fortuito do 393, pois vender combustível é atividade de risco. Mas a lei exige que essa atividade desenvolvida pelo agente seja habitual, e não esporádica. Tudo isso decorre do dever genérico de não prejudicar outrem. Lembro que muitas atividades de risco já são reguladas no nosso ordenamento pela responsabilidade objetiva vista na aula passada (1ª parte do art. 927).  Lembro ainda que a responsabilidade objetiva e a teoria do risco são exceções, a regra é a responsabilidade por culpa.
          Relação entre a Justiça Civil e Penal: o ato ilícito pode interessar ao direito civil (atinge o bolso do agente) e ao direito penal (atinge a liberdade do agente), ex: o homicídio (art. 121 do CP e art. 948 do CC); quem move a ação civil na Justiça é a vítima (ou seus herdeiros), quem move a ação penal na Justiça é o Promotor do Ministério Público. Os atos ilícitos decorrentes dos fatos humanos são muito mais numerosos do que os crimes tipificados no Código Penal, assim há muito mais ilícito civil do que penal, pois a tipificação criminal é restrita (art. 1º do CP, ex: acidente de trânsito sem vítima só interessa ao cível). Cabe ao legislador reconhecer ou não um ilícito civil como crime, de modo que os ilícitos menos graves se resolvem na esfera privada, patrimonialmente, sem necessidade de polícia, promotor e prisão. Quando o ilícito é mais grave se faz necessário a punição pessoal ao infrator, com a tipificação criminosa e sua privação de liberdade. Seria um absurdo alguém matar outrem, pagar a indenização do art. 948, e escapar da prisão, por isso se impõe a punição da pessoa do homicida com sua reclusão. As normas penais interessam ao direito público e a sociedade, já o ilícito civil visa reparar o dano financeiramente em prol da vítima. 
De regra a ação civil independe da penal, já que a responsabilidade civil e a criminal são independentes (935, parte inicial), mas essa independência não é absoluta, e sim relativa, pois em alguns casos a justiça penal pode influenciar na civil (a decisão civil nunca influencia na penal).
Qual o motivo disso? É porque a responsabilidade civil atinge o bolso  e não a liberdade, e a liberdade é mais importante (será?), então para se punir no crime é preciso mais critérios, mais segurança, do que para se punir no cível. Desde que haja culpa, ainda que levíssima, deve o agente indenizar a vítima, mas a culpa levíssima não autoriza condenação criminal.
A culpa tem três graus: grave, leve e levíssima. A culpa grave se aproxima do dolo. A culpa leve se caracteriza pela infração do homem médio, ou seja, é uma situação onde a média da população, o bom pai de família, não cometeria o ilícito. A culpa levíssima é a falta de atenção extraordinária, que somente uma pessoa especial poderia ter (ex: atropelamento que só um piloto profissional evitaria o acidente de trânsito). Essa culpa levíssima enseja reparação civil mas não condenação criminal. Nosso CC não é expresso sobre essa gradação da culpa, mas o pu do art 944 admite essa divisão.
Que casos de influência da Justiça Penal na Cível são esses? Existência do fato e negativa de autoria (935, parte final). Então se o Juiz Criminal julgar que não houve o fato (ex: uma pessoa se auto mutila para acusar alguém) ou que o acusado não foi o seu autor (ex: acusa-se João e o Juiz Penal diz que não foi João, mas José) tais decisões fazem coisa julgada no cível. Lembro que a jurisdição como poder do Estado é una, então o sistema deve buscar soluções coerentes e não contraditórias, tomando o Juiz Cível emprestadas as provas produzidas pelo Juiz Criminal e vice-versa. Nesse sentido o art. 74 e pú da lei 9.099/95 que impede a ação penal nos delitos menos graves se o criminoso pagar o prejuízo sofrido pela vítima.
Ainda nos casos do art. 188 a decisão penal influencia na civil.
Ressalto que  a prescrição civil não corre antes do trânsito em julgado penal (200), mas a vítima não deve esperar pela polícia e pelo promotor, e sim ir logo com seu advogado processando o agente. Ressalto ainda que a função do Dir. Penal é punir o infrator (função repressiva), enquanto a função do Dir. Civil é compensar o dano sofrido pela vítima (função reparatória

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