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Ação de indenização - Acidente de trânsito

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AO JUÍZO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GOIÁS
REGINA, brasileira, estado civil, advogada, inscrita no CPF sob n. ____ e Cédula de Identidade n. ____, e-mail ______, domiciliada na _________ Goiânia-Goiás, endereço eletrônico _______, por intermédio de seu advogado (m.j.), endereço em nota de rodapé, onde recebe intimações de estilo, nos termos do artigo 319, II do Código de Processo civil e artigos 927 e 186 ambos do Código Civil, propor
 
AÇÃO DE CONHECIMENTO, PELO RITO ESPECIAL DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO, 
 
em face do Estado de Goiás, pessoa jurídica de direito público, inscrito no CNPJ sob o nº 01.409.580/0001-38, representado pela Procuradoria Geral do Estado de Goiás, com endereço profissional na Rua 2, esquina com Av. República do Líbano, quadra D-2, lts. 20/26/28, Setor Oeste, Goiânia-GO, CEP 74.115-120, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I – DOS FATOS
Soares e Jacino
Advogados associados
Em junho do corrente ano, Regina se conduzia à casa de seus pais, na Rua 09, Setor Oeste, nesta capital, quando uma viatura da Rotam, em alta velocidade, sem sirene ligada, chocou-se com seu carro, atirando-o contra um muro, Boletim de Ocorrência de n.  0001234, lavrado pela autoridade de trânsito competente que 
compareceu no local. A viatura era dirigida pelo tenente Luiz, lotado no batalhão de Anápolis.
O carro de Regina era novo, com poucos dias de uso, em decorrência do acidente o veículo deu perda total.  Além, disso não era segurado. 
Regina quebrou o pé e o fêmur. Teve que se submeter a 03 cirurgias. Ficou com uma cicatriz de 30 cm na perna. Diante da gravidade das lesões ela ficou impossibilitada de trabalhar por 40 dias. Ela tinha várias audiências para realizar, nesse período, como advogada. Como estava impossibilitada de fazê-las, teve que pagar R$ 2.000,00 (dois mil reais), por audiência, a outros colegas advogados.  Foram 15 audiências.  
Ademais, no dia do acidente, Regina tinha uma entrevista de emprego em uma multinacional, onde concorreria a uma vaga no departamento jurídico, com grande chance de ser aprovada devido ao seu excelente curriculum. Caso aprovada na entrevista perceberia um salário de R$20.000,00 (vinte mil) reais. No entanto, com o ocorrido perdeu a vaga.
Deve-se considerar que a via utilizada pela autora é urbana e o limite máximo de velocidade é de 50 quilômetros por hora, ainda, na mesma via há o tráfego constante de veículos, porém o descuidado motorista da viatura, funcionário público, impossibilitou que, a Autora, de qualquer forma, pudesse evitar o acidente.
II – DOS FUNDAMENTOS
2.1 DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO DE GOIÁS
Inicialmente, o art. 37, § 6° da CF[footnoteRef:1] dispõe sobre a responsabilidade objetiva do estado em face do dano causado pelos seus agentes no exercício de suas atribuições. Com efeito, a responsabilidade objetiva do Estado se baseia na Teoria do Risco administrativo, não dependendo de demonstração de que houve dolo ou culpa do agente, mas tão somente da análise da existência de conduta, dano e nexo causal. [1: Artigo 37 § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.] 
No caso em questão a autora sofreu não somente dano material, mas, também danos morais e estéticos, quando fora atingida pela rádio patrulha que estava sobre alta velocidade e sem o giroflex ligado.
Da mesma forma essa garantia de indenização pela responsabilidade do Estado é plenamente amparada pelo ordenamento jurídico brasileiro na lei civil, donde é exacerbado no artigo 43 do Código Civil[footnoteRef:2]. [2: Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.] 
Além disso, o ocorrido causou, a autora danos em razão dos gastos com medicamentos e hospital, bem como o impedimento de exercer suas atividades habituais, se vendo obrigada a custear mão de obra para realizar o feito.
A responsabilidade do Estado frente a danos causados por seus agentes tem amplo respaldo na jurisprudência pátria, senão vejamos:
EMENTA: DUPLA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ASSOCIAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS. NECESSIDADE COMPROVADA. BENEFÍCIO DEFERIDO. ATENDIMENTO MÉDICO PRESTADO EM HOSPITAL PÚBLICO ESTADUAL. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. NEXO DE CAUSALIDADE DEMONSTRADO. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS HOSPITALARES. FALTA DE ASSEPSIA E HIGIENE DE CURATIVO. PERDA DE MEMBRO SUPERIOR. DANO MORAL CONFIGURADO. CONDENAÇÃO CONTRA FAZENDA PÚBLICA. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA 1. Faz jus ao benefício da gratuidade da justiça a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais. Inteligência da Súmula nº 481 do colendo Superior Tribunal de Justiça. 2. A responsabilidade dos entes públicos e dos prestadores de serviço público é objetiva, nos termos do que prescreve o §6º, do artigo 37, da Constituição Federal, combinado com o artigo 42, do Código Civil e, em sendo objetiva, para que haja o dever de indenizar faz-se necessário a conjugação de dois pressupostos básicos, quais sejam, o dano efetivo e o nexo de causalidade entre a atuação pública e o prejuízo sofrido, cuja prova é da parte autora, nos moldes do artigo 333, do Código de Processo Civil. 3. Afigura-se patente a relação de causa e efeito entre a negligência no atendimento prestado no hospital estadual e o dano causado ao paciente (amputação de membro), impondo-se o reconhecimento da responsabilidade objetiva do Estado de Goiás e da associação gestora do hospital. 4. Não se está diante de hipótese de responsabilização do hospital por erro médico, porque o resultado não é atribuído à atuação do profissional, mas sim, à falha na prestação dos serviços hospitalares, mais especificamente, nos serviços de enfermagem, cuidados e assepsia no curativo do paciente e higiene das suas dependências. 5. Em caso de condenação da Fazenda Pública ao pagamento de indenização por danos morais, a correção monetária, pelo IPCA-E, incide desde o arbitramento (Súmula 362 do STJ), e os juros de mora, segundo o índice da remuneração da caderneta de poupança, na forma do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, a partir do evento danoso (Súmula 54 do STJ). APELOS CONHECIDOS. PROVIDO O SEGUNDO E PARCIALMENTE PROVIDO O PRIMEIRO.[footnoteRef:3] [3: (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação / Remessa Necessária 0075947-11.2014.8.09.0142, Rel. Des(a). Adriano Roberto Linhares Camargo, 5ª Câmara Cível, julgado em 05/09/2022, DJe de 05/09/2022)] 
Portanto é plenamente possível o pleito por indenização pretendido pela autora.
2.2.1 DANO MATERIAL
No que concerne ao dano material, não há que se questionar quanto a quantificação, haja visto que se encontra acostados todos os comprovantes de gastos sofridos pela autora devido ao acidente de trânsito, devendo, portanto, ser ressarcida pelo estado com todos os custos, atualizados e com juros, como demonstra a tabela abaixo:
	 
	GASTOS
	VALOR
	01
	Veículo modelo Honda Civic 
	R$ 108.300,00
	02
	Gastos hospitalares (cirurgia/medicamentos)
	R$ 30.000,00
	03
	Contratação de adv substituto 
	R$ 30.000,00
	04
	Perda da entrevista de emprego 
	R$ 20.000,00 
	05
	 Lucros cessantes (pelo tempo que a ficou impossibilitada de exercer sua profissão)
	R$ 25.00,00
	
	TOTAL
	R$ 213.300,00
2.2.2 DANO ESTÉTICO
Fica claro a caracterização do dano estético sofrido pela autora, bem como o dano moral dele decorrente, seja pela notoriedade de sua existência, seja pela comprovação de eventual perícia afim de averiguar o graudo dano causado.
A autora, devido a uma cirurgia realizada para reparação do pé e fêmur quebrados, ficou com uma cicatriz de 30 cm na perna. As lesões são de natureza grave, pois além da dor que sofreu, agora convive com o fardo de olhar para as pernas e lembrar pelo resto da vida sobre o ocorrido traumático.
A indenização por dano estético não tem caráter unicamente indenizatório, mas também possui caráter pedagógico, ao servir de freio para os atos culpáveis como o que a autora sofreu.
De acordo com o enunciado dos artigos 186[footnoteRef:4] e 927[footnoteRef:5] do Código Civil é relação suficiente de causa e efeito para dever de indenizar, pois o sofrimento culmina em turbações de ânimo, e razão do acidente, que lhe proporcionou diversos prejuízos, busca-se, portanto, uma compensação financeira justa. [4: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito] [5: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo] 
Da mesma maneira:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS ESTÉTICOS E MATERIAIS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MAJORAÇÃO DA CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE. SENTENÇA REFORMADA. 1. 4. A indenização por danos morais visa estabelecer um reparo aos transtornos psíquicos, emocionais, cujo valor deve ser estipulado levando-se em conta as condições pessoais dos envolvidos, para se evitar que a quantia a ser paga configure enriquecimento indevido ou penalidade de insignificante dimensão. Evidenciado que a quantia arbitrada a esse título não atende a tais parâmetros, deve ser majorada. 5. O dano estético resta caracterizado quando a deformidade for permanente, em decorrência de lesão, causando à vítima assimetria estética, impressão desagradável, repugnância, vexame, superando uma simples lesão, sendo cumulável com os danos morais, a teor da Súmula 387, do STJ. 6. Apresentando ínfimo o valor fixado pelo juiz a quem a título de danos estéticos, impõe a sua majoração. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA.[footnoteRef:6] [6: (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5331482-61.2016.8.09.0051, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR JEOVA SARDINHA DE MORAES, 6ª Câmara Cível, julgado em 23/08/2022, DJe de 23/08/2022)] 
Conclui-se, que o dano causado é resultado de uma ação de imprudência as regras de trânsito. Uma vez reconhecido o direito a indenização, faz necessário analisar o aspecto quantum pecuniário a ser majorado e fixado, para efeitos de justiça.
2.2.3 DANO MORAL
A autora sempre demonstrou atitude correta no trânsito, respeitando as legislações aplicáveis, não concorrendo para nenhum acidente desta magnitude anteriormente. De índole morigerada, tem como profissão a advocacia, que é de onde vem o suporte para manter suas despesas. Sempre manteve conduta honesta e moral axiomática.
Seguindo este raciocínio, destacamos com relevância os resultados desastrosos que comprometeram a vida da autora após o acidente, que a impossibilitou de desempenhar qualquer atividade por quarenta dias.
Neste período suportou sofrimento incomensurável, pois estava incapacitada para qualquer tarefa, por mais simples que fosse, sem mencionar, por fim, as inúmeras noites que permaneceu acordada em razão da dor que sentia e do mal-estar físico.
Sobre a reparação do dano moral, nossos doutrinadores são unânimes em seu favor, senão vejamos:
"... lesões sofridas pelo sujeito físico ou pessoa natural de direito em seu patrimônio ideal, entendendo-se patrimônio ideal, em contraposição ao patrimônio material, o conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor econômico."[footnoteRef:7] [7: Wilson de Mello e Silva. O dano moral e sua reparação.] 
“Sabe-se que na prática é deveras difícil a estimativa rigorosa em dinheiro que corresponda à extensão do dano moral experimentado pela família da vítima. O valor deverá ser encontrado, levando-se em consideração o fato, a mágoa, o tempo, a pessoa ofendida, sua formação sócioeconômica, cultural, religiosa, etc. Reflita-se sobre a fixação de um "quantum" indenitário a um pai pela morte, por ato ilícito, de um filho.”[footnoteRef:8] [8: Irineu A. Pedrotti. Responsabilidade Civil.] 
“... dano moral é, portanto, o constrangimento que alguém experimenta em consequência de lesão em direito personalíssimo, ilicitamente produzido por outrem.”[footnoteRef:9] [9: Orlando Gomes. Obrigações – 8ª Ed.] 
A reparação do dano moral é, em regra, pecuniária, ante a impossibilidade do exercício do jus vindictae, visto que ele ofenderia os princípios da coexistência e da paz social. A reparação em dinheiro viria neutralizar os sentimentos negativos de mágoa, dor, tristeza e angústia, pela superveniência de sensações positivas de alegria e satisfação, pois possibilitaria ao ofendido algum prazer que, em certa medida, poderia atenuar seu sofrimento. Ter-se-ia, então, como já compensação da dor com a alegria.
O dinheiro seria tão somente um lenitivo, que facilitaria a aquisição de tudo aquilo que possa concorrer para trazer ao lesado uma compensação por seu sofrimento.
O dano moral pode ser demonstrado por todos os meios de provas admitidos em direito, inclusive pelas presunções estabelecidas para determinadas pessoas da família da vítima.
Desta forma, é evidente que há uma clara afronta à moral do Autor, devendo ser-lhe fixada indenização compatível com o dano sofrido.
Registre-se que a indenização deve ser fixada levando-se em conta o caráter punitivo e compensatório do dano moral. Caio Mario nos ensina que:
“Quando se cuida do dano moral, o fulcro do conceito ressarcitório acha-se deslocado para a convergência de duas forças: “caráter punitivo” para que o causador do dano, pelo fato da condenação, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o “caráter compensatório” para a vítima, que receberá uma soma que lhe proporcione prazeres como contrapartida do mal sofrido.”[footnoteRef:10] [10: Responsabilidade Civil / Caio Mário da Silva Pereira; Gustavo Tepedino. – 12. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2018. p. 78.] 
Assim, o dano moral fixado deve visar a compensação do dano sofrido, mas também que coíba atos imprudentes de seus agentes, consagrando-se o caráter educativo da responsabilização.
Registre-se, Excelência, que há larga jurisprudência sobre fixação de danos morais em casos análogos, devendo o julgador observar que a fixação não deve ser irrisória a ponto de não atingir a finalidade repressiva da conduta do ofensor, conforme se extrai da seguinte ementa:
APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. VIATURA DA POLÍCIA MILITAR. APLICAÇÃO DO CPC/2015. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. CONFIGURAÇÃO. DEVER DE INDENIZAR. DANO MATERIAL. PENSIONA-MENTO. DANO MORAL. VERBA HONORÁ-RIA. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS. FIXAÇÃO EM SEGUNDO GRAU. (...) 4. Tendo o juiz, ao fixar o valor indenizatório por dano moral, observado as condições econômicas das partes, mantém-se, em grau de recurso, o quantum fixado. Os danos morais não necessitam ser comprovados, sendo os mesmos presumidos, diante do nexo causal entre o evento danoso e o abalo, as lesões e os traumas sofridos pela vítima do sinistro. O valor do dano moral deve ser fixado segundo o prudente arbítrio do julgador, sem ser irrisório, a ponto de não atingir a finalidade repressiva da conduta do ofensor, e tão excessivo, a ponto de causar enriquecimento indevido à parte ofendida. (...) (TJGO, Apelação (CPC) 0253422- 38.2011.8.09.0051, Rel. ROBERTO HORÁCIO DE REZENDE, 5ª Câmara Cível, julgado em 31/05/2017, DJe de 31/05/2017)
Desta forma, requer seja fixado, a título de danos morais, a quantia de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) em favor da autora.
2.3 DA PERDA DE UMA CHANCE
A requerente perdeu uma grande oportunidade de emprego por ter sido impossibilitada de participar de uma entrevista em função de ter sofrido este acidente no mesmo dia.
Ela participariade uma entrevista em uma multinacional com o objetivo de pleitear uma vaga no departamento jurídico, com grande chance de ser aprovada devido o seu excelente curriculum. Caso aprovada na entrevista, perceberia um salário de R$ 20.000,00 (vinte mil) mensais. No entanto, com o ocorrido, perdeu a vaga.
Sobre o tema, importantes são as considerações de Sérgio Cavalieri Filho:
“A teoria da perda de uma chance (perte d'une chance) guarda certa relação com o lucro cessante uma vez que a doutrina francesa, onde a teoria teve origem na década de 60 do século passado, dela se utiliza nos casos em que o ato ilícito tira da vítima a oportunidade de obter uma situação futura melhor. Caracteriza-se essa perda de uma chance quando, em virtude da conduta de outrem, desaparece a probabilidade de um evento que possibilitaria um benefício futuro para a vítima (…). Deve-se, pois, entender por chance a probabilidade de se obter um lucro ou de se evitar uma perda. 
O direito pátrio, onde a teoria vem encontrando ampla aceitação, enfatiza que ‘a reparação da perda de uma chance repousa em uma probabilidade e uma certeza; que a chance seria realizada e que a vantagem perdida resultaria em prejuízo’ (Caio Mário, Responsabilidade civil, i. ed. Forense, p.42). É preciso, portanto, que se trate de uma chance séria e real, que proporcione ao lesado efetivas condições pessoais de concorrer à situação futura esperada. Aqui, também, tem plena aplicação o princípio da razoabilidade.”[footnoteRef:11] [11: Programa de Responsabilidade Civil. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 74/75.] 
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de que a “A teoria da perda de uma chance tem por objetivo reparar o dano decorrente da lesão de uma legítima expectativa que não se concretizou porque determinado fato interrompeu o curso normal dos eventos e impediu a realização do resultado final esperado e o pelo indivíduo. A reparação das chances perdidas tem fundamento nos artigos s 186 e 927 do Código Civil de 2002 e é reforçada pelo princípio da reparação integral dos danos, consagrado no art. 944 do CC/2002. 5. Deve ficar demonstrado que a chance perdida é séria e real, não sendo suficiente a mera esperança ou expectativa da ocorrência do resultado para que o dano seja indenizado. […]”.
A indenização nesses casos deve ser pautada pela seriedade da chance, bem como pela probabilidade efetiva de alcance da quantia não atingida.
No caso, a requerente possuía uma grande chance de ser selecionada, tendo em vista sua absoluta qualificação para a vaga em questão, sendo o único óbice a ocorrência do acidente de trânsito.
Diante da perda da oportunidade, impõe-se condenar o requerido ao pagamento da quantia correspondente a uma remuneração do referido emprego, qual seja, R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
III-DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Por todo o exposto requer:
a) O recebimento da inicial;
b) A citação do requerido para, querendo, apresentar contestação, sob pena de confissão e revelia; 
c) No mérito, a condenação do requerido ao pagamento de danos morais à requerida no importe de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais);
d) No mérito, a condenação do requerido ao pagamento de danos materiais à requerida no importe de R$ 108.300,00 (cento e oito mil e trezentos reais) relativo ao valor do carro perdido, R$ 30.000,00 (trinta mil) relativo aos gastos hospitalares, R$ 30.000,00 (trinta mil) relativo à contratação de advogados substitutos, R$ 20.000,00 (vinte mil) relativo a perda da entrevista de emprego, e R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil de lucros cessantes pelo temo em que ficou impossibilitada de exercer sua profissão.
e) Requer a produção de todas as provas admitidas em direito, incluindo produção de prova documental, pericial, testemunhal e, em especial depoimento pessoal das partes.
f) Requer sejam os pedidos formulados julgados procedentes.
Atribui-se à causa o valor de R$ 463.300,00 (quatrocentos e sessenta e três mil e trezentos reais).
Nesses termos,
Pede deferimento.
Advogado
OAB-GO__
Rol de testemunhas
1.Tenente
Endereço desconhecido
Telefone desconhecido
ROL DE DOCUMENTOS ANEXADOS
1. Procuração ad judicia;
2. Documentos pessoais do autor (RG, CPF, comprovante de Endereço);
3. Relatório médico;
4. Tabela Fipe atualizada com o valor do automóvel;
5. Relatório de assistente técnico provando a perda total do automóvel;
6. Comprovantes de gastos hospitalares; 
7. Comprovantes de substabelecimentos e comprovantes de transferência relativos ao pagamento para a substituição em audiência;
8. E-mails e prints de WhatsApp comprovando a existência da entrevista de emprego.
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