Buscar

Estado_de_Direito1ac74817f9

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

ESTADO 
DE 
DIREITO
Teoria Geral do Estado - Profª Ms. Candisse Schirmer - 2013/01
 Estado Liberal
 Estado Social
 Estado Democrático de Direito
Estado Liberal
	Durante a vigência absolutista a soberania estatal ficava adstrita a pessoa do Monarca e, os diretos individuais ficavam reduzidos a pactos como a Carta de João Sem Terra, de 1215 na Inglaterra.
	Com a independência das 13 Colônias Inglesas da América em 1776 e a edição da primeira Constituição escrita do mundo, a Constituição dos Estados Unidos de 1787, veio a universalizar-se a tese de que o Estado deve ser subordinado a uma Lei Fundamental, garantidora dos Direitos Individuais e limitadora dos poderes do Estado. 
Estado Liberal
	Esta nova visão acaba invertendo a ótica pela qual se concebia o poder político, uma vez que a separação entre Estado e sociedade traduzia-se em garantia de liberdade individual. 
	Neste modelo, portanto, o “Estado deveria reduzir ao mínimo a sua ação, para que a sociedade pudesse se desenvolver de forma bastante harmoniosa”. 
	Há um predomínio claro do Poder Legislativo em relação aos outros poderes.
	Dentro deste paradigma, os direitos fundamentais foram arquitetados como direitos públicos subjetivos de 1ª dimensão (ou 1ª geração), oponíveis apenas perante o Estado. 
	Portanto, no âmbito do direito público, os referidos direitos acabaram concebidos como limites à atuação dos governantes, em prol da liberdade dos indivíduos. Enquanto que no plano privado, o princípio fundamental era o da autonomia da vontade.
	Esta perspectiva manifestou-se em nossas Constituições de 1824 a 1891. No entanto, segundo alguns autores, “o Brasil jamais vivenciou o liberalismo em sua pureza, já que nossa economia, desde os primórdios, sempre gravitou em torno de um Estado Cartorial”.
Princípios do Estado Liberal:
Defesa da propriedade privada;
Liberdade econômica (livre mercado);
Mínima participação do Estado nos assuntos econômicos da nação (governo limitado) 
Igualdade perante a lei (estado de direito);
Estado Social
	Apesar dos progressos realizados pelo Estado Liberal, o fato é que após a Revolução Industrial, surge uma nova classe, a do proletariado, que acaba clamando por novas demandas. 
	Dessa forma, houve a necessidade do redesenho do Estado e de suas funções ante a existência de duas classes conflitantes (burguesia e proletariado). 
	Há, nesse contexto, uma ampliação de direitos políticos, com uma consequente democratização política. Surge, então, na virada do século XX, o chamado, Estado de Bem-Estar Social, juntamente com a consagração constitucional de uma gama de direitos que exigem prestações do Estado, no intuito de garantir algumas condições mínimas de vida para a população.
	Esses direitos foram incorporados a partir da Constituição Mexicana de 1917 e da Constituição de Weimar de 1919. Então, além do Estado se preocupar com a liberdade do indivíduo, preocupa-se, também, com o bem-estar de seu cidadão. 
	Aliás, é no Estado de Bem-Estar Social que se dá a positivação dos direitos sociais, econômicos e culturais, ou seja, daqueles direitos característicos de segunda dimensão. Estes direitos, impõem ao Estado o cumprimento de prestações positivas, onde o Estado deve intervir na economia e fornecer condições materiais para a sua concretização.
	Todavia, há que se destacar que os direitos sociais ensejam maiores dificuldades para a sua concretização, tendo em vista, sobretudo, o fato da carência de recursos públicos, o que levou a afirmação da existência em direitos sociais da chamada “reserva do possível”, uma vez que sua realização encontra óbice em limites, muitas vezes, insuperáveis.
	Em razão disso, durante boa parte do século XX, negava-se a possibilidade de tutela judicial desses direitos consagrados nas Constituições, o que significa dizer que não se aplicavam tais normas porque elas eram meramente programáticas e, dessa forma, não possuíam efetividade.
	No contexto desse paradigma, há uma inflação legislativa, ou seja, a estabilidade das normas é substituída pela efemeridade, o que acarreta a insegurança jurídica. Aqui, há o predomínio do Poder Executivo em relação aos demais poderes, pois é ele quem vai instrumentalizar a interferência do Estado na economia.
	Por fim, acontece no Estado Social a publicização do direito privado, razão pela qual, vários institutos sofreram alterações significativas, pois ao invés da autonomia da vontade, por exemplo, sobrepõem-se os interesses de proteção de uma população que aguarda providências e prestações estatais.
	A partir do colapso do petróleo em 1973, instaura-se uma crise no Estado de Bem-Estar Social (Welfare State). O Estado, encontra-se com grandes dificuldades de execução de suas tarefas, devido ao surgimento de novos fatores, como o desemprego, a globalização, a grande expansão tecnológica e capitalista, dentre outros.
	
	Assim, surge o Estado Democrático de Direito como reação às anomalias do Estado do Bem-Estar Social. Nessa órbita, as constituições passam a incorporar uma função eminentemente principiológica, de textura aberta.
Estado Democrático de Direito
	Há um recrudescimento da ideia dos Direitos Fundamentais e da Dignidade Humana nas Constituições, que acabam representando o elemento de estabilidade da sociedade. O poder de destaque nesse paradigma é o Judiciário. 
	Ressalte-se que é aqui que surgem os direitos de 3ª dimensão, representados pelo lema da FRATERNIDADE. E, que, se começa a implementar direitos de 4ª e 5ª dimensões, igualmente. 
	Assim, a Constituição que já era considerada lei fundamental, passou a proclamar sua supremacia também no campo normativo. Em outras palavras, a Constituição, na qualidade de lei suprema, é quem agrega em torno de si todo o complexo de normas que compõe o ordenamento jurídico, expressando uma ordem material de valores.
	
	O princípio da Dignidade Humana passa a exercer o papel, mais que merecido, de pedra angular do ordenamento jurídico em todo o Estado que se reconhece como Democrático de Direito. 
	Portanto, a CF exige, por força da referida supremacia, que todos os atos praticados sob a sua égide, a ela se adaptem, sob pena de inexistência, nulidade, anulabilidade ou ineficácia. 
	Nesse sentido, todo o direito infraconstitucional é direito constitucionalizado, não se podendo, exemplificativamente, ter um direito civil independente em relação ao Direito Constitucional, baseado, sobretudo, na característica de auto-primazia normativa.
	Há, ainda, quem reconheça a existência de uma quarta dimensão de Direitos Fundamentais. São seguidores dessa proposta autores como Bonavides e Bobbio. 
	Surgem dos novos contextos plurais, advindos com a globalização. São aqueles direitos que se referem à biotecnologia, à bioética e a engenharia genética e que tratam de questões ético-jurídicas relativas ao início, o desenvolvimento, à conservação e o fim da vida humana.
	Em posicionamento peculiar, elenca os direitos relacionados com a Democracia, o direito à informação, o pluralismo e a efetivação dos direitos humanos como pertencentes a essa categoria. 
	Essa contribuição teórica permite derivações, enquadrando-se o direito à informação e comunicação por meio das tecnologias informacionais como um direito fundamental de quarta dimensão.
Bonavides:
	Por derradeiro, há quem se aventure na conceitualização de uma quinta dimensão de Direitos Fundamentais, incluindo nesse rol, aqueles direitos concernentes à cibernética, às redes de computadores, ao comércio de eletrônicos, enfim, todos os direitos relativos à era digital. 
	Oliveira Júnior diz que tais direitos: “são aqueles advindos com a chamada realidade virtual, que compreendem o grande desenvolvimento da cibernética na atualidade, implicando o rompimento de fronteiras estabelecendo conflitos entre países com realidades distintas”. E aqui novamente se percebe a importância do acesso e da utilização das tecnologias informacionais, que na visão de doutrinadores podem ser considerados direitos fundamentais.
Portanto, todas as dimensões de direitos fundamentais perpassam, em maior ou menor grau, ainda que longe, pela noção de Estado, impondo-lhe abstenções ou atividades positivas. 
	Nesse sentido, percebe-se, por vezes, quão intensa é a tarefa de conceituar as aludidas dimensões. Até porque é perfeitamente possível – e não raro – que um mesmo direito agregue-se em mais de uma dimensão. 
	Eventuais desencontros ou contradições são extremamente compreensíveis, porque o direito não é algo imutável, ao revés, encontra-se em permanente evolução. Quiçá, pode-se encontrar um mesmo direito classificado de forma diversa entre os autores.
Gerações/ Dimensões de Direitos
Primeira geração
	Diz respeito aos direitos da pessoa humana inerentes à defesa contra abusos do Estado: vida, liberdade, propriedade.
Segunda geração
	Direitos de receber prestação (ajuda) do Estado, fazem parte os direitos econômicos, sociais e culturais: educação, saúde, moradia. São os direitos sociais dos arts. 6º e 7º da CF.
Terceira geração
	Direitos coletivos e difusos, também chamados direitos de solidariedade e fraternidade: meio ambiente, qualidade de vida, paz, autodeterminação dos povos, defesa do consumidor, da criança, do idoso.
Quarta geração
	São os novos direitos sociais decorrentes da evolução da sociedade e da globalização. Para Paulo Bonavides, são direitos à democracia, à informação e ao pluralismo. Direitos da informática estão neste grupo.
Quinta geração
	Envolvem questões relacionadas à biotecnologia, biociência, clonagem, eutanásia, estudo de células tronco, ou seja, biodireito e questões controvérsias da bioética.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais